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Caminhos e Reflexões O caminho central do combate ao trabalho escravo no Brasil obrigatoriamente pas-

sará por criar uma convergência das ações, unificando as diferentes frentes de trabalho já existentes e ampliando o escopo de atuação. Dos cinco compromissos trabalhados neste documento, a erradicação do trabalho escravo nas cadeias de valor talvez seja o que mais possui iniciativas articuladas e à disposição, tanto para o controle da sociedade como para uso das empresas.

O Grupo Especial de Fiscalização Móvel, do Ministério do Trabalho e Emprego, iniciou suas atividades em 1996, libertando 84 trabalhadores. Até maio de 2010, o número total de trabalhadores libertados passou de 37 mil.

O Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, uma iniciativa do Instituto Ethos em parceria com o Instituto Observatório Social, a OIT e a Repórter Brasil, deu início em 2005 a um trabalho conjunto com o setor empresarial. A partir desse instrumento, as em- presas signatárias se comprometeram a criar seus próprios mecanismos, além de fazer uso dos já existentes, para prevenir e erradicar o trabalho escravo nas suas cadeias produtivas. Um pouco antes em 2003, o memorando de entendimento da entre o governo bra- sileiro e a OIT para a promoção da Agenda Nacional de Trabalho Decente12 estabeleceu

quatro áreas prioritárias de cooperação:

11 http://www.reporterbrasil.com.br/documentos/cartilha_trafico_pessoas.pdf

12 http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C812D2E7318C8012EC3EF73143FEA/Memorando%20de%20

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Temáticos

a) geração de emprego, microfinanças e capacitação de recursos humanos, com ênfase na empregabilidade dos jovens;

b) viabilização e ampliação do sistema de seguridade social; c) fortalecimento do tripartismo e do diálogo social;

d) combate ao trabalho infantil e à exploração sexual de crianças e adolescentes, ao trabalho forçado e à discriminação no emprego e na ocupação.

A OIT destaca compromissos importantes não só para a ação do governo, como tam- bém para as medidas que devem ser adotadas pelas empresas. Conforme descrito na publicação da OIT Combatendo o Trabalho Escravo Contemporâneo: o Exemplo do Brasil13,

os compromissos são os seguintes: Compromissos

do país Formas de ação empresarial

Reconhecimento público da responsabilidade acerca da violação dos direitos

• Aderir ao Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, e, quando aplicável, aos pactos setoriais existentes.

• Divulgar suas políticas e procedimentos de combate ao trabalho análogo ao escravo, tornando claros seus compromissos de combate e, no caso da ocorrência, de ação.

Medidas financeiras de reparação dos danos sofridos pela vítima

• Contingenciar na sua gestão de risco os custos de reparação (trabalhistas, previdenciários e a título de indenização) aos trabalhadores que se encontram em situação análoga ao trabalho escravo, não importando se são trabalhadores diretos ou se estão vinculados a alguma empresa da cadeia de fornecimento (corresponsabilidade pelo que ocorre dentro da sua esfera de influência).

• Desenvolver plano de ação para revisar seus processos com o objetivo de evitar reincidência (incluindo os procedimentos de fiscalização e verificação).

• Reinserir na sociedade os trabalhadores libertados, por meio de cursos de formação, contratação com carteira assinada e, se for desejo da vítima, retorno a seu local de origem. A ideia central é tornar o trabalhador à prova de escravidão.

Compromisso de julgamento e punição dos responsáveis individuais

• Desenvolver e acompanhar a implantação do plano de ação com a empresa da sua cadeia que é responsável pela ocorrência de trabalho análogo ao escravo.

• Rescindir toda e qualquer relação comercial com empresas ou pessoas envolvidas com trabalho análogo ao escravo (mesmo que por um período temporário, até a completa implantação do plano de ação).

• Prever as situações em que será necessário denunciar aos órgãos competentes a identificação de trabalho análogo ao escravo em empresas terceirizadas e da sua cadeia de suprimentos. Medidas de prevenção que abarcam modificações legislativas, medidas de fiscalização e repressão do trabalho escravo

• Formatar programas para a cadeia de suprimentos que trabalhem a sensibilização para o tema (o que é trabalho escravo, as formas como ocorre, punições legais, casos de sucesso em seu combate etc.), não deixando de apresentar e explorar as medidas e critérios que a organização possui para coibi-lo na sua própria cadeia. Em diversas situações, será necessário prever capacitações específicas para qualificação do fornecedor.

• Revisar seus processos de seleção, contratação e aquisição (definindo critérios específicos), avaliação e, em algumas situações, auditorias para monitoramento.

• Prever em seus procedimentos critérios específicos para a rescisão contratual diante da constatação de trabalho escravo que surja durante o período da relação comercial. • Sensibilizar e capacitar gestores de contratos e de suprimentos sobre as políticas e procedimentos a serem seguidos para coibir o trabalho análogo ao escravo tanto nas empresas terceirizadas quanto na cadeia de suprimentos.

• Estabelecer vínculos entre as metas estabelecidas (nenhuma ocorrência de trabalho escravo) e a composição dos valores dos bônus dos níveis executivos e dos gestores de contratos e suprimentos.

Compromissos

do país Formas de ação empresarial

Medidas de sensibilização e informação da sociedade acerca do problema

• Registrar e tornar públicas na Plataforma de Monitoramento do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo as iniciativas que vêm sendo empreendidas. • Sensibilizar e compartilhar boas práticas com empresas da cadeia de suprimentos. • Informar clientes e consumidores acerca das medidas empresariais adotadas para evitar o trabalho escravo na sua operação e cadeia de suprimentos.

• Desenvolver programas de educação sobre os direitos humanos para seus funcionários e para funcionários de seus fornecedores, principalmente para os responsáveis pela área de suprimentos dessas empresas, os quais irão contratar os subfornecedores da sua cadeia. Em oficina de consulta tripartite realizada pela OIT em 200914, discutiu-se um con-

junto de indicadores de trabalho decente para o Brasil, a fim de monitorar e avaliar os progressos no país. Tais indicadores podem demonstrar o papel real do trabalho decente na redução da pobreza e no desenvolvimento econômico. Essa iniciativa integra o pro- jeto Monitorando e Avaliando o Progresso do Trabalho Decente (MAP), implementado pela OIT. Os indicadores propostos se agrupam sob os dez elementos fundamentais de trabalho decente: 1) oportunidades de emprego; 2) salários adequados e trabalho produ- tivo; 3) horas decentes de trabalho; 4) conciliação entre o trabalho, vida familiar e vida pessoal; 5) trabalho a ser abolido; 6) estabilidade e segurança do trabalho; 7) igualdade de oportunidades e de tratamento no emprego; 8) entorno de trabalho seguro; 9) seguridade social; e 10) diálogo social e representação de trabalhadores e de empregadores.

É importante acompanhar a evolução deste trabalho para que, assim que os indica- dores estejam prontos e disponíveis, a empresa faça uma revisão nos seus processos para melhorar sua gestão.

Sites referenciais e informações relevantes para a erradicação do trabalho escravo:

n Agência de Notícias Repórter Brasil: http://www.reporterbrasil.org.br/agencia/

n Conexões Sustentáveis: São Paulo–Amazônia: http://www.conexoessustentaveis.org.br/

n Instituto Carvão Cidadão, programa-piloto de reinserção de trabalhadores resgatados: http://www.carvaocidadao.org.br/

n Monitoramento do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo: http://www.observatoriosocial.org.br/pacto/

n Portal do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo: http://www.pactonacional.com.br/

n Programa “Escravo Nem Pensar!”, que atua na prevenção do trabalho escravo e na formação e desenvolvimento de lideranças locais sobre o tema:

http://www.reporterbrasil.org.br/documentos/almanaque_alfabetizador.pdf e http://www.reporterbrasil.org.br/conteudo.php?id=45

n O Custo da Coerção, relatório global no seguimento da declaração da OIT sobre os Direitos e Princípios Fundamentais do Trabalho: http://www.ilo.org/public/ portugue/region/eurpro/lisbon/pdf/relatorioglobal_2009.pdf

4º Compromisso:

Inclusão de Pessoas com

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