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Capítulo Treze

No documento Kelly Andrews Por toda a minha vida (páginas 68-94)

- Eu não acredito que você levou um fora de uma garota de treze anos.

- Não foi exatamente um fora, ela apenas disse que não estava afim. Há qual é eu só tinha dezesseis anos. Ela era a garota mais linda da escola, até as meninas mais velhas perdiam para ela. Você não tá entendendo, ela era MUITO gata.

- O que dificultou a sua recuperação não foi?

- Mais ou menos, mas serviu para abrir meus olhos. – Felipe deu de ombros. - Em relação a quê? Orgulho ferido? – Dei uma boa gargalhada.

-Não, orgulho ferido não. Mas sempre achei que podia ter tudo o que quisesse, acho que isso se deve ao fato de meus pais serem bem sucedidos e terem feito de tudo para nos criar, no que se chama de mordomia.

- Ter dinheiro não é defeito.

-Não quando se usado da maneira correta. É um pouco difícil de explicar, mas quando se tem poses e quando se é bem nascido, você acha que pode ter tudo, pode conseguir a garota que você quer. E o que ela disse e fez me ajudou bastante a ver que a vida não era da forma como sempre achei que fosse.

- Eu entendo.

- Entende? Já passou por isso?

- Não, não foi isso que eu quis dizer, é que... - uma voz familiar falou antes de mim. -Desculpe atrapalhar, mas preciso falar com você Victor. É urgente.

- Eu já vou indo então, vou ver como estão às coisas por lá.

- Qualquer coisa me mantenha informado. Não se esqueça de ligar. - Pode deixar Victor.

Rick estava um pouco assustado. O que me deixou assustado também. Nunca o tinha visto tão nervoso antes.

- O que você tem de tão importante pra me falar?

- Precisamos falar sobre a sua formatura, é amanhã. Você precisa ir.

- Não vamos falar sobre isso agora, já expliquei que não me importo com formatura nenhuma, não tenho clima para festas e concertos.

- É o dia mais importante da sua vida. Pensa em quantas portas se abrirão para você depois disso. Muitas pessoas se matariam para ter um diploma de formação na Julliard, e você simplesmente está jogando isso fora. É a sua vida.

-Chega Rick. Minha vida está ali naquela sala, nada mais importa. Que se dane formatura, que se danem as pessoas que se importam, porque o que eu quero de verdade é tirar Kelly dessa. Não estou nem ai.

- Cara você está ficando maluco. Você dedicou todos esses anos para agora, em questão de dias jogar tudo pro ar. Eu sou o seu melhor amigo, somos praticamente irmãos, se você não leva em consideração a minha preocupação, pensa ao menos no que Kelly gostaria que você fizesse, tenho certeza que se ela estivesse aqui agora pediria que você fosse. Pensa nisso cara, não joga fora a chance da tua vida por causa de um capricho.

- Certo, certo. Prometo que vou pensar. Apenas pensar, eu já tomei a minha decisão. - Antes de ir, queria te entregar isso.

Ele me passou uma espécie de convite, muito bonito, era marrom com detalhes em preto, na primeira fila de formandos tinha uma foto minha. Uma das atrações da noite. Que idiotice. Já me decidi, não colocarei meus pés naquele concerto, não importa o que pensem, não irei.

- Obrigado, mas eu já falei que...

- Claro, você já falou, apenas quis te entregar. O convite é para você mesmo. Na verdade é a cópia, porque o original foi para seus pais.

- Meus pais? Eles virão? Como?

- Sua mãe ligou para mim hoje, e disse que está tudo pronto para virem. Ela não conseguiu falar com você pelo celular. Cara, qual a parte do DIA MAIS

IMPORTANTE DA SUA VIDA você não entendeu? Mais uma razão para você ir.

- Eu preciso pensar, vou dar uma volta, esfriar a cabeça um pouco. Qualquer coisa te dou um toque.

- Fica firme irmão. Vai dar tudo certo, você vai ver. –ele tocou em meu ombro. -É pra isso que peço todas as noites. Bom, mas deixe-me ir, vou falar com John. - John?

- Sim, o pai de Kelly.

- Tratando o sogrão por primeiro nome, estou gostando de ver. Vai lá. Até amanhã. -Eu não disse nada.

-Mas eu te conheço o bastante para saber que você irá.

Minha cabeça estava ficando pesada de tantas preocupações, ainda mais essa de formatura, já estava tudo certo, a prioridade agora era Kelly, nada mais importava, mas tinha a questão de que meus pais viriam, eles nunca vieram prestigiar algum evento meu e justamente agora resolveram vir. Isso não podia estar acontecendo. -Está preocupado com alguma coisa?

-Não. – Mariani arregalou os olhos, esperando um desabafo meu. – Na verdade estou sim. Mas não quero falar disso aqui.

- Olha só, eu ia convidar Leonardo, mas ele está um pouco ocupado, acontece que eu preciso ir ao shopping, e...

- Eu vou.

- Calma, eu não te convidei – ela deu uma risada.

- Mesmo assim, preciso sair daqui. Esse ambiente está me deixando maluco.

- Tem razão. Você ter aceitado um convite pra fazer compras com uma garota é mesmo um sinal de loucura. Kelly iria se orgulhar, mas é bom pra exercitar.

- Exercitar? É uma espécie de terapia?

-Não, mas você precisa treinar para acompanhá-la nas compras. -Por favor, diga que ela não é complicada em relação a escolhas. -Boa sorte.

-Eu mereço.

- Só digo uma coisa. Eu sou pior. – ela piscou o olho. -Tudo por você Kelly. – falei baixinho.

Andamos até a senhora Andrews, ela estava com as mãos no rosto. Como se estivesse tentando esconder sua expressão de preocupação, há dias que ela não dormia direito. Seu olhar um pouco morto revelava as manchas roxas em volta. Senti um aperto no coração, de inicio pensei em desmarcar com Mariani, mas eu também precisava andar um pouco, se bem que a idéia de acompanhar uma garota nas compras não era

exatamente uma espécie de distração, mas pelo menos um segundo longe desse hospital me livraria da tortura interna.

John estava conversando com alguns amigos de profissão, ele gesticulava muito, fazia expressões faciais quando falava, Kelly herdou isso dele. Felipe estava mexendo no computador sentado em uma mesa redonda. A principio pensei que os Andrews

tivessem comprado essa parte do hospital só para eles. Grana para isso eles tinham de sobra, na realidade para comprar o hospital inteiro.

-Charlotte eu preciso dar uma saidinha. Victor também virá. Precisa de algo? - Não querida, muito obrigada. Vocês vão de quê?

-Pegamos um taxi, vai ser um pouco difícil numa hora dessas, mas voltarei cedo, prometo.

-Nada disso. Isaac pode levar vocês. -Não precisa Charlotte.

-Eu insisto.

- Já que insiste. Tudo bem.

Tentei me aproximar para chamá-la antes que escurecesse, mas ela já estava vindo em minha direção.

-O que houve? Desistiu? -Não, Isaac irá nos levar. -Isaac?

- Um dos motoristas particulares da família Andrews. Isaac na realidade está maior tempo á disposição de Kelly.

- Hum... Nem vou perguntar o porquê dos “S” nas palavras, acho que já sei o motivo. - Como eu disse: Boa Sorte. Você irá precisar. Vamos indo, não quero chegar tarde. O carro da família tinha mais coisas que o meu apartamento, e com certeza mais comida que a minha geladeira. Ele olhou pelo retrovisor e deu um sorriso para Mariani, ela por incrível que pareça não retribuiu da forma como pensei que fosse. Tentei quebrar o gelo do ambiente, mesmo o carro estando bastante aquecido algo desconfortável pairava sobre nós.

- O que vamos comprar exatamente?

- Vamos? – Ela me olhou fundo nos olhos, o olhar era tão firme que tive vontade de baixar a cabeça, como quando você faz travessuras na sala de aula e a professora te repreende perante a classe, foi como me senti.

-Desculpa, quis dizer, você. O que VOCÊ vai comprar exatamente? -Curioso... Porque da curiosidade?

- Não quero ser surpreendido entrando numa loja de calcinhas e sutiãs. - Palhaço!!

Rimos bastante imaginando a reação de Leonardo ao saber que eu acompanhei a namorada dele numa loja de peças intimas. Não ia pegar bem para mim.

-Obrigado Mariani.

-Pelo quê? Ter te chamado de palhaço? Não há de quê. – ela empurrou meu ombro. -Não, quer dizer, não pelo palhaço, mas por ter me feito rir, você foi a primeira pessoa a me fazer rir depois do que eu soube.

Abracei-a, tudo parecia tão estranho. Quando vi Mariani pela primeira vez ela me parecia tão superior, e agora era minha amiga, como Kelly dizia sempre, é tão pouco tempo para nossa vida mudar tanto, em menos de um mês encontrei amigos novos e o mais importante, encontrei um verdadeiro amor.

Isaac olhou de novo pelo retrovisor, dessa vez levantou uma sobrancelha, ele estava com um sorriso no canto dos lábios.

Mariani se irritou pelo fato de ele estar olhando de mais, pelo menos eu acho. -O que você tem Isaac? Precisa de alguma coisa?

-Na verdade não. Não me atreveria atrapalhar senhorita Houston. – ele deu uma risada leve. Eles tinham bastante intimidade. Aposto que era muito apegado a Kelly, tai um dos motivos da família o terem trazido.

- Tire esse sorriso dos lábios. Ele é namorado da sua princesinha.

Ele deixou o carro morrer, se foi pelo susto eu não sei, mas a julgar pela sua

expressão, a notícia não foi bem recebida. Pensei que já tivesse passado por todos os obstáculos, será que também deveria justificar-me com o motorista? Era só o que me faltava.

- De Kelly? Da minha Kelly? - Sim, da nossa Kelly. – respondi.

- Ela é muito nova para namorar e você não faz o tipo dela. - Não é o que ela pensa. – pigarreei– com todo respeito.

Já estava me sentindo mal perante a família, comprar uma briga com o motorista não iria aliviar a minha pena. Porque Kelly não acordava logo? Estava precisando de ajuda.

- Olha aqui garoto...

- Victor Oliver. Prazer. –o momento não estava para apresentações, mas preferi arriscar, então estendi a mão. Não foi surpresa para mim quando minha mão ficou no vácuo.

- Não se atreva...

- Isaac!!- berrou Mariani. – Vamos embora agora.

- Como quiser senhorita. – mas ele continuou me fuzilando com os olhos. - Agora Isaac! É uma ordem. Anda!

- Sim senhorita.

E foi assim que me vi exilado num filme de terror. Que avanço! Uma voz na minha mente berrava: „Idiota, idiota. Quem você pensa que é? Todos estão contra o namoro de vocês‟. Mas espera, nem todos, pelo que me pareceu eu tinha a família a meu favor, e principalmente Kelly, ela era a chave para isso dar certo. Mais ninguém.

-Chegamos. – ele falou com uma voz fechada, como se alguém o estivesse torturando. -Obrigada Isaac. Vamos Victor. – Mariani não disse uma só palavra desde o ocorrido. -Quer que eu espere senhorita?

-Não precisa, vamos demorar um pouco. Eu pego um táxi. É melhor você voltar caso eles precisem de algo.

Já estava acostumado com o ambiente de poucas palavras, „Sim senhorita. Não senhorita‟. Parecia que estava no exercito. Ele olhou pra mim e enrijeceu os lábios. - Temos muito que conversar.

-Como quiser senhor. – Mariani deu uma gargalhada que do outro lado da rua dava para se ouvir.

Ele gaguejou uma palavra como “Garotos”. Ele estava mesmo furioso. - O que há de errado com ele? – perguntei quando entramos no shopping. - Nada. Ele é assim mesmo.

- Simpático? Percebi.

- Na maioria das vezes sim, só muda quando alguém meche no que é dele. - Esse alguém eu suponho que seja eu. E o que ele considera dele é Kelly? -Tecnicamente.

-Por quê? Ele não tem filhos não?

- Quando Kelly nasceu ela precisou ser cuidada pelos empregados. Felipe era muito novo e foi morar na casa da avó, senhor Andrews estava triste de mais para prestar atenção na filha e Charlotte estava à beira da morte. Quem a amamentou foi Maria, a esposa de Isaac, eles tiveram um filho quase na mesma época, mas morreu na hora do parto, por sorte Maria tinha leite o suficiente para alimentar a pequena Kelly. Isaac a considera uma filha, nem vou falar na tamanha consideração de Maria, é estupenda. Senhor Andrews deu uma casa á eles, um emprego melhor, mas eles não quiseram, preferiram trabalhar como empregados na casa para verem a pequena Kelly crescer. - Que história. John me falou sobre isso, na verdade ele fez um resumo. E como Kelly se sente em relação a isso?

- Ela ama os pais por consideração, quem não gostaria? Ela sempre ganha presentes em dobro no natal e quando completa ano. Ela faz de tudo por esses “papichos”. - Gostei do nome.

- É como ela os chama. Papicho e Mamicha. É muito hilário vê-la gritando. - Aposto que sim.

- Vamos nessa loja, tenho uma coisa para lhe mostrar. - Ah desculpe, eu não curto vestidos.

- Quero uma opinião masculina. Você e Leonardo têm gostos parecidos. - Tá bom, já que insiste. Te espero aqui sentado. Mostre-me a mágica. - Já volto.

Mariani entrou no vestiário com uma roupa preta nas mãos.

Esperei durante horas. Cheguei a ligar para Felipe, quem sabe nesse tempo Kelly já não tivesse acordado. Depois de muito tempo, Mariani chegou desfilando e fazendo charme.

- Tenho que admitir, você está muito bonita Mariani... E você fica bem de preto. - Eu sei que estou bonita e que combino com o preto. Eu quero saber sobre o vestido, o que achou? – ela deu uma volta para que pudesse analisar melhor.

- Eu não sou perito nisso, mas é muito bonito.

- Eu não sei. O que você acha desse laço? Combina com eventos sociais?

- Eu acho que sim. Você está perguntando para a pessoa errada. Mas o vestido é bonito. Acho que combina com qualquer evento.

- Tem razão. -Tenho?

-Escolhi a pessoa errada. Mas não vou mentir. Esse vestido é lindo. -Qual é a ocasião? Sua festa de noivado?

- Até parece. Mas você saberá em breve. Pra ser exata daqui a pouco saberá. Bom, vou levar.

-Vou esperar aqui. Qualquer coisa é só me chamar.

Apoiei a cabeça num sofá, estava tão relaxado que pela primeira vez desde que sai do hospital me vi pensando na minha formatura. Lembro da vez em que meus pais vieram me ver, eu estava bastante feliz com a escola, com os instrumentos, o apartamento novo que ganhei dos meus pais todo mobiliado, até mais do que eu precisava. Na verdade era um apartamento em um hotel. Depois de algum tempo achei melhor ir morar numa casa com Rick e outras pessoas, nunca me senti bem morando sozinho, então fechei o apartamento, ele está fechado até hoje. Até o meu piano não quis tirá-lo de lá, achei melhor comprar outro e deixar na casa de Rick, seria mais bem utilizado. Deixaria tudo novamente em troca de uma segunda chance, só para poder chegar um pouco atrasado no Central Park, ou cedo de mais para ela me ver.

Meu rosto estava queimando com o peso dos meus pensamentos, fui forçado á apertar mais os olhos que queimavam á cada revelação que tinha do meu passado.

- Terminei. Vamos? - Hãn?

- Vamos!! Ou prefere ficar ai no mundo da lua? - Desculpa, estava pensando em algumas coisas. - Me deixa adivinhar... Kelly Andrews.

- Também. Mas envolve outras coisas. -Misterioso... Você combina com esse perfil. - Kelly não gosta.

-Ela é apenas ansiosa de mais. Mas toda garota gosta de ter um namorado misterioso. Principalmente dos olhos azuis.

-Chega de conversa afiada. Estou com fome. O que você acha de uma pizza? - Boa pedida. Eu conheço um lugar perfeito para se comer pizza. É bem ali.

O lugar era muito refinado, mas ao mesmo tempo aconchegante, o local parecia ter sido feito por adolescentes, as cores vivas e muitas flores, era o que chamava a atenção das pessoas que passavam ao redor.

-Eu não sei o que está acontecendo comigo. – Fingi medir a minha própria temperatura.

-Você está bem? Se quiser podemos voltar.

-Não, estou bem. Só não entendo como eu, um cara tão firme no chão, vim parar num shopping com uma garota e comendo pizza numa loja de mulherzinha.

- Mais respeito, por favor. Essa loja não é de mulherzinha. Não viu o nome quando entrou?

-Doughnuts?

- Ai que garoto desligado. H. Doughnuts. -Qual é a diferença?

- O „H‟ é da minha família. - Vocês têm uma rede de pizzas?

- Na verdade não. Quer dizer não necessariamente. Meu pai é investidor, ele encontra um ponto legal que possa dar lucros e investe.

- Não, é bem diversificado, temos lojas de carros, condomínios, vários edifícios,

atualmente ele comprou um shopping que estava praticamente falido. Foi um dos meus presentes de quinze anos.

- Nossa isso que eu chamo de gratificação.

- Você acha isso surpreendente? Não chega nem perto do que Kelly ganha.

Queria saber tudo sobre a família Andrews, isso é, se eu iria casar com um membro da família, teria de estar por dentro.

Ficou um minuto em silencio quando o rapaz chegou para saber qual seria o nosso pedido.

- Você quer escolher? –perguntei a Mariani. - Sim, pode ser marguerita, você gosta? - Claro, claro.

- Então será uma pizza marguerita, por favor. - Ótimo – respondeu o rapaz.

Fiquei um tempo pensando na proposta de Rick, será que eu iria? Ou não? Dúvidas, muitas dúvidas, se eu for terei de ficar longe de Kelly, o que não está nos meus planos, e se não for, perderei a chance de ver meus pais. O que fazer? Decisões idiotas. -Ela tem muita sorte. Sempre soube disso, mas agora que te conheço melhor posso confirmar. – ela deu uma risadinha fraca.

- Quem tem sorte?

- Kelly, tem muita sorte, tanto na vida pessoal como na vida amorosa, não é fácil encontrar um namorado como você, que se preocupa com o bem estar dela, sabe, é esse tipo de romantismo que está escasso hoje em dia.

- Hum... Obrigado Mariani. Diz uma coisa, porque Kelly tem muita sorte na vida pessoal?

- Bom você sabe, os pais têm muita grana, propriedades, e etc. etc. Ela não precisa pedir, é o tipo de garota que já nasce com tudo. Mas não é a questão da grana que a faz ter tanta sorte. Ela é a menina mais popular da escola, e sem contar com a beleza dela que, entre nós, ajuda bastante. Ela pode ter qualquer garoto, não que ela tenha, mas digamos que ela estala os dedos e todos caem aos seus pés.

- Nem todos. Leonardo não.

- Hum... Queria poder dizer isso, mas ás vezes acho que ele é o principal. - Isso é ciúmes?

- Não, lógico que não, ela é uma irmã pra mim. Acontece que Leonardo é

completamente apaixonado por Kelly desde a quarta série, quando ele a beijou. - Como assim apaixonado? Que papo é esse Mariani? Ele é o seu namorado. Isso não faz sentido.

- Mas é a pura verdade, estou com ele sim, mas é como se não estivesse, eu não culpo Kelly por isso, lógico que não, mas não posso fechar os olhos para a realidade, ele é sim apaixonado por ela, todo mundo já sabe, mas não se preocupe, porque ela nunca deu bola para ele, o que é inacreditável, mesmo antes de conhecer você, ela não queria nada com Leonardo, na realidade ela não queria nada com menino nenhum da nossa escola.

- Ufa! Pensei que tivesse Leonardo como rival, mas não tem chances.

- É verdade, sem chances. Kelly só tem olhos para você. – ela mostrou a língua como uma criança malcriada.

- Na maioria das vezes sim, também vamos ao cinema, comemos pizzas, fazemos festas e assim passamos tempo. Você precisa ver o carro que Kelly ganhou do pai. É

simplesmente O carro. Raríssimo. Quase engasguei.

-Carro? Ela não tem idade para dirigir.

- Você acha que eles ligam? Quando ela tiver idade eles compram outro. É assim, sempre foi. –tive um surto de mau pressentimento.

-Kelly nós precisamos voltar, estou preocupado. -Vamos sim, mas, eu sou Mariani. –ela sorriu.

- Desculpa, é que preciso voltar. –fiquei inquieto e levantei bruscamente. - O que houve? Você nem terminou de comer. Victor volta aqui.

Kelly estava mal, eu sentia isso. Algo dentro de mim mudou quando pensei nela, só podia ser um sinal, e não era um sinal bom. Mariani veio atrás de mim, correndo como uma louca.

- Victor espera. O que houve? Fui forçado a parar.

- Porque você saiu correndo?

- Eu já falei, está acontecendo algo com Kelly, é como se eu tivesse sentindo.

No documento Kelly Andrews Por toda a minha vida (páginas 68-94)