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Procedimentos para análise dos dados obtidos na pesquisa de campo

Os agrupamentos gerados para a comparação de grupos também foram usados para a escolha das escolas a ser visitadas na pesquisa de campo. A determinação de nível

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socioeconômico foi primordial para essa seleção, que se baseou nas escolas que concentravam maior porcentagem de professores que concluíram o Letra e Vida e tivessem uma alta proporção de alunos provenientes das camadas mais desfavorecidas, ou seja, baixa porcentagem de alunos das classes A1 a B2. Essa escolha se deveu ao fato de serem essas as escolas que enfrentam os maiores desafios para garantir aos alunos o direito à educação, dada as suas difíceis condições extraescolares.

Dentre as escolas com maior representatividade de ex-participantes do Letra e Vida, três foram escolhidas para a pesquisa de campo, todas em bairros periféricos da capital paulista, notadamente na Zona Leste. Para preservar seu anonimato, foram identificadas como escola Alfa, Beta e Gama.

Tabela 3.2 – Caracterização das escolas visitadas quanto ao tamanho e à cobertura da pesquisa Identificação da Escola Número de classes de 1ª a 4ª série Número de professores- -coordenadores Número de professores que fizeram LV e que trabalham na 1ª/2ª série (Saresp 2007) Número de entrevistas realizadas com a equipe de gestão Número de entrevistas realizadas com professores que participaram do programa LV Alpha 10 1 6 2 3 Beta 36 2 12 3 10 Gama 22 1 7 1 3

Para organizar os dados coletados na pesquisa de campo, definiram-se as seguintes categorias de análise:

I. Categorias e indicadores para análise das entrevistas

a) Liderança da equipe técnica para a concretização do Letra e Vida: presença do diretor nas reuniões pedagógicas, parceria entre diretores e coordenadores para a consolidação do programa e acompanhamento dos professores, motivação da equipe para a realização do trabalho, traduzida pelo suporte material e pela tentativa de manutenção de boas normas de convivência na escola, apoio pedagógico às práticas dos professores, evidências de organização de estudos dentro dos pressupostos do Programa.

b) Estrutura e organização da escola para a implementação do programa: presença de professores-pesquisadores, depoimentos sobre a existência de materiais básicos do programa.

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c) Formação em nível local, sob supervisão do coordenador, que contemplou os depoimentos dos professores sobre o conhecimento do coordenador dos pressupostos do Programa e suas iniciativas para acompanhar o trabalho dos professores e apoiá-los em suas dúvidas, prestando esclarecimentos e subsidiando sua prática pedagógica.

d) Compromisso do corpo docente com a realização do Programa, em que se considerou o depoimento dos professores sobre a aplicação dos pressupostos metodológicos do Programa.

e) Reflexão sobre a prática e estudo dos resultados obtidos pelo professor e pela equipe de gestão quanto à incorporação dos princípios do Programa à prática. f) Influência do Programa na formação do professor, considerando-se depoimentos

sobre mudanças na prática e na filosofia de ensino havidas após a participação no curso, no que se refere a: atividades em sala de aula, concepção de aluno e de processo de aprendizagem, organização e planejamento do trabalho, gestão de sala de aula e leitura pessoal.

g) Dificuldades apontadas para a concretização dos pressupostos do curso na sala de aula, considerando-se dificuldades extraescolares (nível socioeconômico das famílias e/ou falta de estrutura familiar; falta de preparo dos alunos na etapa escolar anterior; falta de apoio da comunidade ao trabalho de alfabetização; falta de suporte da SEE e da Secretaria de Saúde para lidar com necessidades dos alunos que influem na alfabetização como dislexias, hiperatividade etc.) e intraescolares (falta de suporte pedagógico da gestão, dos colegas de trabalho ou da SEE; descrença no potencial dessa prática de alfabetização; necessidade de atendimento de demandas da SEE que implicam outro tipo de trabalho; rotatividade do corpo docente; nível de formação insuficiente do corpo docente para aplicação dos pressupostos do Programa).

II. Categorias e indicadores para análise das observações de sala de aula e materiais a) Ambiente alfabetizador (presença de cartazes, listas de nomes, diversos livros de

literatura ao alcance dos alunos etc.).

b) Possibilidade de mobilidade do ambiente para diversos grupos de trabalho (número de carteiras na classe, disposição em fileiras ou duplas/trios).

c) Uso dos materiais de referência (livro Letra e Vida, cruzadinhas, revistas, livros de literatura infantil etc.).

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d) Presença (e indicativos de utilização) no ambiente da sala de material comum em outras metodologias (cartilhas e livros didáticos, cartazes com letras cursivas ou letras associadas a objetos/figuras, silabário etc.).

e) Presença, no caderno dos alunos, de atividades básicas compatíveis com os pressupostos do curso: atividades com nomes próprios, estudo de palavras retiradas de textos, correção coletiva de textos escritos, desenho a partir de histórias lidas pelo professor, jogos para alfabetizar, atividades de reflexão ortográfica, ditado de palavras não estudadas, produção de texto a partir de sequência de gravuras).

f) Presença, no caderno dos alunos, de atividades básicas comuns em outras estratégias de alfabetização: atividades com vogais e encontros vocálicos, atividades de separação de sílabas, escrita e leitura de famílias silábicas, treinos mecânicos de escrita – cópia de sílabas, palavras, frases ou textos –, exercícios de associação/correspondência de letras/palavras a imagens, atividades de coordenação motora, ditado de palavras ou frases já estudadas (memorização), atividades de treino ortográfico ou de gramática e pontuação.

Vale ressaltar que não se pretendeu, com esse estudo de campo, generalizar os dados observados. Considerou-se apenas que o recurso ao trabalho empírico, com todos os problemas e ressalvas que se possam fazer aos objetos de observação, foi importante para a compreensão de outras dimensões do problema estudado e apontou questões interessantes para pesquisas futuras, visto que a avaliação da implementação do Programa fugiria ao escopo desse trabalho.

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