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Capacitação de profissionais e aquisição de softwares e tecnologias

No documento marinaaparecidasadalbuquerquedecarvalho (páginas 40-42)

2.1 Os softwares e as linguagens de programação utilizados

2.1.1 Capacitação de profissionais e aquisição de softwares e tecnologias

O HTML5, o CSS3 e o JavaScript são linguagens livres, cujas bibliotecas de códigos são gratuitas. De posse das bibliotecas, o programador precisa escrever os códigos que vão originar as interfaces com as quais interagimos. Assim, as empresas não necessitam adquirir softwares para esse fim, somente contratarem um programador. Na Folha, existem dois programadores, Rogério Pilker e Lucas Zimmermann, e, junto deles, outros profissionais formam o núcleo de imagem da empresa, que também trabalha com Design e Desenvolvimento para a seção, como Rubens Alencar, Thiago Almeida e Ângelo Dias. Já o jornal O Tempo conta com a webdesigner Aline Medeiros, desde 2011, para propor layouts de reportagens especiais para a internet. Em 2012, foi contratada a webdesigner Larissa Ferreira que, apesar de ter a função de cuidar das demandas mais gerais do portal da publicação, também auxilia na criação dos especiais.

Assim como os investimentos feitos na contratação de programadores, as equipes de desenvolvimento para web dizem que não há resistência para a compra de softwares. Em relação ao pacote Adobe, toda a redação da Folha utiliza algum de seus softwares, e até mesmo a medição de audiência na internet é feita por um de seus aplicativos, assim como a redação das notícias pelos jornalistas. “O Pacote Adobe é nossa principal ferramenta. Se a Adobe falar amanhã: ‘não pode mais’, fechamos e vamos embora para a casa”, resume Ângelo. A realidade é a mesma no jornal O Tempo.

Em ambos os jornais são usadas versões diferentes dos mesmos softwares, umas mais antigas que outras, porque as atualizações são pagas. Mas isto não é visto como uma dificuldade, em nenhuma das duas empresas, pois as máquinas de cada profissional têm os programas nas versões necessárias para que eles possam exercer suas funções.

A webdesigner Aline Medeiros destaca que pode haver incompatibilidade nos arquivos gerados pelas diferentes versões dos softwares. Assim, ao criar um trabalho, é necessário salvá-lo para abrir em uma versão mais antiga, o que pode fazer com que ele perca propriedades não disponíveis anteriormente. Entretanto, ela ressalta que isso não é um problema em O Tempo, porque os profissionais com quem as webdesigners trabalham mais diretamente possuem todos a mesma versão do software.

As duas equipes deixaram bem claro que, no caso de necessidade de compra de um software, desde que com a devida explicação, o jornal recebe bem o pedido. Para exemplificar, Rogério Pilker contou que foi preciso a aquisição do Unity 3D, um programa que desenvolve games 3D, para as reportagens Batalha de Belo Monte e Rio em

Transformação39. Segundo ele, foi necessário convencer a todos e mostrar que o resultado ficaria positivo, mas que, assim, a aquisição foi realizada. Da mesma forma, o criador de animações de O Tempo, Bruno Grossi, declarou que, se é necessário um certo software para poder fazer bem o trabalho, basta conversar e explicar.

A decisão sobre a utilização ou mudança de softwares e linguagens de programação é da própria equipe de Design e Desenvolvimento, também em ambas as empresas. Da mesma forma, são os próprios funcionários que procuram se capacitar para conseguir lidar com as novas ferramentas que surgem.

O ex-editor adjunto de arte da Folha, Mario Kanno, relata que, antes da reportagem sobre Belo Monte, a editoria de imagem, hoje núcleo de imagem, já vinha testando novas formas de apresentação de conteúdo na internet. Segundo ele, era um trabalho paralelo, sem o consentimento da secretaria de redação, tendo em vista que o produto de maior atenção é o impresso. Ainda de acordo com Kanno, o então editor de arte Fábio Marra deu permissão para que ele contratasse designers que soubessem programação e um programador. E, assim, a partir dos testes, foi possível colocar no ar A Batalha de Belo Monte. “Se tivesse começado ali, não teria feito, porque não ia dar certo, é muito complexo, muito difícil. Não fazer o produto, não programar o HTML, mas há necessidade de programar e fazer funcionar dentro do site que é a Folha”, explica.

O ex-editor adjunto ressalta que a iniciativa em tentar produzir conteúdo diferente para a internet sempre foi da editoria de arte, principalmente em coberturas maiores, que demandam tempo. “Se era um projeto como eleições, ou alguma reportagem especial, fazíamos alguma coisa acontecer bem. Nas reportagens diárias, era mais difícil”, explica. Kanno ressalta que a equipe tentava utilizar softwares variados na produção de GRMs. “Tudo o que era para experimentar, diferente, eu gostava de ficar testando”, acrescenta.

Ângelo Dias esclarece também que as informações sobre as linguagens de programação HTML, JavaScript e CSS estão disponíveis na internet, acessíveis a quem se interessar. “Tem muita informação na internet de como fazer e qualquer um pode sentar e escrever”, ressalta.

As webdesigners d’O Tempo dizem que a empresa não oferece formação em novas ferramentas, são elas próprias que aprendem a utilizar os recursos a partir de outras reportagens que acessam na internet, em grupos do Facebook, vídeos no Youtube e fóruns de discussão na web, já que as modificações são constantes e é melhor aprender na própria rede,

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com outros usuários. “Até porque, nessa área nossa, agora que estão aparecendo os cursos de CSS3 e HTML5. Porque, é tão novo, que todo mundo aprende junto”, reforça Aline Medeiros. O criador de animações de O Tempo, Bruno Grossi, também diz que se qualifica sozinho, porque gosta de aprender as novidades. No entanto, ele ressalta que a empresa permite que seus funcionários se capacitem quando solicitado.

Segundo Bruno, a utilização de diferentes softwares para o desenvolvimento de conteúdo não é uma orientação do jornal ou uma preferência dos profissionais que nele trabalham, mas é uma tendência, um padrão de atualização da própria internet. Ele diz, por exemplo, que o Flash: “é mais difícil de carregar, não é todo mundo que sabe usar, não é todo sistema operacional que lê direito. E aí, a própria internet foi evoluindo e criando outras ferramentas”. Conforme o criador de animações, hoje, no próprio HTML é possível fazer animação.

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