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2. JORNALISTAS VS INTELECTUAIS

3.5 CACOFONIA INFORMATIVA

Apesar de suas insufici•ncias, a Teoria do Gatekeeper foi uma das raras a se debru•ar especificamente sobre o papel do editor no processo de elabora•‹o da mensagem jornal’stica. O profissional tem sido desde ent‹o apenas tangencialmente abordado nos estudos sobre o jornalismo no Brasil. E, quando abordado, ainda assim Ž frequente que o seja de maneira superficial, reduzindo-o ao papel de Ògerente da not’ciaÓ. Escapa a muitos estudos a dimens‹o humana do profissional, seus conflitos e contradi•›es.

Cabe aqui fazer men•‹o a uma iniciativa importante nesse sentido: o livro ÒEdi•‹o em Jornalismo ImpressoÓ, organizado por Dirceu Fernandes Lopes, JosŽ Coelho Sobrinho e JosŽ Luiz Proen•a. A obra, que serviu como inspira•‹o a esta tese, compila 19 entrevistas realizadas por p—s-graduandos da ECA/USP. A preocupa•‹o principal foi mapear os processos e tŽcnicas de edi•‹o de uma ampla gama de ve’culos impressos Ð da revista Veja ao jornal Not’cias Populares, passando por ve’culos da imprensa comunit‡ria e sindical.

constata•‹o inicial de Coelho Sobrinho, para quem as entrevistas revelam que Òa pr‡tica jornal’stica mudou. A vis‹o rom‰ntica delineada nas escolas de apura•‹o e depura•‹o dos fatos n‹o corresponde ˆ realidade. O jornalista Ð com raras exce•›es Ð n‹o Ž medido por sua compet•ncia, mas por seu conhecimento dos manuais da casa e sua capacidade de cumprir as metas Ð quantidade de caracteres Ð previamente estipuladas pelo editor. A urg•ncia de cobrir o espa•o gr‡fico que lhe Ž imposta impede que os componentes da informa•‹o sejam precisos e que suas interpreta•›es ou fatos correlatos fa•am parte da matŽriaÓ, como afirma a introdu•‹o da obra91.

No que tange ao editor, Coelho Sobrinho j‡ em 1998 alertava para o fato de que Òo conceito do editor tambŽm mudou. De gerente m‡ximo do conteœdo jornal’stico ele Ž hoje um administrador, preocupado com os ’ndices de leiturabilidade das v‡rias editorias, de recall de seus leitores, da produtividade de seus rep—rteres, dos hor‡rios de fechamento e das multas pela desobedi•ncia desse deadlineÓ.

Mas (salvo esparsas exce•›es) se a Academia tem contribu’do de modo irregular para retirar o editor de sua torre de marfim, debru•ando-se sobre ele, a sociedade a ela se antecipa. Temos visto nos œltimos anos uma emerg•ncia de textos culturais, mormente no cinema e na televis‹o, abordando a figura do editor, que com o avan•o da internet e de uma cultura de facilita•‹o da produ•‹o e divulga•‹o de conteœdo ganhou mais visibilidade social.

Raramente, contudo, encontramos a preocupa•‹o de apresentar o profissional editor em sua totalidade, dando-lhe voz ativa para melhor compreend•-lo. Assim, a maioria dos estudos n‹o apreendem um elemento fundamental deste profissional: seu car‡ter. E, conforme lembra Pereira Jr., esse Ž precisamente um dos aspectos-chave do teste di‡rio a que se imp›e todo editor: ÒSer editor Ž um teste de car‡ter. Pelas decis›es a que Ž obrigado a tomar em nome do pœblico. Pelas rela•›es que mantŽm com fontes e com a estrutura da empresa de informa•‹o. Da cadeia produtiva da informa•‹o, Ž ele quem talvez mais revele de si na opera•‹o do pr—prio trabalho, quaisquer que sejam suas obriga•›es, se atividade-fim ou atividade-meio. Editar, enfim, Ž escolher. Ao fazer escolhas, o editor determina o valor de um fatoÓ92.

Citando Freud, o autor evoca o aforismo Òquando Pedro fala de Paulo, sei mais sobre Pedro que sobre PauloÓ para ilustrar as mœltiplas maneiras pelas quais o editor, ao determinar o que Ž not’cia, ao atribuir pesos ˆs not’cias e a elas uma angula•‹o espec’fica, revela algo de seu car‡ter.

Considerando a relev‰ncia do papel do editor nas engrenagens da indœstria jornal’stica e as transforma•›es sofridas no cotidiano desse profissional por conta da emerg•ncia de novas plataformas de comunica•‹o, urge colocar em evid•ncia este profissional e dele tentar elaborar um perfil abrangente no cen‡rio da atualidade, discutindo de que forma a crise de paradigmas no jornalismo afeta suas rotinas profissionais e de que maneira suscita angœstias e reflex›es.

Entende-se que por dŽcadas os estudos tenham se concentrado sobre o rep—rter. Estava em suas m‹os o ÒsegredoÓ da not’cia, o ouro em p— dos meios de comunica•‹o de massa, o chamado ÒfuroÓ (informa•‹o exclusiva e relevante). Eram disputados com afinco entre as companhias do setor, e os mais talentosos, rapidamente al•ados ao status de editores ou secret‡rios de reda•‹o, colunistas ou chefes de reportagem.

Mas a populariza•‹o da internet a partir da dŽcada de 90, mais especialmente nos anos 2000, desestabilizou esse cen‡rio.

Com o barateamento dos canais transmissores de informa•‹o Ð n‹o Ž mais necess‡rio arcar com custos de gr‡ficas ou estœdios para divulgar uma ideia, agora basta um computador ligado ˆ rede mundial93 Ð os consumidores passam cada vez mais a se tornar produtores. Com isso, a oferta de informa•‹o cresce exponencialmente: as not’cias n‹o desaparecem de seus ve’culos ÒtradicionaisÓ Ð jornais, revistas, r‡dios, TVs Ð mas tambŽm pululam com intensidade e velocidade avassaladoras em blogs, microblogs, redes sociais virtuais, sites noticiosos ligados ou n‹o a empresas jornal’sticas, agregadores de not’cias, buscadores, comunicadores instant‰neos e em praticamente todos os recantos virtuais da internet, sem esquecer das redes de telefonia celular. Velozmente, passa-se da economia industrial, s—lida, a uma economia cada vez mais impregnada de ’cones: economia da informa•‹o. E, mais do que isso, economia de informa•›es em rede94, em que a produ•‹o de conteœdo, que gera valor, Ž descentralizada e aberta a uma multid‹o de novos atores95.

Os editores se veem, hoje, ˆs voltas com um novo problema: com a imensa oferta de conteœdos (as not’cias est‹o nos celulares, redes sociais, sites de internet, m’dias de elevador, r‡dios, TVs abertas e pagas, jornais e revistas), torna-se ainda mais premente decidir o que fazer com esse conteœdo, como enriquec•-lo e como agregar ˆs p‡ginas de jornal mais massa cr’tica relevante. Como apresentar o conteœdo, como criar conex›es entre eventos distantes e

desses com a vida do leitor, que cede cada vez menos de seu tempo Ð e dinheiro Ð a uma m’dia espec’fica, isoladamente.

Presumivelmente, ganha for•a a figura do editor. A eles, ent‹o, a palavra.

42

VOVELLE, 1987, p. 24. 43

Embora n‹o seja poss’vel quantificar o fen™meno sem invocar uma pesquisa emp’rica que seja representativa da popula•‹o brasileira, qualitativamente Ž percept’vel, especialmente no contato com alunos de cursos superiores de jornalismo, somando a experi•ncia de professor de jornalismo nas faculdades C‡sper L’bero, Mackenzie e ESPM, em S‹o Paulo, a exist•ncia de uma vis‹o parcial e simplista da atividade jornal’stica. Recentes textos da cultura, como filmes, quadrinhos e novelas de televis‹o, parecem refor•ar essa hip—tese.

44

Empregamos o termo olimpiano aqui na acep•‹o consagrada por Morin (1969, p. 111-115), que em Cultura de Massas no SŽculo XX usa o ep’teto para qualificar os que recebem, da m’dia, uma espŽcie de papel mitol—gico, como deuses modelares em seu comportamento e conduta. Mant•m contudo uma dupla natureza, humana e sobrehumana, que permite a identifica•‹o do pœblico ˆs dimens›es mais comezinhas (gafes, discuss›es pœblicas, acidentes, falecimentos) da vida das celebridades ao mesmo tempo em que despertam certo valor aspiracional em sua dimens‹o divina, ligada ˆ riqueza e ˆ beleza, ˆ realiza•‹o de sonhos e fantasias. No Brasil, esta no•‹o Ž explorada com precis‹o por Medina (1988). 45

Para um panorama global sobre a sociologia do jornalismo confronte Neveau (2006) e Traquina (2008). 46 LAGE (2001, p. 9). 47 TRAVANCAS (1992, p. 14-17). 48 TRAQUINA (2008, p. 56). 49 ELLIOTT (1979, p. 186). 50 MEDINA (1988, p. 78-84). 51

ÒO JB renova em seis meses sua estrutura editorialÓ, ensaio em Cadernos de Jornalismo e Comunica•‹o, Rio, Edi•›es Jornal do Brasil, 1972, set./out., nœmero 38. No artigo, diz-se ainda que, com a reforma: ÒO cargo de chefe de reportagem foi suprimido, considerando-se que um œnico homem n‹o poderia controlar todos os aspectos da reportagem e coordenar o trabalho de cerca de 50 rep—rteres, distribuindo tarefas de pauta e examinar a qualidade das matŽrias, o que pressupunha estar bem informado sobre todos os assuntos. A reportagem, que passou a ser produzida pela Editoria de Cria•‹o composta de um editor e dois subeditores foi dividida em sete grupos de trabalho com um rep—rter-coordenador orientando a cobertura de cada um desses grupos, sem deixar de sair ˆ rua e fazer seu trabalho de reportagem.Ó

52

MEDINA (1988, p. 78). 53

MEDINA (1988, 1996, 2003 e outros) trabalha com propriedade a constru•‹o do papel do jornalista (historicamente eleito) como mediador social da informa•‹o, agente cultural e narrador da atualidade. Outra defini•‹o relevante que pode convidar ˆ reflex‹o sobre o papel social do jornalista Ž aquela proposta por Bernard Voyenne, ex-diretor do Centro de Forma•‹o de Jornalistas de Paris, que diz que Ònot’cia Ž um peda•o do social que volta ao socialÓ (1985).

54

DELEUZE, 2001, p. 122. 55

A prop—sito da natureza do tempo, Leach (1977) observou que Òtodos os outros aspectos do tempo, dura•‹o ou sequ•ncia hist—rica, por exemplo, s‹o apenas simples varia•›es destas duas experi•ncias b‡sicas: a) que certos fen™menos se repetem; b) que as mudan•as da vida s‹o irrevers’veis. Agora, a nossa vis‹o moderna e sofisticada tende a jogar a •nfase no segundo destes aspectos do tempoÓ. 56

Campbell (1974) escreveu que Òit is a common feature of many pastoral with simple material cultures that they are highly dependent on their physical environmentÓ.

57

Fabian (1983) lembra que est‡ entranhada na maioria das culturas urbanas contempor‰neas uma ideia de tempo evolutivo. Ser ÒatrasadoÓ Ž uma forma de fracasso, bem como Òficar parado no tempoÓ, enquanto as perspectivas temporais de progresso e de avan•o s‹o essencialmente tidas como positivas. 58

Santos (1982 e 1997). Para o autor, o espa•o geogr‡fico constitui Òum sistema de objetos e um sistema de a•›es formado por um conjunto indissoci‡vel, solid‡rio e tambŽm contradit—rio, de sistemas de objetos e sistemas de a•›es, n‹o considerados isoladamente, mas como um quadro œnico na qual a hist—ria se d‡. No come•o era a natureza selvagem, formada por objetos naturais, que ao longo da hist—ria v‹o sendo substitu’dos por objetos fabricados, objetos tŽcnicos, mecanizados e,

depois cibernŽticos fazendo com que a natureza artificial tenda a funcionar como uma m‡quinaÓ

(1997). 59

SUETERGARAY, Dirce Maria A. Espa•o Geogr‡fico Uno e Mœltiplo. In: Revista Electr—nica de Geografia Y Ci•ncias Sociales, no. 93, 15.jul.2001. Universidad de Barcelona: Barcelona, 2001. 60

Os estudantes, ligados ˆ Universidade Presbiteriana Mackenzie, ˆ Faculdade C‡sper L’bero, ˆ ECA- USP e ˆ ESPM, preencheram question‡rios eletr™nicos e na sequ•ncia debateram em grupo, com a media•‹o do autor, quest›es sobre carreira em jornalismo, as fun•›es do editor no dia a dia, seus v’cios e virtudes e a maneira como o profissional Ž retratado em livros, filmes e sŽries de TV. Foram realizados sete encontros com as turmas, ao longo dos anos de 2010 e de 2011, n‹o com a proposta de exaurir o tema, mas sim de captar a pulsa•‹o das percep•›es dos jovens universit‡rios sobre figura e fun•‹o do editor.

61

Tomamos a defini•‹o consagrada de Thomas Kuhn em sua obra fundamental a respeito dessa no•‹o, Estrutura das Revolu•›es Cient’ficas: Òum paradigma Ž aquilo que os membros de uma comunidade partilham e, inversamente, uma comunidade cient’fica consiste em homens que partilham um paradigmaÓ (1970, p. 219).

62

Para mais informa•›es sobre o tema da crise de paradigmas no jornalismo sugerimos a consulta a Medina (1991 e 1993). Em 1990, sob a coordena•‹o da professora e pesquisadora da ECA/USP, intelectuais de diversas ‡reas reuniram-se no Primeiro Semin‡rio Transdisciplinar daquela escola para debater a crise dos paradigmas em variadas ‡reas do saber. Remetemos tambŽm a semin‡rio realizado em Lisboa em 1983 com a presen•a do franc•s Edgar Morin para discutir o problema epistemol—gico da complexidade, e aos estudos de epistemologia da compreens‹o de Dimas KŸnsch (2000).

63

K†NSCH, Dimas. Maus pensamentos: os mistŽrios do mundo e a reportagem joranl’stica. S‹o Paulo: Annablume/Fapesp, 2000. p. 49-55.

64

SANTOS, Boaventura de Sousa. Introdu•‹o a uma ci•ncia p—s-moderna. Rio de Janeiro: Graal, 1989. p. 34-35.

65

Sobre o verbete, afirma o dicion‡rio Houaiss: Altru’smo. Substantivo masculino. 1 Rubrica: filosofia. Segundo o pensamento de Comte (1798-1857), tend•ncia ou inclina•‹o de natureza instintiva que incita o ser humano ˆ preocupa•‹o com o outro e que, n‹o obstante sua atua•‹o espont‰nea, deve ser aprimorada pela educa•‹o positivista, evitando-se assim a a•‹o antag™nica dos instintos naturais do ego’smo 1.1 amor desinteressado ao pr—ximo; filantropia, abnega•‹o. Etimologia fr. altruisme (1852); voc. criado, em 1830, por Augusto Comte ou Andrieux, um de seus professores na escola politŽcnica, a partir de autrui 'outro' (< lat. alter) sob o modelo de Žgoisme.

66

BOSI, Alfredo. O positivismo no Brasil: Uma ideologia de longa dura•‹o. In: Revista Brasileira, no. 43. Academia Brasileira de Letras, Rio de Janeiro: 2005. P‡g. 158.

67

MEDINA, Cremilda. Ci•ncia e Jornalismo. S‹o Paulo: Summus, 2008. p. 19. 68

Idem. P‡g. 157: H‡, pelo menos, tr•s gera•›es o termo positivismo vem conhecendo baixa cota•‹o entre os estudiosos de ci•ncias humanas. Antrop—logos, historiadores, cr’ticos liter‡rios e pensadores das mais variadas tend•ncias t•m visto nos mŽtodos positivistas de fazer ci•ncia uma regress‹o aos determinismos do sŽculo XIX. O alvo comum a ser combatido seria o seu vezo factualista Ñ "contra fatos n‹o h‡ argumentos" [...]; vezo que ignoraria o drama das rela•›es intersubjetivas e, em escala maior, o movimento contradit—rio da Hist—ria ao qual, desde Hegel e Marx, se d‡ o nome de dialŽtica. O positivismo seria a hegemonia da coisa espacializada, mensur‡vel, impenetr‡vel, portanto opaca e inerte. Banido das interpreta•›es macro-hist—ricas pela sociologia da cultura e pelo marxismo aberto de Benjamin e Adorno; expulso da cr’tica liter‡ria pelo intuicionismo de Croce e da estil’stica espanhola ou, mais recentemente, pela semiologia prazerosa do texto de Barthes; rejeitado, desde Bergson, por fil—sofos prestigiosos do sŽculo XX, Heidegger, Jaspers, Sartre e Foucault, o discurso "positivo" acantonou-se e afinou-se no empirismo l—gico que d‡ prioridade ao œnico "fato" ub’quo e incontest‡vel, a linguagem, a qual, por sua vez, fala de fatos como o signo fala de coisas e de suas rela•›es. Foi o que restou de uma doutrina t‹o segura de si que pretendia enfeixar no seu s—lido Sistema todas as realidades inorg‰nicas, org‰nicas e superorg‰nicas (sociais), na esteira do mestre Auguste Comte. A sua enciclopŽdia das ci•ncias culminava com a mais complexa de todas, a Sociologia, que ele pr—prio criara e batizara com nome h’brido de latim e grego.

69

Lembra Medina (2008, p‡g. 19) que Òa essa concep•‹o positivista ainda n‹o se haviam acrescido as compreens›es cientificas da indetermina•‹o nos processos materiais e sociais, a no•‹o de caos

din‰mico, compreens‹o de ato emancipat—rios imprevis’veis. Tampouco havia sido incorporada a

no•‹o de produ•‹o simb—lica, que transcende os fen™menos aparentes. A dureza do esp’rito positivo, no entanto, persiste na metodologia atual, de certa forma ainda avessa ˆ vis‹o de mundo que emerge na crise de paradigmas e restaura a imagina•‹o poŽticaÓ.

70

TUCHMAN (2002, p. 80). 71

MEDINA (1993). Registrem-se ainda, a prop—sito do t—pico, os estudos de Serra (2001) e Machado (2003). 72 PALçCIOS (2003, p.8). 73 BAUMAN (2001). 74

Brian McNair, da Universidade de Stirling, na Esc—cia, trabalha em equipe multidisciplinar com matem‡ticos e soci—logos, entre outros, na proposta de uma Sociologia do Caos baseada na Teoria do Caos usada na F’sica e na Matem‡tica. Postula, assim, que a sociologia marxista amparada no paradigma de controle vertical das estruturas sociais seja revista para se tornar mais complexa. Sua proposta Ž defendida no artigo ÒFrom control to chaos: towards a new sociology of journalismÓ. In: Media, Culture & Society, 2003, Vol. 25, p‡g. 547-555.

75 WHITE (1993). 76 Idem, p‡g. 145. 77 HIRSCH (1977). 78 SHOEMAKER; REESE (1996). 79

BREED, Warren. Social Control in the Newsroom. A functional Analysis. In: Social Forces. Inglaterra: Oxford University Press, 1955.

80

MEDINA, Cremilda. Povo e Personagem. Canoas: Ulbra, 1996. p. 24. 81

ECO, Umberto. Interpreta•‹o e superinterpreta•‹o. S‹o Paulo: Martins Fontes, 2001. 82

MAINGUENEAU, 2004, p. 19-21. 83

MEDINA, Cremilda. Povo e Personagem. Canoas: Ulbra, 1996. p. 23. 84

MARTêN BARBERO, 1992, p. 31. 85

MEDINA, Cremilda. Povo e Personagem. Canoas: Ulbra, 1996. p. 25. 86

A teoria da agulha hipodŽrmica, ou Òbala m‡gicaÓ, influenciouos estudos em comunica•‹o na primeira metade do sŽculo 20 propondo, a partir de premissas behavioristas, que os meios de

comunica•‹o de massa agem sobre o pœblico com base em uma fun•‹o est’mulo/resposta. O est’mulo seria a mensagem da m’dia, que, como uma agulha hipodŽrmica, penetraria o indiv’duo sem encontrar resist•ncia e provocaria, mesmo involuntariamente, uma resposta. O indiv’duo receptor Ž visto ent‹o como um agente passivo, que se deixa manipular pela m’dia.

87

JUNG, Carl Gustav. O Homem e seus S’mbolos. S‹o Paulo: Nova Fronteira, 2008. p. 66 88

MEDINA, 2003, p. 74 89

PATRêCIO, Patr’cia. Na ilha do boi de pano. Tese de doutoramento apresentada na ECA/USP sob orienta•‹o de Cremilda Medina em 2007. p. 25-26.

90

Idem. p. 154-155. 91

COELHO SOBRINHO; LOPES; PROEN‚A. Edi•‹o em Jornalismo Impresso. S‹o Paulo: Edicon, 1998.

92

PEREIRA JR., 2006, p. 14. 93

H‡ ainda que se considerar a chamada Lei de Moore quando se debate o empoderamento de outrora usu‡rios, atualmente produtores ativos de informa•‹o Ð atores, interagentes, actantes. Gordon E. Moore, ent‹o presidente da fabricante de microchips norte-americana Intel, prop™s que o nœmero de transistores dos chips teria um aumento de 100%, pelo mesmo custo, a cada per’odo de 18 meses: ou seja, dobrando a capacidade de processamento e mantendo o pre•o original. Moore mencionou o teorema pela primeira vez em artigo ˆ Eletronic Magazine (1965).

94

Vide os estudos do indiano e professor de economia na Universidade Harvard (EUA) Yochai Benkler, que em 2006 publicou ÒThe Wealth of NetworksÓ Ð alus‹o ao cl‡ssico ÒThe Wealth of NationsÓ, publicado pelo te—rico do liberalismo econ™mico Adam Smith em 1776.

95

Para alguns autores, vivemos na atualidade uma era p—s-econ™mica; Kaplan (2003) e Schwartz (2006), chamam-na de Iconomia, a economia do ’cone, que alia economia, tecnologia e semiologia, em que a produ•‹o de valor se d‡ por meio de imagens, ’cones e ideias.

N‹o entendo. Isso Ž t‹o vasto que ultrapassa qualquer

entender. Entender Ž sempre limitado. Mas n‹o entender

pode n‹o ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa

quando n‹o entendo. N‹o entender, do modo como falo, Ž um

dom. N‹o entender, mas n‹o como um simples de esp’rito. O

bom Ž ser inteligente e n‹o entender. ƒ uma ben•‹o estranha,

como ter loucura sem ser doida. ƒ um desinteresse manso, Ž

uma do•ura de burrice. S— que de vez em quando vem a

inquieta•‹o: quero entender um pouco. N‹o demais: mas pelo

menos entender que n‹o entendo.