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1 MODERNIDADE, CONTEMPORANEIDADE E CAMPOS SOCIAIS

1.5 POLÍTICA, MÍDIA E PODER: A DISPUTA ENTRE OS CAMPOS SOCIAIS

1.5.1 Campo Político e os confrontos simbólicos

Enquanto campo social, “o campo político é entendido ao mesmo tempo como campo de forças e como campo de lutas que têm em vista transformar a relação de forças que confere a este campo a sua estrutura em dado momento” (BOURDIEU, 2006, p. 164). A luta política é ambígua (combate ideais, poderes e privilégios) e essa contradição obsidia os empreendimentos políticos ordenados com vistas à subvenção da ordem estabelecida: todas as necessidades que pesam sobre o mundo social concorrem para fazer com que a função de mobilização tenda a preceder a função de expressão e de representação (reivindicada pelas ideologias) que só pode ser assegurada pela lógica dialética do campo (BOURDIEU, 2006).

O campo político é o lugar em que se geram, na concorrência entre os agentes que nele se acham envolvidos, produtos políticos, problemas, programas, análises, comentários, conceitos, acontecimentos, entre os quais os cidadãos comuns, reduzidos ao estatuto de ‘consumidores’ devem escolher, com probabilidades de mal-entendido tanto maiores quanto mais afastados estão do lugar de produção. (BOURDIEU, 2006, p. 164)

No caso do discurso enquanto produto político, o texto não é o mais importante; o mais importante são as marcas localizadas no texto, é aquilo que está externo, é onde se materializam as disputas que estão no entorno. Este campo tem formações discursivas distintas, as quais utilizam estratégias e atuam seguindo as suas próprias regras. A visibilidade, como já dito antes, é a principal característica do corpo social e no campo político constitui-se uma das principais regras e/ou estratégias.

Para Nunes (s.n.t)24, no campo político há sempre uma estratégia de dupla face, especialmente para enfrentar as disputas simbólicas. No geral, as estratégias são da ordem da sedução e são muito importantes. Por mais que sejam momentâneas, costumam ser planejadas. Um exemplo é a retórica, uma estratégia do poder de enunciação; outro exemplo é a convocação de vozes de outros sujeitos, especialmente daqueles que tenham legitimidade reconhecida - uma estratégia em que o sujeito emissor apropria-se para argumentar, contestar ou corroborar um discurso. Seja qual for a estratégia, sempre será usada para impor um discurso como legítimo, manter sua posição e reproduzir a sua visão. No campo político,

[...] os adversários lutam para impor princípios de visão e de divisão do mundo social, sistemas de classificações, em classes, regiões, nações, etnias, etc., e não cessam de tomar por testemunho, de algum modo, o mundo social, de convocá-lo a depor, para pedir-lhe que confirme ou negue seus diagnósticos ou seus prognósticos, suas visões e previsões. (BOURDIEU, 2004, p. 33)

Nesse campo, acrescenta esse sociólogo, o jogo tem um ‘sentido prático’, o qual se refere às posturas (im) possíveis e (im) prováveis para os diferentes ocupantes de posições distintas e que permite ‘escolher’ as tomadas de posição convenientes e convencionadas e evitar as comprometedoras – as quais levam ao encontro de seus concorrentes.

Para Bourdieu (2004), o político avisado é aquele que consegue dominar o sentido objetivo e o efeito social de suas tomadas de posição (o que ele chama de sentido prático) graças ao domínio que possui do espaço dos posicionamentos atuais e potenciais dos seus ocupantes, ou seja, precisa estar preparado para desempenhar o papel que lhe cabe na estrutura do espaço do jogo. “Este sentido do jogo político que permite que os políticos

24 Essa abordagem de Brasilmar Ferreira Nunes é feita no texto Conjuntura política: um exercício abstrato de

prevejam as tomadas de posição dos outros políticos é também o que os torna previsíveis para os outros políticos” (BOURDIEU, 2006, p. 172).

Este sociólogo explica que é na relação com um estado do jogo político e do universo das técnicas de ação e de expressão oferecidas em um dado momento que a intenção política constitui-se. Para melhor esclarecer, ele usa o jogo de xadrez como exemplo: “se a técnica do jogo de xadrez não existisse, eu não poderia ter a intenção de jogar o xadrez” (BOURDIEU, 2006, p. 165). Ou seja, para ele, toda ação tem um sentido e este sentido é o sentido do jogo.

Bourdieu (2006) cita Wittgenstein (1953, p. 108) para explicar que uma intenção “encarna-se em uma situação, em costumes e em instituições humanas”25 e esclarece que “a passagem do implícito ao explícito, da impressão subjetiva à objetiva, à manifestação pública em um discurso ou em um ato público se constitui por si um ato de instituição, representando uma forma de legitimação” (BOURDIEU, 2006, 172). Reconhecer o jogo como valendo a

pena ser jogado é aceitar o contrato tácito que está implícito no fato de participar do mesmo. Esta adesão é fundamental, é investimento no jogo que é produto do próprio jogo e, concomitantemente, é a condição de seu funcionamento.

Se o jogo chega a ser ameaçado enquanto tal, a solidariedade é manifestada mais fortemente entre os participantes ligados entre si pelas regras do jogo e pelos ganhos prevenientes dele a partir daquela adesão; são ligados, ainda, pelo investimento fundamental no jogo que monopolizam e que precisam manter para garantir a rentabilidade de seus investimentos (BOURDIEU, 2006, p. 173).

Esse sociólogo adverte para o fato de que não se deve subestimar a autonomia e a eficácia do que acontece no campo político porque isso significaria ignorar a eficácia propriamente simbólica da representação e da crença mobilizadora que ela suscita pela força da objetivação. Não se pode ignorar, também, o poder político do governo, capaz de garantir uma eficácia real sobre essas forças por meio da ação sobre os instrumentos de administração das coisas e das pessoas, como a elaboração e execução de políticas públicas – que incorporam tanto ações do Estado quanto da sociedade civil (BOURDIEU, 2006, p. 175) e tem bastante poder sobre os projetos, ações e disputas travadas no Poder Legislativo, um palco de constantes confrontos simbólicos no campo político.

Considerado o poder-símbolo do regime democrático representativo, o Poder Legislativo constitui-se um dos três poderes que compõem o Estado e cumpre papel fundamental perante a sociedade, uma vez que é encarregado de, principalmente, elaborar,

25 A obra de Ludwing Wittgenstein consultada por Bourdieu é Philosophical Investigation, lançada pela Macmillan, em New York.

discutir e aprovar leis – a regra a que todos são submetidos e que exprime a vontade imperativa do Estado ou limita o seu poder.

No Brasil, o Poder Legislativo desempenha funções primordiais para a consolidação da democracia. Dentre essas funções, destacam-se: representar o povo brasileiro, legislar sobre os assuntos de interesse nacional, fiscalizar a aplicação dos recursos públicos e os atos dos demais poderes da União – Executivo e Judiciário. É representado pelo Congresso Nacional, uma das mais importantes instituições do Estado. Por isso, é bicameral, ou seja, organiza-se em duas casas: Câmara dos Deputados e Senado Federal.

O regime bicameralista permite, por meio do trâmite e da discussão das matérias, que uma casa possa revisar e aperfeiçoar os trabalhos da outra. No Senado, são 81 parlamentares eleitos para um mandato de oito anos - sendo três de cada unidade federativa. Na Câmara, são 513 deputados, eleitos para um mandato de quatro anos, pelo sistema proporcional - de acordo com a população das unidades federativas.

Cada unidade federativa pode eleger, no mínimo, oito deputados e no máximo setenta. Como a Amazônia é pouco povoada, dos sete estados integralmente amazônicos e que compõem a região Norte (Amapá, Pará, Acre, Amazonas, Roraima, Rondônia e Tocantins), seis têm apenas o mínimo, ou seja, oito deputados federais. O Pará é a exceção, com 17 parlamentares. Assim, a Amazônia mantém 65 deputados federais. Isto representa menos do que o estado de São Paulo, com seus 70 representantes na Câmara.

Quando se compara a Amazônia à região sudeste como um todo (São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais), o resultado apresenta-se ainda mais discrepante: 179 deputados federais no sudeste. A região nordeste, com os seus nove estados (Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Maranhão, Sergipe e Rio Grande do Norte), tem 151. O sul, por sua vez, formado por apenas três estados (Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina), tem mais representantes dos que os amazônidas: 77 deputados federais.

A Amazônia só consegue superar a somatória das quatro unidades federativas da região Centro-Oeste (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal), que ocupa 41 vagas. Deste total, 17 são do estado de Goiás. As outras unidades federativas desta região ocupam apenas o mínimo cada uma: oito vagas. Esta distribuição é demonstrada no quadro a seguir.

Quadro 1 - Número de Deputados por Unidade Federativa

Fonte: Sistema de Informações Legislativas – SILEG. (2007) Acre 8 Alagoas 9 Amazonas 8 Amapá 8 Bahia 39 Ceará 22 Distrito Federal 8 Espírito Santo 10 Goiás 17 Maranhão 18 Minas Gerais 53 Mato G. do Sul 8 Mato Grosso 8 Pará 17 Paraíba 12 Pernambuco 25 Piauí 10 Paraná 30 Rio de Janeiro 46 Rio Grande do Norte 8 Rondônia 8 Roraima 8 Rio Grande do Sul 31 Santa Catarina 16 Sergipe 8 São Paulo 70 Tocantins 8

Composta por representantes de todo o Brasil, a Câmara dos Deputados resulta em um parlamento plural, com diversidade de ideias, de culturas e de realidades. Para Vogel (2001, p. 5), esta casa seria “um espelho da sociedade brasileira”. Seu papel seria viabilizar os anseios da população, mediante discussão e aprovação de propostas referentes ao orçamento, à educação, saúde, transporte, habitação, dentre outras áreas.

A amplitude e diversidade da representação dos diversos segmentos faz do Parlamento uma verdadeira síntese da sociedade. É no Legislativo que a sociedade se encontra melhor espelhada, com presença mais visível no âmbito dos poderes constituídos para governá-la e protegê-la. Por tal razão, a história do Poder Legislativo encontra-se no centro da história de um país. (VOGEL, 2001, p. 5)

Conforme o art. 51 da Constituição Federal, as competências privativas da Câmara dos Deputados incluem:

a) Autorizar a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado;

b) Proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas no prazo constitucional;

c) Elaborar seu Regimento Interno; dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços e afixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias;

d) E a eleição dos membros do Conselho da República.

Desde que foi criada, ainda no Brasil Império, a Câmara dos Deputados sempre ocupou um papel importante na história do país, constituindo-se uma tribuna de grandes debates nacionais. O seu primeiro período de atuação foi efêmero:

Declarada a Independência do Brasil, no dia 7 de setembro de 1822, e sob forte influência da guerra da independência dos Estados Unidos, da Revolução Francesa e da Revolução Constitucionalista da Espanha, e das guerras de libertação na América espanhola, são convocadas eleições para a Assembléia Geral, Constituinte e Legislativa do Império do Brasil, que se reúne pela primeira vez, em sessão preparatória, no dia 17 de abril de 1823 (1998)26.

Por ordem e decreto do imperador Dom Pedro I, os trabalhos legislativos foram encerrados em 12 de novembro de 1823. Somente em 29 de abril de 1826, foi realizada a primeira sessão preparatória da Câmara dos Deputados. Uma semana depois, mais exatamente

26 Extraído do texto “A História da Câmara dos Deputados”. Disponível no portal virtual da Casa:

no dia 6 de maio, ocorre a sessão de abertura da primeira legislatura da Assembléia Geral Legislativa - reunião conjunta da Câmara dos Deputados e da Câmara dos Senadores.

Hoje, é na Câmara dos Deputados que tem início o trâmite da maioria das proposições legislativas, que costumam ser discutidas tanto no Plenário como nas comissões técnico- temáticas. Esta casa, considerada a imediata representação do povo, centraliza a maioria dos debates e decisões de importância nacional - um debate que envolve centenas de participantes:

Como em todas as categorias, faixas e estratos sociais existentes no país, eles possuem virtudes e defeitos, diferentes maneiras de pensar, projetos os mais diversos para enfrentar os problemas brasileiros. Mas todos, sem exceção, defendem ardorosamente suas propostas e idéias27 – o que faz da Câmara o espaço de debate aprofundado das questões de interesse público, um espaço de acordos e consensos, de negociações legítimas em torno do futuro do País (VOGEL, 2001, p. 5)

Obviamente, a grande quantidade de deputados, somada à estrutura bicameral, conduz a um lento processo de produção de leis. Há muitos casos de projetos que passam toda a legislatura em tramitação, culminando em um inevitável arquivamento28. Muitos são até desarquivados, mas voltam ao regime de tramitação. Há, ainda, as leis aprovadas e sancionadas, mas muitas necessitam de um Projeto de Lei Complementar para entrar em vigor e, portanto, nem chegam a vigorar.

Voltadas para todos os cidadãos, as leis devem ser elaboradas de forma abstrata, geral e impessoal. No entanto, é de conhecimento público que interesses individuais, muitas vezes, influenciam nesse processo, o que acaba retardando o processo de produção de lei e refletindo os conflitos dentre os parlamentares. Esse cenário pode ser facilmente identificado na CAINDR, o objeto de estudo desta pesquisa.

1.5.1.1 Campo Político em foco: o Fórum da Amazônia na Câmara dos Deputados

Criada em março de 1997 sob a denominação Comissão da Amazônia e Desenvolvimento Regional (CADR), a comissão que se constitui objeto de estudo desta pesquisa é considerada “uma das maiores conquistas no Legislativo das bancadas

27 Conforme já explicado, mantivemos a fidelidade na escrita dos textos reproduzidos nesta pesquisa. Por isso, neste trecho, a palavra ‘ideia’ está acentuada, de acordo com a versão anterior à Reforma Ortográfica de 2009. 28 O pedido de desarquivamento pode ser feito por qualquer deputado interessado, mas, geralmente, é apresentado pelo próprio autor do projeto quando reeleito para a próxima legislatura.

parlamentares dos nove Estados da região amazônica (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins)” (TEIXEIRA, 2008, p.18).

Esses estados compõem a chamada Amazônia Legal, um conceito político (e não geográfico) criado em 1966 pelo governo brasileiro para reunir regiões com semelhanças, como problemas econômicos, políticos e sociais. Apesar disso, as unidades federativas que compõem a Amazônia Legal possuem características distintas, seja sob o aspecto econômico, social ou cultural, como também pelas potencialidades de seus recursos naturais. Além disso, o limite da Amazônia Legal não coincide com o bioma floresta amazônica e nem com a região Norte em si.

Mesmo não sendo um espaço homogêneo, a Amazônia Legal foi composta a partir de suas semelhanças a fim de melhor planejar o desenvolvimento social e econômico da Amazônia. Pode-se dizer que se constituía uma estratégia geopolítica do governo militar para integrar a Amazônia ao empreendimento brasileiro - uma área de intervenção de políticas estatais, com investimentos públicos e privados. Ressalte-se que a área configurada como Amazônia Legal representa 61% do território brasileiro e só inclui parte do Maranhão e não o estado todo.

Como já se disse, a Amazônia é uma das temáticas das Comissões Permanentes da Câmara dos Deputados, ou seja, os fóruns de ordem técnica do Poder Legislativo federal. Este constitui-se um dos três poderes que compõem o Estado e cumpre papel fundamental perante a sociedade, uma vez que é encarregado de, principalmente, elaborar, discutir e aprovar leis – a regra a que todos são submetidos e que exprime a vontade imperativa do Estado ou limita o seu poder. É representado pelo Congresso Nacional, uma das mais importantes instituições do Estado.

Nessa instituição, as comissões (e subcomissões) técnicas tratam de assuntos específicos e exercem funções legislativas e fiscalizadoras. Através da Constituição Federal Brasileira de 1988, as comissões passaram a ser valorizadas e a ter competência para apreciar matérias sem a deliberação do Plenário, fazendo valer o chamado Poder Conclusivo – conforme o art. 58, da Constituição, que regula o funcionamento das comissões.

Implementado em 1989, com a aprovação do Regimento Interno da Câmara dos Deputados (RICD), o Poder Conclusivo (ou da Competência Legislativa Plena das Comissões) foi concedido para que as comissões dessem celeridade na apreciação de proposições menos polêmicas. As comissões fazem a análise da constitucionalidade, da admissibilidade e do mérito de cada matéria, podendo aprová-las ou rejeitá-las. Quando emitem pareceres divergentes sobre determinada matéria, esta é submetida ao Plenário - órgão

máximo das decisões da Câmara dos Deputados onde são deliberadas as matérias que não tenham sido decididas conclusivamente nas comissões.

Conforme o artigo 24, II, do RICD, as demais exceções que exigem deliberação do Plenário são: matérias em regime de urgência; oriundas do Senado; as de lei complementar; de código; as que recebem recursos; as de iniciativa popular (quando se colhe assinaturas); e as elaboradas pelas próprias comissões.

A apreciação de matérias conduz a grandes debates, fazendo dessas comissões verdadeiros fóruns temáticos. No âmbito de cada comissão, os parlamentares devem apresentar todos os dados, antecedentes, circunstâncias e conveniências de um projeto, promovendo ampla discussão com a participação da sociedade em geral.

Esses atores devem, ainda, discutir todos os aspectos de temas ou assuntos considerados relevantes, podendo, ainda, realizar audiências públicas, convidar ministros, autoridades, especialistas e outros cidadãos para participar destas reuniões, seja para discutir, explanar ou prestar esclarecimentos sobre determinados assuntos. Logo, os parlamentares podem promover o debate que for necessário para adquirir mais elementos para examinar detalhadamente cada matéria. Isto possibilita que haja mais liberdade de expressão, de opiniões e formação do consenso que, emitido sob a forma de parecer pelos seus relatores, irá orientar o Plenário – em caso deste vir a apreciar a matéria.

As comissões parlamentares podem ser Permanentes ou Temporárias e até mesmo Mistas, ou seja, quando integradas por deputados e senadores. As temporárias são criadas para apreciar determinado assunto e são extintas em três situações: quando é alcançada a sua finalidade; quando o seu prazo é expirado; ou no final da legislatura. As comissões temporárias também podem ser Especiais, de Inquérito ou Externas e sempre estão em menor número do que as comissões permanentes.

Atualmente, existem vinte comissões permanentes na Câmara - as quais integram a estrutura institucional desta casa e subsistem a cada legislatura. Estas comissões correspondem a temáticas diversas, como se pode verificar no quadro adiante.

Quadro 2 – Comissões Permanentes da Câmara dos Deputados

1. Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural - CAPADR 2. Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional - CAINDR 3. Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática - CCTCI

4. Constituição e Justiça e de Cidadania - CCJC 5. Defesa do Consumidor - CDC

6. Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio - CDEIC 7. Desenvolvimento Urbano - CDU

8. Direitos Humanos e Minorias - CDHM 9. Educação e Cultura - CEC

10. Finanças e Tributação - CFT

11. Fiscalização Financeira e Controle - CFFC 12. Legislação Participativa - CLP

13. Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - CMADS 14. Minas e Energia - CME

15. Relações Exteriores e de Defesa Nacional - CREDN

16. Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado - CSPCCO 17. Seguridade Social e Família - CSSF

18. Trabalho, de Administração e Serviço Público - CTASP 19. Turismo e Desporto - CTD

20. Viação e Transportes - CVT

A composição parlamentar da comissão permanente, conforme art. 23 do RICD, precisa assegurar a representação proporcional dos partidos e blocos parlamentares, incluindo- se sempre um membro da minoria. Deve, ainda, ser renovada a cada sessão legislativa, ou seja, anualmente. Quanto aos seus membros, devem participar do processo de elaboração de normas legais mediante exame e deliberação de proposições submetidas às comissões.

Esses Órgãos Permanentes são responsáveis por debater exaustivamente as matérias que lhes são distribuídas pela Mesa, de assuntos relativos à sua competência, previstos no artigo 32 do RICD, e emitir parecer, ora opinando, no caso dos projetos de Plenário, e ora aprovando, quando se tratar de projetos conclusivos. Mesmo aqueles que carecem da apreciação do Plenário, orientado pelo Regimento, já seguem com parecer das Comissões, dando o seu posicionamento da matéria, o que permite sobremaneira, a agilidade do processo legislativo. (TEIXEIRA, 2008, p. 5)

As comissões permanentes exercem, ainda, dentro de suas respectivas áreas, o acompanhamento dos planos e programas governamentais e a fiscalização orçamentária da União. Pelo regimento interno, estas comissões podem criar subcomissões para tratar de temas mais específicos - e considerados mais relevantes. Além disso, as subcomissões podem ser permanentes ou especiais e permitem que os parlamentares dediquem-se a temas mais diretamente ligados a seu campo de interesse e atuação.

Durante a 52ª Legislatura na CAINDR, por exemplo, foram criadas seis subcomissões - sendo que duas instaladas em 2003 continuaram as suas atividades até 2005. Algumas