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Capítulo Vinte e Um

No documento Kelly Andrews Por toda a minha vida (páginas 160-164)

Acordei cedo para contar a novidade á Elizabeth, no mínimo Mariani já tinha se incumbido desse detalhe.

Lizzie ficou no outro mundo quando soube do vestido, da festa e da minha casa. Nunca pensei que usaria esse termo: „Minha casa‟, a minha própria casa.

Faltavam poucos dias para o casamento, minha agenda estava lotada, Victor viajou para o Texas, ele não conseguiu explicar o real motivo, mas decidi que não iria me preocupar. Em questões de dias o meu sonho se tornaria realidade.

Estava viajando na maionese quando Mariani me faz a mais difícil pergunta.

-Em casamentos tradicionais a noiva entra com o pai, no seu caso, com quem você irá entrar?

-Que pergunta Mariani, com o meu pai não é? Quem mais devia ser? –depois percebi onde ela queria chegar.

-Eu sei que irá entrar com o seu pai, mas qual pai? Você tem dois pais pra todos os efeitos.

-Eu não sei. O que eu faço? Eu realmente não faço a mínima ideia.

-Você já está arriscando tudo em seu casamento, a começar por casar aos dezoito anos, porque não entra com os dois? Seria emocionante.

-Será que papai irá gostar? Acho que ficará chateado.

-Isaac se preocupa tanto com você, ele ficou uma fera quando soube de Victor. Mas acho que já se acostumou. Você devia falar com ele. Depois que saiu do coma você ainda não o viu.

-Tem razão, pisei na bola com meu papicho. Eu vou falar com ele sim. Mas primeiro preciso falar com meus pais. Saber o que eles acham de tudo isso.

-Você quem sabe. Ah, antes que eu esqueça, Laura ligou e disse que os vestidos estão prontos para prova, temos de ir lá para provar pela ultima vez.

-Diga isso a Elizabeth, ela anda sumida esses dias. Ouvi a porta se abrir.

-Falando de mim?

-Não bruxinha, apenas falando em você. –Mariani abriu um sorriso. -Tanto faz. O que perdi?

-Tudo, você tem perdido tudo Elizabeth, é o meu casamento, você nem sequer foi ver vestido que escolhemos e tem se mantido fora da situação, o que está acontecendo com você?

-Preparar festa é um saco, mas peço perdão pela falta gravíssima. Não irá se repetir. -Vamos indo, temos de provar os vestidos, passar na gráfica e ver os convites, no Buffet, o dia está cheio.

-Devia ter contratado uma assistente pra isso.

O pior do que andar em Nova York é andar em Nova York parando em todas as ruas. Nunca pensei que casamento desse tanto trabalho.

Fizemos a ultima prova dos vestidos, demos as ultimas olhadas nos convites, experimentamos várias coisas que serão servidas no dia. Mariani estava fazendo suspense sobre o bolo, ela e mamãe estavam tramando.

Cheguei em casa só o caco. Tomei um banho e dormi profundamente.

Sonhei correndo num campo de rosas, esse casamento estava me deixando maluca. Eu só queria estalar os dedos e „BLAM‟, chegar o dia do casamento. Nem tudo é tão fácil.

Sempre tive um sono leve, ouvi quando mamãe entrou no meu quarto e deixou um pacote. Fiz força para abrir os olhos, o dia estava claro. Olhei no relógio, era quase dez horas, nunca tinha dormido tanto.

Troquei de roupa rapidamente.

Passei como um raio pela cozinha. Papai estava sentado á mesa lendo o jornal.

Aproveitei para contar sobre a entrada do meu casamento, se ele ficaria chateado se eu entrar com Isaac e ele.

-Lógico que não meu amor, ele tem tanto direito quanto eu. Ficarei muito feliz por dividi-la com Isaac, o seu segundo pai para todos os efeitos.

-Sabia que o senhor ia entender. -Victor ligou hoje cedo.

-Por que não me chamou?

-Eu quis, mas ele não deixou. Disse que não precisava. -O que ele queria?

-Disse que te avisasse que ele iria chegar hoje á tarde. Está tudo sobre controle. Ele virá com os pais e com a banda.

-Ótimo, então quer dizer que deu tudo certo. Está saindo mais que perfeito. Pai, e Felipe?

-Ligamos pra ele, estão prontos para vir. Parece que Sheylla está um pouco resfriada, mas nada que poderá atrapalhar.

-Que bom.

Dei um beijo em papai e sai.

Pela primeira vez não tinha um rumo certo, então fiquei sentada no banco do carro. Demétrio observava pelo retrovisor meu desespero, por mais que ele seja interno. -Algum problema Senhorita Andrews?

-Acho que não. Meu casamento é daqui dois dias. -Tão nova.

-Todos dizem isso. Estou começando a acreditar. Que droga! –lembrei-me do pacote que mamãe deixara no meu quarto, eram os convites.

-O que houve?

-Esqueci-me de uma coisa. Deixa o carro ligado, voltarei em um minuto. -Como quiser senhorita.

Entrei em casa como um furacão, acho que em menos de meio minuto já estava dentro do carro. Mariani estava encarregada de entregar os convites. Se bem que o convite

informal já tinha sido feito. Esse era mais uma espécie de lembrança. E por falar em lembrança.

-O que faremos como lembrança?

-Já está feita. Elizabeth e eu cuidamos de tudo, eu tenho uma amostra pra você. Era uma miniatura de piano, o noivo estava tocando e a noiva sentada sobre o piano, cabia na palma da mão. Era muito lindo.

-Dois dias. Faltam dois dias para a minha vida mudar totalmente. -Está com medo?

-Assustada é a palavra certa. É interessante porque sempre imaginei esse dia com detalhes, mas quando ele finalmente chegou, me sinto tão vazia, era pra ser o dia mais importante da minha vida, mas está faltando alguma coisa. Só não sei o que é.

-Acho que é nervosismo, cuidado para não virar depressão. Você precisa relaxar e dormir muito. Deixa que dos detalhes cuido eu.

-Obrigada amiga, você é mesmo uma irmã pra mim. -E Victor? Chega quando de viajem?

-Hoje á tarde. Mas acho que só o verei no dia do casamento, é uma tortura pra mim. -Relaxa amiga, você terá a sua vida inteira para apreciá-lo. Vai pra casa e descansa. Não queria admitir isso na sua cara, mas você esta um caco.

-Valeu pelo toque amiga. Isso sim é sinceridade. Mas estou mesmo precisando de uma noite inteirinha de sono.

Fácil falar, difícil tentar dormir quando se tem uma festa enorme onde você será a estrela principal.

Tentei repassar em minha mente toda a lista, antes de chegar ao décimo convidado apaguei. Um longo e tranquilo sono. Como se eu tivesse tomado um sonífero forte. Apaguei em questão de segundos.

Senti uma mão macia e fria em meu rosto. Pensei ser um sonho, então permaneci de olhos fechados. Acordei com ele beijando meu rosto.

-Bom dia sua dorminhoca.

-Amor!! Quase morri de saudades.

-Estou tão cansado, se eu demorar um pouco mais sou capaz de pular nessa cama e dormir com você.

-Não se poupe, estamos no mesmo barco. Deita aqui amor.

-Meu amorzinho, eu estou todo quebrado. –ele foi caindo sobre a cama e deitou ao meu lado.

-Estou com dó de você, mas não podemos relaxar agora, ainda há muitas coisas pra fazermos, antes do „sim‟, esqueceu?

-Me abraça forte, quero ficar aqui com você, e não quero pensar em mais nada, tudo bem minha Kellynha?

-Por que o diminutivo?

-Acho que é o sono. Por quê? Não gostou?

-Amei. E também amei a idéia de ficarmos aqui. –coloquei minha mão em seu peito, senti seu coração bater rápido, em questão de minutos estávamos dormindo,

abraçados. Como fazíamos no hospital.

Victor ás vezes se comportava de uma maneira estranha quando estávamos á sós, acho que era devido à promessa que ele fez a papai, para Victor, a confiança do meu pai vinha em primeiro lugar. Isso era o que eu mais gostava nele.

Dormimos durante horas, estava um clima tão bom, Victor e eu abraçados, juntinhos. -Kelly acorda.

-O que foi mamãe?

-Sabe que horas são? Amanhã você se casa. Vocês na verdade. -Oi senhora Andrews. –Victor levantou o punho.

-Victor!

-Desculpa. Charlotte. -O que estão fazendo aqui?

-Estávamos dormindo mamãe. –reprimi um sorriso.

-Kelly você tem muitas coisas para fazer, já é praticamente de tarde. Espero vocês em dez minutos, o almoço será servido. Isaac está ai, daqui à uma hora terá o ensaio no jardim, esteja pronta. Os dois.

-Mãe, respira fundo e relaxa. Vai dar tudo certo. -Espero que dê mesmo. Nove minutos.

Mamãe saiu praticamente marchando. Quando finalmente pensei que teria um dia de folga, justamente na véspera do meu casamento, precisei fazer milhões de coisas. -Vamos meu amor. Estão nos esperando.

-Ah não! Só mais um minutinho, por favor. –agarrei-me em seu pescoço.

-Sem chances. Eu também estou quebrado, mas precisamos fazer tudo para amanhar ser apenas alegria.

-Tudo pela alegria. Uhul!

Descemos correndo as escadas quando sentimos o cheiro de lasanha. Minha barriga roncou e minha boca encheu de água.

Comi tudo numa garfada, dei uma olhada no quintal da minha casa que estava mais parecendo os bastidores de um show, tinha muitas coisas, entre elas, os instrumentos da banda „The Lucas‟, tinha a foto de Lucas nos instrumentos, como símbolo da banda. Ele parecia um pouco com Victor, a diferença era que Victor puxou a mãe, o jeito de falar, o tom da pele, a cor dos olhos, já Lucas parecia muito com Paul, o formato do rosto, a cor do cabelo. Era o pai inteiro. Como Victor se sentia ao olhar para o pai, será que ele se lembrava do irmão?

Pensei que fôssemos andar pelas ruas movimentas de Nova York, mas Laura resolveu fazer o serviço a domicilio, por alguma razão ela achou melhor que eu não saísse de casa.

O vestido ficou perfeito em mim, feito sob medida. A renda passando do tecido deixou o vestido mais moderno e deu um toque de sofisticação ao estilo Kelly Andrews.

Mariani e Elizabeth viriam se arrumar aqui na minha casa. Teríamos um salão de beleza e um SPA no meu quarto. Meu dia de princesa.

Agora era questão de horas para minha vida mudar. Papai estava agarrado ao telefone conversando com o Juiz Austin, ele iria fazer nosso casamento. Ficou combinado que Demétrio o pegaria ás duas horas da tarde.

No documento Kelly Andrews Por toda a minha vida (páginas 160-164)