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De manhã, acordamos com o bendito aparelho que sempre atrapalhava nossos sonhos. Levantei-me para tomar o café, mas quando estava saindo do quarto dei de cara com a diretora Lucy.

- Me acompanhe, por favor. Precisamos conversar.

Meu corpo gelou e um misto de medo e surpresa se espalhou por todo meu corpo. Deve ser assim que sentimos quando guardamos um segredo. Chegamos ao seu quarto. - Sim senhora Lucy.

Ela puxou uma cadeira e disse com voz firme. - Sente-se, nossa conversa será longa.

- Como à senhora quiser.

- Um relato alarmante chegou até meus ouvidos sobre você está com um namorico com um aluno da Julliard. O que você me fala disso?

- Estava me preparando para contar, cedo ou tarde deveria saber. Mas antes de tudo, não é um namorico, estamos namorando, eu o amo e tenho certeza de que ele também. - Estamos em uma viajem de escola, e antes de sairmos deixei bem claro que não aceitava nenhum tipo de distração durante o passeio. Gosto muito de você, mas não posso abrir mão de uma ordem por causa disso, caso contrário seria igual para todos. Eu não vou permitir que uma aventura boba estrague as nossas férias.

- Por favor, eu juro que não irá atrapalhar em nada, só nos encontramos á noite

quando todas as atividades estiverem completas. Ele também corre esse risco, mas tudo na vida existe sacrifício, a senhora teve essa chance quando conheceu seu marido, e agora te peço, por favor, me deixa ter esse momento também. Ele significa tudo pra mim, sem ele estou morta.

- Está bem Kelly, vejamos no que isso vai dá, mas deixarei uma coisa clara, se em algum momento isso atrapalhar as férias terá de intervir completamente. Estamos de acordo?

- Absolutamente.

Sai do quarto procurando o chão, minha mente dava giros. Victor não poderia saber jamais desse ocorrido, principalmente agora quando estávamos bem. Mas, quem havia falado para a diretora Lucy sobre meu namoro com Victor? Não estava tão difícil assim de descobrir.

Pensei em falar com Elizabeth, mas depois de tudo que ela passou, não seria justo da minha parte magoá-la mais uma vez, além de tudo essa historia já havia sido

consumida, não seria preciso revirar coisas passadas. De repente me peguei rindo sozinha, ter pensamentos adultos não era muito meu gênero, mamãe se orgulharia bastante disso. Bateu uma saudade avassaladora. Papai e mamãe nunca tiveram férias descentes enquanto Felipe e eu estávamos em casa. Agora que tiveram a chance, espero que tenha sido as melhores férias da vida deles.

Encontrei com Mariani e Leonardo descendo as escadas de mãos dadas. Com uma voz irônica falei:

- É impressão minha ou existe uma nuvem cor de rosa por aqui?

Eles começaram a rir, como um casal apaixonado. Juntos, nós fomos tomar o café, mas existia algo errado, o aparelho que a diretora Lucy nos deu era pra ter tocado.

Como se lesse meus pensamentos à diretora entrou e falou para todos:

- Hoje não terá nenhum passeio educativo, iremos ao Central Park. O dia está ótimo para nos divertirmos, mas é lógico, com precaução.

Olhei para Mariani, como se uma luz ascendesse na minha cabeça.

- Você só pode estar maluca, a diretora Lucy jamais deixaria você levar Victor. Nem pense nisso.

- Mas Mariani, é minha chance, imagina como pode ser romântico, você, Leonardo, Victor e eu, andando de barco, alimentando os pombos, conversando sobre coisas, pense nisso Mariani.

- Eu acho que seria uma boa idéia – falou Leonardo – já que você e Kelly são tão amigas, porque não um passeio de amigos? Estou completamente de acordo. - Tudo bem Kelly, mas se a diretora reclamar eu falo que foi tudo idéia sua. Corri para meu quarto, pretendia ligar pra Victor, mas o celular estava desligado. Várias tentativas frustradas.

- Você não vai para o passeio? – Elizabeth parecia com bastante pressa.

- Não, vou aproveitar a folga que a diretora Lucy nos deu, preciso fazer umas compras, minhas roupas estão gastas, quero comprar um vestido pra irmos ao teatro. Mas bom divertimento Kelly, espero que tudo ocorra bem.

- Obrigada Elizabeth, boas compras.

A diretora Lucy mandou preparar uns sanduíches e várias coisas para levar ao parque. Ela estava tão empolgada que tenho certeza que nem notaria a presença de Victor. Isso se ele resolvesse ligar o celular.

Mariani não desgrudava de Leonardo, deixando assim muitas garotas com raiva. Depois de muitos anos tentando, ela finalmente conseguiu namorar o garoto mais lindo da escola.

Quando chegamos ao Central Park havia muitos homens trabalhando, medindo e desenhando.

- Pra que vocês fazem isso? –perguntou Mariani.

- Precisamos aprontar tudo para a apresentação dos alunos da Julliard.

Nesse momento vi as coisas se encaixando, Victor provavelmente estaria ensaiando para a apresentação, por isso deixara o celular desligado. Senti um alívio dentro de mim.

- Seu namorado não vem?

- Não Leonardo, talvez ele esteja ensaiando para a apresentação – Mariani respondeu antes de mim.

O dia estava simplesmente deslumbrante, os pássaros entoavam uma melodia tranqüila, o ar estava fresco, sentia uma paz em volta de mim. Só faltava Victor para que o dia fosse melhor.

Caminhamos muito, andamos de canoa, alimentamos os pombos, subimos nas árvores, corremos bastante.

Já era fim da tarde, a rua em frente estava bastante movimentada, os carros entravam e saiam, estávamos nos preparando para voltar ao hotel, até que avistei alguns alunos da Julliard, entre eles o amor da minha vida. Soltei minha bolsa no chão e corri ao seu encontro, devia ter percebido o rosto de Victor, ele abriu os olhos assustado e gritou com todas as suas forças:

- Kelly!

Tarde de mais, um carro desgovernado atingiu-me bruscamente, senti meu corpo adormecer. Um formigamento enorme tomava conta de mim. Não estava mais ouvindo meus pensamentos, apenas uma voz apavorada lá no fundo gritava:

Meu cérebro não quis obedecer aos comandos do meu coração. Luzes vermelhas

iluminavam aquele ambiente claustrofóbico. De repente, a dormência passou e uma dor

Victor

No documento Kelly Andrews Por toda a minha vida (páginas 47-50)