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Processo de ensino-aprendizagem Tarefas de Gestão, Transição,

4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

4.3. Realização

4.3.1. Processo de ensino-aprendizagem Tarefas de Gestão, Transição,

Ensinar é uma tarefa específica, é intencional: o que não é ensinado não é aprendido.

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Quanto a este ponto, no que se refere aos diferentes momentos de comando e de intervenção nas aulas de EF, confesso que no início do ano letivo tive dificuldades em lidar com esta situação, nomeadamente nas primeiras aulas.

“Após lecionar a minha primeira aula neste novo ano letivo, vivi verdadeiramente um sentimento de dúvida, de ansiedade e de algum nervosismo, por começar esta minha nova etapa. A preocupação de transmitir a informação para os alunos, tendo sido preparada antecipadamente nas semanas anteriores, bem como o cuidado de demonstrar uma imagem/presença positiva e firme aos alunos...” (Excerto da reflexão da aula nº1, de 19 de setembro).

No entanto, senti que teria de mudar e ultrapassar este obstáculo e que só com inúmeras vivências e reflexões, isto seria possível alterar. Assim, fui corrigindo e tornando-me mais capaz, confiante, organizado durante as aulas seguintes, pois quando se trata de um grupo de jovens completamente novo, e sobretudo nesta minha primeira fase como profissional da educação, a minha ideia só passava por ensinar-lhes algo. Em função das minhas experiências académicas aquando do primeiro ano de mestrado nas diferentes didáticas, optei por uma atitude rígida e equilibrada, de modo a que no futuro não sofresse qualquer dissabor por parte dos meus alunos.

Adicionalmente, para que o ensino fosse transmitido o mais naturalmente possível, era necessário que a planificação da aula tivesse uma organização clara e coesa. Acresce que nos diferentes momentos da aula, o professor deverá ser capaz de utilizar e jogar com as diferentes tarefas de organização/estrutura

(Gestão, Transição, Instrução e Reflexão), enquadrando todos os momentos da

aula com as necessidades da turma, aquando da realização dos exercícios, maximizando assim o tempo de aula e o aproveitamento dos alunos. Nestes momentos, foi fundamental tornar o processo organizado e acessível, para que os alunos entendessem realmente a importância da mensagem transmitida.

Em relação às Tarefas de Gestão e às Tarefas de Transição, na construção dos exercícios, procurei adotar uma linha orientadora, de pouca variabilidade, com o intuito de promover a fácil compreensão dos conhecimentos. Entretanto, os aspetos psicossociais foram estimulados desde

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cedo, criando diversas situações de cooperação, entreajuda, espírito de equipa, criatividade, etc.

“É importante criar um processo lógico e progressivo, para que os alunos consigam diferenciar cada batimento e adapta-lo em função de cada momento do jogo (…) para que possam reter o máximo possível todos os critérios de êxitos de cada batimento. Só a procura de uma exercitação sistemática dos aspetos técnicos, poderá levar à melhor perfeição técnica de cada aluno” (Excerto da reflexão da aula nº30 e 31, de 28 de novembro).

Tudo isto permitiu uma melhor transição entre os exercícios e o tempo potencial de aprendizagem, aumentando assim o tempo empenhamento motor.

“Penso que pela forma como organizei a aula, ao delimitar desde logo os espaços de desenvolvimento dos exercícios e os espaços em que cada um dos grupos ia trabalhar, consegui, dentro do possível, evitar confusões e consequentemente aumentar o tempo de empenhamento motor e o tempo potencial de aprendizagem dos alunos.

Procurei também estar sempre bem colocado, de modo a conseguir visualizar perfeitamente os grupos de alunos e assim conseguir intervir sempre que necessário, pois, este era um dos aspetos que necessitava de melhorar. Senti necessidade de parar algumas vezes a aula, devido ao fato dos alunos continuarem a evidenciar erros nos elementos técnicos (…)” (Excerto da reflexão da aula nº11 e 12, de 11 de outubro).

Como é natural, só conseguiria chegar a esta conclusão ao longo do tempo. Nem todos os alunos obtêm o mesmo ritmo de aprendizagem, pois uns aprendem mais rápido e com maior facilidade, enquanto outros se deparam com uma maior dificuldade em aprender e a realizar as tarefas propostas.

“(…) nas próximas aulas, o importante é instruir de forma clara e simples antes de realizarem um novo exercício. Assim, devido ao tempo de transição entre o feedback de instrução e o início da atividade motora ser curto, o aluno tem muito mais capacidade de reter essa informação” (Excerto da reflexão da aula nº10, de 10 de outubro).

As Tarefas de reflexão eram encaradas muito seriamente. Era, sem dúvida, urgente parar para refletir, sob pena de me deixar arrastar pela vaga de

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hesitações e pelo “sentimento de não querer errar”, durante o meu período de lecionação.

“ (…) todos os momentos de reflexão com a Professora Cooperante, após a lecionação de cada aula de Educação Física, ajudaram-me a perceber e a resolver intervenções ou situações menos apropriadas para o processo de aprendizagem, antes de terminado (…)” (Excerto da reflexão da aula nº34, de 22 de Novembro).

Na qualidade de professor, com todos os riscos e incertezas que a missão de ajudar os alunos a crescer nos coloca, era indispensável preservar na turma e em cada aula, as suas identidades e dar continuidade pedagógica robusta, ao longo do ano letivo. Prepará-los para a vida difícil que o futuro provavelmente lhes trará, era outro incentivo relevante nesta minha posição, enquanto professor reflexivo.

Deste modo, durante e após as aulas de EF, tentei analisar todo o processo de aprendizagem colocado até ao momento, com o objetivo de promover uma capacidade de previsão, deteção e superação dos incidentes que surgissem ao longo da aula. Com efeito, é natural que o professor de EF se encontre num “Mundo” de imprevistos, sendo necessário uma bagagem de “utensílios/conhecimentos”, necessários para a melhor adaptação possível, evitando prejudicar o processo lógico e sequencial de aprendizagem, a que o aluno se encontra sujeito.

Assim, entende-se que o processo reflexivo ajuda a fundar, a melhorar e a clarificar novos e os atuais métodos de ensino, nas aulas que se seguem, tais como: Encaminhar o praticante para o objetivo da tarefa; conciliar a informação numa sequência lógica; expor modelos corretos e incorretos; particularizar a apresentação, refletir matérias difíceis de compreender; recorrer a manifestações pessoais dos atletas” (Rosado e Mesquita, 2011).

No entanto, é fundamental referir que todo este processo pessoal teve o auxílio da PC. Após cada aula eu, enquanto EE, e a Professora Felismina Pereira como PC, refletíamos sobre as minhas prestações e respetivo desenvolvimento. Entretanto, o ciclo de formação académica ajudou-me a entender que durante este ano letivo, teria de ter o cuidado de analisar e fortalecer dia após dia os

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parâmetros que interferissem diretamente no meu desempenho,

designadamente: as estratégias utilizadas e a forma como lidava com os problemas disciplinares; a postura adotada nas aulas; o clima de aprendizagem que estabelecia com os alunos e a gestão e resolução de problemas criados pelos alunos; se adotava estratégias que concediam aos alunos um tempo de atividade similar entre eles; se o tempo estabelecido de prática era suficiente para cada um dos alunos, de modo a que pudessem exercitar o conteúdo pretendido e se ainda recebiam feedbacks necessários; as estratégias adotadas para organizar a turma, quer durante a explicação e demonstração dos exercícios quer noutros momentos da aula (inicio da aula, arrumação do material, fim da aula…); se os feedbacks emitidos tinham informação suficiente e se o ciclo de feedbacks era cumprido; as estratégias de comunicação durante o processo de instrução, e de interação e questionamento dos alunos durante o fornecimento de informações ao longo dos exercícios; as estratégias de transição dos exercícios e colocação do material para a realização dos mesmos; a escolha dos momentos de instrução bem como o seu tipo e forma, e também, a organização dos exercícios e sua adequação aos objetivos definidos para a aula (Plano de observações 1º, 2º e 3º Períodos, 2014).

“(…) devido à falta de matéria, o meu plano de aula teve de ser alterado, com o objetivo de rentabilizar o máximo possível o tempo de aula e o tempo potencial de aprendizagem de cada aluno” (Excerto da reflexão da aula nº16, de 24 de outubro).

“O meu tempo de participação e de supervisão do desempenho dos alunos, durante o momento de jogo tem evoluído. Isto, porque concentrava a minha atenção em outras tarefas menos importantes. Assim, todo este meu comportamento promovia uma retenção de erros por parte dos alunos no momento de jogo, sem que houvesse alguém que os corrigisse” (Excerto da reflexão da aula nº8 e 9, de 4 de outubro).

“(…) as aulas são criadas em função de uma sequência metodológica e só assim posso entender o porquê da abordagem de alguns conteúdos em determinados momentos. Isto, porque organizar e estabelecer estratégias, torna possível presenciar novas situações/vivências em

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contexto de aula, como sejam novas progressões metodológicos introduzidas (…)” (Excerto da reflexão da aula nº16, de 1 de outubro).

O papel da PC passou por observar a postura adotada por cada EE, a forma como cada EE controlava o tempo e as reações dos alunos às atividades propostas, a forma de organização dos alunos e as estratégias adotadas para a demonstração dos exercícios, a movimentação do EE durante a aula, o tipo de feedbacks utilizados, a atenção dos alunos à informação, o tempo dedicado à instrução e o tempo de espera dos alunos nos diferentes exercícios.

Como é sabido, as Tarefas de Instrução são de enorme utilidade durante a atuação do docente de EF. Este tipo de tarefas é um dos principais instrumentos na introdução e explicação de um simples exercício ou de sistema sequencial de atividades. É através desta tarefa que se demonstra quais são os objetivos da aula, como e de que forma queremos que um aluno, ou a turma em geral, realize um exercício/atividade, sem que subsista uma única dúvida.

Tendo em conta que a instrução deve ser entendida como uma mais-valia durante os processos de aprendizagem facultados aos alunos, Rosado, A. e Mesquita, I. (2011) referem que o apoio verbal que os escolta, assume-se como um fato que advoga nos efeitos da demonstração em correspondência aos ganhos da aprendizagem.

“Relativamente à minha intervenção, penso que continua a ser clara e bastante oportuna, favorecendo a evolução dos alunos, de acordo com as impressões que tenho trocado com a PC. É importante realçar cada vez mais os critérios de êxito aos alunos, pois esquecem-se, por vezes, da melhor execução possível. É importante esta insistência, uma vez que a capacidade de retenção de informação por parte de qualquer aluno é baixa (…)” (Excerto da reflexão da aula nº36, de 11 de janeiro).

Em suma, de acordo com Mesquita (2012), o processo de instrução do professor de EF deve ter em conta as seguintes funções:

Informação – instrução para facilitar as aprendizagens;

Controlo – comportamentos dos alunos/atletas;

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Expressão emocional – expressão de frustrações ou satisfação.

Só assim me foi possível transmitir a mensagem, sendo que por vezes era ainda necessário juntar a técnica de demonstração de uma determinada habilidade motora ou atividade. Esta condição de instrução era alvo de preparação no momento de idealizar o plano de aula. De fato, o discurso que o professor adota durante o momento de aula, deve estar ligado às fases de introdução e exercitação dos novos conteúdos exercitados numa determinada aula, bem como à sequência de determinada unidade didática.

4.3.2. Imprevisto e Ajustamento – Tomada de decisão através de um