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5 TRANSFORMAÇÃO DOS REGIMES AGROALIMENTARES NA CIDADE E

5.3 O SEGUNDO REGIME ALIMENTAR E A INTEGRAÇÃO DE BELÉM AO

O primeiro regime agroalimentar mundial começou a ruir com o fim da economia mundial centrada no modelo britânico no início do século XX, resultado, de acordo com McMichael (2016), de uma acumulação de movimentos protecionistas contrários ao domínio do mercado, no bojo do conflito nacional e imperial entre as nações europeias e o colapso do padrão ouro. Não resultante deste movimento protecionista, mas complementar a ele, no início do século XX Belém sofreu inicialmente com a redução da participação da borracha extraída da Amazônia na produção mundial, que ainda em 1878 representava 100% da borracha mundial, caindo para 90% em 1890, para 70% em 1900, até atingir no quinquênio de

1925-1929 apenas 2% da produção mundial, quando da crise econômica mundial (CARONE, 1972).

Em associação à crise da economia do extrativismo da borracha, pode-se vincular as consequências da primeira guerra mundial, que resultou em aumento do preço geral dos alimentos, criando problemas noticiados pelo jornal o Estado do Pará (1919) de fome na cidade diante da carestia. No mesmo ano, o jornal Folha do Norte (1919) também reclamava do tamanho do pão: “pão pequeno! Cada vez minguando mais! Nem parece que já terminou a guerra!” De acordo com Macêdo (2009), a falta de vapores para transportar a farinha de trigo para o mercado influenciava no aumento de preços, sendo que o próprio jornal sugeria a mudança do ingrediente trigo por milho ou mandioca para a fabricação de pães.

Em síntese, o declínio da participação da Amazônia na produção mundial da borracha, associada às mudanças provocadas pela acumulação de movimentos protecionistas no início do século XX resultou no declínio da produção, que, segundo Cardoso e Müller (2008), era de umas 20 mil toneladas em 1920, para 10 mil em 1930, ocasionando a estagnação demográfica e uma regressão da economia mercantil da borracha e das atividades dela dependentes para uma economia mais dependente do abastecimento, com produtos produzidos internamente.

Tentando traçar um quadro geral do abastecimento de Belém na época de 1920 ao final da segunda guerra mundial, Cardoso e Müller (2008) afirmam que houve um parcial retorno a economia de “subsistência” ou economia natural (SILVA; KAGEYAMA, 1987), com 75% da população ainda se concentrando no meio rural, especialmente em áreas com presença de castanhais no Pará. Assim, no que concerne ao abastecimento, na primeira metade do século XX, Belém continuou sendo predominantemente abastecida por alimentos de necessidades básicas oriundas do agroextrativismo dos municípios próximos, especialmente das regiões do Baixo Tocantins, Marajó e região Bragantina.

Isso não significa dizer que produtos alimentícios industrializados também não compunham o sistema alimentar de Belém, pelo contrário, há longa data já se consumia na cidade alimentos agroindustrializados locais e importados, como é possível verificar na propaganda do jornal “Estado do Pará” (1914), sobre a comercialização da farinha láctea Nestle pela loja Steiiner, Martins & C. em 1914 (Figura 09), no entanto, a diferença das outras fases do regime agroalimentar internacional está na participação de tais alimentos no abastecimento da cidade que era muito pequena. Dos produtos importados, o trigo estava mais ligado a necessidades básicas de abastecimento, já que era ingrediente para a produção de pães, doces e biscoitos por panificadoras e fábricas, sendo talvez a mais conhecida a Fábrica Palmeira.

Essas fábricas de panificação, por sua vez, junto com comerciantes de alimentos que geralmente eram donos de embarcações, abasteciam uma rede de comércio varejista na cidade, a exemplo da “Fábrica União”, que abastecia o “Bar União”, a mercearia e padaria “Castelo”, a mercearia e padaria “Fortaleza de Humaitá”, a mercearia e padaria “Ramos”, o “Centro Comercial Pedreirense” (que além de mercearia e padaria ainda era botequim), a mercearia e botequim “Fortaleza do Porto do Sol” e a mercearia Castelinho (MACÊDO, 2016).

Figura 9 – Propaganda da farinha da láctea Nestle no jornal Estado do Pará” em 1914

Fonte: Jornal Estado do Pará” em 1914.

Na década de 1940, ainda no período da segunda guerra mundial, a economia de Belém foi influenciada por um novo ciclo econômico da borracha que se estendeu até o ano de 1945, associado ao contexto da segunda guerra e ao controle de regiões produtoras de borracha pelo Japão que compunha o conjunto de países em conflito com EUA e Inglaterra, que eram os maiores consumidores de borracha. Esse contexto de guerra fez com que países consumidores de borracha natural, impedidos de acessar o produto no sudeste asiático, se voltassem à Amazônia novamente visando atender suas demandas. Com isso, Belém passou a exportar borracha em maior volume e voltou a participar mais intensamente do comércio internacional, o que teve reflexos no sistema alimentar da cidade, apesar de não alterar significativamente os tipos e a origem dos alimentos de necessidade básica na cidade, já que o

próprio contexto de guerra gerou como consequência a falta de alimentos importados, em especial aqueles que eram tidos de primeira necessidade como batata, trigo e açúcar (ALVES, 2014).

Apesar do sistema alimentar de Belém no pós-segunda guerra mundial ainda tivesse como origem predominante dos alimentos de necessidade básicas, o agroextrativismo praticado em regiões próximas à cidade, intermediado por agroindústrias locais e por um comércio varejista pulverizado em pequenas organizações como mercearias, tabernas, açougues, feiras e outras já citadas, as mudanças provocadas pela consolidação da hegemonia estadunidenses em nível mundial não iria demorar a dar os seus sinais na cidade.

No pós-segunda guerra mundial, o Brasil (especialmente o sudeste) já não era o mesmo de antes da crise de 1929. Observa-se que diferentemente da Amazônia, o ciclo do café contribuiu sobremaneira para o crescimento dos setores industrial e de serviços. Segundo Kageyama e Silva (1996), em 1939, o valor de produção industrial já havia ultrapassado a produção agrícola, ressaltando que a “oportunidade histórica” não se colocaria mais como alternativa para os outros complexos rurais brasileiros a partir do momento em que São Paulo se consolida como núcleo dinâmico do processo de industrialização. Desta maneira, Belém, assim como toda a região amazônica, se estabeleceu como uma região periférica na divisão regional do trabalho, que não consegue competir com a economia de São Paulo, de base capitalista mais avançada, uma vez que antes do processo de integração nacional, apesar da prosperidade da borracha, a riqueza que ficou em mãos dos proprietários e comerciantes locais, ainda que segundo Cardoso e Müller (2008), não tenha ultrapassado os umbrais do consumo conspícuo.

Cano (1985) explica que antes do processo de integração nacional o capital comercial dominava o padrão de acumulação em diversas células regionais exportadoras. Seu desenvolvimento histórico é descrito por Kageyama e Silva (1996) como duplamente problemático devido sua débil integração aos mercados internacionais e as relações capitalistas de produção pouco se desenvolveram, ao ponto que Cardoso e Müller (2008) afirma que tal desenvolvimento das relações capitalistas não permitiram que houvesse uma divisão social do trabalho capaz de propiciar a formação de um mercado interno.

Por mais que ainda na metade do século XX a economia brasileira ainda se reproduzia regionalmente de forma relativamente independente e fechadas sobre si, logo, no caso de Belém, com um abastecimento alimentar mais dependente de cidades interioranas próximas, as bases institucionais para uma subordinação das regiões periféricas do país aos interesses do seu centro mais dinâmico economicamente foi construída ainda na década de 1930.

A ideia de desregulamentação dos mercados, em nível internacional, começou a ser novamente implantada pós-crise de 1929 apenas na década de 1970, com uma agenda neoliberal que internamente foi impulsionada, segundo Oliveira (1993), ainda nos primeiros governos de Vargas na década de 1930, ao derrubar as fronteiras estaduais e criar o espaço para a circulação ampliada das mercadorias. Em seguida, ainda na década de 1950, o Estado brasileiro criou o modelo institucional, seja pela forma fiscal, seja pelo câmbio favorecido, que permitiu a criação de incentivos fiscais para investimentos na região amazônica através da SUDAM, que em grande medida contemplou poderosos agentes econômicos externos à Amazônia em projetos agropecuários inicialmente não integrados ao abastecimento de Belém. Não se pretende reconstituir todo esse processo de industrialização brasileira, em especial da agricultura, mas destacar que qualquer análise sobre a constituição de um sistema de abastecimento de qualquer grande cidade brasileira, deve render importância ao contexto internacional de expansão econômica do pós-segunda guerra mundial, à hegemonia estadunidense e à conjuntura de Guerra Fria, que não podem estar dissociados do contexto políticos e econômicos internos do país. Isso inclui o pretencioso investimento da construção de uma hegemonia paulista sobre as demais regiões brasileiras.

Com isso, destaca-se que o processo de industrialização da agricultura e da alimentação, como uma nova forma de acumulação na manufatura e do varejo, que levou não apenas, segundo Kageyama et al. (1990), a uma mudança na base técnica de produção agrícola (modernização), como também sua industrialização e formação dos complexos agroindustriais, segundo McMichael (2016), uma das marcas do 2º RAI, destinou à Amazônia o papel de mercado consumidor dos complexos agroindustriais que se desenvolveram principalmente no Sul e Sudeste brasileiro, já que a Amazônia não conseguiu criar interesses sociais expressivos no interior da região (classes e grupos radicados) que pudessem constituir- se em obstáculo ao tipo de projeto brasileiro de transição ao segundo regime agroalimentar internacional.

No contexto de Guerra Fria, a principal característica definidora do segundo regime era a transferência de excedentes agrícolas dos países do sul por parte dos países do norte, que no Brasil se institucionalizou através da “Aliança para o Progresso”24 contra a expansão do

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Nos anos 1950, no contexto da Guerra Fria e visando alimentar o terceiro mundo, o Congresso norte- americano aprovou a doação de alimentos como forma de conter os movimentos revolucionários que começavam a emergir em vários países da região. Milhares de toneladas de trigo, milho e leite em pó foram enviados aos países com nomes de sugestivos programas como Aliança para o Progresso e Alimentos para a Paz.

comunismo no contexto da Guerra Fria (RIBEIRO, 2006), que permitia ao Brasil adquirir excedentes agrícolas do EUA com a moeda local ou com longos prazos de pagamento. Além disso, paralelo ao processo de modernização da agricultura principalmente de São Paulo, subordinado aos interesses de regiões onde o desenvolvimento do capitalismo já era mais expressivo do que na Amazônia, o congresso nacional aprovou em 1958 a construção da rodovia Belém-Brasília e outras, integrando a cidade à região mais industrializada do país.

A construção dessa rodovia reforça a posição periférica de Belém diante de centros mais dinâmicos da economia brasileira localizadas no centro-sul que, com o crescimento do comércio mundial e a expansão das linhas de crédito no mercado internacional, se beneficiaram da ampliação das oportunidades proporcionadas pelo Estado brasileiro, que criara estímulos para a implantação do D1 agrícola, impulsionada nos anos 60 com o advento de tecnologias (novos insumos, máquinas, técnicas de plantio e sementes selecionadas) do chamado “pacote tecnológico norte-americano” da revolução verde.

Para McMichael (2016), o desenvolvimento nacional marcou o segundo regime agroalimentar internacional no Brasil e outros países considerados na época como de “terceiro mundo”. Era uma articulação do regime alimentar que associava o poder estatal militarizado aos propósitos da guerra fria. Para o autor, a modernização da agricultura brasileira era um projeto de classe em dois sentidos – não só consolidando o nexo entre o Estado e os proprietários de terra que fortalecia o agronegócio, mas também reprimindo a rebeldia dos camponeses, ao acomodar sua necessidade de terras em uma estrutura voltada para o mercado. Pelo lado do consumo, Belém passou ser mais influenciada por instituições de caráter cognitivo que produziam análises e planos sobre a alimentação na Amazônia. O trabalho desenvolvido por Muniz (2015) sobre os hábitos alimentares na Amazônia destaca a análise de sociólogos, médicos, políticos e nutrólogos, que criticavam a suposta agricultura “incipiente” na região e a dieta excessivamente baseada no consumo de farinha de mandioca. Um exemplo desses intelectuais foi Josué de Castro, que escreveu estudos sobre fome e subnutrição no Brasil e que abordam a incompletude da alimentação da região amazônica que conteria muitas deficiências químicas e biológicas (CASTRO, 2003). Josué de Castro não foi o único a apontar problemas nas dietas amazônicas: alguns autores, de acordo com Muniz (2015), inclusive estabeleciam relação entre os hábitos alimentares da Amazônia e seu suposto destino manifesto de pobreza e da miséria.

Por isso, durante a metade do século XX, não tardou surgir a defesa de uma suposta “educação alimentar”, legitimada cientificamente, em especial por nutricionistas ou nutrólogos. Um dos intelectuais destacados por Muniz (2015) foi Dante Costa, que difundia

na década de 1950 a ideia de “alimentação racional”, ou seja, uma corrente que acreditava que mediante a doutrinação popular e promovendo medidas de mudanças nas escolhas na hora de se alimentar, na agricultura e na pecuária, o pauperismo e as questões relacionadas aos quadros de desnutrição seriam resolvidos.

É difícil determinar a influência das ideias de cientistas nutricionistas e nutrólogos na mudança dos hábitos alimentares em Belém, no entanto, seus parâmetros menosprezavam alimentos que historicamente contribuíram para o abastecimento da população amazônica, em especial, os derivados da mandioca. Além disso, sugeriam solução não apenas para o problema nutricional, partindo da pobreza uma dieta “importada” de outras regiões do país com alimentos estranhos à mesa de belenense.

Desta maneira, esse movimento combinado de integração da economia nacional a partir do final da década de 1950, subordinando a Amazônia aos interesses externos, somado à falta de democracia em função da instalação da ditadura militar em 1964, de industrialização e formação dos complexos agroindustriais no Sul e Sudeste do Brasil e de desvalorização legitimada cientificamente dos alimentos que historicamente constituíram a base do abastecimento alimentar de Belém (a exemplo da farinha), teve como efeito na cidade Belém uma ampliação gradativa de mudanças nos critérios de aquisição dos alimento em favor dos industrializados, mudanças do lugar de compra, fazendo com que ocorresse um fenômeno descrito por McMichael (2016) como descriminação dos alimentos camponeses.

Como afirma McMichael (2016), o processo de inclusão/exclusão do regime alimentar foi realizado por meio de crescentes desigualdades rurais. No caso interno brasileiro, os instrumentos que resultaram na formação dos complexos agroindustriais durante a ditadura militar, segundo Massuquetti (1998), favoreceram os produtos agrícolas destinados à exportação e à indústria, sendo que apenas sete produtos recebiam cerca de 75% do total do crédito (algodão, arroz, café, cana-de-açúcar, milho, soja, trigo), concentrado nas regiões do regiões Sudeste e Sul, em oposição às regiões Norte e Nordeste que foram as mais prejudicadas, e para segmentos de produtores, principalmente para quem já detinha os maiores volumes de capitais.

No bojo do planejamento nacional do abastecimento, é importante destacar também o investimento estatal, que é marca do segundo regime alimentar, no abastecimento de grandes cidades através do Sistema Nacional de Centrais de Abastecimento (SINAC), vigente entre 1972 e 1988, responsável pela criação das Centrais de Abastecimentos, que em Belém foi inaugurada em 1975. De acordo com Cunha e Belik (2012), consoante com o processo de modernização conservadora da agricultura brasileira, o SINAC definiu e impôs padrões e

normas técnicas na ausência de um padrão estruturado de mercado. Estabeleceu normas de embalagens, informações de mercado, técnicas de produção e formatos organizacionais que deveriam ser implementados e conduzidos pelas Centrais de Abastecimento, com uma ambiciosa missão de integração dos padrões da base produtiva até a regulação do varejo.

Assim, a provisão de alimentos para Belém foi se tornando, durante o segundo RAI, resultante principalmente de um quadro institucional construído por interesses do centro-sul do Brasil e dos países centrais do capitalismo sobre a coordenação dos EUA. Esse novo quadro institucional provocou mudanças gerais no Brasil no que diz respeito ao abastecimento de alimentos, tanto em termos de novos padrões de produção, transformação e logística, fazendo com que gradativamente o abastecimento via rios, tendo como entreposto o Ver-o- Peso, fosse substituído pelos alimentos oriundos das rodovias, tendo como intermediário uma rede de distribuidoras públicas (CEASA) e privadas de alimentos cada vez mais industrializados, de baixo custo e produzidos pelo complexos agroindustriais localizados principalmente no Centro-Sul brasileiro, introduzidos como resultante da disseminação de novos hábitos de consumo.

Sobrou como alternativa de inserção capitalista de setores empresariais da cidade apenas as relações mercantis da reprodução social através do varejo. A partir da década de 1960 o varejo pulverizado das mercearias, tabernas, açougues e feiras foi cedendo espaço para uma nova organização do varejo: os supermercados. Alguns donos de comércios e regatões25 aproveitaram seu capital mercantil e as mudanças de abastecimento em Belém para construírem redes varejistas de supermercados que hoje concentram o abastecimento de alimentos na cidade.

Há, de acordo com Gonçalves (2009), controvérsias quanto ao primeiro supermercado inaugurado em Belém, tendo quem afirme ser a “Casa São João”, surgida na cidade velha como modificação, que teria dado origem ao Supermercado São João (KITABAYASHI, 2005). Outros, como Rocha (2010), defendem que o primeiro supermercado de Belém teria surgido na década de 1960, adotando o nome de uma embarcação que fazia comércio nas regiões interioranas do Pará batizado de “Carisma”, como iniciativa do mesmo proprietário da embarcação que investiu seu capital mercantil na criação do Supermercado Carisma. Gonçalves (2009) afirma ainda existir uma terceira versão defendida pela Associação

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Regatão na Amazônia constitu-se o comerciante que entra nos rios e igarapés com sua embarcação carregada de produtos, oferecendo esses produtos aos moradores para troca ou venda.

Brasileira de Supermercados que atribuiu ao Supermercado Metralhadora como o primeiro da cidade.

Independentemente de qual foi o primeiro supermercado de Belém, a década de 1960 inaugurou na cidade um novo tipo de varejo, que alimentou a cidade de novos produtos oriundos da agroindústria do Sul e Sudeste do Brasil, e que foi incorporando gradativamente as funções desenvolvidas por outras organizações varejistas da cidade, como as panificadoras, batedeiras de açaí, farmácias, açougues, peixarias, feiras, lanchonetes e restaurantes.

Imagens disponíveis na Internet permitem reconstituir parcialmente a trajetória dos supermercados de Belém, que na década de 1970 já se constituem nas redes de supermercados São João, Carisma e Metraladora. Na década de 1970 foram criados outros supermercados como Formosa, Nazaré e Lider, que junto com o supermercado Y.Yamada, que na época era apenas uma loja de variedades, formariam nas décadas seguintes um oligopólio do varejo de alimentos em Belém.

Figura 10 – Loja Y.Yamada em 1955, que inicialmente funcionava como comércio de variedades e se tornou uma das maiores redes de supermercado do país

Figura 11 – Hipermercado Jumbo do grupo Pão de Açúcar na década de 1970, vendido para o grupo Y. Yamada na década de 1990

Fonte: Site Belém Antiga (2017).

Figura 12 – Supermercado São João na década de 1980, vendido para o grupo Bom Preço e posteriormente para o grupo Líder

Fonte: Site Belém Antiga (2017).

Já na década de 1970, grupos varejistas da região sudeste do Brasil tentaram se instalar na cidade. Ainda não existia uma empresa varejista concentrando o mercado, quando o grupo Pão de Açúcar de São Paulo resolveu se instalar em Belém através da incorporação da rede

Carisma e criando o primeiro Hipermercado da Cidade, o Jumbo, o qual não foi bem-sucedido e acabou vendendo seus negócios em Belém para a Y.Yamada, quando o grupo Pão de Açúcar se associou com o grupo francês Casino em 1991.

Ao longo de vários anos, grupos externos a Belém tentaram disputar o mercado supermercadista que hoje concentra a comercialização de alimentos, no entanto, surpreende constatar que atualmente são grupos genuinamente de empresários paraenses que dominam o setor supermercadista local, quadro que difere do panorama nacional e internacional. A expansão dos supermercados, contudo, reduziu sobremaneira o papel das pequenas organizações varejistas, incluindo açougues, mercearias e tabernas, e alterou a cadeia de distribuição de alimentos na cidade, incluindo como um ator importante o capital financeiro através do crediário.

5.4 O TERCEIRO REGIME INTERNACIONAL E A CHEGADA DE OLIGOPÓLIOS