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Características de formação, trajetória profissional e vínculo com a escola

4.1 Professores do ciclo de alfabetização da rede estadual paulista: quem são?

4.1.1 Características de formação, trajetória profissional e vínculo com a escola

Essa seção analisa dados gerais sobre a formação dos professores em ensino superior, a experiência profissional em 1ª série, a estabilidade das equipes nas escolas e sua carga de trabalho. Tais informações foram estudadas com base nas variáveis computadas em nível de escola, originando proporções de professores, em cada unidade escolar, com essas características. Em um segundo momento são analisadas características dos professores relativas ao curso Letra e Vida. A Tabela 4.1 registra a distribuição dos professores de acordo com sua formação inicial.

Tabela 4.1 – Distribuição dos professores de Ciclo 1 de acordo com sua formação inicial por coordenadoria de ensino

coordenadoria distribuição geral nível de formação

CEI Cogesp total %

Ensino Médio – Magistério 2.918 5.112 8.030 53,62

Ensino Médio – outros 346 422 768 5,12

Licenciatura em Pedagogia 3.109 5.004 8.113 54,18

Normal Superior 665 893 1.558 10,40

programa especial de formação

Pedagógica Superior – Magistério 465 715 1.180 7,88

outro curso superior 1.230 2.085 3.315 22,13

não fez curso superior 471 911 1.382 9,23

Fonte: Base de dados do questionário de professores do Saresp 2007 – FDE

Apesar da dificuldade de isolar os níveis de formação de cada docente, que podiam assinalar várias alternativas na mesma questão, a análise da Tabela 4.1 permitiu concluir que no estado de São Paulo grande parte dos professores alfabetizadores tem alguma formação em nível superior, seja Licenciatura em Pedagogia, curso Normal Superior, programa especial de formação pedagógica superior ou outro. Apesar de o questionário não especificar, entendeu- se que a alternativa “outro curso superior” abrangeria outras licenciaturas ou outras carreiras,

não necessariamente ligadas à educação. De qualquer forma, apenas 9,23% dos docentes declararam não ter esse nível de ensino.1

A formação em faculdades e universidades particulares foi apontada por 11.116 professores (74,2%), ao passo que 2.078 (13,8%) fizeram o curso superior numa instituição pública (municipal, estadual ou federal) e 602 (4,0%) declararam ter estudado em instituição pública e particular.

Vale atentar para a distribuição dos professores com formação superior pelas escolas, que é ligeiramente diferente entre as unidades da CEI e da Cogesp. Na região metropolitana, 766 escolas (68,5%) têm mais de 80% dos professores com formação em nível superior, e apenas 11,7% das escolas têm menos de 37% dos professores com ensino superior.

Na CEI, a formação em nível superior é menos expressiva: 641 escolas (61,1%) têm mais de 80% dos professores com formação universitárian e 9,2% das escolas têm menos de 37% dos professores nessa condição.

A incidência de professores com nível de pós-graduação não é alta: 70% declararam não ter curso de pós-graduação (Tabela 4.2).

Tabela 4.2 – Distribuição dos professores de Ciclo 1 de acordo com a participação em cursos de pós-graduação por coordenadoria de ensino

coordenadoria total geral nível de pós-graduação

CEI Cogesp total %

dado inválido/ sem resposta 68 138 206 1,37

especialização (360 horas/mínimo) 1.305 1.824 3.129 20,90

Mestrado 27 65 92 0,61

Doutorado 3 5 8 0,00

curso de pós-graduação em andamento 314 733 1.047 7,00

não fez curso de pós-graduação 3.780 6.712 10.492 70,05

total 5.497 9.477 1.4974 100

Fonte: Base de dados do questionário de professores do Saresp 2007 – FDE

Pelas respostas dos professores que fizeram pós-graduação, os cursos mais procurados são os de especialização (lato sensu), tendo os estudos acadêmicos e a pesquisa (pós- -graduação stricto sensu) alcançado menos de 1% dos que responderam ao questionário.

1 A análise descritiva de algumas respostas dadas ao questionário revela inconsistências que prejudicam a

caracterização dos professores. Um exemplo é a declaração de formação em nível superior. Há duas questões em que o professor podia ter declarado que não fez curso superior. Em uma delas (a questão 7, sobre a forma do curso superior), 1.246 docentes assinalaram “não fiz curso superior”. Em outras (a questão 8, sobre o tipo de instituição em que se teria feito o curso superior), 1.382 docentes assinalaram “não fiz curso superior”. Neste trabalho, assumiu-se que 1.382 docentes do Ciclo 1 não têm formação em nível superior.

Quanto à trajetória profissional e às condições de trabalho, os dados permitem fazer algumas inferências:

1) Apenas 56,5% dos professores de 1ª e 2ª série do estado de São Paulo eram efetivos em 2007.

2) A maioria dos professores (67,9%) lecionava em apenas uma escola, 29,9%, em duas, e 1,9% dos professores em três escolas ou mais.

3) Quanto à carga horária, pode-se dizer que mais da metade dos professores (59,3%) lecionava, em 2007, até 30 horas semanais. Aproximadamente um quarto (24,8%) afirmou trabalhar mais de 40 horas semanais, e 10,2%, até 40 horas semanais. 4) Dos 5.497 professores da CEI, a maioria (4.197) trabalhava apenas na escola

estadual, ao passo que 1.012 acumulavam cargos no estado e no município e 259, escola estadual e particular. Dos 9.477 professores da Cogesp, a maioria (6.638) lecionava apenas na escola estadual, enquanto 2.332 acumulavam cargos no estado e no município e 442, em escola estadual e particular.

O Gráfico 4.1 ilustra a porcentagem de professores que trabalhava em apenas uma escola em 2007, por coordenadoria de ensino. Na Cogesp, 610 instituições escolares possuía acima da metade dos professores de suas equipes sem acumular cargo ou exercer outras atividades remuneradas, enquanto na CEI esse número era de 683 instituições. Considerando que o total de escolas com atendimento de 1ª a 4ª série é de 1.117 na Cogesp e 1.049 na CEI, observa-se o quão expressivas são essas proporções.

Gráfico 4.1 – Proporção de professores do estado de São Paulo por escola que lecionam em apenas uma unidade por coordenadoria de ensino

A Tabela 4.3 mostra que 8.960 professores (59,8%) tinham experiência no magistério de mais de 15 anos, 4.693 (31,3%), entre três e 15 anos e 8,3%, menos de três.

Tabela 4.3 – Tempo de experiência profissional dos professores do ciclo de alfabetização

CEI Cogesp frequência total %

dado inválido 34 44 78 0,5 menos de 1 ano 56 143 199 1,3 até 3 anos 416 628 1.044 7,0 até 5 anos 231 453 684 4,6 até 10 anos 447 1.009 1.456 9,7 até 15 anos 776 1.777 2.553 17,0 até 20 anos 1.535 2.701 4.236 28,3 mais de 20 anos 2.002 2.722 4.724 31,5 total 5.497 9.477 14.974 100,0

Fonte: Base de dados do questionário de professores do Saresp 2007 – FDE

O Gráfico 4.2 apresenta a proporção de professores com mais de três anos de experiência na 1ª série do Ensino Fundamental na CEI e na Cogesp, e observa-se que há um grande número de escolas com poucos professores nessas condições.

Mais especificamente, há 115 escolas da CEI e da Cogesp cuja equipe tem menos de 11% dos professores com experiência na 1a série. 306 escolas da CEI (29,17%) têm mais de 50% desses professores, contra 310 (27,75%) da Cogesp.

Gráfico 4.2 – Proporção de professores na equipe com mais de três anos de experiência em 1ª série por coordenadoria de ensino

Fonte: Base de dados do questionário de professores do Saresp 2007 – FDE

Finalmente, o Gráfico 4.3 ilustra o número de professores que estavam na escolas havia pelo menos três anos, dado relevante para compreender a rotatividade das equipes

docentes entre 2005 e 2007, anos em que foram fornecidos os dados do Saresp para esta pesquisa. 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 0 a 20% da equipe 31 a 33% 34 a 50% 51 a 60% 61 a 75% 76 a 100% COGESP CEI

Gráfico 4.3 – Proporção de professores que trabalham na mesma escola há pelo menos três anos

Fonte: Base de dados do questionário de professores do Saresp 2007 – FDE

A análise do Gráfico 4.3 mostra que tanto na CEI quanto na Cogesp poucas escolas (19,5% em todo o estado) conseguiram manter mais de 50% do corpo docente por mais de três anos. A rotatividade parece mais grave na área metropolitana, que concentra a maior parte das escolas com poucos professores com três anos de casa. De fato, pouco mais de 40% das escolas da CEI mantiveram mais de 50% da equipe por três anos, contra 25,9% da Cogesp.

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