• Nenhum resultado encontrado

Esses projetos considerados prioritários85 são validados pelos países participantes e constituem a Agenda de Implementação Consensual (AIC) 2005-2010. No entanto, esse consenso parece prevalecer somente entre os poucos e poderosos participantes de reuniões fechadas. Nos primeiros anos após o lançamento da IIRSA, não houve consultas à sociedade civil dos países envolvidos sobre o tipo de integração que se desejava. Uma estratégia que, no Brasil, foi interrompida em 2005 com a realização de quatro audiências públicas promovidas pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão após duras críticas e pressão de movimentos sociais e ambientais – exigindo informações, diálogo e transparência no processo de integração86.

Outro aspecto que precisa ser destacado é o fato de que poucas pessoas têm conhecimento da existência desse projeto e de seu andamento. A IIRSA vem ocorrendo em um processo curiosamente silencioso. Tudo indica que não há interesse dos grupos econômicos envolvidos em tornar pública essa discussão, sendo mais fácil executá-la em reuniões restritas. Uma década após o seu lançamento, a IIRSA ainda não é, pelo menos no Brasil, um assunto conhecido, a exemplo da intensa divulgação sobre o PAC. Ao contrário, é um tema pouco abordado pela mídia brasileira, como veremos no quinto capítulo desta tese. As discussões em torno deste tema são feitas por grupos restritos, como é o caso do seminário realizado pela subcomissão sobre os eixos de integração da América do Sul (saída para o Pacífico e Caribe - IIRSA), cuja abordagem está agora sendo retomada.

É importante ressaltar que esse seminário contou com treze convidados, porém, nenhum pertencente a quaisquer movimentos sociais - retratando uma visão unilateral do projeto. Deste total de convidados, oito representaram departamentos, assessorias e secretarias

85 Desses 31 projetos prioritários, nove estão sob a responsabilidade ou tem participação do Brasil. São eles: Construção da Ponte Internacional Jaguarão-Rio Branco (Brasil e Uruguai); Nova Ponte Presidente Franco-Porto Meira e Centro de Fronteira (Brasil e Paraguai); Ponte sobre o Rio Acre (Brasil e Peru); Estrada Boa Vista- Bonfim-Lethem-Georgetown e a Ponte sobre o Rio Takutu (Brasil-Guiana); Duplicação do Tramo Palhoça- Osório (Rodovia Mercosul) e Anel Ferroviário de São Paulo (Norte e Sul), exclusivamente no Brasil. Os outros dois projetos são da área de comunicação e envolvem todos os países participantes da IIRSA.

86 Para saber mais obre a IIRSA, recomendamos a leitura dos seguintes artigos: A Amazônia e seu lugar central

na Integração Sul-Americana, de Edna Castro, socióloga e docente do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará (2008); IIRSA - É esta a integração que nós queremos? de Elisangela Soldatelli Paim, jornalista do Núcleo Amigos da Terra/Brasil e da Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais –IFMs (2003); e IIRSA: o futuro do continente como mercadoria futura, de Luis Novoa Garzon, docente da Universidade Federal de Rondônia e membro da Rede Brasileira Pela Integração dos Povos (REBRIP).As informações para consulta estão disponíveis nas Referências Bibliográficas desta pesquisa, onde se encontram também títulos de reportagens e de artigos publicados pela mídia sobre o assunto. Quanto às informações oficiais sobre a IIRSA, acessar os sites do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (http://www.planejamento.gov.br), da IIRSA (http://www.iirsa.org e www.iirsa.org/proyectos), das instituições financeiras BID (http://www.bid.org) e CAF (http://www.caf.org).

ministeriais87; e dois representaram instituições financeiras: um especialista da Área de Infraestrutura e Transporte do BID e uma gerente da Área de Exportação do BNDES. Os demais representaram a CAF, a CNI e a Parceria Público Privada (PPP).

Geralmente, a indicação dos convidados para compor uma Mesa (seja de debates, audiência pública, seminários ou de outros eventos) é feita pelo autor do requerimento. Portanto, a pluralidade de vozes e visões em uma mesma Mesa pode ser garantida desde a concepção do evento a ser realizado. A natureza do objeto requerido depende, logicamente, do autor do projeto – e, na maioria das vezes, está atrelada ao histórico de cada parlamentar.

No caso do seminário intitulado “Eixos de Integração da Infraestrutura Regional da América do Sul-IIRSA - Saída para o Pacífico e Caribe”, este tema sempre esteve presente na trajetória de Miguel de Souza, autor do requerimento que deu origem a este evento. Este deputado e engenheiro civil já exerceu os cargos de vice-governador do Estado de Rondônia e de Secretário de Estado, pelo menos nas seguintes pastas: Agricultura e Abastecimento, Indústria, Comércio, Minas e Energia, Produção e Desenvolvimento Econômico-Social. Em muitas de suas ações, percebe-se o interesse em obras de infraestrutura, especialmente no setor de transportes e energia - perfil que reforça as proposições desenvolvimentistas da CAINDR.

Além de seminários e conferências sobre a IIRSA, Miguel de Souza participou das seguintes missões oficiais: 1ª e 2ª Caravanas Saída para o Pacífico, Peru, Chile e Bolívia; Corredor Norte La Paz Guayaramirim, em La Paz, na Bolívia em 2000; visita oficial à China em 2004. Também foi representante da Câmara dos Deputados na III Reunião de Presidentes da América do Sul (acompanhando oficialmente o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, a Cuzcu, no Peru, em 2004) e no Encontro dos Presidentes do Brasil, Peru e Bolívia para a cerimônia de início das obras da Rodovia Interoceânica, em 2005.

Desta forma, mesmo não sendo diretamente motivada pelo parco noticiário sobre a IIRSA, como será mostrado no capítulo seguinte, pode-se dizer que a criação da subcomissão sobre esta temática decorreu das ações e interesses que marcam a trajetória do autor do requerimento que lhe deu origem. Afinal, a sua atuação política indica claramente o seu elo com o setor de transporte, construção civil e infraestrutura, enfocando, principalmente, as questões relacionadas à energia, portos e rodovias, como também a integração através da infraestrutura regional, tema que ficou bastante em evidência quando Miguel de Souza

87.Foram convidados para este evento representantes dos seguintes Ministérios: Relações Exteriores, Planejamento, Orçamento e Gestão, Transportes, Comunicações, Minas e Energia, Defesa, Turismo, Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

assumiu a presidência da CAINDR em 2006, ressaltando-se este assunto, inclusive, na apresentação do Relatório de Atividades da comissão.

Sobre a Subcomissão Permanente de Assuntos Indígenas, sua instalação aconteceu em 15 de maio de 2003, como resultado do requerimento no 06/2003, da deputada Perpétua Almeida-PCdoB/AC, aprovado na reunião do dia 12 de março de 2003. Com várias ações vinculadas às questões indígenas, Perpétua Almeida também foi autora do requerimento no

72/2003 (aprovado em 25 de junho), solicitando a realização da audiência pública intitulada “Propostas de Inclusão de Açõeltadas aos Povos Indígenas no Plano Plurianual". Esta reunião aconteceu no âmbito da CAINDR no dia 25 de agosto com representantes de órgãos do Governo Federal e de entidades do Terceiro Setor – uma lista de convidados bastante diversificada, enriquecendo e pluralizando o debate sobre a problemática indígena88.

Outro evento que primou pela pluralidade no debate foi o seminário “Ações Governamentais para os Povos Indígenas da Amazônia”, de 17 de setembro de 2003, feito no âmbito da subcomissão. Fruto do requerimento no 82/2003, também de autoria de Perpétua Almeida, este seminário reuniu representantes da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), Fundação Nacional do Índio (FUNAI), Ministérios da Defesa e da Educação, ONG’s e instituições ligadas à causa indígena, como o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e o Instituto Socioambiental (ISA), além do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, Instituto de Estudos Sócio Econômicos (INESC) e a Uniacre, que representa onze povos indígenas.

Já a Subcomissão Especial de Biodiversidade, resultante do requerimento no 05/2003, de autoria da deputada Rose de Freitas-PMDB/ES, teve a sua criação aprovada em 02 de abril de 2003, mas a sua instalação ficou em aberto. Dentre as outras três subcomissões, percebe-se que a Subcomissão Permanente para Estudar a Situação, Alternativas e Soluções Energéticas para a Região Amazônica foi a mais atuante, promovendo debates até mesmo fora de Brasília e envolvendo diversos atores. Tanto a questão energética quanto a problemática indígena figuraram amplamente nas manchetes de jornais e de outros veículos de comunicação, como veremos no quinto capítulo deste trabalho – o qual trata da relação entre a CAINDR e a mídia.

88.Essa audiência aconteceu com os seguintes participantes: Cláudio Langoni, Secretário-Executivo do Ministério do Meio Ambiente, Lígia Camargo, diretora de Administração da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), Maninha Xukururu-Kariri, coordenadora de Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME), Jecinaldo Cabral, coordenador-geral das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), Ricardo Chagas, diretor do Departamento de Saúde Indígena da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), e Antonio Carlos de Souza Lima, vice-presidente da Associação Brasileira de Antropologia.

3.2.1.3 Proposições Apreciadas e em Tramitação em 2003

Dentre as proposições apresentadas em 2003 no âmbito da CAINDR, houve bem mais requerimentos do que projetos – cerca de 20% a mais. O Relatório de Atividades relaciona 119 requerimentos e 96 projetos (entre apreciados e em tramitação). Dentre os 119 requerimentos, doze foram retirados da pauta pelos próprios autores. Dos 107 requerimentos restantes, todos foram aprovados. Porém, quatro deles com aditamento. Houve, ainda, um requerimento (no 22/2003) prejudicado pela aprovação de outro (no 09/2003), uma vez que ambos tinham a mesma solicitação: convidar o ministro da Integração Nacional para debater sobre as Políticas de Desenvolvimento Regional. No total de requerimentos do ano de 2003, a solicitação mais comum (44.5%) foi para realizar audiências públicas. Das 53 audiências requeridas, 29 foram realizadas.

A segunda solicitação mais comum foi para convidar ministros, prefeitos, ONGs, funcionários públicos, sindicalistas e outros atores sociais para debater/discutir projetos, programas para a região – onze requerimentos ao todo. A terceira solicitação mais comum foi para convidar e/ou convocar ministros, autoridades e funcionários públicos para prestar esclarecimentos sobre determinados assuntos. Os requerimentos desta modalidade (dez no ano de 2003) têm um tom mais investigativo porque, geralmente, referem-se a um assunto polêmico e/ou a denúncias, como as relativas às fraudes na legalização de embarcações, obras paralisadas, trabalho escravo, irregularidades na SUDAM e BASA e questões da FUNAI.

Em quarto lugar em tipos de requerimento, está o envio de convites a ministros, especialistas e outras autoridades para expor, proferir palestras e/ou apresentar programas e ações para a Amazônia. Ao todo, foram nove requerimentos desta natureza. Em seguida, contabilizamos oito solicitações para criar subcomissões e grupos de trabalho, resultando na criação de quatro de cada, como já informado anteriormente. Os demais requerimentos de 2003 e dos outros anos da 52ª Legislatura são apresentados de acordo com a sua natureza e quantidade no anexo ‘C’89.

Ao analisarmos o conteúdo desse universo de 119 requerimentos do ano de 2003, constatamos que menos de 10%, ou seja, apenas dez requerimentos citam o termo ‘Desenvolvimento’ em sua ementa. Desta dezena, um foi retirado da pauta pelo autor e outro foi prejudicado (o requerimento 22/2003, conforme citado anteriormente). Os oito restantes

89 Intitulado “Natureza e Quantidade dos Requerimentos da 52ª Legislatura”, o anexo ‘C’ encontra-se disponível na p.

foram aprovados. Destes, cinco solicitam reuniões de audiência pública, das quais duas foram realizadas: uma no dia 04 de junho de 2003, com o objetivo de discutir as políticas públicas para o estado do Amazonas e outra no dia 21 de agosto de 2003, com a presença de reitores de universidades federais para debater propostas destas instituições para o desenvolvimento da região.

O debate de propostas, projetos, programas, ações e planos de desenvolvimento para a Amazônia faz-se presente em muitos requerimentos e em outras proposições encontradas no levantamento e análise que fizemos no decorrer desta pesquisa. A discussão aborda políticas públicas voltadas para o desenvolvimento regional sustentável, desenvolvimento industrial, turístico, desenvolvimento das populações, fundo de desenvolvimento, etc. Retrata a busca por diversos tipos de desenvolvimento para a região, especialmente se associado ao conceito de ‘fazer crescer’ economicamente, tão presente em planos e programas dessa natureza.

Em nossa análise, percebemos, ainda, que o debate em torno de planos desenvolvimentistas sempre gera interesse dentre os membros da CAINDR, resultando, principalmente, na realização de audiências públicas e outros eventos. Naquele ano de 2003, esse interesse motivou o requerimento no 42/2003, do deputado Vignatti (PT/SC), através do

qual solicita a criação da Subcomissão Especial dos Planos e Projetos de Desenvolvimento Regionais Integrados. O requerimento foi aprovado, mas contraditoriamente ao interesse sempre explícito por esses programas, a subcomissão não chegou a ser instalada. Esse e os outros nove requerimentos relacionados à temática ‘Desenvolvimento’ em 2003 estão contidos mais detalhadamente no quadro a seguir.

150

Fonte: Elaborada pela autora a partir de informações levantadas no Relatório de Atividades 2003 da CAINDR. Belém (2009).

Quadro 8 - Requerimentos 2003: Temática ‘Desenvolvimento’ Nº/AUTOR DO

REQUEIRMENTO EMENTA SITUAÇÃO

Req. 66/03 – Ann

Pontes Requerimento de Audiência Pública, convidando a Diretora-Geral da Agência de Desenvolvimento da Amazônia – ADA, Sra. Maria do Carmo Martins Lima, para expor os projetos e a política da nova administração da Agência.

Aprovado em 28/05/2003 Req. 51/03 – Átila Lins Solicita que seja convidado o Sr. Luiz Fernando Furlan, Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

Exterior, para participar de reunião de Audiência Pública nesta Comissão, em data a ser agendada, com o objetivo de discutir o novo Plano de Desenvolvimento da Indústria na Amazônia.

Aprovado em 07/05/2003 Req. 52/03 - Átila Lins

e Vanessa Grazziotin Solicita desta Comissão, a realização de Audiência Pública, no dia 4 de junho de 2003, para discutir as políticas públicas de desenvolvimento para o Estado do Amazonas e as potencialidades regionais. Realizado em 04/06/2003

Aprovado em 07/05/2003 Req. 58/03 – Henrique

Afonso Solicita que sejam convidados o Secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação e os Reitores das Universidades Federais de Rondônia, Roraima, Acre, Amapá, Amazonas, reunião de Audiência Pública nesta Comissão, com o objetivo de debaterem sobre propostas destas instituições em pesquisa e extensão para o desenvolvimento na Amazônia. Realizado em 21/08/2003 Aprovado em 25/06/2003 Req. 80/03 – Humberto Michiles

Requer que seja convidado o Exmo. Senador Jeferson Perez, para expor sobre a implantação do Fundo de Desenvolvimento do Norte.

Realizado em 13/08/2003

Aprovado em 06/08/2003 Req. 23/03 – Perpétua

Almeida Solicita que sejam convidados o Sr. Jorge Vianna, Governador do Acre, e demais governadores da região amazônica que esta comissão entender pertinente, para comparecer a este órgão técnico, em audiência pública, objetivando a realização de uma apresentação das políticas governamentais relativas ao desenvolvimento regional sustentável da Amazônia, bem como, suas demandas a esta comissão.

Aprovado em 26/03/2003 Req. 26/03 – Rogério

Silva

Requer a apreciação de Voto de Louvor ao Comando da Aeronáutica, pelas atividades desenvolvidas em favor da integração da Amazônia e do desenvolvimento de suas populações.

Aprovado em 26/03/2003 Req. 22/03 – Vanessa

Grazziotin Solicita que seja convidado o Senhor Ministro da Integração Nacional, para debater sobre as Políticas de Desenvolvimento Regional. Prejudicado pela aprovação do requerimento nº 9 Req. 32/03 – Vanessa

Grazziotin Solicita que sejam convidados os representantes do Ministério do Turismo, das Secretarias de Cultura, de Turismo dos estados do Amazonas, Acre, Pará e Amapá, da Secretaria da Coordenação da Amazônia, com o objetivo de debater as perspectivas para o incremento do turismo e desenvolvimento.

Realizado em 04/06/2003

Aprovado em 26/03/2003 Req. 42/03 – Vignatti Requer a constituição de Subcomissão Especial dos Planos e Projetos de Desenvolvimento Regionais

Integrados.

Dessa relação de dez requerimentos, pode-se apontar pelo menos um que envolve a temática Sustentabilidade: o requerimento no 23/2003, da deputada Perpétua Almeida, que solicita a realização de audiência pública para que governadores da Amazônia apresentem as políticas governamentais relativas ao desenvolvimento regional sustentável da Amazônia, bem como, suas demandas à CAINDR. Percebe-se, aqui, a intenção de promover uma ação integrada entre comissão e governadores de estados amazônicos ao propor a apresentação das demandas destes. No entanto, essa audiência não chegou a ser realizada.

Daquele universo de 119 requerimentos, podemos classificar mais quatro relacionados à temática ‘Sustentabilidade’, sendo três em relação indireta ao tema e um requerimento que usa o termo ‘Sustentável’, representando quase 3,5% do total de requerimentos apresentados. Desses quatro documentos, dois solicitam audiência pública, um solicita debate e um pede a criação de uma subcomissão referente à biodiversidade – assunto cuja discussão na CAINDR costuma ser relacionado à sustentabilidade.

Como pauta, as duas audiências públicas solicitadas abordariam o Parque Nacional do Tumucumaque, no Amapá e o Sistema de Concessões para Exploração de Madeiras em Florestas Nacionais. Além disso, foi requerido um debate sobre o Programa Nacional de Florestas e sobre o Projeto de Lei nº 7492/02, que trata das Concessões de Áreas Públicas da Amazônia para manejo sustentável, com a participação de representantes do Ministério do Meio Ambiente, de ONG’s e ambientalistas, como se pode verificar no quadro adiante, reunindo esses quatro requerimentos relacionados à temática ‘Sustentabilidade’.

Quadro 9 – Requerimentos 2003: Temática ‘Sustentabilidade”

Fonte: Elaborado pela autora a partir de informações do Relatório de Atividades 2003 da CAINDR. Belém (2009).

Nº/AUTOR EMENTA RESULTADO

Req. 107/03 – Ann

Pontes Solicita audiência pública com os Srs. Erivelthon Lima e João Paulo Capobianco, pesquisador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia – IPAM e Secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente para debaterem o Sistema de Concessões para Exploração de madeiras em Florestas Nacionais.

Aprovado em 08/10/2003

Req. 64/03 – Dr. Benedito Dias

Requer audiência pública na Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento Regional, para discutir o Parque Nacional do Tumucumaque, no Estado do Amapá.

Aprovado em 02/04/2003 Req. 05/03 – Rose

de Freitas Requer a criação da Subcomissão Especial sobre Pesquisa da Biodiversidade Amazônica. Aprovado em 02/04/2003 Req. 69/03 –

Vanessa Grazziontin

Solicita que sejam convidados o diretor do Programa Nacional de Florestas (PNF) do Ministério do Meio Ambiente, técnicos da temática, ambientalistas e ONG’s para debaterem sobre o Programa Nacional de Florestas e o Projeto de Lei nº 7492/02, que trata das Concessões de Áreas Públicas da Amazônia para manejo sustentável.

Aprovado em 25/06/2003

Analisando-se os requerimentos apresentados na CAINDR, percebe-se que seus membros mostram interesse em se atualizar sobre os programas, projetos, propostas, perspectivas e ações voltadas para a região. No entanto, muitas vezes, esse interesse não consegue ultrapassar a realização de grandes debates e não se traduz em ações e resultados mais concretos. Um bom indicador disso são os projetos apresentados na comissão – que na maioria das vezes não têm muita relação com as temáticas abordadas nas audiências públicas e debates.

A relação dos 96 projetos apresentados em 2003 (entre apreciação e tramitação) reforça essa constatação, tendo sido assim classificados: o Projeto de Lei Complementar - PLP 96/2003, de Perpétua Almeida, que prevê a criação da Região Administrativa Integrada de Desenvolvimento do Vale do Juruá e o Programa Especial de Desenvolvimento, no Amazonas e Acre, o Projeto de Decreto Legislativo - PDC 2419/2002, que dispõe sobre a criação do Território Federal do Marajó, duas Propostas de Fiscalização e Controle - PFC 62/2001 e PFC 67/2001, que visam fiscalizar a implementação das obras das eclusas e da segunda etapa da Usina Hidrelétrica de Tucuruí e do sistema de transporte e gás natural de Urucu para Manaus, respectivamente) e 92 Projetos de Lei - PL, dos quais:

- 67 projetos de lei autorizam a criação de distritos agropecuários (um no Amapá, de autoria do deputado Valdenor Guedes - PSC/AP, cinco em Roraima, oriundos do Senado Federal, e 61 no Amazonas – todos de autoria do deputado Carlos Souza - PL/AM);

- o PL 2.776/2000, do deputado Confúcio Moura - PMDB/RO, altera os limites da Floresta Nacional do Bom Futuro, em Roraima;

- o PL 228/2003, de Moisés Lipnik, estabelece o percentual de 25% para a reserva legal florestal das propriedades rurais localizadas na Amazônia Legal;

- o PL 440/2003, também de Moisés Lipnik, dispõe sobre a criação da Zona de Processamento de Exportações (ZPE) em Boa Vista, Roraima;

- o PL 614/2003, da deputada Mariângela Duarte, define as diretrizes do Programa Brasileiro de Ecologia Molecular para o Uso Sustentável da Biodiversidade da Amazônia, Mata Atlântica, da Zona Costeira e Marítima e outros biomas nacionais e dá providências;

- o PL 1961/2003, da deputada Marinha Raupp - PMDB/RO, estende a isenção da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), do Programa de Integração Social (PIS) e do Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP) às empresas da Amazônia Ocidental e às empresas situadas em área de livre comércio;

- o PL 2603/2003, do Sr. Anselmo, concede às pequenas e micros empresas isenção da Taxa de Serviços Administrativos (TSA) em favor da Suframa.

- o PL 2403/2003, do Senado Federal, estende os benefícios fiscais às áreas pioneiras, zonas de fronteira e outras localidades da Amazônia Ocidental e área de Livre Comércio de Macapá/Santana, no Amapá;

- 18 Projetos de Lei, de autoria do deputado Átila Lins - PPS/AM, autorizando a criação de