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Caraterização da Turma G do 7º ano de escolaridade

3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

3.2. Caraterização da Turma G do 7º ano de escolaridade

Por forma a melhor conhecer a turma que me tinha sido atribuída, procedi à elaboração e aplicação de um questionário para o efeito. O questionário foi

“Para alcançar o que se propõe, toda a ação educativa tem de satisfazer uma primeira condição: estar em conformidade com a realidade humana”

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aplicado no primeiro dia de aulas. Complementarmente, procedi à recolha de outras informações no sentido de aprofundar as características individuais e da turma em geral. Neste aspeto em particular, solicitei a colaboração da diretora da turma, que me facultou informações várias relativas ao ano letivo anterior.

O questionário elaborado era constituído pelos seguintes categorias: 1- Identificação do aluno, 2- Encarregado de Educação, 3- Agregado Familiar, 4- Dados Médicos, 5- Dados Escolares, 6- Dados sobre a Educação Física e por último, 7- Dados sobre a Situação Desportiva. A turma G do 7º ano era constituída por 24 elementos, com idades compreendidas entre os 11 e 16 anos (5 alunos com 11 anos, 11 alunos com 12 anos, 4 alunos com 13 anos, 2 alunos com 14 anos e 2 alunos com 16 anos) (Quadro 1).

Quadro 1: Número total de alunos da turma 7ºG

Idade dos Alunos

TOTAL

11 12 13 14 15 16

Nº de

Alunos 5 11 4 2 0 2 24

Com base nos dados obtidos, verifiquei que apenas cerca de quinze em vinte e seis alunos nunca tinha ficado retido em qualquer um dos ciclos. Por outro lado, sendo a média de idades de 13 anos, valor acima do normal para o ano de escolaridade em causa, antevia. Em termos gerais, os alunos apresentavam uma elevada taxa de reprovações entre o 1º ano e 7º ano (cerca de 8 alunos). O fato de existirem várias retenções em anos anteriores, por si só fazia antever dificuldades de aprendizagem e, eventualmente, falta de empenho por parte dos alunos. Deste modo, foi decidido em conselho de turma que, caso um aluno apresentasse em qualquer disciplina um nível inferior a 3 (cerca de 14 alunos), seria alvo de medidas pedagógicas já estabelecidas pela escola, nomeadamente a sua inclusão no PAAP (aulas de apoio pedagógico acrescido – 14 alunos - e da ação tutorial – 19 alunos).

Contudo, apesar das elevadas taxas de reprovação verificadas em anos anteriores, a turma em causa não parecia ser problemática do ponto de vista

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disciplinar, uma vez que somente três haviam sido alvo de processos disciplinares no ano anterior.

Para que entendesse os comportamentos e as atitudes dos alunos, de um modo mais esclarecedor, recorri ao dossier individual de todos, disponibilizados pela DT.

Após a consulta dos dossiês e análise dos resultados do questionário, referentes ao comportamento/atitudes dos alunos, entendeu-se que a turma no geral era responsável e o ambiente entre todos os alunos, como com os professores das respetivas áreas específicas, era de caráter sociável. Não procuravam conflitos na sala de aula, mas a falta de interesse, no que se referia à participação e empenho em todas as tarefas solicitadas, não era positivo. Assim sendo, a falta de capacidade de concentração por parte dos meus alunos, em vários momentos da aula, seria o comportamento mais declarado e negativo, a ter em conta nas aulas EF.

Analisei também a constituição do agregado familiar, tendo observado que a maioria vivia com ambos os pais (16 alunos) e sete vivia apenas com o pai. Existia ainda um aluno que não vivia com qualquer um dos progenitores, e tendo em conta informações facultadas pela DT, entendi que este aluno iria exigir da minha parte uma atenção especial e eventualmente um acompanhamento mais personalizado.

Apesar das várias divergências existentes no seio do agregado familiar, constatei uma forte comparência dos seus pais nas reuniões escolares.

Ao nível do tempo de estudo relatado por cada aluno, concluí que os índices de estudo eram bastante positivos. A maioria deles (17 alunos) referiu estudar diariamente a matéria que é lecionada nas aulas. Porém, entre os restantes nove alunos, só três demonstravam interesse em se preparar para as aulas seguintes, ou até mesmo para as fichas de avaliação que se seguiam. Por último, seis alunos raramente estudavam ou não se interessavam em preparar- se para as aulas relativamente a qualquer tipo de conteúdo teórico/prático lecionado.

Admitindo que o nível de desempenho obtido por cada aluno ao longo da sua carreira escolar é em parte explicado pelo empenho e dedicação às tarefas

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escolares, quer seja no contexto de sala de aula, quer seja em casa, o fato de existirem cerca metade dos alunos a afirmar que só às “vezes” tinha algum interesse em participar e colocar as dúvidas nas aulas deixou-me algo apreensivo.

Uma das intenções na caracterização da turma era ter elementos quanto aos estilos de vida. Com efeito, os estilos de vida são cada vez mais sedentários, devido aos problemas relacionados com o tráfego, à insegurança, à ausência de tempo dos progenitores, ao espaço disponível para a prática desportiva, à escassez de equipamentos lúdicos adequados às necessidades das crianças e, principalmente, pela ausência de consciência sobre os benefícios que a atividade física constitui. Todos estes constrangimentos poderiam interferir diretamente nas aulas de EF, principalmente no desempenho do aluno, criando desde a primeira aula várias limitações ao processo de aprendizagem.

Outro fato a ter em conta nesta fase da caraterização da turma 7ºG, era saber da existência ou não de algum problema de saúde, para assim tomar as devidas precauções nas aulas de EF. Num total de 26 alunos, somente três alunos apresentavam problemas de saúde, nomeadamente alergia à gema de ovo e leite de vaca (2 alunos) e hiperatividade com défice de atenção (1 aluno). Daqui concluí que os problemas de saúde relatados não implicavam qualquer tratamento especial no contexto das aulas de EF.

Ainda assim, nos momentos da planificação das aulas de EF, tive em conta estes resultados, para que no decorrer das mesmas não surgissem contratempos, quando eles poderiam ser evitados. Apesar de alguns alunos terem problemas de saúde, no geral, nenhum deles necessitava de quaisquer cuidados especiais no seu acompanhamento educativo/aprendizagem.

Considerando que um dos objetivos da EF é a promoção do bem-estar e qualidade de vida dos alunos de qualquer escola, Nahas (2010) sustenta que nesta se deve criar uma relação harmoniosa entre as componentes mentais, físicas, espirituais e emocionais de qualquer aluno. Ou seja, é essencial promover a saúde com vista à prevenção de doenças: a nível da aptidão cardiorrespiratória, flexibilidade, força e resistência muscular.

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Em suma, com base na caraterização da turma e juntamente com a análise do meio envolvente e do programa curricular da escola, foi possível avançar para fase seguinte: selecionar, organizar, planificar, realizar. Só então teria elementos para avaliar os meus alunos ao longo dos três períodos letivos. Adicionalmente, esta caraterização da turma 7ºG possibilitou idealizar a melhor ação pedagógica, aquando da lecionação das diferentes matérias/modalidades, de acordo com as necessidades da turma.