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Estágio Profissional…Um caminho a percorrer

2. ENQUADRAMENTO BIOGRÁFICO

2.3. Estágio Profissional…Um caminho a percorrer

O EP é uma das áreas que integra o 2º ano do 2º Ciclo em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, completando, assim, um conjunto de tarefas essenciais na formação dos estudantes-estagiários.

É entendido como uma formação inicial para o futuro professor de EF, integrando uma dimensão formativa académica, constituída por conjunto de primeiras experiências de intervenção pedagógica, que se espera virem a marcar todo o seu percurso profissional (Albuquerque, Graça e Januário, 2005). Após o primeiro ano de mestrado, o momento tão aguardado por qualquer estudante universitário acontecia: o início do EP e, assim, uma nova oportunidade de desenvolver a minha identidade enquanto professor. Esta última fase na formação académica só poderia ser possível com a orientação e a

supervisão de especialistas na área – OF e a PC. Ambas interpretadas como

“indivíduos abertos, de contactos fáceis, humanos e flexíveis, agradáveis de trabalhar, cheios de recursos que colocariam à disposição dos professores e capazes a atribuir a estes um papel muito ativo na resolução dos problemas que, em conjunto se propõem a resolver” (Alarcão e Tavares 2003, p.73).

No desenvolvimento do EP teria em conta os seguintes princípios norteadores:

 Encarar uma aprendizagem contínua;

 O estimular e o facultar de processos de mudança, de inovação, e

desenvolvimento curricular;

 Marcar presença e assistir aos aspetos de desenvolvimento

organizativo da escola;

“ O interesse reside numa correspondência entre uma tendência ou uma necessidade, presente no sujeito, e o objeto ou comportamento que lhe corresponde.”

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 Conter uma análise e glorificar a articulação entre os conteúdos

académicos/ disciplinares com os da formação pedagógica e relação entre a teoria e a prática desportiva;

 Um forte vínculo entre a formação recebida pelo professor e a

educação que será imposta por ele no futuro;

 Valorizar a individualidade em todo o seu programa e criar

oportunidades de os professores questionarem as suas crenças e práticas educativas.

Tendo em consideração os princípios acima enunciados, o meu EP será analisado à luz de três áreas distintas e de acordo com as normas que regulam o próprio estágio (o seu desenvolvimento será aprofundado posteriormente):

 Área 1 – “Organização e Gestão do ensino e da Aprendizagem”;

 Área 2 – “Participação e Relações com a Comunidade”

 Área 3 – “Desenvolvimento Profissional”

A área 1 - Organização e Gestão do ensino e da Aprendizagem –,

englobou a conceção, o planeamento, a realização e a avaliação do ensino. Esta dimensão teve como propósito construir e estruturar a melhor estratégia possível de intervenção, sempre sob a orientação dos objetivos pedagógicos. Assim, todo o ensino da EF foi promovido e conduzido com a finalidade de impulsionar a melhor educação e formação dos alunos.

Da área 2 - Participação e Relações com a Comunidade – fizeram parte todas as atividades (não letivas) planeadas e realizadas ao longo do ano letivo 2013/2014, sob a minha tutoria como EE. Este conjunto de atividades permitiu uma melhor adaptação e acesso a toda a comunidade educativa. Foi uma área que realçou igualmente a capacidade de integração com os restantes corpos docentes e não docentes.

Era fundamental que imprimisse uma relação de proximidade no seio da comunidade educativa e da/o escola/meio. Ambas são dependentes uma da

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outra, convertendo-se numa mais-valia no acompanhamento do futuro professor de EF, tendo como objetivo a procura do melhor sucesso educativo.

A área 3 - Enquadramento Operacional – visou todas as atividades,

procedimentos e experiências na elaboração e aperfeiçoamento da minha

identidade profissional, tendo esta sido “perspetivada, promovida e

desenvolvida, ao longo de todo o ciclo profissional educativo” (Matos, 2013, p.3).

Foi perspetivando estas três grandes áreas que idealizei o meu EP. Parâmetros que desejei desenvolver durante o meu processo de formação, para assim me sentir capaz de dirigir todo o processo de ensino-aprendizagem, e de o viver de acordo com os interesses e necessidades dos alunos.

A análise dos princípios norteadores permitiu igualmente a sistematização de algumas ideias, a definição de objetivos orientadores para este ano letivo, servindo-me de guião na preparação e realização das tarefas a desenvolver durante o estágio profissional.

Assim sendo, um dos grandes objetivos do ano letivo 2013/2014 foi conseguir realizar todas as atividades a que me propus, chegando ao fim do ano com plena consciência de que fiz tudo o que podia, para atingir a realização pessoal, que passou por ter colocado em prática o projeto aqui apresentado.

Espero, desta forma, terminar o estágio com mais competência, conhecimentos, experiência e determinação nas minhas escolhas, carregando saudade dos momentos que vivi, das pessoas com quem me relacionei e claro dos meus alunos, colegas de estágio, professora cooperante e da minha orientadora que sempre me ajudaram em tudo.

A. Reunião de Abertura do ano de Estágio dos Estudantes - Estagiários

No dia da reunião da abertura do ano de estágio, a Professora Paula Batista (coordenadora do EP) teve a amabilidade de facultar, a todos os EE, os documentos referentes à calendarização das atividades de estágio profissional ano letivo 2013/2014, o documento de avaliação prática de ensino supervisionada, as normas orientadoras e o regulamento do EP do Ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de EF nos Ensinos Básico e

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Secundário da FADEUP, facilitando sem dúvida alguma o início de ano. A apresentação e discussão dos documentos e tarefas propostas na reunião de abertura do EP (FADEUP), obrigaram-me a uma atenção especial, pois seriam o “guião” de todo o EP.

Assim, antes de iniciar esta nova etapa, tornou-se evidente a importância de entender plenamente os princípios e os objetivos do EP. Aguardava, também, com expectativa conhecer os elementos do meu NE e a PC. Confesso que me senti radiante, pois era o começo de uma nova fase com novas obrigações e experiências.

Somente após ter sido apresentado à minha PC, a Professora Felismina

Pereira, e a toda comunidade educativa da EB 2/3 RT- AVERT –, tive

conhecimento de que a minha OE seria a Professora Luísa Estriga. Fui

preparado da melhor forma pela minha OE, de quem recebi

orientações/conselhos de como deveria agir na EB 2/3 RT-AVERT. Tomei igualmente conhecimento dos deveres para com a FADEUP, nomeadamente, a comparência semanal à faculdade, a apresentação do Projeto de Formação Individual (PFI), a apresentação do Projeto de Estudo de Ação-Investigação (PEAI) e a criação e consequente atualização do portefólio. A partir desse momento, senti que teria uma longa caminhada de sacrifício, de interesse e de verdadeira dedicação pessoal e profissional.

B. Apresentação na Escola Básica 2/3 Rio Tinto – AVERT

Em seguida, face a este sistema de organização, chegaria o meu primeiro dia como estudante-estagiário na comunidade educativa EB 2/3 RT-AVERT. Foi um primeiro impacto, um conjunto de várias impressões e desconfianças, sentindo-me até um pouco inseguro. No entanto, com o apoio da minha PC, conheci as instalações da escola, fui apresentado à maioria dos docentes dos diferentes departamentos e ao corpo não docente – os funcionários. Procurava uma integração célere e saudável. Contudo, era importante perceber desde cedo se se tratava de um clima fechado (autoritário) ou aberto (consultivo) entre os professores, das várias áreas/departamentos específicas de ensino

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(departamento de expressões, línguas, entre outros). Isto, porque ambicionava ser capaz de criar o meu espaço de interação e de afirmação, procurando integrar-me o mais rapidamente possível. De salientar, no entanto, que em momento algum ponderei intervir num espaço que não o meu.

Penso ser necessário entender bem os papéis de cada elemento na Escola e no meu NE, assim como a liberdade e os limites de cada um. De fato, é consensual que a nossa liberdade termina quando a do outro começa. Cada

professor deve adotar “comportamentos convergentes e reprodutivos da ordem

prescritiva, condutas fiéis às estruturas e “regras formais”, enfim, um quadro de valores, de crenças, de ideologias estabilizadas e coletivamente partilhadas pelos atores escolares” (Torres, L, 2005 p.446).

Neste início de EP, a PC apresentou e discutiu com o NE os seguintes documentos: os regulamentos da escola e do aluno, e de afazeres para o ano letivo que se seguia: o Plano anual de atividades por parte do grupo disciplinar de EF, o Plano de aulas previstas para EF, o Plano anual de atividades da turma, as linhas orientadores para as aulas de EF, a listagem dos alunos da respetiva turma, o mapa de observações entre todos os elementos do NE, o Modelo de Estrutura de Conhecimento (MEC), a planificação da aula de apresentação de EF, a entrega dos planos e reflexões das aulas de EF, a entrega das avaliações diagnóstico e sumativas das respetivas modalidades, o inventário do material, a elaboração das fichas individuais dos alunos, a recolha de dados sobre os alunos no ano anterior, o acompanhamento de direção de turma, a criação e acompanhamento de clubes desportivos na escola, etc.

A análise dos documentos referidos possibilitou, na fase preparatória do ano letivo, ultrapassar eventuais dificuldades, nomeadamente na fase da conceção e do planeamento anual.

C. A minha primeira aula como Professor - Estagiário

Antes de ter lecionado a primeira aula do novo ano letivo de 2013-2014, reconheço que a ansiedade e algum nervosismo me invadiam. Este conjunto de sensações e impressões nasceu no instante em que tive conhecimento que o

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ano de escolaridade que me seria atribuído era o do 7º ano, em concreto a turma G.

Surgiram, então, dúvidas em relação ao tipo de alunos que iria encontrar e de que forma teria de lidar com eles. As preocupações latentes até ao início da primeira aula a lecionar eram concernentes à média de idades da turma (12.4 anos) e ao baixo grau de maturidade típico deste escalão etário, e eventual défice de atenção, responsabilidade e autonomia. Antes do início do novo ano letivo, fui-me inteirando das características individuais de cada aluno através da documentação fornecida pela Diretora de Turma (DT) relativa aos anos anteriores, bem como das informações diversas obtidas na primeira reunião intercalar da Turma G do 7º Ano.

Após a fase da conceção e do planeamento, chegou o verdadeiro momento: a primeira aula de EF. A preocupação de transmitir a informação aos alunos, nomeadamente, o regulamento interno da escola, o regulamento das aulas de EF, o plano anual de atividades e a tipologia da avaliação. Naturalmente, que toda esta informação foi preparada nas semanas anteriores ao início das aulas, para que não surgisse qualquer imprevisto. É um

procedimento essencial, visto que “a existência do tempo e do espaço para

pensar, analisar, produzir, construir e (re)construir o pensamento, o conhecimento e as conceções é realmente curial (Paula, B. & Queirós, P. 2013,

p.35)”. Adicionalmente, era necessário apresentar-me com uma

imagem/presença positiva e firme aos alunos.

Após a lecionação da aula, ao refletir sobre a mesma, percebi que a apresentação das regras de conduta, as modalidades que seriam abordadas nos três períodos e a terminologia da avaliação, decorreu facilmente. Tal contrariou todo o alvoroço que me havia sido exposto por antigos colegas de estágio, no que se refere a este primeiro momento com a turma.

Uma das minhas preocupações era de ser o mais claro e transparente com os alunos: e consegui. Em particular, consegui introduzir as regras de conduta, para dentro e fora do principal recinto desportivo (espaço dos balneários, cacifos, entrada e saída dos corredores). Era fundamental que os alunos compreendessem que só com um bom funcionamento entre todas as

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condicionantes - professor, aluno, material para a aula, espaço - seria possível desenvolver um bom processo de ensino-aprendizagem.

Estas indagações não eram despicientes se se tiver em conta o panorama de indisciplina que se conhece. Com efeito, o trabalho elaborado por João Lopes, publicado nos Jornais Público e Expresso (2014), é elucidativo. Mais de oito em cada dez professores (84%), independentemente da sua área de especialização, consideram que a indisciplina aumentou nos últimos cinco anos. As atitudes perturbadoras foram apontadas como o principal motivo de interrupção das aulas: um em cada quatro docentes (23%) perde 10% do tempo a resolver problemas de indisciplina; outros 314 professores disseram que gastam entre 20 a 30% da aula; e 6% ficam com menos de metade do tempo para expor a matéria. Por último, sete professores admitiram mesmo que perdiam entre 80 a 90% da aula com o mau comportamento dos seus alunos.

A maioria dos alunos da turma que me foi atribuída não tinha conhecimento algum dos regulamentos do estatuto do aluno e da escola. Isto foi algo com que me deparei logo no primeiro encontro com os “meus” alunos. Por conseguinte, era fundamental transmitir na primeira aula as principais ideias sobre a temática, visto que com o período de férias de verão que os alunos tiveram (cerca de 3 meses), a maioria deles já não se lembrava da maioria das informações/regras da escola e da disciplina de EF.

Também na primeira aula apresentei as modalidades que iria lecionar, bem como os parâmetros de avaliação nos diferentes domínios (Cognitivo, Sócio Afetivo e Psicomotor), em conformidade com o respetivo período do ano letivo e com base no Programa Nacional (PN) de 3º Ciclo. A maioria dos alunos entendia que a EF se definia por ser, exclusivamente, uma modalidade de carácter físico, quando esta engloba também outras subcategorias, como: cooperação, entreajuda, afetividade, responsabilidade, autonomia, competição e o saber teórico. Assim, dando seguimento ao que foi referido anteriormente, foi necessário informar e esclarecer aos alunos, acerca dos conteúdos a abordar ao longo do ano letivo e de como seriam avaliados relativamente aos diferentes parâmetros.

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Os alunos demonstraram grande motivação no que respeita às modalidades que seriam desenvolvidas, demonstrando total disponibilidade e interesse pelos assuntos abordados na primeira aula.

Figura 1: Aula de Educação Física do 7ºG

Após concluir a minha primeira aula como EE de EF, a de apresentação, posso afirmar que não poderia ter corrido melhor, dentro das perfeitas condições, sem se terem registado quaisquer problemas. Essa era uma das minhas preocupações, a de conseguir realizar tudo o que estava planeado. Senti-me muito satisfeito!

O cumprimento dos meus deveres aula após aula, foi um dos princípios convencionados por mim, sendo que a partir desta aula, procurei sempre subir a minha “fasquia”, enquanto regulador e proporcionador do melhor processo de ensino-aprendizagem na EB 2/3 RT-AVERT.

“ A eficácia pedagógica esta intimamente relacionada com o contexto de ensino, com os objetivos de aprendizagem, o conteúdo programático, o grau de ensino, a idade e caraterísticas dos alunos, o nível socioeconómico dos alunos…”

(Berliner & Tikunolf, 1976; Brophy & Evertson, 1976;Good & Grouws, 1977; Stallings, 1979; McDonald, 1976, cit. por Costa, F, 1995, p.7)

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Figura 2: A eficácia pedagógica