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O Ministério Público da União – MPU é composto pelo: Ministério Público Federal – MPF, Ministério Público do Trabalho – MPT, Ministério Público Militar – MPM e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios – MPDFT, este que tem como função assegurar a inviolabilidade da Lei referente aos direitos da sociedade do Distrito Federal, cuidando, portanto, de matéria de competência da Justiça Estadual, pelo que seus integrantes atuam perante o Poder Judiciário do Distrito Federal. Esta instituição pública exerce suas atividades na área criminal, meio ambiente, patrimônio público, saúde, educação, infância e juventude e filiação. (CONHEÇA O MPDFT, [200-]).

Até a promulgação da Constituição Federal de 1988 não havia qualquer relação entre a Educação e o Ministério Público. Somente após a vigência da nova Carta Constitucional foi possível implantar no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, uma promotoria com a responsabilidade especial de defender e garantir o direito à educação. A Promotoria de Justiça de Defesa da Educação – PROEDUC, do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios representa o instrumento assegurador do cumprimento das práticas referentes à garantia do direito e da eficácia educacional, cuja finalidade é por fim possibilitar a igualdade de oportunidades a todo cidadão brasileiro.

Cabe ao Ministério Público, por meio da PROEDUC, fomentar o desenvolvimento social, considerando a educação como um meio eficaz para o alcance deste fim. Está inscrito nos artigos 205 e 127 da Constituição Federal de 1988, que asseguram respectivamente a educação como um direito de todos, dever do Estado e da família em colaboração com a sociedade e a função de acompanhamento e fiscalização do Ministério Público no âmbito educacional, sua função de defender a ordem jurídica do regime democrático.

A criação da Promotoria de Justiça de Defesa da Educação – PROEDUC resultou, entre outras coisas, de questões como a grande dificuldade encontrada para que se efetivasse melhor controle dos problemas relativos à educação no Distrito Federal, visto que as questões educacionais encontravam-se pulverizadas entre as Promotorias de Justiça de Infância e Juventude, de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e Social, de Defesa do Cidadão, de Justiça de Defesa da Filiação, do Idoso e do Portador de Deficiência e Promotorias Criminais,

caracterizando-se como uma ação descentralizada na defesa do direito individual e coletivo na esfera educacional (BRASIL, 2000).

Esta Promotoria foi criada pela Portaria nº 56, de 31 de janeiro de 2000, e deu início às suas atividades em 1º de fevereiro de 2000, funcionando em caráter experimental até 28 de fevereiro de 2002. Suas ações foram iniciadas com a atuação de dois Promotores de Justiça e dois secretários. Apesar de contar com um restrito quadro de funcionários, suas ações buscavam solucionar conflitos próprios do âmbito educacional. Atualmente funciona em instalações próprias, no endereço: SEPN 711/911, Lote B, Bloco P, Sala 119. Asa Norte, Brasília – DF, CEP: 70. 790 – 115. Sua estrutura é composta por: Assessoria/Atendimento; Gabinetes das Promotoras; Secretarias e Setor de Apoio. Hoje, a Promotoria conta com a atuação de duas Promotoras de Justiça e quatro assessores (BRASIL, [200-] b).

A Promotoria de Justiça de Defesa da Educação, no seu papel de garantir, defender e promover o reconhecimento legal dos direitos referentes à educação básica e às demandas sociais desses direitos, tem tido certa dificuldade para a realização de suas atividades, visto que conta com poucos recursos humanos para responder às demandas educacionais no Distrito Federal.

Na maioria das vezes, a PROEDUC desempenha papel articulador das instituições envolvidas nas questões de interesses individuais e coletivos concernentes à educação. Entretanto, a insuficiência do quadro de pessoal, leva a comunidade educacional a construir julgamentos às vezes negativos sobre sua existência e atuação conforme se poderá notar no capítulo IV, reservado à análise dos tipos de percepção que parcelas do universo educacional têm sobre o Ministério Público e, em especial, a PROEDUC.

Esta Promotoria tem, entre outras atribuições específicas relacionadas à defesa da educação, a função de garantir: matrícula a todos os indivíduos na rede pública de ensino, mesmo que estes não sejam portadores de toda documentação prevista; a obrigatoriedade e a gratuidade da educação básica; a não retenção documental do aluno por escolas da rede particular de ensino em caso de inadimplência; matrícula em escola próxima da residência; transporte escolar e passe estudantil; acesso igualitário do individuo à rede escolar sem qualquer discriminação e a oferta de carga horária mínima prevista pela LDB/96 para a Educação Básica (BRASIL, [200-] a).

A Promotoria, ainda no âmbito do sistema de garantias jurídicas para que seja assegurado o direito fundamental à educação, tem como papel fiscalizar: o desenvolvimento das atividades profissionais do processo ensino/aprendizagem com a devida qualificação profissional do professor; as condições para a realização das aulas de educação física; a oferta de educação adequada para os portadores de necessidades especiais; o funcionamento das escolas públicas e particulares mediante o credenciamento e autorização expedidos pela Secretaria de Estado de Educação; a devida aplicação dos recursos orçamentários e contribuições sociais que forem destinados à educação; a aplicação das sanções disciplinares devidas, caso haja necessidade, e o relacionamento educador/educando tendo como pressuposto o que prevê o artigo 53, inciso II, do Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, [200-]a).

No mesmo sentido, insere-se no quadro de atribuições da Promotoria a missão de promover: cursos, palestras e exposições que tenham como objetivo fornecer à sociedade civil os devidos esclarecimentos quanto aos direitos à educação; em parceria ou não com a Promotoria de Justiça de Defesa da Infância e Juventude e Promotoria de Justiça de Defesa da Filiação do Idoso e do Portador de Deficiência e medidas judiciais e extrajudiciais para que se faça cumprir o que determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, [200-] a).

Nessa mesma linha é atribuída ainda à PROEDUC a função, de atuar: no sentido de combater a evasão escolar e buscar a inserção do individuo na rede pública de ensino; colaborar como parceiro de órgãos públicos e privados na promoção de campanhas educativas, preventivas ou quanto à implementação de programas e eventos que estejam ligados ao seu campo de atuação; acompanhar: o desenvolvimento da gestão democrática nas instituições de ensino público, averiguando se está havendo a participação regular dos Conselhos Escolares, e, como observador/participante do Conselho de Educação do Distrito Federal, e verificar aplicação de verbas públicas destinadas a educação (BRASIL, [200-] a).

Fica evidenciado que as ações desta Promotoria, frente às orientações previstas pela Portaria nº 56/2000, Constituição Federal de 1988, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 e o Estatuto da Criança e do Adolescente estão fundamentadas na necessidade de um atendimento especializado no âmbito das relações educacionais. Portanto, segundo a PROEDUC:

Trata-se o direito à educação, de um direito fundamental, a que faz jus o homem enquanto homem (homem genérico ou abstrato) ou enquanto homem específico (homem diferenciado ou categorizado). Garantir a efetividade do direito a educação é tarefa primorosa incumbida a esta Promotoria, que tem agregado esforços na consecução de objetivo sublime: tutelar o direito à educação, fomentar a consolidação de uma nação justa e democrática, que resguarda o exercício da cidadania e prioriza a igualdade entre os seres individuais que compõem o coletivo social (BRASIL, [200-] b).

Outro passo importante dado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios foi à instituição da Comissão de Segurança Escolar do MPDFT. A criação desta Comissão foi resultado de análises realizadas a partir dos resultados da pesquisa feita em 590 escolas públicas do DF no ano de 2001.

Os dados apontavam a necessidade premente do combate aos focos de conflitos que se estabeleciam no âmbito escolar, pois estes posteriormente eram geradores de um nível significativo de violência nas escolas do Distrito Federal. Assim, com o objetivo de buscar mecanismos capazes de solucionar ou minimizar os focos de conflitos geradores da violência na escola, foi criada a Comissão de Segurança Escolar do MPDFT por meio da Portaria nº 420 de, 8 de maio de 2002. Esta comissão nasceu com o propósito de desenvolver ações que sejam instrumento de combate à violência no âmbito educacional e é formada por funcionários pertencentes ao quadro de recursos humanos do Ministério Público e dois Promotores de Justiça (BRASIL, [200-]c).

Para tanto, no primeiro momento foi desenvolvido um projeto-piloto que visava a partir de um estudo de campo em cinco escolas públicas do Distrito Federal (Centro de Ensino Setor Leste; Centro de Ensino Fundamental 123 de Samambaia; Centro de Ensino Fundamental 20 de Ceilândia e Centro de Ensino 60 de Ceilândia), colher dados significativos referentes à realidade educacional no que se refere à segurança escolar e em específico à violência na escola. Mediante tais medidas, em 17 de outubro de 2002, foi formulado um Protocolo de Intenções firmado entre o MPDFT, a Secretaria de Estado de Segurança Pública e a Secretaria de Educação do Distrito Federal, no intuito de estabelecer uma sintonia entre a escola, a família, os referidos órgãos e a comunidade local no combate à violência escolar, pois, para o sucesso do projeto, o envolvimento e a integração dos diferentes atores envolvidos na questão representam os pilares dos mecanismos usados no combate ao problema (BRASIL, [200-]c).

A partir desta proposta, nas escolas-piloto foram implantados os Conselhos de Segurança Escolar, que têm como propósito identificar, discutir e propor soluções para os diferentes problemas que propiciam o desencadear da violência no âmbito escolar. Estes Conselhos devem ser compostos por toda a comunidade que representa a realidade interna e externa da escola como: direção, coordenação, pais de alunos, professores, alunos e os demais atores do entorno local, estabelecendo uma relação também de parceria com órgãos como Administração Regional; Secretaria de Ação Social; Corpo de Bombeiros; Polícia Civil; Polícia Militar; Conselho Tutelar; Ministério Público e Secretária de Educação, cada um com atribuições específicas (BRASIL, [200-]c).

Considerando a necessidade de uma atuação sistemática do Ministério Público no que se refere à questão da violência escolar e frente aos resultados positivos colhidos a partir da criação e ação efetiva da Comissão de Segurança Escolar e do Conselho de Segurança Escolar, foi criado pela Portaria nº 788, de 29 de junho de 2005, o Grupo de Apoio para a Promoção da Segurança Escolar no MPDFT:

Artigo. 2º O Grupo de Apóio terá como objetivo a criação no âmbito do MPDFT, de órgãos internos que cuidem do problema ligado a Segurança Escolar engajando neste trabalho os membros e servidores das diversas Promotorias de justiça existentes no Distrito Federal.

Artigo. 4º O Grupo de Apoio será assistido administrativamente pele Promotoria de Justiça de Defesa da Educação e contará com uma função de representação técnica, designada pelo Procurador-Geral de Justiça, em caráter de exclusividade, além da designação de um servidor para secretariar os trabalhos. (BRASIL, [200-] c)

Como mostra o artigo 4º da Portaria acima citada, a Promotoria de Justiça de Defesa da Educação tem como função servir de suporte administrativo na parceria para o desenvolvimento das atividades propostas pelo Grupo de Apóio à Segurança Escolar - GASE. Portanto, esse projeto implantado com o objetivo de propor medidas eficazes no combate à violência escolar e cobrar dos órgãos competentes a parceria para a realização do mesmo representa uma das direções nas quais a PROEDUC, como uma instituição que tem como atribuição a defesa do direito à educação, procura atuar. Atualmente, a Comissão de Segurança na Escola é composta por três Promotores de justiça.

A Portaria nº 500, de 25 de maio de 2006, define as atribuições das Promotorias de Justiça do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. Este documento destaca: a necessidade de direcionar as atribuições específicas de cada Promotoria no âmbito do

Ministério Público e o compromisso de tornar transparente aos membros do Ministério Público e à comunidade em geral as funções atribuídas ao Parque (definição no capítulo II) e as particularidades das tarefas que são de competência de cada Promotoria que venha a compor esta instituição como um todo orgânico (BRASIL, 2006).

O Artigo 10 da Portaria nº 500/2006 define a PROEDUC como uma das Promotorias de Justiça Especializadas. Neste mesmo artigo o parágrafo único estatui que: “as Promotorias de Justiça Especializadas exercerão suas atribuições em todo o Distrito Federal.” e no § 6º atribui às distintas promotorias atuar conjuntamente nos casos em que a matéria for afeta a mais de um ofício especializado. Este texto salienta a importância do trabalho conjunto entre as diferentes Promotorias. A parceria estabelecida entre elas tem como objetivo promover transformações na realidade social a partir do pressuposto de missão institucional integrada.

No caso específico da defesa do direito fundamental à educação, a PROEDUC busca por meio da parceria com outras Promotorias promover a redução da violação deste direito. O artigo 18, parágrafos I, V, XIII e XIV da Portaria acima citada, quando se refere às atribuições especificas da Promotoria de Justiça de Defesa da Infância e da Juventude e dispõe sobre a possível participação desta Promotoria na construção e reconstrução de novos valores educacionais. Portanto, a finalidade desta também é a de desempenhar o papel de defensor imparcial dos interesses coletivos e individuais do sujeito de direito no âmbito educacional.

Na visão da Promotoria, a PROEDUC tem procurado manter um canal aberto de comunicação e conexão permanente com os diferentes segmentos da sociedade civil e com o Poder público, como: Associações de moradores; Parlamentares; Organizações não- Governamentais; Pastoral da criança; Sindicatos e outras, no intuito de reforçar a condição de direito fundamental à educação, e, portanto, a necessidade de promoção e proteção deste direito. Também destaca as audiências públicas que são realizadas para tratar de temas referentes à educação, com o objetivo de ouvir dos diversos segmentos da sociedade quais as demandas mais prementes para serem consideradas no momento de elaboração, formulação e execução das políticas públicas no âmbito educacional e o compromisso ministerial firmado, que possibilita a participação colaboradora de outros órgãos públicos com subsídio e propostas para a realização dos trabalhos desta Promotoria (BRASIL, [200-] b).

Para fazer frente às questões que envolvem as problemáticas educacionais, a Promotoria de Educação adota a utilização de novas tecnologias da informação que oportunizam a ampliação da participação colaboradora de diferentes segmentos sociais junto às práticas da própria PROEDUC. Essa prática visa expressar pelos meios de comunicação as orientações necessárias para a defesa do direito fundamental à educação e a redução da possível violação do mesmo (BRASIL, [200-] b).

As informações fornecidas pela televisão, rádio, periódicos e outros buscam divulgar e socializar as novas orientações educacionais para a defesa do direito à educação e os instrumentos legais disponíveis para sua efetivação, com o propósito de tornar o assunto amplamente discutido, pois pretende contar com a participação de todos os segmentos envolvidos nos diferentes aspectos que deverão nortear as atividades da Promotoria de educação e, por conseguinte, a adoção de mecanismos que venham a atender às crescentes demandas educacionais e auxiliar na proteção deste direito fundamental (BRASIL, [200-] b).

CAPÍTULO III