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4 ABORDAGEM TEÓRICO-METODOLÓGICA DA PESQUISA

4.1 CAMINHO METODOLÓGICO

Antes de mais nada, para apresentar caminhos do processo científico, indagando e questionando acerca de seus limites e possibilidades, deve-se ter claro inicialmente o que se considerou como metodologia científica. Tendo como referência Marconi e Lakatos (2003), a metodologia científica foi concebida como uma prática que nasce da concepção sobre o que deve ser realizado, fundamentando-se naquilo que se afigura como o mais lógico, racional, eficiente e eficaz. Dessa forma, esta tese se propôs a apresentar em sua metodologia um conjunto de procedimentos adotados com o intuito de demonstrar sua adesão aos fundamentos e os princípios do método científico, especificamente do campo sociológico.

Martins (2004) esclarece que nas ciências sociais em geral, diferentemente das ciências naturais, os fenômenos são complexos, não sendo fácil separar causas e motivações isoladas e exclusivas, ou seja, não podem ser reproduzidos em laboratório e submetidos a controle. Diz ainda que esses tipos de pesquisas podem ser de três tipos quanto à natureza dos dados obtidos, variando entre pesquisa qualitativa, quantitativa ou a combinação de ambas.

Enquanto a pesquisa quantitativa geralmente está associada a investigações que se propõem a validar estatisticamente uma hipótese sem, necessariamente, entender as motivações por trás das respostas, a pesquisa qualitativa existe como uma alternativa razoável

ou complementar à pesquisa quantitativa. Apesar de ser muito comum a adoção da pesquisa qualitativa por antropólogos (nos métodos etnográficos, por exemplo), os sociólogos (especialmente a escola de Chicago) usaram métodos de campo ao estudarem imigrantes recém-chegados aos EUA, assim como alguns filósofos recorreram a métodos de fenomenologia e hermenêutica para estudarem as experiências vividas por indivíduos ou organizações.

É seguro dizer que hoje a pesquisa qualitativa é uma forma, bastante consolidada e reconhecida no meio acadêmico, de responder a perguntas de pesquisa. É a abordagem perfeita para usar para aqueles que pesquisam sobre a interação humana. Hoje, é possível encontrar numerosos exemplos de estudos adotando a abordagem metodológica em todas as ciências sociais, incluindo em estudos sobre organizações, como demonstra o livro de Godoi e Mattos (2006) que apresenta uma pesquisa documental sobre a adoção dos métodos qualitativos utilizados nos estudos organizacionais brasileiros.

Como esta pesquisa é predominantemente de natureza qualitativa, faz-se necessário, antes de prosseguir, fornecer as definições oferecidas por autores sobre essa pesquisa, sendo que algumas são mais gerais e outras associadas a uma perspectiva mais próxima do institucionalismo sociológico. Para Martins (2004), a pesquisa qualitativa é definida como aquela que privilegia a análise de microprocessos, através do estudo das ações sociais individuais e grupais, realizando um exame intensivo dos dados, e caracterizada pela heterodoxia no momento da análise. A autora chama a atenção para algumas características inerentes a pesquisas qualitativas, tais como a flexibilidade, principalmente quanto às técnicas de coleta de dados.

Já para Flick (2007), a pesquisa qualitativa é uma ciência baseada em textos, ou seja, a coleta de dados produz textos que nas diferentes técnicas analíticas são interpretados hermeneuticamente. Para o autor, dificilmente um pesquisador adjetivado como quantitativo exclui o interesse em compreender as relações complexas. Complementarmente, Bauer e Gaskell (2008) fornecem fundamentação teórica e orientação prática para a realização de pesquisas qualitativas. Para os autores, uma cobertura adequada dos acontecimentos sociais exige muitos métodos e dados, ou seja, o pluralismo metodológico se origina como uma necessidade metodológica. Eles defendem que a investigação da ação empírica exige:

a) a observação sistemática dos acontecimentos; inferir os sentidos desses acontecimentos das (auto)observações dos atores e dos espectadores;

b) técnicas de entrevista; a interpretação dos vestígios materiais que foram deixados pelos atores e espectadores;

c) uma análise sistemática.

Bauer e Gaskell (2008) explicitam em seu livro sobre metodologia qualitativa a base teórica que deu suporte aos procedimentos metodológicos desta pesquisa, uma vez que sua proposta se adequa aos axiomas da teoria institucionalista por partir do pressuposto de que o mundo como o conhecemos e o experimentamos, isto é, o mundo representado e não o mundo em si mesmo, é constituído através de processos de comunicação (BERGER; LUCKMANN, 2001). A pesquisa social para eles, portanto, se apoia em dados sociais, dados sobre o mundo social, que são o resultado dos processos de comunicação.

A proposta metodológica desta tese segue as ideias de Bauer e Gaskell (2008), quando afirmam que a realidade social pode ser representada de maneiras informais ou formais de comunicar e que o meio de comunicação pode ser composto de textos, imagens ou materiais sonoros. Para os autores, a “pesquisa qualitativa é uma amostra do espectro dos pontos de vista” (BAUER; GASKELL, 2008, p. 70).

Mesquita e Matos (2014) afirmam que pesquisa qualitativa, por meio dos seus métodos e técnicas de coleta e análise dos dados obtidos empiricamente, proporcionam opulentas e compensadoras explorações no campo de estudo das ciências sociais, nas quais se incluem as ciências administrativas e os estudos organizacionais. Pela característica da pesquisa qualitativa e do objeto de pesquisa que explora as relações sociais que sustentam a existência das lojas de orgânicos, nesta pesquisa optou-se predominantemente por abordagens qualitativas e pela realização de estudo de caso, o qual teve como percurso metodológico duas fases: a primeira composta de uma pesquisa de caráter exploratória, e a segunda composta de uma pesquisa de campo com fins de analisar o contexto institucional e campo organizacional que legitimam as lojas de orgânicos em Belém.

4.2 ESTUDO DE CASO

Flick (2007) considera o estudo de caso como o ponto de partida ou elemento essencial da pesquisa qualitativa. Apesar das suas características, para Mesquita e Matos (2014), os estudos organizacionais entram em contato direto com a abordagem qualitativa e fazem uso dos seus diversos meios de obter resultados científicos nesse campo ainda em desenvolvimento. Godoi e Mattos (2006) apontam o estudo de caso como uma das mais utilizadas estratégias de pesquisa qualitativa em estudos organizacionais, concordando que há outras estratégias também muito utilizadas.

O estudo de caso é uma estratégia de pesquisa em que o objeto é uma unidade analisada em profundidade e possui como técnicas de pesquisa, principalmente, a entrevista e a observação. Os dados devem ser coletados no local onde eventos e fenômenos que estão sendo estudados naturalmente acontecem, incluindo entrevistas, observações, análise de documentos e, se necessário, medidas estatísticas (GODOI; MATTOS, 2006). Para diversos autores, o estudo de caso tem sido amplamente utilizado nos estudos organizacionais.

No âmbito da pesquisa organizacional, Hartley (apud GODOI; MATTOS, 2006) não faz uma definição distinta de estudo de caso de outros autores, destacando a possibilidade que esse tipo de técnica de pesquisa oferece para a realização de uma investigação mais detalhada de grupo de organizações, visando prover uma análise do contexto e dos processos envolvidos no fenômeno em estudo, conforme foi o propósito desta tese.

Godoi e Mattos (2006) ressaltam que os estudos de caso adotam um enfoque indutivo no processo de coleta de dados. Segundo Marconi e Lakatos (2003), a indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas. Portanto, o objetivo dos argumentos indutivos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais se basearam.

A proposta de estudar Belém e o contexto de um conjunto de expressões de organizações do varejo de alimentos teve a expectativa de oferecer subsídios para demonstrar as razões pelas quais as lojas que comercialização de alimentos orgânicos se firmam no mercado de alimentos da cidade. Como já foi tratado nesta tese, nas grandes cidades têm emergido tendências contestatórias ao RAI, tais como as lojas, as quais, para serem interpretadas quanto às interações sociais que as legitimam, devem incluir o contexto onde são construídas, o que destaca a existência de idiossincrasias a serem exploradas em estudos de caso, principalmente nas grandes cidades do Sul Global, ainda muito carentes desse tipo de investigação.

Como já foi dito na introdução desta tese, a escolha de Belém, como caso de destaque a ser investigado, levou em consideração os seguintes fatos sobre a cidade:

a) constitui-se num grande centro urbano brasileiro, com 1.446.042 habitantes apenas no município e aproximadamente 2,4 milhões na região metropolitana; b) reúne ricas informações relevantes sobre o varejo de orgânicos;

c) está localizada na Amazônia, onde há pouquíssimos resultados de pesquisas sobre os temas envoltos no problema ora proposto;

Considerou-se, desta forma, que o problema de pesquisa que orienta o processo investigativo sustenta a importância do estudo de caso, uma vez que tal técnica de pesquisa é apontada como especialmente útil quando se deseja entender os processos e interações sociais que se desenvolvem entre organizações sociais e indivíduos, situando-as no contexto histórico (atual e passado) no qual estão imersas. Justificada a adoção do estudo de caso, torna-se importante definir as fases da pesquisa, ou seja, estabelecer as etapas percorridas durante a pesquisa para atendimento dos seus objetivos.

4.3 FASE EXPLORATÓRIA

A fase exploratória da pesquisa consistiu na realização de um exercício de alargamento de registros sobre lojas de produtos orgânicos em Belém (PA), coletados através de entrevistas, fotografias e visitas em 22 lojas de produtos orgânicos, com o intuito de conhecer melhor o seu funcionamento, seu produtos, valores e consumidores. A busca por esse conhecimento fez-se necessária para verificar a pertinência da proposta de pesquisa sobre lojas apresentada durante a qualificação desta tese e a necessidade de reformulações do seu problema e perguntas orientadoras.

Os objetivos desta fase foram investigar lojas que comercializam orgânicos em Belém, visando descobrir os aspectos que devem ser levados em conta para ampliar ou corrigir o projeto de pesquisa. Além disso, buscou-se com esta fase, também: (a) ter maior familiaridade com lojas de produtos orgânicos e naturais, que se pretende investigar para a elaboração da tese, como alternativas aos sistemas agroalimentares contemporâneos; (b) avaliar a pertinência da problemática de pesquisa e da perspectiva teórica proposta; e (c) coletar informações para descrever os fatos e fenômenos associados a comercialização de alimentos orgânicos em lojas.

Após a definição dos objetivos para a pesquisa exploratória, dedicou-se atenção à elaboração de um roteiro de entrevistas e definição dos conjuntos de lojas a serem visitadas em busca de interlocutores úteis, que constituem o público a que o estudo diz diretamente respeito.

Antes de prosseguir, faz-se uma importante advertência quanto à definição dos estabelecimentos varejistas de alimentos. Afinal de contas, o que diferencia as lojas de outras organizações do varejo de alimentos? Para Trento et al. (2011), o mercado varejista “tradicional” no Brasil é bastante diversificado e é composto de feiras livres, varejões,

quitandas, mercearias, ambulantes, sacolões, mercados municipais e os canais que englobam as grandes redes de super e de hipermercados.

Apesar de apresentar uma classificação ampla sobre o varejo, o autor não se dedica a definir as características distintivas de cada um dos tipos elencados. A segmentação do varejo, no entanto, é considerada fundamental para Alves (2008), que estabeleceu três critérios que definem a diferença entre as firmas que comercializam no varejo de alimentos, sendo eles:

a) a área ocupada;

b) pelas linhas de mercadorias comercializadas e c) pela segmentação de mercado.

A seguir são apresentados alguns conceitos relativos aos tipos e formatos de alguns varejos, tendo como referência as definições de Alves (2008) e a legislação brasileira, com o intuito de destacar a diferenças consideradas entre as lojas e outros estabelecimentos varejistas.

Hipermercados: são caracterizados por grandes áreas horizontais, com seções de

vendas a partir de 5.000 m2, podendo atingir muitas vezes área superior a 20.000 m2. Estes estabelecimentos seguem o conceito de one stop shopping (“única parada para compras”) visando atender a maioria das necessidades de compra com cobertura de todos os tipos de produto (em torno de 50.000 itens), de consumos não duráveis, semiduráveis e duráveis.

Supermercados: são estabelecimentos com áreas que variam de 300m2 a até cerca de 5.000m2 e possuem produtos na maioria do gênero alimentício, em geral, nos ramos de mercearia, carnes, frios, laticínios e hortifrutigranjeiros, trabalhando em média com 20.000 itens. Estes estabelecimentos também oferecem alguns artigos de uso e consumo doméstico imediato, operando pelo sistema de autosserviço.

Lojas: em geral são as lojas que operam pelo conceito one stop shopping (uma parada

de compras) geralmente com áreas de vendas divididas por segmento ou linhas de produto. Estão localizadas geralmente em pontos estratégicos, muitas vezes em locais de grande fluxo de pessoas como avenidas e shopping center, visando atender às necessidades do consumidor. O tamanho de loja é pequeno, tendo área inferior à 300m2, com atendimento personalizado por meio de vendedores ou balconistas que orientam, sugerem o produto e participam do processo desde a extração do documento de venda ao pacote das compras.

“Atacarejo”: o termo é um neologismo que designa uma forma de comércio que

reúne atributos de duas formas tradicionais de comercialização: o atacado e o varejo, com os conceitos de self-service (autosserviço). Vale destacar que do ponto de vista legal o decreto nº

7.212, de 15 de junho de 2010, no artigo 14º distingue os estabelecimentos atacadistas, como aqueles que que efetuar vendas:

a) de bens de produção, exceto a particulares em quantidade que não exceda a normalmente destinada ao seu próprio uso;

b) de bens de consumo, em quantidade superior àquela normalmente destinada a uso próprio do adquirente; e

c) a revendedores.

Já o estabelecimento comercial varejista é aquele que efetua vendas diretas ao consumidor, ainda que realize vendas por atacado esporadicamente, considerando-se esporádicas tais vendas, no mesmo semestre civil, o seu valor não exceder a vinte por cento do total das vendas realizadas.

De qualquer forma, é importante observar que na prática estes conceitos também se misturam, havendo formatos mistos, como por exemplo o Hipermercado compacto (loja com tamanho entre um hipermercado e supermercado, mas contendo uma maior quantidade de itens de não alimentos).

A definição das lojas de alimentos que comercializam alimentos orgânicos seguiu um conjunto de etapas de identificação e localização, uma vez que não existe um tipo de atividade econômica institucionalizada pelo Estado brasileiro, através da Comissão Nacional de Classificação do IBGE (CONCLA/IBGE) – que é responsável pela Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) – , tipificada como “Comércio Varejista de Produtos Orgânicos”, o que poderia ajudar a agrupar, caso existisse, informações gerais sobre as lojas de produtos orgânicos, como contato e localização acessíveis em banco de dados de órgãos que adotam a CNAE, tais como como a Junta Comercial do Estado do Pará.

Como não foi possível obter informações específicas sobre o comércio varejista de produtos orgânicos em organizações como Junta Comercial, Receita Federal, Secretaria de Fazenda Estadual e Municipal, uma vez que não existem dados específicos sobre esse tipo de varejo, o primeiro passo dado visando a identificação das lojas em Belém (PA) foi a procura na internet em sites de busca e redes sociais de qualquer informação sobre lojas que comercializassem produtos orgânicos na cidade através da indexação de palavras-chave como

“lojas de produtos orgânicos em Belém” e “lojas de produtos naturais em Belém”. Nesta

busca identificou-se inicialmente 37 lojas de produtos naturais, orgânicos ou de suplementos alimentares que poderiam ter entre os seus produtos aqueles considerados orgânicos.

Desse conjunto de 37 lojas, foi criada uma lista com todos os dados sobre os contatos possíveis de serem obtidos na busca pela internet para cada loja, tais como endereço, telefone,

site e rede social. Para certificar quais dessas 37 lojas vendiam orgânicos, procurou-se para cada loja informações sobre os produtos comercializados através da internet, e constatou-se que das lojas encontradas na busca foi possível confirmar que pelo menos 10 vendiam algum tipo de produto orgânico.

Dessa forma, sobraram 27 lojas em que não foi possível confirmar a comercialização de produtos orgânicos através da internet, para as quais buscou-se então informações através de contato por endereço de e-mail ou da rede social (em 13 lojas que disponibilizaram esta informação). Assim, foi enviada uma solicitação de informação sobre a venda de produtos orgânicos para essas lojas, sendo que apenas quatro lojas retornaram o contato, obtendo a confirmação de que duas comercializavam produtos orgânicos e as outras duas informaram que apensar de vender alimentos, entre eles não havia orgânicos.

Assim, após o contato feito pela internet, descartou-se definitivamente a possibilidade de serem visitadas para a realização de entrevista duas lojas, por não comercializarem alimentos orgânicos, assim como somou-se outras duas às 10 já confirmadas como lojas que comercializavam orgânicos. Permanecia a dúvida sobre se as 23 lojas sem informações precisas comercializavam ou não orgânicos.

O próximo passo para separar das lojas encontradas na busca inicial as que de fato comercializavam alimentos orgânicos em Belém (PA) foi a procura do número telefônico das 23 lojas sem confirmação. Para isso, recorreu-se a uma lista telefônica virtual chamada de “Guia Mais”, obtendo um (ou mais em alguns casos) suposto número telefônico de cada uma das lojas. Com o número de telefone “em mãos”, foram realizados telefonemas para todas as lojas duas vezes em dias e horários distintos, para caso algum telefonema não fosse atendido, não se alegar que o não atendimento foi resultante de uma ausência em dia ou horário específico.

No primeiro dia de telefonemas, em uma tarde de sexta-feira, do contato feito com as 23 lojas, apenas 3 atenderam o telefone e 2 afirmaram comercializar produtos orgânicos, totalizando assim 14 lojas que confirmaram comercializar orgânicos em Belém. No segundo dia de telefonema, uma manhã de segunda-feira, entrou-se em contato novamente com as 20 lojas que não atenderam os telefonemas anteriores e novamente nenhuma delas atendeu ao telefonema.

Por fim, a última medida que poderia ser tomada diante da falta de contato de 20 das 37 lojas encontradas na busca inicial pela internet foi a realização de visitas a cada uma das lojas que disponibilizaram seus endereços físicos na Internet. Dessas 20 lojas sem contato, 9 não disponibilizavam sequer esse endereço na internet, o que inviabilizou qualquer tipo de

contato. Para as 11 restantes, 5 não funcionavam mais no endereço disponível ou não existiam, e entre as outras 6 lojas em funcionamento, apenas uma confirmou a comercialização de produtos orgânicos, totalizando assim 15 lojas atestadas como ofertantes de produtos em Belém (PA), 10 através informações na internet, 2 por contato por e-mail e rede social, 2 por contato telefônico e 1 confirmada através de visita. Durante a pesquisa exploratória, ainda foi possível identificar a existência de outras 7 lojas que comercializavam orgânicos em conversas com atores do varejo na cidade, confirmando a existência de 22 lojas que comercializam orgânicos em Belém. Desta maneira, definiu-se que a pesquisa exploratória iria abranger todas as lojas que comercializavam produtos orgânicos na cidade e que puderam ser localizadas e identificadas.

Identificadas as lojas que comercializavam produtos orgânicos em Belém, cada uma das 22 lojas foram visitadas visando à realização de entrevistas. Seguiu-se as características de entrevista do tipo exploratório, com a elaboração de um roteiro como alusão aos objetivos da pesquisa: caracterizar as lojas de produtos orgânicos de Belém. A elaboração do roteiro de pesquisa contemplou perguntas mais fechadas, no sentido de que resultava em resposta breves, diretas e com possibilidade de serem tabuladas, assim como perguntas abertas. O conjunto de perguntas fechadas era feito no início de cada entrevista e era composto por aquelas consideradas básicas, tais como nome do entrevistado, nome da loja, telefone, e-mail, função do entrevistado na loja, entre outras, que serviam para criar empatia e iniciar o diálogo para que depois, quando já houvesse um certo clima de confiança e descontração, fosse possível realizar perguntas mais abertas sobre assuntos ligados à comercialização de orgânicos.

Para a elaboração do roteiro da pesquisa exploratória, inicialmente seguiu-se as orientações propostas por Quivy e Campenhoudt (1998) e chamadas de entrevistas “livres”, que se referem à coleta de informações exploratórias através de entrevistas e observações – neste caso, sobre as lojas de produtos orgânicos. Tais entrevistas se caracterizam pelo:

a) esforço do entrevistador elaborar o menor número de perguntas possíveis;

b) o mínimo possível de intervenção na fala do entrevistados, apenas aquelas necessárias para reconduzi-lo ao tema da pesquisa;

c) o esforço do entrevistador em abster-se de se implicar no conteúdo da entrevista;