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Relatório de Estágio Profissional - O Troféu que me faltava

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Academic year: 2021

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Universidade do Porto

Faculdade de Desporto

O Troféu que me faltava

Relatório de Estágio Profissional

Orientador da Faculdade: Professora Maria Luísa Dias Estriga

Pedro Ismael Soares Gonçalves Porto, junho de 2014

Relatório de Estágio Profissional apresentado com vista à obtenção do 2º ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (Decreto-Lei nº 74/2006 de 24 Março e o Decreto-Lei nº 43/2007 de 22 de Fevereiro).

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I

PALAVRAS-CHAVE: SER PROFESSOR, ESTÁGIO PROFISSIONAL, EDUCAÇÃO

FISICA, SER REFLEXIVO, PRÁTICA PEDAGÓGICA Ficha de Catalogação

Gonçalves, P. (2014). Relatório de Estágio Profissional. Dissertação apresentada com vista à obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, ao abrigo do Decreto-Lei nº 74/2006 de 24 de março e do Decreto-Lei nº43/2007 de 22 de fevereiro.

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III

Dedicatória

À MINHA ÍRMÃ Janine Gonçalves,

“Obrigado por estares sempre ao meu lado”

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V

Agradecimentos

À minha Mãe Carminda Soares e ao meu Pai Ismael Gonçalves, por me terem tornado a pessoa que sou hoje, por me terem apoiado nos momentos difíceis, por me terem dado imensos momentos de alegria e por me terem dado aquele ombro amigo que muitas das vezes foi preciso. Obrigado por me ajudarem a crescer, por me desenharem tão bem este caminho.

Ao meu irmão Sérgio Gonçalves, mesmo longe de mim e nunca esquecendo os nossos “momentos” de infância, fez com que hoje, a preocupação, o carinho e a vontade de querer proteger um ao outro, estivessem bem vincados.

À minha Noiva Rosa Lopes Machado, pelo seu amor inigualável, pela sua entrega e dedicação, por todos os dias que esteve o meu lado, participando diariamente nos meus momentos de desabafos desde há oito anos, tendo sido um forte pilar nesta minha caminhada.

Aos meus avôs Francisco Gonçalves, Diamantino Soares e Glória Gonçalves, pelo respeito e pela transmissão dos “ensinamentos” que só alguém com a vossa sabedoria me poderia facultar.

Aos meus sogros Lopes Machado, Fernanda Oliveira e a minha Cunhada Teresa Lopes Machado, pelo carinho, pela atenção e pelo conforto de muitas palavras ao longo da minha formação académica.

A Professora Felismina, com os seus atributos profissionais e com a sua conduta humana, através da sua frontalidade, exigência, cooperação, simplicidade, serviram de alicerce para o meu desenvolvimento progressivo e sustentado.

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VI

A Professora Luísa Estriga, com o seu bonito e fiel acompanhamento, com o seu envolvimento, foi crucial para o meu estatuto de "dever ser de é".

À FADEUP, por todos as aprendizagem e momentos que que tive oportunidade de viver.

Aos meus alunos, pela participação, dedicação e empenho demonstrado nas minhas aulas de EF.

Quanto à Escola E/B 2,3 Rio Tinto/AVERT, onde abarca uma comunidade escolar, funcionários, instalações, grupo de EF, são difíceis de descrever, difíceis de esquecer! A eles e a tudo, o meu justo e puro agrado.

Aos Doutores Professores Joana Carvalho, Aldina Sofia, Domingos Silva e João Pascoinho, que mesmo após a conclusão do curso de licenciatura na área de Educação Física e Desporto, foram e continuam a ser quem eram, proporcionando conselhos, mas principalmente por não me deixarem cair neste meu percurso.

Aos meus amigos Tiago Gonçalves e Rafael Leite, pela atenção e disponibilidade ao longo destes cinco anos de verdadeiro companheirismo.

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VII

Índice Geral

Índice Geral ... VII Índice de Quadros ... XIII Índice de Tabelas ... XV Índice de Abreviaturas ... XVII Resumo ... XIX Abstract ... XXI

1. INTRODUÇÃO ... 1

2. ENQUADRAMENTO BIOGRÁFICO ... 5

2.1 Autobiografia ... 5

2.2 Expetativas iniciais relativas ao Estágio Profissional ... 7

2.3. Estágio Profissional…Um caminho a percorrer... 10

2.4. Ser Professor de Educação Física ... 18

3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL ... 23

3.1. Caraterização do Agrupamento Vertical de Rio Tinto – Comunidade Educativa ... 23

3.2. Caraterização da Turma G do 7º ano de escolaridade ... 24

3.3. A Escola: Conceito e Finalidades ... 28

3.4. As crianças no centro do Mundo… As necessidades e os interesses no âmbito da educação escolar ... 31

3.5. As diversas Naturezas do Estágio Profissional… Legal, Institucional e Funcional ... 34

4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL ... 39

4.1. Conceção ... 39

4.2. Planeamento ... 43

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VIII

4.2.2. Planeamento anual do 7ºG ... 47

4.2.3. Modelo de Estrutura de Conhecimento ... 49

4.2.4. Plano de Unidades Temáticas ... 53

4.2.5. O Estudar da Perfeição ... 56

4.3. Realização ... 57

4.3.1. Processo de ensino-aprendizagem… Tarefas de Gestão, Transição, Instrução e Reflexão ... 58

4.3.2. Imprevisto e Ajustamento – Tomada de decisão através de um controlo ativo… Juntos somos mais fortes ... 64

4.3.3. Feedback Pedagógico ... 65

4.3.4. Conhecimento Pedagógico do conteúdo ... 67

4.3.5. Só quero alunos motivados nas aulas de Educação Física ... 68

4.4 Avaliação ... 80 4.4.1. Avaliação Diagnóstica ... 81 4.4.2. Avaliação Formativa ... 82 4.4.3. Avaliação Sumativa ... 84 4.4.4. Autoavaliação ... 85 5. DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL... 87

5.1. Direção de Turma – Acompanhamento da Diretora de Turma ... 87

5.2. “Ação de Sensibilização de Basquetebol” ... 88

5.3. “Ação de Sensibilização/Formação de Andebol”... 89

5.4. “Ação de Sensibilização/Formação de Tag-Rugby” ... 90

5.5. “Gincana Desportiva” ... 92

5.6. “Corta-Mato Escolar” ... 93

5.7. “Jogo de Apresentação do Clube de Futsal – Masculino” ... 94

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IX

5.9. “Jornal AVERT” – Vira a Página ... 96

6. A TAXA DE RETENÇÃO DA INFORMAÇÃO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: UM ESTUDO COM OS ALUNOS DA ESCOLA EB 2/3 RIO TINTO . 97 6.1. Justificação e Pertinência Do Estudo ... 97

6.2. Problemas e Objetivo do Estudo ... 99

6.3. Metodologia – Material e Métodos ... 99

6.3.1. Tipo de estudo ... 99

6.3.2. Amostra ... 100

6.3.3. Critérios de Inclusão ... 100

6.3.4. Instrumentos ... 100

6.3.5. Procedimentos éticos e formais ... 101

6.3.6. Procedimentos estatísticos ... 101

6.4. Resultados e discussão ... 102

7.CONCLUSÃO ... 119

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XI

Índice de Figuras

Figura 1: Aula de Educação Física do 7ºG ... 17 Figura 2: A eficácia pedagógica ... 18 Figura 3: Ser Professor de Educação Física ... 22

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XIII

Índice de Quadros

Quadro 1: Número total de alunos da turma 7ºG ... 25

Quadro 2: Roulement das Instalações ... 47

Quadro 3: Planeamento por período da turma 7ºG ... 48

Quadro 4: Planeamento anual da turma 7ºG ... 49

Quadro 5: Módulo 1 do MEC (Mesquita, 2012) ... 51

Quadro 6: Módulo 2 até ao 8 do MEC (Mesquita, 2012) ... 52

Quadro 7: Modelo de Estrutura do Conhecimento (Mesquita, 2012) ... 53

Quadro 8: Exemplo de uma unidade temática do 7ºG ... 56

Quadro 9: Dimensões da amostra dos indivíduos dos 10/14 anos de ambos os sexos ... 100

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XV

Índice de Tabelas

Tabela 1: Média e desvio-padrão para as amostras de rapazes e raparigas,

relativamente às variáveis do rolamento à frente e rolamento à retaguarda. . 103

Tabela 2: Média e desvio-padrão para as amostras de rapazes e raparigas,

relativamente às variáveis do rolamento à frente com membros inferiores afastados e rolamento à retaguarda com membros inferiores afastados. ... 104

Tabela 3: Média e desvio-padrão para as amostras de rapazes e raparigas,

relativamente às variáveis do eixo, entre-mãos e trave. ... 105

Tabela 4: Teste t de medidas emparelhadas na comparação Sim vs Não dentro

de cada amostra, relativamente ao rolamento à frente à retaguarda ... 106

Tabela 5: Teste t de medidas emparelhadas na comparação Sim vs Não dentro

de cada amostra, relativamente ao rolamento à frente e à retaguarda com os membros inferiores afastados. ... 108

Tabela 6: Teste t de medidas emparelhadas na comparação Sim vs Não dentro

de cada amostra, relativamente ao salto de eixo, salto entre-mãos e trave ... 109

Tabela 7:Teste t de medidas independentes na comparação entre rapazes com

raparigas nas realizações Sim vs Sim e Não vs Não, relativamente ao rolamento à frente e à retaguarda ... 111

Tabela 8: Teste t de medidas independentes na comparação entre rapazes com

raparigas nas realizações Sim vs Sim e Não vs Não, relativamente ao rolamento à frente e à retaguarda com membros inferiores afastados ... 112

Tabela 9: Teste t de medidas independentes na comparação entre rapazes com

raparigas nas realizações Sim vs Sim e Não vs Não, relativamente ao salto de eixo, salto entre-mãos e trave. ... 114

Tabela 10: one-way ANOVA de medidas repetidas para cada sexo e para cada

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XVII

Índice de Abreviaturas

ACF- Ação de Formação AD – Avaliação Diagnóstica AF – Avaliação Formativa AS – Avaliação Sumativa AT – Ação Tutorial

AVERT – Agrupamento Vertical de Escolas de Rio Tinto DT – Diretor de Turma

EB – Ensino Básico EF – Educação Física EP – Estagio Profissional

FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto FBP – Feedback Pedagógico

GD – Gincana Desportiva ME- Ministério da Educação

MEC – Modelo de Estrutura do Conhecimento NE – Núcleo de Estágio

NO – Normas Orientadoras NN – Normas Normativas OF – Orientadora da Faculdade PAA – Plano Anual de Atividades

PAAP – Plano de Aula de Apoio Pedagógico PAT – Plano Anula Temático

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XVIII PC – Professora Cooperante

PEAI – Projeto de Estudo de Ação-Investigação PEE – Projeto Educativo da Escola

PES – Prática de Ensino Supervisionada PFI – Projeto de Formação Individual PP – Prática Profissional

PN – Programa Nacional RE – Relatório de Estágio

RUC – Recrutamento da Unidade Curricular UC – Unidade Curricular

UD – Unidade Didática UP – Universidade do Porto UT – Unidade Temática

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XIX

Resumo

O Estágio Profissional é entendido como o ponto auge da formação académica e (re)construção da identidade profissional do professor de Educação Física.

O presente documento pretende ser um relato de toda a experiência vivenciada ao longe do Estágio Profissional realizado na Escola E/B 2,3 Rio Tinto – AVERT, tratando-se de um documento reflexivo acerca do meu desempenho enquanto estudante-estagiário. Assim, o processo reflexivo e de análise crítica realizado ao longo de todo o processo foi essencial no sentido de desenvolver uma maior consciencialização de todos os momentos, positivos ou negativos, e de aprender resolver os problemas vivenciados. A reflexão crítica acerca da realização da prática e da adequação do seu planeamento é aqui entendida como absolutamente nuclear no desenvolvimento de competências e capacidades profissionais, assim como na (re)construção de conhecimentos e saberes.

Com efeito, entendo ser importante que qualquer professor seja capaz de desenvolver um espírito crítico acerca da sua própria intervenção pedagógica, essencial para alcançar superiores patamares de competência, no âmbito da sua área de intervenção específica (EF).

Este relatório é assim uma narrativa construtiva e cuidadosa do meu percurso, no qual são abordadas diferentes áreas de intervenção, mais precisamente: a Área 1 - Enquadramento Biográfico (Organização e Gestão do ensino e da Aprendizagem), Área 2 - Enquadramento da Prática Profissional (Participação e Relações com a Comunidade) e Área 3 - Realização da Prática Profissional (Desenvolvimento Profissional).

No âmbito da Área 3 foi desenvolvido um Estudo de Ação Investigação, acerca da capacidade de retenção de informação por parte dos alunos aquando da abordagem da ginástica desportiva, e é apresentada a Ação Tutorial desenvolvida e integrada na Mediação Educativa.

PALAVRAS-CHAVE: SER PROFESSOR, ESTÁGIO PROFISSIONAL, EDUCAÇÃO

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XXI

Abstract

The Internship is understood as the pinnacle of academic training and (re) construction of the professional identity of the Physical Education teacher.

The present document intends to be a report of all the experiences lived

throughout the Internship in the school EB 2,3 Rio Tinto –Avert, in the form of a reflexive document about my performance as an Intern teacher- student. Thus, the process of reflection and critical analysis performed during the entire process was essential to develop a bigger awareness of all the moments, positive and negative, and to learn how to solve the problems that I faced. The critical reflection about the performance of the practice and suitability of its planning is understood as absolutely nuclear in the development of competences and professional abilities, as well as in the (re)construction of knowledge and expertise.

In fact, I regard as important that any teacher ought to be able to develop a critical spirit about their own pedagogical intervention, essential to the achievement of higher levels of competence within their area of specific intervention (PE).

This report is thus a constructive and careful narrative of my journey, in which different areas of intervention are addressed, namely: Area 1 – Biographic

Framework (Organization and Management of teaching and learning), Area 2 –

Framework of Professional Practice (Participation and Community relations),

Area 3 – Implementation of the Professional Practice (Professional

Development).

An action research study was developed within Area 3, on the students’ ability to retain information during the approach to gymnastics, and the Tutorial Action developed and integrated within the Educational Mediation is presented.

PALAVRAS-CHAVE: TEACHER, VOCATIONAL TRAINING, PHYSICAL EDUCATION,

(24)
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1

1. INTRODUÇÃO

Um Relatório de Estágio (RE) e as várias componentes que ele engloba, incluindo o enquadramento biográfico e da prática profissional, bem como a realização desta, constituem procedimentos comuns no âmbito da pedagogia educativa. O presente documento serve como um testemunho da realização da Unidade Curricular (UC) do Estágio Profissional (EP), do ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física (EF) nos Ensinos Básico e Secundário da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP).

O meu interesse crescente pela educação fez com que todos os dias procurasse contribuir com a melhor prestação possível nas aulas de EF por mim lecionadas, desde a sua conceção até à avaliação do ensino, o que sinto que me ajudou a desenvolver as minhas competências na prática pedagógica. Não obstante, a verdade é que, durante este processo, fui assaltado por inúmeras dúvidas e indecisões, que hoje entendo como um bem essencial, na medida em que me fizeram debruçar sobre diversos assuntos nesta área – enquadramento do planeamento anual com as necessidades da turma e os objetivos da escola, plano de aula orientado para o nível turma/alunos, os momentos de intervenção/feedbacks em momentos oportunos, entre outros.

Ao longo das páginas que se seguem, tomarei como tarefa fazer o relato da minha história, repleta de ambição e onde a preocupação de abarcar um leque de “saberes” científicos, estiveram presentes no meu processo de ensino-aprendizagem (desenvolvimento pessoal e profissional). De facto, “a experiência prática facilita e ajuda os estagiários na compreensão e apreensão dos

“Saber interpor-se constantemente entre si próprio e as coisas é o mais alto grau de sabedoria e prudência.”

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2

problemas da vida escolar, o que, por sua vez lhes facilita a inserção no meio profissional e na comunidade escolar” (Albuquerque, 2003, p.74).

Os efeitos possíveis da minha experiência como professor-estagiário durante este ano letivo, regularão certamente a minha cultura cognitiva, promovendo todos os dias, antes durante e após as aulas, uma organização mental, no âmbito de um raciocínio lógico e coerente.

No decurso da experiência letiva havida, senti como fundamental um entendimento holístico da ciência que subjaz a cada aula, para que, em cada momento de instrução, pudesse adaptar os conteúdos aos alunos que tinha ante mim.

A minha autoimagem é a de um professor ambicioso e exigente, fortemente motivado para o ensino e interessado em intervir proactivamente, ainda que com consciência de que numa fase inicial, as vozes dos principiantes não se fazem, por vezes, ouvir. Creio ter tido a capacidade de refletir todos os dias, a preocupação de chegar a casa e pensar que o dia de amanhã poderá ser sempre melhor que o dia anterior. Sei que errei algumas vezes, mas procurei entender o erro como fazendo parte do processo de crescimento, um “errar refletido”, ou seja, um “tropeçar, cair e por fim um levantar”. Entendo que o grande desafio de qualquer professor de EF não seja cair, mas sim a capacidade de se conseguir prever situações adversas, isto é, constrangimentos ao nível da requisição, utilização e do ajuste do material didático para a aula (quantitativo/qualitativo), UD (Unidades Didáticas) demasiadas curtas limitando as fases de exercitação e consolidação do conteúdos pedagógicos, reformulação e adaptações das progressões metodológicos, realização dos períodos de avaliação diagnóstica, formativa e sumativa, entre outros.

É minha convicção que as intenções e propósitos do ensino, bem como o modo como eles se operacionalizam, conjugam-se de forma sistemática em qualquer momento da planificação ou avaliação; e o erro não será exceção, também aqui: que ele contribua para um melhoramento gradual das minhas práticas docentes, de modo a que cada vez mais possa sentir-me cientificamente mais seguro e pedagogicamente mais justo, ainda que manifestamente diferente do convencional e/ou instituído – essa é a minha meta.

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3

Como é natural para todo este processo de formação académica e profissional, a ajuda da minha Orientadora da Faculdade (OF) como da Professora Cooperante (PC), foi sempre um bem essencial, pois ao longo de todas as minhas vivências na Escola Básica 2/3 de Rio Tinto – Avert (EB2/3RT-A) como na FADEUP, ajudaram-me cada vez mais a fortalecer a minha identidade profissional e a minha atividade de forma progressiva, em especial na forma de estar, de liderar e de conseguir integrar-me num meio social, cultural e educativo determinado.

Também por ter tido um apoio incondicional por parte de todos, desde a minha família até aos meus colegas de estágio – Núcleo de Estágio (NE), à PC e à OF, hoje reconheço que dei mais um passo importante para que futuramente seja um profissional competente e realizado. Todo este trabalho desenvolvido ao longo do EP, não se interpreta como uma fase terminal de um conjunto de tarefas, durante um determinado período experimental, mas sim o começo e a preparação de novos desafios que se avizinham, quando já que segundo as normas orientadoras do EP- FADEUP:

“O Estágio Profissional entende-se como um projeto de formação do estudante com a integração do conhecimento proposicional e prático necessário ao professor, numa interpretação atual da relação teoria prática e contextualizando o conhecimento no espaço escolar. O projeto de formação tem como objetivo a formação do professor profissional, promotor de um ensino de qualidade. Um professor reflexivo que analisa, reflete e sabe justificar o que faz em consonância com os critérios do profissionalismo docente e o conjunto das funções docentes entre as quais sobressaem funções letivas, de organização e

“O sucesso pessoal e educativo pode ficar «marcado» pela «história» do individuo, pelas experiências anteriores de realização bem ou mal sucedida, com implicações mo autoconceito que vai desenvolvendo e, por via disso, nas predisposições afetivas e motivacionais para aprender o que se lhe propõe e corresponder às expetativas sociais, a

que não escapa.”

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gestão, investigativas e de cooperação. A pluralidade e a natureza das funções docentes remetem para a noção de polivalência e alternância que permita um vaivém epistémico entre a teoria e a prática. Esta compreensão servirá de linha orientadora para a elaboração do Relatório de Estágio em que a investigação/reflexão/ação se assume como um caminho adequado”.

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5

2.

ENQUADRAMENTO BIOGRÁFICO

2.1 Autobiografia

O meu nome é Pedro Ismael Soares Gonçalves e nasci a 4 de Novembro de 1989. Apesar de nacionalidade portuguesa, nasci na Alemanha, na localidade de Dremmen – Heinsberg.

Foi numa aldeia, num pequeno jardim de casa, que dei os meus primeiros toques na bola. A pessoa a quem chamo pai, foi quem me apresentou algo que se viria a tornar crucial no decurso da minha vida: o Futebol! Todos os dias jogávamos, fosse no jardim ou dentro de casa, fizesse chuva ou sol. Desde então, tornou-se algo reiterado e sistemático, dando azo a que eu desenvolvesse aptidões físico-desportivas prementes para a prática desta modalidade. Teria pouco mais de três anos de idade, quando o meu pai me inscreveu no meu primeiro clube: era pequeno e irreverente, mas um grande sonhador e de imediato passei a “pequeno” jogador federado.

Era óbvio que não sabia as regras, mas a minha satisfação em dar toques numa bola em busca do golo, era tão especial e natural que me transmitia sensações que jamais esquecerei. Para mim, todos os dias eram dias de Futebol: andava sempre com a bola debaixo do braço e em busca de colegas para jogar. À medida que o tempo passava, o Futebol passava de uma brincadeira, para se tornar gradualmente algo de muito sério, para mim. Entretanto, com a vinda para Portugal, com sete anos, inscrevi-me noutro clube de Futebol – Ases S. Jorge.

Esta prática rapidamente se transformou num compromisso sério e, após cinco anos de formação naquele clube, fui convidado para ingressar numa das

melhores academias de formação de Portugal: a Vitória Sport Clube (V.S.C) –

Guimarães. Foram seis anos de pura “revelação”, sendo que o auge deste

“A experiência é uma condição essencial da competência, mas não uma condição suficiente”

(Siedentop e Eldar, 1989, cit. Siedentop, 2008, p.35)

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6

percurso aconteceu aos dezassete anos de idade, quando participei durante dois meses na equipa sénior do V.S.C, ao comando de Manuel Cajuda (o treinador com mais jogos nas ligas profissionais).

Não obstante, a minha vida não é só Futebol. Ao longo destes anos, a escola foi outra área a que me dediquei com afinco, num processo nem sempre de conciliação fácil com a atividade desportiva. Sempre fui motivado pelos meus pais no sentido de não deixar a escola, na medida em que acreditavam, como eu acredito, que a educação é a trave-mestra na vida de qualquer profissional. No ano em que concluí a Escola Secundária, só havia uma escolha para mim: a Universidade! E assim foi!

Esta opção correspondeu a uma tomada de decisão que ainda hoje vejo como sensata e lúcida. Optei por tirar a minha licenciatura no Instituto de Estudos Superiores de Fafe (IESF), mas não me sentia realizado. Ambicioso, queria algo distinto. Então, com a obtenção de uma boa média (16,49 valores) e novamente perante uma decisão importante para mim, optei por seguir para mestrado. Este só poderia ser numa instituição: a FADEUP! A melhor faculdade do país na área do Desporto.

Pratico Futebol e estudo na minha área preferida. “Respiro” desporto e preciso dele para viver. Neste momento, posso dizer que esta vida é dura, mas gratificante. Percorri meio mundo, conhecendo inúmeras realidades sobre o planeta desportivo. A minha opção de vida permite-me contactar e conviver com gente de todo mundo, conhecer muitas e diversas culturas. O que entendo ser muito benéfico para o meu crescimento enquanto pessoa.

A minha experiência e convivência como atleta e estudante foi uma mais-valia para o estágio, no qual esperava estar ao mais alto nível, respondendo de forma apropriada a todas das exigências e obstáculos que fosse encontrando. Tem sido um caminho longo, com sucesso e muita satisfação. Hoje sinto-me privilegiado em ter tido esta oportunidade, que encarei com a máxima seriedade, entusiasmo e dedicação.

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2.2 Expetativas iniciais relativas ao Estágio Profissional

No texto que se segue relatarei as minhas expectativas inicias acerca do ano letivo 2013/2014, assim como os sentimentos e os desejos de uma nova fase da minha vida.

Quando o estágio começou, o meu sentimento era sobretudo o seguinte:

finalmente conseguia chegar onde mais desejava – ao estágio. Chegava o

momento mais esperado do curso! Aquele em que todas as incertezas estavam presentes, mas com a hipótese de entender e alcançar as respostas.

Ao longo da vida de estudante, fui construindo os alicerces que marcaram e foram dando corpo ao meu perfil profissional – ser professor de EF. O ano de estágio foi um ano de mudança, isto é, de transição de aluno para docente. Seria um espaço e tempo para crescer como pessoa e como profissional, sendo fundamental, para isso, o debate e a troca de ideias constante entre todos os elementos do NE

A Escola EB 2/3 RT-AVERT foi o local do estágio. Ouvira comentários sobre o funcionamento da Escola e, apesar de esta ter sido a minha quinta opção, estava motivado para ano que se avizinhava. Naturalmente que um pouco preocupado com a forma como seria recebido por todo o pessoal docente e não docente. Ainda assim, sentia-me confiante, pois sentia que me adaptaria facilmente, se atento e com atitude para compreender este novo meio. Um “novo meio”, uma nova vida: um espaço, no qual também pretendia criar desde cedo um bom relacionamento com todos os membros da escola. Estava convicto que esta vivência me facultaria uma integração progressiva e plena na área da docência, nomeadamente através do desenvolvimento de atitudes e responsabilidades profissionais, isto é, desenvolvendo uma ação educativa na própria escola – a comunidade educativa.

“Ao educador consiste encorajar o pluralismo, improvisar, levar os educandos a beneficiar das diferenças e não a afastá-los delas.”

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8

Quanto aos educandos, esperava ser capaz de os mobilizar no sentido da cooperação, coesão e respeito na realização das aulas.

Ao longo dos dois anos de mestrado, fui adquirindo conhecimentos vários e desenvolvendo competências que creio essenciais para o exercício da profissão que tanto ambicionava. Na verdade, tinha chegado o momento de ser capaz de convocar todas estas aprendizagens para enfrentar os reais desafios e problemas da vida real do professor. Este processo foi-me facilitado pela orientação de pessoas com ampla experiência e com conhecimentos de excelência (Batista, Queirós, e Rolim, 2013), nomeadamente a OE e a PC.

Queria ser o melhor profissional possível no final do EP. Os ensinamentos das OE e PC aumentavam as minhas expetativas, no anseio de conseguir ser um docente ainda mais companheiro, colaborador e justo. Na realidade, qualquer estudante-estagiário (EE) entende que o/a seu/sua PC terá um perfil profissional multifacetado, conhecedor profundo da sua profissão, com capacidade de distinguir o que é o essencial e de intervir em situações adversas (Albuquerque, Graça, Januário, 2005). De fato, não tenho dúvidas que a PC foi um elemento basilar na minha formação.

Em relação ao NE que iria integrar, aguardava com entusiasmo alcançar uma relação sólida. Fora alertado para a necessidade de ter um bom grupo de trabalho. Sendo assim, foi fundamental desenvolver um espírito de amizade e colaboração entre todos, promovendo o respeito mútuo pelas diferenças individuais. Sabia que nos daríamos todos bem e que juntos conseguiríamos alcançar os objetivos pretendidos.

As minhas expetativas eram então chegar ao final do estágio e sentir-me autónomo e confiante na avaliação e no planeamento dos exercícios numa sala de aula, bem como ser capaz de adequar as minhas ações de acordo com as necessidades de cada aluno, face às exigências colocadas ao professor no desempenho das suas funções. Adicionalmente, face às diversas vertentes que um professor de EF deve integrar, desejava fortalecer as minhas capacidades sociais, profissionais e reflexivas (Cunha, 2008). Acresce a necessidade de, como todos os professores, ser capaz de não me limitar ao conjunto de conhecimentos específicos de uma determinada área do saber e de um conjunto

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9

de estratégias pedagógicas adequadas, no que se refere à transmissão destes mesmos conhecimentos (Cunha, 2008).

Naturalmente, esperava ser capaz de corresponder de forma positiva aos projetos que me fossem dirigidos. Relativamente às aulas e às restantes atividades que constituíam o plano anual (elaborado pelo conselho de disciplina de EF), ansiava por novas experiências. Concretizando, a estruturação e a realização de ações de formação, do Corta-mato Escolar, dos torneios interturmas, a formação e o acompanhamento de clubes desportivos (nomeadamente através do Desporto Escolar) fizeram parte deste tema.

Considero que o estágio é deveras importante, pois é aí que se conjugam diversos fatores a ter em conta na nossa formação e no nosso desenvolvimento, dado que é primeira vez que nos confrontamos com a realidade do mundo do trabalho, e onde podemos descobrir e ultrapassar as nossas dificuldades e as nossas fragilidades.

Nos dias de hoje, com a crescente consciencialização pela prática da atividade física e pela procura de uma melhoria na área da educação, as escolas tornaram-se uma “indústria” de grande relevância para a melhoria da qualidade de vida do cidadão. Deste modo, o EP era uma escolha óbvia, na medida em que me permitiria adquirir e desenvolver formas e ferramentas de trabalho, que me dariam competências para intervir não apenas na escola, mas igualmente noutras áreas.

Para isso, a FADEUP seria um alicerce muito robusto, na qual teria oportunidade de viver o estágio de forma comprometida e sempre com uma forte atitude de aprendizagem e empenhamento.

Queria concluir este ano de estágio com a sensação de que fiz tudo ao meu alcance, colocando “em prática” todos os ensinamentos adquiridos ao longo da minha longa formação e tornar-me, assim, num bom professor de EF.

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2.3. Estágio Profissional…Um caminho a percorrer

O EP é uma das áreas que integra o 2º ano do 2º Ciclo em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, completando, assim, um conjunto de tarefas essenciais na formação dos estudantes-estagiários.

É entendido como uma formação inicial para o futuro professor de EF, integrando uma dimensão formativa académica, constituída por conjunto de primeiras experiências de intervenção pedagógica, que se espera virem a marcar todo o seu percurso profissional (Albuquerque, Graça e Januário, 2005). Após o primeiro ano de mestrado, o momento tão aguardado por qualquer estudante universitário acontecia: o início do EP e, assim, uma nova oportunidade de desenvolver a minha identidade enquanto professor. Esta última fase na formação académica só poderia ser possível com a orientação e a

supervisão de especialistas na área – OF e a PC. Ambas interpretadas como

“indivíduos abertos, de contactos fáceis, humanos e flexíveis, agradáveis de trabalhar, cheios de recursos que colocariam à disposição dos professores e capazes a atribuir a estes um papel muito ativo na resolução dos problemas que, em conjunto se propõem a resolver” (Alarcão e Tavares 2003, p.73).

No desenvolvimento do EP teria em conta os seguintes princípios norteadores:

 Encarar uma aprendizagem contínua;

 O estimular e o facultar de processos de mudança, de inovação, e

desenvolvimento curricular;

 Marcar presença e assistir aos aspetos de desenvolvimento

organizativo da escola;

“ O interesse reside numa correspondência entre uma tendência ou uma necessidade, presente no sujeito, e o objeto ou comportamento que lhe corresponde.”

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11

 Conter uma análise e glorificar a articulação entre os conteúdos

académicos/ disciplinares com os da formação pedagógica e relação entre a teoria e a prática desportiva;

 Um forte vínculo entre a formação recebida pelo professor e a

educação que será imposta por ele no futuro;

 Valorizar a individualidade em todo o seu programa e criar

oportunidades de os professores questionarem as suas crenças e práticas educativas.

Tendo em consideração os princípios acima enunciados, o meu EP será analisado à luz de três áreas distintas e de acordo com as normas que regulam o próprio estágio (o seu desenvolvimento será aprofundado posteriormente):

 Área 1 – “Organização e Gestão do ensino e da Aprendizagem”;

 Área 2 – “Participação e Relações com a Comunidade”

 Área 3 – “Desenvolvimento Profissional”

A área 1 - Organização e Gestão do ensino e da Aprendizagem –,

englobou a conceção, o planeamento, a realização e a avaliação do ensino. Esta dimensão teve como propósito construir e estruturar a melhor estratégia possível de intervenção, sempre sob a orientação dos objetivos pedagógicos. Assim, todo o ensino da EF foi promovido e conduzido com a finalidade de impulsionar a melhor educação e formação dos alunos.

Da área 2 - Participação e Relações com a Comunidade – fizeram parte todas as atividades (não letivas) planeadas e realizadas ao longo do ano letivo 2013/2014, sob a minha tutoria como EE. Este conjunto de atividades permitiu uma melhor adaptação e acesso a toda a comunidade educativa. Foi uma área que realçou igualmente a capacidade de integração com os restantes corpos docentes e não docentes.

Era fundamental que imprimisse uma relação de proximidade no seio da comunidade educativa e da/o escola/meio. Ambas são dependentes uma da

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12

outra, convertendo-se numa mais-valia no acompanhamento do futuro professor de EF, tendo como objetivo a procura do melhor sucesso educativo.

A área 3 - Enquadramento Operacional – visou todas as atividades,

procedimentos e experiências na elaboração e aperfeiçoamento da minha

identidade profissional, tendo esta sido “perspetivada, promovida e

desenvolvida, ao longo de todo o ciclo profissional educativo” (Matos, 2013, p.3).

Foi perspetivando estas três grandes áreas que idealizei o meu EP. Parâmetros que desejei desenvolver durante o meu processo de formação, para assim me sentir capaz de dirigir todo o processo de ensino-aprendizagem, e de o viver de acordo com os interesses e necessidades dos alunos.

A análise dos princípios norteadores permitiu igualmente a sistematização de algumas ideias, a definição de objetivos orientadores para este ano letivo, servindo-me de guião na preparação e realização das tarefas a desenvolver durante o estágio profissional.

Assim sendo, um dos grandes objetivos do ano letivo 2013/2014 foi conseguir realizar todas as atividades a que me propus, chegando ao fim do ano com plena consciência de que fiz tudo o que podia, para atingir a realização pessoal, que passou por ter colocado em prática o projeto aqui apresentado.

Espero, desta forma, terminar o estágio com mais competência, conhecimentos, experiência e determinação nas minhas escolhas, carregando saudade dos momentos que vivi, das pessoas com quem me relacionei e claro dos meus alunos, colegas de estágio, professora cooperante e da minha orientadora que sempre me ajudaram em tudo.

A. Reunião de Abertura do ano de Estágio dos Estudantes - Estagiários

No dia da reunião da abertura do ano de estágio, a Professora Paula Batista (coordenadora do EP) teve a amabilidade de facultar, a todos os EE, os documentos referentes à calendarização das atividades de estágio profissional ano letivo 2013/2014, o documento de avaliação prática de ensino supervisionada, as normas orientadoras e o regulamento do EP do Ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de EF nos Ensinos Básico e

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Secundário da FADEUP, facilitando sem dúvida alguma o início de ano. A apresentação e discussão dos documentos e tarefas propostas na reunião de abertura do EP (FADEUP), obrigaram-me a uma atenção especial, pois seriam o “guião” de todo o EP.

Assim, antes de iniciar esta nova etapa, tornou-se evidente a importância de entender plenamente os princípios e os objetivos do EP. Aguardava, também, com expectativa conhecer os elementos do meu NE e a PC. Confesso que me senti radiante, pois era o começo de uma nova fase com novas obrigações e experiências.

Somente após ter sido apresentado à minha PC, a Professora Felismina

Pereira, e a toda comunidade educativa da EB 2/3 RT- AVERT –, tive

conhecimento de que a minha OE seria a Professora Luísa Estriga. Fui

preparado da melhor forma pela minha OE, de quem recebi

orientações/conselhos de como deveria agir na EB 2/3 RT-AVERT. Tomei igualmente conhecimento dos deveres para com a FADEUP, nomeadamente, a comparência semanal à faculdade, a apresentação do Projeto de Formação Individual (PFI), a apresentação do Projeto de Estudo de Ação-Investigação (PEAI) e a criação e consequente atualização do portefólio. A partir desse momento, senti que teria uma longa caminhada de sacrifício, de interesse e de verdadeira dedicação pessoal e profissional.

B. Apresentação na Escola Básica 2/3 Rio Tinto – AVERT

Em seguida, face a este sistema de organização, chegaria o meu primeiro dia como estudante-estagiário na comunidade educativa EB 2/3 RT-AVERT. Foi um primeiro impacto, um conjunto de várias impressões e desconfianças, sentindo-me até um pouco inseguro. No entanto, com o apoio da minha PC, conheci as instalações da escola, fui apresentado à maioria dos docentes dos diferentes departamentos e ao corpo não docente – os funcionários. Procurava uma integração célere e saudável. Contudo, era importante perceber desde cedo se se tratava de um clima fechado (autoritário) ou aberto (consultivo) entre os professores, das várias áreas/departamentos específicas de ensino

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(departamento de expressões, línguas, entre outros). Isto, porque ambicionava ser capaz de criar o meu espaço de interação e de afirmação, procurando integrar-me o mais rapidamente possível. De salientar, no entanto, que em momento algum ponderei intervir num espaço que não o meu.

Penso ser necessário entender bem os papéis de cada elemento na Escola e no meu NE, assim como a liberdade e os limites de cada um. De fato, é consensual que a nossa liberdade termina quando a do outro começa. Cada

professor deve adotar “comportamentos convergentes e reprodutivos da ordem

prescritiva, condutas fiéis às estruturas e “regras formais”, enfim, um quadro de valores, de crenças, de ideologias estabilizadas e coletivamente partilhadas pelos atores escolares” (Torres, L, 2005 p.446).

Neste início de EP, a PC apresentou e discutiu com o NE os seguintes documentos: os regulamentos da escola e do aluno, e de afazeres para o ano letivo que se seguia: o Plano anual de atividades por parte do grupo disciplinar de EF, o Plano de aulas previstas para EF, o Plano anual de atividades da turma, as linhas orientadores para as aulas de EF, a listagem dos alunos da respetiva turma, o mapa de observações entre todos os elementos do NE, o Modelo de Estrutura de Conhecimento (MEC), a planificação da aula de apresentação de EF, a entrega dos planos e reflexões das aulas de EF, a entrega das avaliações diagnóstico e sumativas das respetivas modalidades, o inventário do material, a elaboração das fichas individuais dos alunos, a recolha de dados sobre os alunos no ano anterior, o acompanhamento de direção de turma, a criação e acompanhamento de clubes desportivos na escola, etc.

A análise dos documentos referidos possibilitou, na fase preparatória do ano letivo, ultrapassar eventuais dificuldades, nomeadamente na fase da conceção e do planeamento anual.

C. A minha primeira aula como Professor - Estagiário

Antes de ter lecionado a primeira aula do novo ano letivo de 2013-2014, reconheço que a ansiedade e algum nervosismo me invadiam. Este conjunto de sensações e impressões nasceu no instante em que tive conhecimento que o

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ano de escolaridade que me seria atribuído era o do 7º ano, em concreto a turma G.

Surgiram, então, dúvidas em relação ao tipo de alunos que iria encontrar e de que forma teria de lidar com eles. As preocupações latentes até ao início da primeira aula a lecionar eram concernentes à média de idades da turma (12.4 anos) e ao baixo grau de maturidade típico deste escalão etário, e eventual défice de atenção, responsabilidade e autonomia. Antes do início do novo ano letivo, fui-me inteirando das características individuais de cada aluno através da documentação fornecida pela Diretora de Turma (DT) relativa aos anos anteriores, bem como das informações diversas obtidas na primeira reunião intercalar da Turma G do 7º Ano.

Após a fase da conceção e do planeamento, chegou o verdadeiro momento: a primeira aula de EF. A preocupação de transmitir a informação aos alunos, nomeadamente, o regulamento interno da escola, o regulamento das aulas de EF, o plano anual de atividades e a tipologia da avaliação. Naturalmente, que toda esta informação foi preparada nas semanas anteriores ao início das aulas, para que não surgisse qualquer imprevisto. É um

procedimento essencial, visto que “a existência do tempo e do espaço para

pensar, analisar, produzir, construir e (re)construir o pensamento, o conhecimento e as conceções é realmente curial (Paula, B. & Queirós, P. 2013,

p.35)”. Adicionalmente, era necessário apresentar-me com uma

imagem/presença positiva e firme aos alunos.

Após a lecionação da aula, ao refletir sobre a mesma, percebi que a apresentação das regras de conduta, as modalidades que seriam abordadas nos três períodos e a terminologia da avaliação, decorreu facilmente. Tal contrariou todo o alvoroço que me havia sido exposto por antigos colegas de estágio, no que se refere a este primeiro momento com a turma.

Uma das minhas preocupações era de ser o mais claro e transparente com os alunos: e consegui. Em particular, consegui introduzir as regras de conduta, para dentro e fora do principal recinto desportivo (espaço dos balneários, cacifos, entrada e saída dos corredores). Era fundamental que os alunos compreendessem que só com um bom funcionamento entre todas as

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condicionantes - professor, aluno, material para a aula, espaço - seria possível desenvolver um bom processo de ensino-aprendizagem.

Estas indagações não eram despicientes se se tiver em conta o panorama de indisciplina que se conhece. Com efeito, o trabalho elaborado por João Lopes, publicado nos Jornais Público e Expresso (2014), é elucidativo. Mais de oito em cada dez professores (84%), independentemente da sua área de especialização, consideram que a indisciplina aumentou nos últimos cinco anos. As atitudes perturbadoras foram apontadas como o principal motivo de interrupção das aulas: um em cada quatro docentes (23%) perde 10% do tempo a resolver problemas de indisciplina; outros 314 professores disseram que gastam entre 20 a 30% da aula; e 6% ficam com menos de metade do tempo para expor a matéria. Por último, sete professores admitiram mesmo que perdiam entre 80 a 90% da aula com o mau comportamento dos seus alunos.

A maioria dos alunos da turma que me foi atribuída não tinha conhecimento algum dos regulamentos do estatuto do aluno e da escola. Isto foi algo com que me deparei logo no primeiro encontro com os “meus” alunos. Por conseguinte, era fundamental transmitir na primeira aula as principais ideias sobre a temática, visto que com o período de férias de verão que os alunos tiveram (cerca de 3 meses), a maioria deles já não se lembrava da maioria das informações/regras da escola e da disciplina de EF.

Também na primeira aula apresentei as modalidades que iria lecionar, bem como os parâmetros de avaliação nos diferentes domínios (Cognitivo, Sócio Afetivo e Psicomotor), em conformidade com o respetivo período do ano letivo e com base no Programa Nacional (PN) de 3º Ciclo. A maioria dos alunos entendia que a EF se definia por ser, exclusivamente, uma modalidade de carácter físico, quando esta engloba também outras subcategorias, como: cooperação, entreajuda, afetividade, responsabilidade, autonomia, competição e o saber teórico. Assim, dando seguimento ao que foi referido anteriormente, foi necessário informar e esclarecer aos alunos, acerca dos conteúdos a abordar ao longo do ano letivo e de como seriam avaliados relativamente aos diferentes parâmetros.

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Os alunos demonstraram grande motivação no que respeita às modalidades que seriam desenvolvidas, demonstrando total disponibilidade e interesse pelos assuntos abordados na primeira aula.

Figura 1: Aula de Educação Física do 7ºG

Após concluir a minha primeira aula como EE de EF, a de apresentação, posso afirmar que não poderia ter corrido melhor, dentro das perfeitas condições, sem se terem registado quaisquer problemas. Essa era uma das minhas preocupações, a de conseguir realizar tudo o que estava planeado. Senti-me muito satisfeito!

O cumprimento dos meus deveres aula após aula, foi um dos princípios convencionados por mim, sendo que a partir desta aula, procurei sempre subir a minha “fasquia”, enquanto regulador e proporcionador do melhor processo de ensino-aprendizagem na EB 2/3 RT-AVERT.

“ A eficácia pedagógica esta intimamente relacionada com o contexto de ensino, com os objetivos de aprendizagem, o conteúdo programático, o grau de ensino, a idade e caraterísticas dos alunos, o nível socioeconómico dos alunos…”

(Berliner & Tikunolf, 1976; Brophy & Evertson, 1976;Good & Grouws, 1977; Stallings, 1979; McDonald, 1976, cit. por Costa, F, 1995, p.7)

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Figura 2: A eficácia pedagógica

2.4. Ser Professor de Educação Física

Há um lado evidente neste ciclo de formação académico: a vontade de ser um professor de EF!

Todo o professor de EF tem um papel curial na condução da aprendizagem, atuando como orientador, avaliador e promotor da aprendizagem dos alunos, pois a sua função converte-se, acima de tudo, na função de educar, não se limitando a ser um mero instrutor ou expositor de conteúdos (Cardoso e Rama 1999).

Revelamos desejos, quereres e vontades de conquistar algo que, na maioria das vezes, já foi conquistado por outros. É através desses exemplos que estabelecemos contactos, vivências e alternativas que nos fazem ponderar, de tudo em todo, quem queremos ser num futuro próximo. Quando me encontrava

na fase pré-púbere escutei muitas vezes uma pergunta muito comum: “Quando

fores grande o que queres ser?” Queremos ser tudo e mais alguma coisa. É uma

“Uma vida de intenso relacionamento com os outros constitui um extenso rosário de aprendizagem. Quem quiser – e souber! – Aprende com tudo e com todos”

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história de compreensões e perceções sucessivas, onde a sugestão passa por seguir o encalço dos nossos pais, sendo eles até ao momento a razão do nosso estar e ser.

Todos nós somos “servos” de um berço construído à nascença, onde tive a sorte de conhecer a vertente desportiva. Ao longo de todo o meu ciclo de vida, apreendi inúmeros modelos de aprendizagem, obrigando-me por satisfação a procurar sempre o que queria. É natural que o meio onde cresci e me desenvolvi me tenha influenciado na escolha pela área da EF. Agora, sinto que chegou o momento de ser também um educador de EF, transmitindo os conhecimentos que fui adquirindo ao longo de todos estes anos de formação desportiva.

Com a minha formação académica, nomeadamente através do EP, aprendi que a EF pode e deve ser vista de vários formas, num processo de desenvolvimento e de acompanhamento de novos “saberes” físicos e mentais. Desta forma, acredito que esta experiência criou a base para a (re)construção de um educador competente, conhecedor e apetrechado de novos conhecimentos para o desempenho de uma profissão: professor de EF. Sempre existiu em mim um espírito de determinação, uma vontade de agitar a missão da EF. Como refere Mesquita (2003), a sua importância não se circunscreve ao domínio das aquisições físicas e motoras, prolongando-se necessariamente nas questões éticas, afetivas e sociais prevalecentes em contextos de prática caraterizados pela diversidade e pluralidade de vivências pessoais e sociais, tanto por parte de quem ensina como de quem aprende.

Será honesto dizer que cada professor possui as suas próprias caraterísticas, que resultam das suas vivências e aprendizagens, tendo como finalidade trajar o seu leque de conhecimentos, como também a perceção das suas próprias limitações. Resumidamente, as qualidades, a personalidade de um professor, revertem exclusivamente para a responsabilidade que necessita deter no exercício da sua profissão, quando se direciona para os principais intervenientes: os alunos.

Na perspetiva de Araújo (2011), qualquer profissional da área de ensino deve conseguir desempenhar de forma rigorosa as funções de Líder, Professor, Organizador/planificador, Motivador, Guia/conselheiro, Disciplinador, integrando

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20

sempre com a máxima qualidade o Saber/conhecimento, a Habilidade para ensinar, o trabalho em equipa e, por último, a preocupação de criar e manter um clima de sucesso nas aulas de EF.

Durante o meu período de formação académica, vários temas eram debatidos nas salas de aula, embora um deles recebesse nota de destaque: a nossa competência de transitar do processo de formação para o mundo profissional. Por conseguinte, capacidade de nos adaptarmos às diversidades que surjam nos anos que se seguem é uma das maiores preocupações enquanto estudante-estagiário. Nunca poderei afirmar que existe uma instituição certa, adequada ao meio perfil. As instituições de ensino superior estão encarregadas da formação humana e profissional, embora não tenham mais certezas sobre a formação do homem certo para o lugar certo (Nascimento, 2000).

Os profissionais na área da EF atravessam cada vez mais momentos de adaptação. O trabalho tende a ser escasso e, na maioria das vezes, não se adequa às competências que inicialmente foram adquiridas nos seus anos de formação. Tudo se resume à competência em dar resposta às exigências que são impostas pelas novas instituições, sempre com o intuito de nos mantermos na área da EF. Ou seja, a formação dos profissionais em função das circunstâncias atuais deve ser direcionada para um desenvolvimento da profissionalidade com vastas perspetivas, mas sempre tendo em atenção a sua formação/especialidade inicial (Bento, 1993).

É neste contexto que a EF se converte numa modalidade específica na área do ensino tendo, por si só, caraterísticas invioláveis.

“É o professor o condutor do processo de ensino e aprendizagem. É a ele que compete criar as condições para que se efetive a apropriação do conhecimento e de desenvolvimento de competências para a vida por parte dos alunos. Cabe ao professor

decidir e aplicar as técnicas e processos que considere mais eficazes, com mais consistência e com mais durabilidade.

Na verdade, não é possível ensinar o que não sabe”

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21

Com base no PN de EF do EB do 3º ciclo (2001), o professor de EF deve ter em conta os seguintes aspetos:

 Melhorar a aptidão física, elevando as capacidades físicas de modo

harmonioso e adequado às necessidades de desenvolvimento do aluno;

 Promover a aprendizagem de conhecimentos relativos aos processos de

elevação e manutenção das capacidades físicas;

 Assegurar a aprendizagem de um conjunto de matérias representativas

das diferentes atividades físicas, promovendo o desenvolvimento multilateral e harmonioso do aluno, através da prática de:

a) Atividades físicas desportivas nas suas dimensões técnica, tática, regulamentar e organizativa;

b) Atividades físicas expressivas (danças), nas suas dimensões técnica, de composição e interpretação;

c) Atividades físicas de exploração da Natureza, nas suas dimensões técnica, organizativa e ecológica;

d) Jogos tradicionais e populares.

 Promover o gosto pela prática regular das atividades físicas e assegurar

a compreensão da sua importância como fator de saúde e componente da cultura, na dimensão individual e social;

 Promover a formação de hábitos, atitudes e conhecimentos relativos à

interpretação e participação nas estruturas sociais, no seio dos quais se desenvolvem as atividades físicas, valorizando:

a) A iniciativa e a responsabilidade pessoal, a cooperação e a solidariedade;

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c) A higiene e a segurança pessoal e coletiva;

d) A consciência cívica na preservação de condições de realização das atividades físicas, em especial da qualidade do ambiente.

O Programa de EF é um elemento primordial na estruturação de competências de um profissional, no qual se encontra uma panóplia de conhecimentos, de habilidades e atitudes necessárias à sua atuação. Assim sendo, é plausível que o professor deva ter um amplo conhecimento da realidade que o rodeia em diferentes níveis, nomeadamente social, económico e cultural. Deverá igualmente dominar as matérias/conteúdos que abarcam o plano anual de atividades. Além destas dimensões, fundamentais para um desenvolvimento pedagógico de sucesso, é necessário atender aos comportamentos de respeito (condescendência, meditação) e de aceitação (crença, idioma, origem) perante toda a comunidade educativa (Nascimento, 2000).

Um sentimento que mantenho e que desejo viver sempre nas minhas aulas de EF, é a proximidade à infância e à adolescência, mesmo se essa fase ficou lá atrás…

Ontem, hoje e sempre!

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23

3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

3.1. Caraterização do Agrupamento Vertical de Rio Tinto – Comunidade Educativa

O meu estágio profissional teve lugar na escola EB 2,3 de RT-AVERT, sede do Agrupamento Vertical de Escolas de Rio Tinto (AVERT). O agrupamento é constituído por onze escolas, seis do 1º Ciclo e quatro jardins-de-infância. Situa-se no centro da cidade de Rio Tinto e é considerada uma escola de referência para a população local, tendo sido a primeira escola a ser construída na cidade (inaugurada em 1986). Na atualidade, a escola EB 2,3 de RT-AVERT possui turmas desde o 5º ano até ao 9º ano, tendo 910 alunos.

Com o passar dos anos e talvez por falta de ações de manutenção/recuperação as instalações, a escola foi-se degradando de forma muito acentuada. Assim, foi submetido um pedido de apoio ao Ministério da Educação (ME) para recuperação das instalações. O plano de intervenção foi estabelecido em duas fases, numa primeira fase foram realizadas obras de melhoramento no edifício principal da escola, salas de aula, refeitório, portaria, secretaria, direção executiva, reprografia e nos gabinetes particulares.

No presente ano estavam previstas obras de melhoramento no pavilhão desportivo e nos espaços exteriores (segunda fase), incluindo a reparação dos equipamentos desportivos. Tendo sido estabelecido que as obras teriam início no terceiro período, foi necessário reajustar todo o planeamento das aulas de EF.

“A educação é hoje unanimemente considerada um dos principais veículos de socialização e de promoção do desenvolvimento individual. Inserindo-se num contexto histórico, social e cultural mais amplo, os sistemas educativos acabam por ilustrar os valores que orientam a sociedade e que esta quer transmitir”

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No que diz respeito à área específica de EF, o grupo disciplinar era constituído por oito professores, quatro do sexo feminino e quatro do sexo masculino, ao que se juntaram quatro EE, dois do sexo masculino e dois do sexo feminino, originários da FADEUP.

As aulas de EF desenvolveram-se dentro do ginásio e no campo exterior (embora com marcações de campo pouco visíveis e falta de balizas ou cestos para a prática de algumas modalidades). Acresce, ainda, que os balneários não apresentavam as melhores condições. Por exemplo, havia escassez de água, os maus odores constantes e diversos materiais muito degradados (bancos, chuveiros, portas, entre outros). Assim, apesar do banho ser vivamente recomendado pelos professores de EF, a maioria dos alunos não tomava bando, justificando-se com a falta de condições adequadas.

Uma outra dificuldade decorria da falta de espaço no pavilhão desportivo, em particular quando o pavilhão era partilhado por três turmas em simultâneo, dado que este apenas media (colocar medida do pavilhão). Estes problemas agravavam-se aquando da lecionação das mesmas modalidades, por turmas distintas e no mesmo horário, por limitações de material e equipamentos específicos. Assim, foi necessário proceder à elaboração de um documento (Ocupação do Espaço) relativo à distribuição de turmas/professor por tempo letivo.

A professora Felismina Pereira teve um papel decisivo nesta fase, no apoio, na preparação e na adaptação a todos estes constrangimentos para a lecionação das aulas de EF da turma 7ºG.

3.2. Caraterização da Turma G do 7º ano de escolaridade

Por forma a melhor conhecer a turma que me tinha sido atribuída, procedi à elaboração e aplicação de um questionário para o efeito. O questionário foi

“Para alcançar o que se propõe, toda a ação educativa tem de satisfazer uma primeira condição: estar em conformidade com a realidade humana”

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aplicado no primeiro dia de aulas. Complementarmente, procedi à recolha de outras informações no sentido de aprofundar as características individuais e da turma em geral. Neste aspeto em particular, solicitei a colaboração da diretora da turma, que me facultou informações várias relativas ao ano letivo anterior.

O questionário elaborado era constituído pelos seguintes categorias: 1- Identificação do aluno, 2- Encarregado de Educação, 3- Agregado Familiar, 4- Dados Médicos, 5- Dados Escolares, 6- Dados sobre a Educação Física e por último, 7- Dados sobre a Situação Desportiva. A turma G do 7º ano era constituída por 24 elementos, com idades compreendidas entre os 11 e 16 anos (5 alunos com 11 anos, 11 alunos com 12 anos, 4 alunos com 13 anos, 2 alunos com 14 anos e 2 alunos com 16 anos) (Quadro 1).

Quadro 1: Número total de alunos da turma 7ºG

Idade dos Alunos

TOTAL

11 12 13 14 15 16

Nº de

Alunos 5 11 4 2 0 2 24

Com base nos dados obtidos, verifiquei que apenas cerca de quinze em vinte e seis alunos nunca tinha ficado retido em qualquer um dos ciclos. Por outro lado, sendo a média de idades de 13 anos, valor acima do normal para o ano de escolaridade em causa, antevia. Em termos gerais, os alunos apresentavam uma elevada taxa de reprovações entre o 1º ano e 7º ano (cerca de 8 alunos). O fato de existirem várias retenções em anos anteriores, por si só fazia antever dificuldades de aprendizagem e, eventualmente, falta de empenho por parte dos alunos. Deste modo, foi decidido em conselho de turma que, caso um aluno apresentasse em qualquer disciplina um nível inferior a 3 (cerca de 14 alunos), seria alvo de medidas pedagógicas já estabelecidas pela escola, nomeadamente a sua inclusão no PAAP (aulas de apoio pedagógico acrescido – 14 alunos - e da ação tutorial – 19 alunos).

Contudo, apesar das elevadas taxas de reprovação verificadas em anos anteriores, a turma em causa não parecia ser problemática do ponto de vista

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disciplinar, uma vez que somente três haviam sido alvo de processos disciplinares no ano anterior.

Para que entendesse os comportamentos e as atitudes dos alunos, de um modo mais esclarecedor, recorri ao dossier individual de todos, disponibilizados pela DT.

Após a consulta dos dossiês e análise dos resultados do questionário, referentes ao comportamento/atitudes dos alunos, entendeu-se que a turma no geral era responsável e o ambiente entre todos os alunos, como com os professores das respetivas áreas específicas, era de caráter sociável. Não procuravam conflitos na sala de aula, mas a falta de interesse, no que se referia à participação e empenho em todas as tarefas solicitadas, não era positivo. Assim sendo, a falta de capacidade de concentração por parte dos meus alunos, em vários momentos da aula, seria o comportamento mais declarado e negativo, a ter em conta nas aulas EF.

Analisei também a constituição do agregado familiar, tendo observado que a maioria vivia com ambos os pais (16 alunos) e sete vivia apenas com o pai. Existia ainda um aluno que não vivia com qualquer um dos progenitores, e tendo em conta informações facultadas pela DT, entendi que este aluno iria exigir da minha parte uma atenção especial e eventualmente um acompanhamento mais personalizado.

Apesar das várias divergências existentes no seio do agregado familiar, constatei uma forte comparência dos seus pais nas reuniões escolares.

Ao nível do tempo de estudo relatado por cada aluno, concluí que os índices de estudo eram bastante positivos. A maioria deles (17 alunos) referiu estudar diariamente a matéria que é lecionada nas aulas. Porém, entre os restantes nove alunos, só três demonstravam interesse em se preparar para as aulas seguintes, ou até mesmo para as fichas de avaliação que se seguiam. Por último, seis alunos raramente estudavam ou não se interessavam em preparar-se para as aulas relativamente a qualquer tipo de conteúdo teórico/prático lecionado.

Admitindo que o nível de desempenho obtido por cada aluno ao longo da sua carreira escolar é em parte explicado pelo empenho e dedicação às tarefas

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escolares, quer seja no contexto de sala de aula, quer seja em casa, o fato de existirem cerca metade dos alunos a afirmar que só às “vezes” tinha algum interesse em participar e colocar as dúvidas nas aulas deixou-me algo apreensivo.

Uma das intenções na caracterização da turma era ter elementos quanto aos estilos de vida. Com efeito, os estilos de vida são cada vez mais sedentários, devido aos problemas relacionados com o tráfego, à insegurança, à ausência de tempo dos progenitores, ao espaço disponível para a prática desportiva, à escassez de equipamentos lúdicos adequados às necessidades das crianças e, principalmente, pela ausência de consciência sobre os benefícios que a atividade física constitui. Todos estes constrangimentos poderiam interferir diretamente nas aulas de EF, principalmente no desempenho do aluno, criando desde a primeira aula várias limitações ao processo de aprendizagem.

Outro fato a ter em conta nesta fase da caraterização da turma 7ºG, era saber da existência ou não de algum problema de saúde, para assim tomar as devidas precauções nas aulas de EF. Num total de 26 alunos, somente três alunos apresentavam problemas de saúde, nomeadamente alergia à gema de ovo e leite de vaca (2 alunos) e hiperatividade com défice de atenção (1 aluno). Daqui concluí que os problemas de saúde relatados não implicavam qualquer tratamento especial no contexto das aulas de EF.

Ainda assim, nos momentos da planificação das aulas de EF, tive em conta estes resultados, para que no decorrer das mesmas não surgissem contratempos, quando eles poderiam ser evitados. Apesar de alguns alunos terem problemas de saúde, no geral, nenhum deles necessitava de quaisquer cuidados especiais no seu acompanhamento educativo/aprendizagem.

Considerando que um dos objetivos da EF é a promoção do bem-estar e qualidade de vida dos alunos de qualquer escola, Nahas (2010) sustenta que nesta se deve criar uma relação harmoniosa entre as componentes mentais, físicas, espirituais e emocionais de qualquer aluno. Ou seja, é essencial promover a saúde com vista à prevenção de doenças: a nível da aptidão cardiorrespiratória, flexibilidade, força e resistência muscular.

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