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A prática da atividade turística em Angola foi inicialmente suportada pela legislação portuguesa dos finais dos anos 50 do seculo XX, que marcou o início da ação pública do Estado sobre a orientação e regulamentação do fenómeno social do turismo nas províncias ultramarinas. Assim, no âmbito dessa legislação foi, através do Decreto-Lei nº 42194 de 27 de Março de 1959, criado o Centro de Informação do Turismo de Angola CITA22. Neste sentido

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durante os últimos anos da administração portuguesa, o CITA fomentou e promoveu o desenvolvimento do turismo em Angola mediante a planificação de ações que regulavam a intervenção dos atores públicos e privados no turismo local. Este coordenou todas as políticas públicas de turismo até aos primórdios da independência de Angola, em 197523.

Com a proclamação da então República Popular de Angola em 1975, a primeira intervenção do Estado na esfera do turismo foi a criação da Secretaria de Estado do Comércio e Turismo que substituiu o CITA; numa altura em que mais de 90% das unidades hoteleiras e similares do país tinham sido “abandonadas pelos seus antigos proprietários”, e verificava-se o uso inadequado do parque imobiliário do país, que resultou na sua degradação.24

A normalização do funcionamento do sector do turismo foi feita através da elaboração de políticas públicas que promoveram a reorganização dos respetivos pelouros através da emissão dos primeiros diplomas legislativos da 1ª República sobre o turismo. O Decreto nº 128/75 permitiu que se criasse o Centro de Controlo e Gestão dos Estabelecimentos de hotelaria, restaurantes e similares da província de Luanda; o Decreto nº 42/77 criou o Ministério do Comércio Interno (MINCI) e integrou no seu quadro orgânico a Direção Nacional de Turismo e Hotelaria (DINATUR), assim como o Decreto Executivo nº 42/81 de 19 de Novembro do MINCI que conferiu a gestão privada das

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url: http://www.minhotur.gov.ao/Institucionais/Historico.aspx consultado aos 24 de Junho de 2014.

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url: http://www.minhotur.gov.ao/Institucionais/Historico.aspx consultado aos 24 de Junho de 2014; Embaixada da República de Angola em Portugal, Indústria Hoteleira, apud, AIP (Associação Industrial Portuguesa), in http://embangola.artedesign-net.pt/content.php?id- turismo, consultado aos 24 de Junho de 2014.

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instalações hoteleiras e similares.25 Do ponto de vista organizativo, a Direção Nacional do Turismo e Hotelaria, conseguiu criar até ao ano de 1983, 19 empresas públicas hoteleiras de nível provincial com a denominação de Emproteis, bem como a Anghotel-UEE, uma empresa pública que inicialmente passou a gerir os hotéis e, posteriormente, tomou conta da gestão das principais unidades hoteleiras do país situadas fora da capital.26

Em 1988 foi criada a primeira empresa Angolana de turismo (ANGOTUR LDA) e, no decurso da 8ª Assembleia da Organização Mundial do Turismo (OMT) ocorrida em Paris no ano de 1989 Angola foi admitida como membro desta organização. Na sequência deste acontecimento, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) potenciou financeiramente o sector do turismo em Angola, uma ação que permitiu a reestruturação da Direção Nacional do Turismo, a criação de um sistema de recolha, tratamento, análise e publicação de estatísticas do turismo, assim como a criação de um serviço estatístico informatizado na DINATUR, a elaboração de propostas de legislação turística, a capacitação dos recursos humanos e o incentivo para a criação de empresas e agências de viagens e turismo. Constituíram-se associações profissionais privadas do sector como a AHORESIA (constituída por representantes de hotéis, restaurantes e similares), a AAVOTA (associação de agências de viagens e turismo) e ADHA (associação dos diretores de hotéis). No contexto internacional, para além da sua filiação na OMT, Angola é ainda membro da RETOSA, organismo responsável pelo desenvolvimento do turismo na região da SADC, da ATA-África Traveler Association e da CPLP, e faz parte do projeto Okavango-Zambeze, juntamente com o Botswana, Moçambique, Namíbia, Zâmbia e Zimbabwe27.

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Embaixada da República de Angola em Portugal, Indústria Hoteleira, apud, AIP (Associação Industrial Portuguesa), in http://embangola.artedesign-net.pt/content.php?id-turismo, consultado aos 24 de Junho de 2014.

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Verifica-se assim que a intervenção do Estado Angolano na esfera do turismo, foi mais caracterizada inicialmente pela emissão de diplomas legais voltados para aspetos parciais da atividade, bem como pela filiação do País nas organizações internacionais. Contudo, a ação do Estado não se tinha traduzido ainda num programa ou política nacional de turismo até aos finais da década de 1990.

Todavia, a reestruturação da DINATUR, conseguida graças ao apoio da OMT permitiu, através do Decreto-lei nº 5 de julho de 1996, a criação do Ministério da Hotelaria e Turismo de Angola (Minhotur) que colocou o turismo na agenda do governo angolano como uma política pública. Com esta ação, pela primeira vez uma entidade ministerial virada exclusivamente para o turismo, o Minhotur, passou a licenciar, a orientar, a disponibilizar, a fiscalizar e a apoiar o desenvolvimento do fenómeno do turismo em Angola. Como fruto das suas ações, em 1997 fez aprovar, pelo Conselho de Ministros, a Política Nacional do Turismo através da resolução nº 7/97 de 20 de junho e criou o Instituto de Fomento do Turismo (INFORTUR), ainda no domínio de políticas públicas do turismo em Angola, o Conselho de Ministros aprovou, com base na Resolução nº9/97 de 27 de julho, a Estratégia da Hotelaria e Turismo. Projetou- se a elaboração do Plano Diretor do Turismo (PDT) que viria a ser aprovado em 2012, bem como a reabilitação e recuperação das infraestruturas hoteleiras e turísticas, a elaboração de uma estratégia da inspeção do turismo e de um plano estratégico de formação para os quadros do sector e a cooperação internacional.28

No âmbito das políticas públicas de turismo em Angola, no ano de 1997 foram aprovadas as normas do licenciamento e financiamento das agências de viagens e turismo pelo Decreto – Lei 54/97, bem como estabelecidas as normas atinentes ao aproveitamento dos recursos turísticos do país e ao exercício da indústria hoteleira e similar pelo Decreto nº 6/97. Em 1999, através dos Decretos-executivos 92, 93 e 94 foram aprovados os novos modelos de alvarás para o exercício da atividade da indústria hoteleira e similar e para as

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agências de viagens e turismo, assim como, os preços dos novos alvarás, os valores das taxas e de vistorias.29 No quadro que se segue apresentamos a síntese do inventário sobre a legislação do turismo em Angola.

Tabela 2: síntese sobre a legislação sobre o turismo em Angola

Ano Decretos, Leis e Resoluções Ações

1959 Decreto-Lei nº 42194 de 27 de março Cria o Centro de Informação do Turismo de Angola (CITA) 1975 Decreto nº 26/75 Cria o Centro de Controlo e Gestão dos Estabelecimentos de

Hotelaria, Restaurantes e Similares da província de Luanda. 1977 Decreto nº 42/77 Cria o Ministério do Comércio Interno (MINCI) e aprova o

Estatuto Orgânico, onde se insere a Direção Nacional do Turismo e Hotelaria.

1981 Decreto Executivo nº 42/81 de 19 de novembro do MINCI

Decreta o aluguer dos bares, cafés, casas de chá, cervejarias, restaurantes e estalagens, aos privados.

1997

Decreto-Lei nº 5/96 Cria o Ministério da Hotelaria e Turismo (MINHOTUR). Resolução nº 7/97

Aprova a estratégia da Hotelaria e Turismo no quadro da qual se preconiza a elaboração do Plano Diretor do Turismo, a reabilitação e recuperação das infraestruturas hoteleiras e turísticas, bem como a estratégia da inspeção do turismo, o Plano estratégico de formação para o setor e a cooperação internacional.

Decreto-Lei nº 4/97 Aprova o Estatuto Orgânico do MINHOTUR.

Decreto-Lei nº 54/97 Aprova as normas do licenciamento e disciplina do financiamento das Agências de Viagens e Turismo.

Decreto nº 6/97 Estabelece as normas respeitantes ao aproveitamento dos recursos turísticos do país e ao exercício da Indústria Hoteleira e Similar.

1999

Decreto Executivo nº 92/99 Aprova os novos modelos de Alvará para o exercício da atividade da Indústria Hoteleira e Similar.

Decreto Executivo nº 93/99 Aprova o modelo de Alvará para as Agencias de Viagens e Turismo.

Decreto Executivo Conjunto nº 94/99

Aprova os preços dos novos Alvarás de licença da Indústria Hoteleira e Similar, Agencias de Viagens e Turismo e os valores das taxas e vistorias.

2012 Decreto nº 001/2012 de 14 de agosto Aprovava os novos modelos de Alvará de licença para o exercício da indústria hoteleira e similar

Fonte: elaboração própria com base nos dados da Embaixada da República de Angola em Portugal30 e Minhotur 2012.