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4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

4.1. Conceção

A conceção apresenta-se como o primeiro passo, o começo de um processo valioso e progressivo na qualidade de projetar o melhor ensino- aprendizagem.

“ O ensino é concebido como uma atividade racional que pretende desenvolver o conhecimento e mudar as atitudes. Baseia-se em justificações e razões que transmitam, fundamentalmente, através de meios e instrumentos linguísticos”.

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De acordo com as normas orientadoras (NO) do EP, a conceção define-

se por “Construir uma estratégia de intervenção, orientada por objetivos

pedagógicos, que respeite o conhecimento válido no ensino da Educação Física e conduza com eficácia pedagógica o processo de educação e formação do aluno na aula de EF. Projetar a atividade de ensino no quadro de uma conceção pedagógica referenciada às condições gerais e locais da educação, às condições imediatas da relação educativa, à especificidade da Educação Física no currículo do aluno e às características dos alunos, através de: Analisar os planos curriculares, nomeadamente as competências gerais e transversais expressas; analisar os programas de Educação Física articulando as diferentes componentes: finalidades, objetivos, conteúdos e indicações metodológicas; utilizar os saberes próprios da Educação Física e os saberes transversais em Educação, necessários aos vários níveis de planeamento; ter em conta os dados da investigação em educação e ensino e o contexto cultural e social da escola e dos alunos, de forma a construir decisões que promovam o desenvolvimento e a aprendizagem desejáveis” (Matos, 2013, p.4).

Nesta fase de conceção é, então, fundamental contextualizar um conjunto de funções/tarefas, documentos e matérias essenciais à docência de EF, a fim de melhor preparar todo o futuro processo, sequência e métodos de ensino- aprendizagem.

Tomando igualmente como referência o PN do 3º Ciclo (Educação, M.

2001 p.17), acrescente-se a definição de conceção que aí se encontra: “a

apropriação das habilidades técnicas e conhecimentos, na elevação das capacidades do aluno e na formação das aptidões, atitudes e valores (bens de personalidade que representam o rendimento educativo), proporcionadas pela exploração das suas possibilidades de atividade física adequada – intensa, saudável, gratificante e culturalmente significativa”.

Esta etapa de conceção é indispensável para o projeto educativo, sendo que o professor funda e anota as suas primeiras perceções sobre a realidade da comunidade educativa em que se insere. Antes de iniciar a conceção, e tratando- se de um novo docente no seio de uma comunidade educativa, qualquer professor é desconhecedor da realidade social, económica e cultural dos alunos.

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Na perspetiva de Januário (1996, p.31), emerge uma questão na generalidade dos docentes, no momento de planear as suas estratégias e métodos de ensino:

«Quando penso sobre o meu ensino, quais são as minhas preocupações?». A

esta questão, Januário (1996, p.31) associa várias preocupações/dúvidas, que aparecem nesta fase, tais como:

“Falta de materiais de ensino;”

“Sentir-me frequentemente debaixo de pressão;”

“Fazer bem quando estou a ser alvo de observação;”

“Ir ao encontro das necessidades dos diferentes tipos de alunos;”

“Demasiadas tarefas não relacionadas com o ensino;”

“Diagnosticar os problemas de aprendizagem dos alunos;”

“Sentir-se realizado como professor;”

“Ser aceite e respeitado como professor;”

“Desafiar os alunos desmotivados;”

“Ser aceite e respeitado pelos outros colegas;”

“Orientar o desenvolvimento intelectual e emocional dos alunos;”

“Cada aluno está a obter o que necessita;”

“Obter uma avaliação positiva do meu ensino;”

“O hábito, a rotina e a inflexibilidade do meu ensino;”

“Manutenção de um grau apropriado de controlo da classe.”

Na fase da conceção, o professor toma o primeiro contacto com os alunos, verificando e refletindo sobre a pessoalidade de cada um e sobre a turma em geral. Após esta investigação, realiza a análise crítica dos planos curriculares, associando-os aos programas de EF do 3º Ciclo emanados do ME.

Após a revisão de todos os aspetos intervenientes no processo educativo, estes devem ser julgados e ligados à realidade da escola, bem como à tipologia de ensino do estabelecimento em causa. O principal objetivo passa, naturalmente, por desenvolver o melhor processo de ensino-aprendizagem, sendo que o professor deverá ser capaz de adaptar o PN de EF de 3º Ciclo, as

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metas e critérios de avaliação, em função das aptidões e

dificuldades/necessidades que os alunos demonstram no geral.

Em termos gerais, a fase da conceção deverá ter em consideração dois tipos de elementos, nomeadamente os centrais e os locais. Os primeiros reportam-se ao PN de EF. Os elementos locais integram: o Projeto da escola, o Regulamento interno, o Regulamento da disciplina, o plano anual de atividades do grupo disciplinar de EF, o plano anual de atividades da turma, o plano de aulas previstas para a EF e as linhas orientadoras para as aulas de EF.

Uma vez que desconhecia totalmente a escola EB 2/3 RT-AVERT, a primeira tarefa, depois de tomar contato com o NE e a Professora Cooperante, foi a de reunir todos os elementos em relação aos mesmos. Em conjunto, o nosso objetivo foi estabelecer as regras de funcionamento do EP e definir datas de entrega dos diferentes documentos, nomeadamente: a estruturação, elaboração e atualização constante do portefólio digital, PFI, RE, planos de aula, reflexões da aula, elaboração dos MEC das diversas modalidades, unidades temáticas e respetiva justificação, avaliações diagnósticas e sumativas, monotorizações e balanço final do 1º, 2º e 3º períodos letivos. Todas estas ferramentas de trabalho foram fundamentais ao longo do ano letivo, servindo-me de “guião” no papel de pedagogo nesta comunidade educativa.

Os períodos e as cargas horárias semanais, relativas às aulas de EF, constituíram um outro aspeto a ter em conta na fase de conceção. Com efeito,

de acordo com o PN de EF de 3º Ciclo (2013, p.32): “A organização dos horários

é uma condição de garantia de qualidade da EF que não pode ser descurada, sob pena de coartar o desenvolvimento dos alunos, designadamente ao nível das possibilidades de desenvolvimento da Aptidão Física e do seu efeito sobre a Saúde”.

Adicionalmente, foi essencial recolher elementos e efetuar uma revisão sobre as regras de bom funcionamento, os recursos humanos e matérias disponíveis na Escola EB2/3 RT-AVERT. Foi ainda necessário obter outros documentos dos anos anteriores relativos à escola, como seja o Projeto Educativo da Escola (PEE), bem como outros fornecidos pela PC (inventário do material, roulement, plano anual de atividades do grupo disciplinar de EF, plano

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de aulas previstas para EF, plano anual de atividades da turma) e ainda pela DT (relatórios dos DT dos anos anteriores), em relação aos quais se verificou a necessidade da respetiva atualização anual.

Para completar e complementar este manancial informativo, foi importante idealizar e construir um questionário a aplicar à turma, a fim de obter informação em relação aos seguintes aspetos: identificação do aluno, encarregado de educação, agregado familiar, dados médicos, dados escolares, dados sobre a EF e dados sobre a situação desportiva. Estes dados foram então analisados de uma forma mais minuciosa, possibilitando uma melhor visualização sobre o aproveitamento de cada aluno e da turma em geral.

Após a conclusão da fase da conceção, e respetiva reflexão acerca dos dados obtidos, foi possível proceder aos ajustamentos e reavaliações necessários para a fase de planeamento, numa relação de conformidade (Bento, 2003).