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A reflexão sobre os conceitos de direitos humanos e cidadania remete o pensamento sobre as estruturas de governos democráticos, pois estas, no transcorrer da história, também estiveram vinculadas à esperança dos cidadãos de poderem viver suas relações a partir de consensos coletivos, que se expressam na promoção da igualdade de direitos.

De acordo com Goyard-Fabre (2003), o regime democrático hoje tem um alcance planetário. Entretanto, isso não quer dizer que seja um conceito claramente definido. Desde a antiguidade grega que tais incertezas se construíram, em diferentes contextos históricos e de diferentes formas. Como mostra o autor: “Ninguém teria a pretensão de afirmar que ‘a invenção democrática’ é obra específica e gloriosa dos tempos modernos. A política e a filosofia despontaram juntas no berço da Grécia Antiga”. (GOYARD-FABRE, 2003, p. 14)

Rosenfield (2006) mostra que etimologicamente a palavra democracia é de origem grega e significa “governo do povo”, modelo político no qual o poder soberano se expressa por meio da maioria. Estabelece-se, assim, no primeiro momento, uma idéia quantitativa do conceito de democracia, que se caracteriza desta forma a partir da idéia de democracia narrada por Heródoto na Antigüidade Grega, pois o mesmo, ao se referir à disputa entre os três príncipes persas, concebe três diferentes tipos de governo e os caracterizava considerando o número de pessoas que detinham a soberania do Estado. Assim, democracia, “governo de todos”; monarquia, “governo de um” e aristocracia, “governo de alguns”. Entretanto, tal situação não restringia a caracterização dos três modelos políticos exclusivamente ao critério quantidade, pois as questões políticas na Antiguidade Grega remetiam à reflexão filosófica que questionava qual seria a melhor forma de governo para o povo grego.

Partindo deste ponto, Bobbio (2000) mostra que se deve estabelecer uma diferença entre as celebres expressões: qual o melhor governo? E qual é a melhor forma de governo? As duas questões não podem se confundir por meio do jogo de palavras. São duas faces, que em alguns casos podem olhar para lados opostos, visto que os modelos de governo podem se transformar de justos em injustos e, assim, o melhor governo seria para quem governa ou quem é governado? Portanto, é fundamental que se pense os diferentes modelos de governo, levando-se em consideração não apenas o número de quem governa, mas também o modo como estes governam.

Com esta distinção, Bobbio (2000) remete a uma nova reflexão na filosofia política: “(...) Bom governo é aquele em que os governantes são bons porque governam respeitando as leis ou aqueles em que existem boas leis porque os governantes são sábios?” (BOBBIO, 2000, p. 166). A distinção entre o governo dos homens e o governo das leis possibilitou que no decorrer do processo civilizatório o homem fosse portador de opção e, portanto, de escolha no que viria a considerar um bom governo. Os diferentes séculos históricos mostraram que, na maioria das vezes, o homem optou pelo governo das leis naturais ou divinas, normas de costumes ou positivas, em detrimento do governo dos homens sábios e possuidores de fortuna.

Não se trata neste trabalho de discutir o conceito de democracia, mas de fundamentar o entendimento do que seria democracia ontem e hoje. De diferentes perspectivas se pensou a democracia, sua estrutura, vantagens e desvantagens. Desde os primórdios das Cidades-Estado gregas, onde foram criados os fundamentos da democracia, cujo ícone foi Atenas, onde se construiu uma estrutura política a partir de bases constitucionais, e que se consolidou por meio das leis com uma estrutura jurídica própria, que alimentou o ideário de um modelo de governo depositário da esperança de um mundo igual, justo e livre.

Ao analisar o contexto político da Grécia Antiga, Rosenfield (2006) mostra que as formas de organizações políticas tinham como principal objetivo estabelecer a liberdade política. Entretanto, quando se referiam ao “governo da maioria”, subjetivamente já estava implícito que a “maioria” significava os cidadãos livres e bem nascidos, excluindo da participação e decisões políticas os demais, estrangeiros, mulheres, crianças e escravos.

De acordo com Goyard-Fabre (2003), foi a partir de Platão e Aristóteles que os modelos de governos foram definidos dentro de particularidades normativas. Estes, ao fazerem a classificação dos modelos de governo, se propuseram também a pensar os tipos constitucionais inerentes a cada um deles.

Aristóteles (2004) entende como regime de governo justo aquele que objetiva o bem comum e, como injusto, aquele que leva em consideração os interesses de quem governa, e diz também que os tipos de governos e suas constituições podem passar de justas para injustas. Classifica os modelos de governo justos a partir da seguinte perspectiva: a

monarquia, quando um homem governa visando ao bem-coletivo; a aristocracia, quando um pequeno grupo governa tendo como objetivo o bem-comum para o Estado e seus membros e a politéia, quando quem governa é a maioria dos cidadãos. Trata-se, portanto, de um possível desvio, o caso no qual um governo justo pode se tornar injusto, assim, diz que: a monarquia se transformaria em tirania, pois o governante visa apenas aos seus interesses, a aristocracia, em oligarquia, onde os benefícios só alcançariam os homens de posses e a politéia, ou governo constitucional, em democracia, no qual os benefícios seriam apenas para os homens desprovidos de riquezas. A partir desta categorização, considera que:

[...] o que distingue oligarquia de democracia é a riqueza ou a falta dela. O ponto essencial é que, quando a posse do poder político se deve à posse do poder econômico ou riqueza, seja o número dos que o detêm grande ou pequeno, temos a oligarquia; e, quando a classe dos não-proprietários detém o poder, temos a democracia [...]. (ARISTÓTELES, 2004, p. 225)

Para Aristóteles (2004), um sistema político que pressupõe a supremacia do poder nas mãos da maioria, ou seja, regime de governo democrático pode ser questionável, pois considera o governo da maioria perigoso, ideal seria um governo da maioria misturado com o governo dos melhores, ou seja, a aristocracia. Argumenta que o Estado tem como objetivo a justiça para todos, o que pressupõe igualdade para todos. Entretanto, sua perspectiva é de que a justiça pense a igualdade entre os iguais. Assim, uma constituição que visa estabelecer a igualdade entre iguais e desiguais pode ser considerada desviada.

Os tipos de governos pensados por Aristóteles serviram por muitos séculos como estruturas exemplares de diferentes organizações políticas e sociais que se construíram em diferentes contextos históricos. Sociedades, muitas vezes contraditórias, pensaram a democracia a partir da perspectiva aristotélica. Muitos autores posteriores discutiram outras formas de organização do poder, entre eles Maquiavel, mas foi Montesquieu, em o “Espírito das Leis”, que propôs novo modelo classificatório dos governos, que se diferenciava da perspectiva Aristotélica. Montesquieu repensou a classificação dos governos, tendo como critério de análise a natureza e o princípio estrutural de cada um deles.

Montesquieu (2006) estabelece a distinção entre as diversas naturezas de governo (o que os faz ser como são e sua forma de composição) e os princípios (o que determina como serão realizadas suas ações) e define três diferentes tipos de governo que ele chama de: república, monarquia e despotismo. A diferença que estabelece entre as diversas formas de

governo pode ser definida da seguinte maneira: república, estrutura de governo em que o poder soberano está centrado nas mãos de um pequeno grupo ou de todo o povo, que se sustenta na manutenção do regime político cujo princípio é a virtude (amor que os homens dedicam ao Estado do qual pertencem e representam); monarquia, modelo de governo em que o poder soberano está circunscrito a uma única pessoa que governará a partir de um quadro normativo fixo, seu poder está sustentado pelo princípio da honra; despotismo, aquele em que uma só pessoa tem o poder e estabelece as leis a partir de seus interesses próprios e assim, tem sua força legitimada pelo princípio do medo.

Para Montesquieu (2006), o modelo de governo republicano pode se estruturar a partir de duas naturezas distintas. Como uma aristocracia, em que parte do povo é detentor do poder soberano e como uma democracia, modelo de governo em que o povo em sua totalidade é portador da soberania. No governo democrático, o povo assume concomitantemente o papel de soberano e de súdito. Esta relação se dá a partir das leis que, por meio do sufrágio, possibilitam que o povo ocupe a condição de soberano e estabeleça sua vontade a partir do voto.

Montesquieu (2006) entende os três tipos de governo a partir de uma perspectiva hierárquica de valores. Deste ponto de vista, defende a idéia de que a manutenção do governo democrático depende do fortalecimento de estruturas legais. Afirma que o povo tem competência para escolher aqueles que representarão parte de seu poder soberano, mas pensa também que este mesmo povo não possui igual competência para conduzir um Estado. Por isso, o melhor modelo político seria a república aristocrática. O Estado governado por um regime político democrático requer um nível elevado de virtude, pois os mesmos que criam as leis e as fazem virar ação são os mesmos que se submeterão ao seu poder de coerção. Para o autor, as boas democracias governam a partir do pressuposto de que as leis são o caminho mais eficaz para que se estabeleça a igualdade e a frugalidade para todos.

Reforçando a idéia política de Montesquieu, Rousseau (1991) pensou um modelo de sociedade que garantisse a defesa do direito à igualdade e prevenisse possíveis abusos por meio de leis instituídas constitucionalmente, portanto, um Governo moderado que não permitisse que ninguém estivesse acima da lei, que protegesse o Estado de qualquer um que estivesse fora dele e que nutrisse, acima de tudo, o amor à pátria visando prioritariamente à felicidade e à liberdade para todos. Segundo o autor:

Teria desejado nascer num país no qual o soberano e o povo não pudessem alimentar senão um único e mesmo interesse, a fim de que todos os movimentos da máquina tendessem somente para a felicidade comum. Não podendo tal coisa suceder, a menos que o povo e o soberano não sejam senão uma mesma pessoa, conclui-se que eu desejaria ter nascido sob um governo democrático, sabiamente equilibrado. (ROUSSEAU, 1991, p. 218)

Rousseau (2000) afirma que há diferentes formas de governo, todavia, para serem consideradas legítimas devem fundamentar suas práticas a partir da soberania do povo. Ele os classifica como democracia, aristocracia, monarquia e governos mistos. Democracia seria o modelo de governo que confere ao povo o poder de decisão em questões de caráter governamental, ou seja, é conferido à grande maioria o poder de governar, e é adequado a Estados de pequenos portes.

Rousseau (2000) mostra que existe uma grande distância entre o governo ideal e o real, pois a legislação perfeita deve representar a vontade geral, visando ao bem comum e à ordem social. Com base nestes pressupostos, mostra que a melhor forma de governo seria aquela em que o poder legislativo, criador das leis, e o poder executivo, aquele que interpreta e executa as leis, defendessem vontades gerais. Esta seria a democracia pura e o governo ideal. Entretanto, mostra que seria improvável que executivo e legislativo, ao corromperem as leis em beneficio próprio, venham a se submeter à coerção das mesmas, corrigindo seus próprios abusos. Assim, Rousseau afirma que:

[...] Estando, então, o Estado alterado em sua substância, torna-se impossível qualquer reforma. Um povo que jamais abusasse do Governo, também não abusaria da independência; um povo, que sempre governasse bem, não teria necessidade de ser governado.

Tomando-se o termo a rigor da acepção, jamais existiu, jamais existirá uma democracia verdadeira. É contra a ordem natural governar o grande número e ser o menor número governado. [...]. (ROUSSEAU, 2000, p. 150)

Assim, Rousseau (2000) considera que uma sociedade estruturada em princípios democráticos, fundamentada na igualdade política, apresenta problemas estruturais que possibilitarão a instabilidade e a fragilidade do Estado, fator determinante no processo de desenvolvimento de convulsões sociais e crises de diversas naturezas. Tais considerações mostram que uma democracia pura seria um modelo tão ideal de governo, de vida coletiva e de expressão de cidadania que não poderia ser pensado em uma sociedade estruturada e governada por mortais. Contudo, apesar de considerar que “Se existisse um povo de deuses, governa-se-ia democraticamente. Governo tão perfeito não convém aos homens.” Rousseau

acredita que o homem deve buscar essa perfeição quando defende a idéia de que o cidadão por meio de uma Constituição, pode todos os dias de sua vida armar-se de forçar e constância da certeza de que é preferível: ‘[...] a liberdade perigosa à tranqüila servidão.’ (ROUSSEAU, 2000, p. 151)

Do pensamento grego aos dias atuais é possível perceber a preocupação de diversas tendências de pensamento sobre a melhor forma de organização do poder. Alguns autores como Aristóteles defendem a manutenção do poder a partir de um grupo, outros consideram o governo de um mais eficaz, como os monarquistas e a corrente mais humanista postula o comando como sendo legítimo exercício da maioria. De certo que numa democracia o que está em jogo é o princípio da igualdade de oportunidade para todos; desse modo, não importa se ela na efetividade não existe, ou não tem condições de existir como pensa Rousseau, o que importa é o sentimento que faz de seus princípios regras rigorosamente dispostas e que devem ser seguidas, seja por um governante, representado por um grupo ou indivíduo, o que importa é que um ou outro tenha como norte a vontade legítima da maioria de um povo.

Goyard-Fabre (2003) considera que não se pode pensar a democracia a partir de uma perspectiva unitária e simplória, pois se expressa em realidades humanas complexas e diversas. Como também não se pode negar que, em decorrência dos grandes dilemas humanos, os modelos políticos que representam as diferentes e complexas coletividades, a partir das derrotas e fraquezas humanas, estão propensos a uma fragilidade política. Afirma que atualmente poucos são os paises que não assumem oficialmente serem um Estado democrático, mostrando, assim, a conexão que se estabeleceu entre as sociedades antigas e as contemporâneas ao longo da história política mundial, consolidando o triunfo do modelo político democrático. Contudo, ressalta que o regime político democrático, pensado e teorizado pelos diferentes filósofos em diferentes contextos históricos, no decorrer do século XIX, passa a se materializar a partir de uma linguagem sociopolítica, que toma uma nova conotação e, portanto, adquire um novo status. Como mostra o autor:

[...] a democracia não mais designa apenas um esquema institucional pertencente ao quadro jurídico da política, mas também o fato social que caracteriza a potência ativa do povo no espaço público. [...]. (GOYARD-FABRE, 2003, p. 197)

Como mostra Goyard-Fabre (2003), a democracia em toda a sua trajetória não abandonou os princípios que a faziam pensar a igualdade e a liberdade para todos. Na busca

desse ideal político, muitas gerações lutaram e ofereceram suas vidas em nome de um regime de governo que acreditavam poder ser justo. Nesta perspectiva: “[...] Nas democracias de todos os tempos, seja qual for a forma que adotem, exprimem-se certamente os intuitos mais nobres que os homens depositam em sua aspiração à liberdade. [...]” (GOYARD-FABRE, 2003, p. 348). A democracia representa um conjunto formado de opostos que se traduzem num horizonte humano de luz e escuridão; esperança e precariedade essencial; sonhos e pesadelos; razão e emoção; conquistas e derrotas; desejo de igualdade e liberdade e o peso do individualismo.

Touraine (1996) também se refere à permanente missão humana de construção e reconstrução da democracia, frente às suas fragilidades, complexidades e opostos. Mostra que na medida em que o homem pensou ter feito a união perfeita entre racionalização, desenvolvimento econômico e poder popular, acreditou haver se libertado das amarras que o mantinham cativo ao estado de ignorância, dependência, tradição e verdades divinas. Entretanto, logo percebeu que o que lhe possibilitaria a conquista da condição humana de livre e igual parecia oportunizar seu retorno ao estado de submissão. Assim, pergunta: como pensar o ideário revolucionário de igualdade e liberdade, proposto pela Revolução Francesa, quando nas sociedades modernas e contemporâneas este muitas vezes servia para fortalecer a opressão sobre a grande massa?

Rosenfield (2006) arrisca uma resposta, ao pensar que, no Estado moderno, os princípios democráticos se traduzem na busca da conquista da liberdade individual e, por conseguinte, pela concessão do bem-estar material. Como mostra o autor: “[...] Logo, aqueles que sabem como adquirir em abundância o que é materialmente bom e que sabem como funciona o poder tornaram-se nossos governantes. [...]”. (ROSENFIELD, 2006, p. 42). Com isso, houve o surgimento de uma passividade política no Estado Moderno, decorrente do crescente fenômeno do individualismo, produto da busca pela satisfação material.

Portanto, isso implica dizer que em um Estado administrativo onde a burocracia estatal controla a vida social, econômica e política de cada individuo, a ação política, que visa ao bem comum, pode ser substituída por ações egoístas e apáticas que se preocupam apenas com o acúmulo de lucro. Esse novo modelo de participação política e uma nova demanda de reivindicações e conquistas sociais, se de um lado podem possibilitar a conquista de novos direitos sociais, por outro, em descompasso com os paradigmas democráticos, podem

provocar a busca gananciosa pelo lucro e assim tornar o homem refém da lei de mercado instituída pela lógica econômica capitalista. Portanto, conforme Rosenfield:

[...] A democracia, enquanto forma de exercício da liberdade política, não se confunde com a satisfação das necessidades materiais da população, que pode também tomar formas políticas autoritárias e mesmo totalitárias. (ROSENFIELD, 2006, p. 21-22)

Touraine (1996), ao pensar a democracia, se depara com os paradoxos humanos e percebe o totalitarismo como um movimento inverso que se estabeleceu no século XX no continente europeu, que representa parte do planeta onde os ideais democráticos nasceram, se desenvolveram e se fortaleceram. Isso pode ser entendido como uma necessidade de retomada do apelo que foi feito desde a Antiguidade Grega pela humanidade, pois o projeto humano que nasceu com os gregos parecia iniciar a luta contra a negação da soberania do povo e a violação dos direitos do homem e do cidadão.

[...] nos limitamos a uma concepção modesta da democracia, definida como um conjunto de garantias para evitar a tomada ou manutenção no poder de determinados dirigentes contra a vontade da maioria. Nossas decepções foram tão profundas e prolongadas que, ainda durante muito tempo, essa limitação do poder será aceita, por muitos de nós, como o aspecto prioritário na definição da democracia. [...]. (TOURAINE, 1996, p. 10)

Trata-se, segundo o autor, de se pensar um conceito de democracia que não reduza a função deste modelo de governo a um simples bloqueador do poder autoritário, mas que por meio de ações concretas garanta a soberania de cada Estado frente às exigências do mercado internacional, à renúncia da perda cultural em nome do progresso, à negação do multiculturalismo que mascara a subserviência e que se impunha contra a redução do poder social ao conjunto de técnicas. Assim, diz: “[...] A democracia não é somente um espaço de negociação entre interesses opostos, um mercado político, mas, antes de tudo, o espaço público aberto no qual se combinam memória com projeto, racionalidade instrumental com herança cultural.” (TOURAINE, 1996, p.231)

Touraine (1996) pensa uma democracia construída a partir de sujeitos que, portadores do conhecimento, sejam agentes na integração, que visam combinar técnica, ciência, diversidade cultural, leis e direitos civis e políticos, transformadores da realidade social e produtores de história. Portanto, a democracia deve se fundamentar em princípios que se contraponham à idéia de unicidade a partir da perda da particularidade. Defendendo o

pressuposto de que a concretização do ideário democrático de liberdade e igualdade se sustenta na aceitação de que todo individuo e toda coletividade é simultaneamente universal e particular.

As relações reais de poder provenientes de circunstancias históricas diversas mostraram que o governo das leis é preferível ao governo dos homens, e que o mesmo no decorrer da história demarcou o território conquistado por meio da democracia. Como pensa Bobbio : “[...] E exatamente porque não tenho dúvidas, posso concluir tranqüilamente que a democracia é o governo das leis por excelência.” (2000, p. 185)

Certamente o governo democrático necessita criar instituições que respondam às