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No domínio sócio- económico, a província da Huíla possui um importante parque industrial, um setor agropecuário promissor, assim como os serviços de transportes e telecomunicações, de energia, águas e saneamento básico, da administração pública emprego e segurança social, da educação, da saúde, do comércio turismo e hotelaria, urbanismo e ambiente e de justiça. Com a exceção da cervejeira N´gola, da Coca-cola e as fábricas de água mineral, a maior parte das infra-estruturas do parque industrial da Huíla encontram-se praticamente inoperantes, e a agricultura que se pratica atualmente é

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fundamentalmente a familiar de subsistência.55 No domínio das infra-estruturas rodoviárias, a Huíla é atravessada pela estrada nacional 105 (EN 105) que faz a ligação entre Angola e as Repúblicas da Namíbia e África do Sul a sul, e a norte conecta a Huíla com as províncias de Benguela, Cuanza Sul e Luanda. A Huíla tem ainda ligações por estradas Nacionais com as províncias do Huambo, Namibe, Cunene, Cuando Cubango, e é sede do Caminho de Ferro de Moçâmedes que liga o litoral sul de Angola com a cidade de Menongue no sudeste de Angola onde se localiza o projeto turístico transfronteiriço Okavango-Zambeze que integra vários países da SADC (Angola, Namíbia, Botswana, Zimbabwe, Zâmbia e África do Sul).

A província da Huíla possui também o aeroporto da Mukanka na cidade do Lubango onde se efetuam as ligações aéreas regulares com os principais centros urbanos do país e uma ligação inter-regional com Windhoek (capital da Namíbia); além de pistas de terra batida nos municípios da Jamba, Caconda, Caluquembe e uma pista asfaltada no município da Matala que assegura a aterrissagem de aviões de médio e grande porte.

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O setor industrial e agropecuário da província da Huíla tinha registado grandes avanços nos anos 60 do século XX. A atividade agrícola era fomentada pelos serviços distritais em 23 centro de fomento agrário, que estavam agrupados em 4 regiões agrícolas: 1ª. região agrícola de Sá da Bandeira (com o centro de fomento agrário em Sá da Bandeira, Capunda Cavilongo, Chibia, Hoque e Humpata); 2ª. região agrícola de Caluquembe (com o centro de fomento agrário em Caluquembe, Chicomba, Cusse, Gunge, Negola, Quera e Quilengues); 3ª. região agrícola da Matala (com centro de fomento agrário na Matala, Chiquequera, Cuvelai, Micosse e Vila Paiva Couceiro) e; 4ª. região agrícola da Matala (com centro de fomento agrário em Vila Artur de Paiva, Anhara-Rioco, Bambi, Chipindo, Dongo e Galangue). O setor industrial era representado pela indústria ligeira de transformação de diversos produtos e a indústria pesada de extração de minérios de ferro de Cassinga que compreendiam a mina da Jamba ou Cassinga- Norte, localizada na área do posto sede do Concelho dos Nganguelas, e a mina do Tchamutete ou Cassinga-Sul, que estava localizada na área do posto de Cassinga, igualmente do concelho dos Nganguelas (VILA NOVA, 1968, pp. 33-42).

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Tabela 38: Transportes de passageiros licenciados e movimento de passageiros na Huíla 2007-20015 Indicador 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Transportes Rodoviários regulares de Passageiros 05 27 48 28 33 24 21 22 21 Táxis até 15 lugares 863 1.127 1.056 988 864 744 793 1.028 748 Nº de passageiros em transporte rodoviário interprovincial 422.071 352.745 562.284 723.756 837.037 469.224 801.448 613.889 87.176 Nº de passageiros em transporte ferroviário 119.696 151.381 96.058 21.865 0 - 74.635 104.768 56.121 Passageiros embarcados (aeroporto do Lubango) 100.239 110.661 71.852 80.376 87.637 79.802 86.416 66.423 12.607 Passageiros desembarcados (aeroporto do Lubango) 105.396 103.035 72.211 77.830 80.316 78.279 85.685 67.116 12.495 Movimento de passageiros em trânsito (aeroporto do Lubango) 23.043 29.651 12.105 26.203 46.806 38.622 33.765 30.655 5.480

Fonte: elaboração própria com base nos dados do PPDDH 2012, p.115 e da Direção Provincial dos Transportes e Telecomunicações 2015.56

Na tabela 38, observa-se que no ano de 2009 houve um crescimento do número dos transportes rodoviários regulares e de táxis e a partir de 2010 começou a se verificar um decréscimo até 2015, com exceção ao aumento dos transportes ocasionais de táxis verificado no ano de 2014. O decréscimo no aumento dos transportes, possivelmente está associado à proibição da entrada de viaturas usadas em Angola. Por sua vez verifica-se um crescimento do número de passageiros em transportes rodoviários interprovincial e um decréscimo no número de passageiros embarcados e desembarcados no aeroporto do Lubango, possivelmente devido a perda do poder de compra da moeda nacional, e da subida de preços que se verificaram nos bilhetes de passagem, que por sua vez terá levado a falência de diversas companhias de

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aviação doméstica e a consequente monopolização das rotas domésticas pela TAAG 57.

Tabela 39: Indicadores sobre os serviços da Angola Telecom na província da Huíla

Designação 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Capacidade instalada 0 14.500 18.100 18.220 27.278 27.196 27.196 28.102 - Capacidade contratada 0 5.068 6.027 6.434 6.703 6.723 6.723 6.482 6.482

Fonte: elaboração própria com base nos dados do PPDDH 2012, p.115 e da Direção Provincial dos Transportes e Telecomunicações 2015.

Na tabela 39 verifica-se um ligeiro crescimento da capacidade instalada da Angola Telecom e uma certa estabilidade em termos da capacidade contratada que conheceu apenas um ligeiro crescimento nos anos 2010, 2011 e 2013. Porém, se tivermos em conta o número da população total da província que é de 2. 354.398 habitantes, pode-se dizer que há um grande défice em termos da capacidade instalada, embora da leitura que se faz da tabela a capacidade instalada seja ainda maior em relação aos indivíduos que recorrem os serviços da Angola Telecom, possivelmente pelo fato de a maioria da população ter preferência pelos serviços de telefonia móvel da Unitel e da Movicel.

Quanto aos serviços da administração pública, trabalho e segurança social, estes são tutelados por uma Direção provincial que coordena, executa e fiscaliza as políticas públicas e os programas do governo central, sobre a administração pública, trabalho e segurança social na província. Contudo, o governo provincial, não dispõe ainda de dados estatísticos sobre o número de desempregados existente na Huíla, mas a partir de 2007 já nos apresenta os dados sobre os cidadãos empregados no sector público e privado da província.

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Anteriormente faziam também ligações internas as companhias Sal, Gemini, Lam e Diexin, para além da TAAG e da Sonair que continua ainda a operar para algumas capitais provinciais, incluindo o Lubango com dois voos semanais.

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Tabela 40: população empregada no sector público administrativo da Huíla Sector empregador Anos 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Educação 16.763 18.537 20.136 22.597 22.586 21.594 22.893 22.227 Saúde 3.547 4.238 4.450 4.574 4.068 3.828 4.094 4.039 Governo provincial 2.495 2.669 2.716 2.660 2.702 2.717 2.774 2.709 Agricultura 1.098 2.089 1.959 1.942 556 549 531 427 Justiça 267 352 372 404 396 499 500 488 Outros 1.945 2.008 2.073 1.810 1.951 1.757 1.778 1.862 Total 25.659 27.565 28.751 39.119 32.256 30.944 32.570 31.752

Fonte: elaboração própria com base no PPDDH 2012, p. 86 e da Direção Provincial da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social da Huíla 2015.

Na tabela 40 verifica-se que o setor da educação é o maior empregador público, seguido pelo setor da saúde, e nota-se também que, de 2007 a 2014 os trabalhadores dos dois setores conheceram um ligeiro crescimento.

Tabela 41: população empregada no sector empresarial (público, privado e outros) da Huíla

Sector Anos 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Empresarial público 3.468 3.468 3.468 3.468 3.474 3.474 3.503 31.752 Empresarial privado 29.226 30.906 32.916 37.358 38.499 39.656 40.447 48.485 Outros58 285 328 259 259 259 259 259 69.613 Total 32.979 34.702 36.643 41.085 42.232 43.389 44.209 149.850

Fonte: elaboração própria com base no PPDDH, p. 87 86 e da Direção Provincial da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social da Huíla 2015.

Na tabela 41 pode-se constatar que a maior parte da população da Huíla se dedica aos negócios no setor informal, verificando-se também uma superação do setor público pelo setor empresarial, o que já é um sinal positivo, restando apenas saber se o setor privado proporciona a estes funcionários um salário condigno.

No domínio da educação, a província da Huíla possui atualmente uma rede escolar constituída por cerca de 1.300 escolas do I, II, III níveis, 4 (quatro) Institutos de Ensino Médio, 4 (quatro) Centros de Formação Profissional bem como a Universidade Mandume ya Ndemufayo composta pelas Faculdades de Economia, de Direito e de Medicina e pelo Instituto Superior Politécnico; Além de dispor ainda de 1 (um) Instituto Superior de Ciências da Educação, e mais 6 (seis) Institutos Superiores Privados (1-Instituto Superior Politécnico Independente; 2- Instituto Superior de Teologia (ISTEL); 3- Instituto Superior

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De acordo com a chefe do Departamento de Estatísticas da Direção Provincial da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social da Huíla fazem parte desta categoria os vendedores dos mercados informais.

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Politécnico Vida; 4-Instituto Superior Politécnico Gregório Semedo (único que ministra o curso de hotelaria e turismo na província); 5-Instituto Superior Politécnico Tundavala; 6- Instituto Superior Politécnico Pangeia)59 (GPH, 2007, pp. 10-13).60

Os serviços de saúde da província da Huíla estão repartidos por 254 unidades, das quais 207 postos de saúde, 38 centros de saúde, 4 hospitais municipais, 4 hospitais provinciais e 1 hospital regional. Os postos de saúde se fazem presentes em todos os municípios da província correspondendo a (81%) do total das unidades sanitárias da província. Assim, temos na província da Huíla as seguintes unidades sanitárias principais: Hospital Municipal de Caluquembe, Hospital Municipal de Caconda, Hospital Municipal do Cuvango, Hospital Municipal de Quilengues, Hospital Municipal de Capelongo, Hospital Maternidade Camarada Irene no Lubango, Hospital Pediatria do Lubango, Hospital Sanatório do Lubango, Hospital Psiquiatria do Lubango e Hospital Central Dr. António Agostinho Neto do Lubango. No total as unidades sanitárias da província da Huíla possuem 1.298 camas, concentradas na sua maioria nos hospitais do município do Lubango, na ordem dos 71,6%. O município da Matala detém 7,9% do total das camas dos hospitais da província e os demais municípios possuem um número muito inferior. Os enfermeiros representam 44% do total dos funcionários da saúde na província (PPDH 2012, pp 17-18).

Relativamente aos serviços de produção e distribuição de energia e águas, com o alcance da paz e estabilidade o governo provincial da Huíla tem levado a cabo um conjunto de ações que nos últimos anos contribuíram para a normalização do funcionamento desses serviços em toda extensão da província como se pode constatar das tabelas abaixo.

Tabela 42: indicadores de crescimento do sector das águas na Huíla Período Indicador 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Nº de sistemas de captação de água 73 97 86 55 88 15 62 53 32 Nº de consumidores de água potável 21.835 34.993 34.660 37.407 77.340 11.000 48.920 45.237 36.169

Fonte: elaboração própria com base nos dados da Direção provincial das águas da Huíla 2015.

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No domínio da educação e ainda no período colonial, o Lubango, capital da província da Huíla, foi uma das primeiras cidades do interior a possuir um Liceu (o Liceu Nacional Diogo Cão) e dois estabelecimentos de formação técnico-profissional, - a Escola Comercial e Industrial Artur de Paiva e o Instituto Agrícola do Tchivinguiro.

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Na tabela 42, verifica-se um decréscimo número dos sistemas de captação da água, assim como no número dos consumidores da água potável possivelmente por causa da falta de recursos financeiros, que resultam da difícil situação económica que o país esta a atravessar. Por sua vez os dados revelam um grande défice na medida em que de um universo de 2.354.398 de habitantes apenas 36. 169 cidadãos têm acesso a água potável.

Tabela 43: indicadores de crescimento do sector de energia da Huíla

Indicador Período

2007 2008 2009 2010 2011 Nº de licenciamento de energia 197 233 234 50 40 Potência de grupos geradores (MW) 632 5 35 30 30 Nº de geradores em funcionamento 5665 32 67 67 72 Nº de consumidores de energia 175.706 136.314 278.990 326.937 326.937 Consumo mês em (MW) 196 2.920,95 5.974,4 7.005,75 8.505,75 Nº de licenciamento de energia 197 233 234 50 40 Potência de grupos geradores (MW) 632 5 35 30 30

Fonte: elaboração própria com base no PDDH (2013-2017, p. 108).

Na tabela 43, um ligeiro crescimento no número dos consumidores de energia elétrica, mas mesmo assim os serviços estão quem de satisfazer as necessidades da província, se tivermos em conta que do universo de 2.354.398 de habitantes que a província possuía em 2015 apenas 326.937 tinham acesso a energia elétrica em 2011, apesar de desconhecermos os dados da população total da Huíla em 2011.

Para mudar o quadro do sector de energia e águas da província o governo prevê a reabilitação e expansão das redes municipais de distribuição de energia e de águas dos 14 municípios que compõem a província que inclui a reabilitação de 2 mini-hídricas. Bem como a elaboração de estudos para o fornecimento de água à cidade do Lubango a partir da barragem da Matala, a elaboração de projetos de estudos sobre as barragens situadas nas localidades de Jamba ya Mina e Jamba ya Oma, assim como de construção de pontos de água potável no meio rural e um sistema de produção e distribuição de energia para as novas urbanizações da Eyawa, do Mutundo e do Nambambe. Além da construção do sistema de produção e distribuição de energia para a centralidade da Palanca (PDPH 2013-2017).

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5.3.1. Plano de Políticas de Desenvolvimento da Huíla 2013-2017

As políticas públicas de desenvolvimento da Huíla estão definidas no Plano de Desenvolvimento Província da Huíla 2013-2017 como um instrumento orientador das principais ações a desenvolver na província, no quadro do plano de desenvolvimento nacional. A sua visão estratégica contempla 9 programas que se subdividem em 33 subprogramas que contemplam 96 ações que se estruturam em 858 projetos, orçados em 856.530.108.443 Kz, para serem implementados no período entre 2013 a 20017 cujo objetivo fundamental é a transformação da província da Huíla em um dos celeiros das reservas alimentares do país e em centro de produção mineira e de desenvolvimento da atividade turística. Devendo-se, para o efeito, promover a produção de cereais, de produtos pecuários, a exploração mineira do ouro, do ferro e do granito. Além do desenvolvimento de uma plataforma logística de desenvolvimento integrado entre as províncias do sul de Angola (PDPH 2013-2017).

O turismo figura do programa número 2 que visa o desenvolvimento e diversificação da base económica e com ele se pretende transformar a Huíla como um centro de referência turística de Angola “afirmando-se como polo de atração de pessoas, bens e serviços” devendo-se, para o efeito, apostar-se na melhoria das infra-estruturas básicas, na qualificação dos recursos humanos e na promoção e divulgação do património local. Em função disso, no período entre 2013 a 2017 perspetiva-se a construção de uma escola técnica de

hotelaria e turismo, a elaboração do plano marketing turístico, a criação de

rede local turística, a concessão de fazendas para turismo rural, a construção de um campo para golfe, a criação do portal turístico da Huíla, bem como a criação de 2.470 postos de trabalho (PPDDH, p.126).

Tabela 44: projeção do emprego no sector do turismo da Huíla no período 2013-2017

Sector Período

2013 2014 2015 2016 2017 TOTAL

Hotelaria, Restauração e Turismo

280 390 480 590 730 2.470

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Da tabela 44, pode-se constatar a tendência de crescimento de emprego no setor do turismo da Huíla no período entre 2013 a 2017, em termos de projeção.

Gráfico 21: projeção do emprego no sector do turismo da Huíla no período 2013-2017

Fonte: elaboração própria com base no PDDH 2013-2017, p. 97.

O gráfico 21, ilustra o crescimento da projeção do emprego no setor do turismo da província da Huíla no período compreendido entre 2013 a 2017. Uma tendência positiva, na medida em que poderá contribuir para minimizar o fenómeno do desemprego, e, por conseguinte, irá melhorar o nível de vida dos cidadãos beneficiados.