• Nenhum resultado encontrado

Ser Professor de Educação Física

2. ENQUADRAMENTO BIOGRÁFICO

2.4. Ser Professor de Educação Física

Há um lado evidente neste ciclo de formação académico: a vontade de ser um professor de EF!

Todo o professor de EF tem um papel curial na condução da aprendizagem, atuando como orientador, avaliador e promotor da aprendizagem dos alunos, pois a sua função converte-se, acima de tudo, na função de educar, não se limitando a ser um mero instrutor ou expositor de conteúdos (Cardoso e Rama 1999).

Revelamos desejos, quereres e vontades de conquistar algo que, na maioria das vezes, já foi conquistado por outros. É através desses exemplos que estabelecemos contactos, vivências e alternativas que nos fazem ponderar, de tudo em todo, quem queremos ser num futuro próximo. Quando me encontrava

na fase pré-púbere escutei muitas vezes uma pergunta muito comum: “Quando

fores grande o que queres ser?” Queremos ser tudo e mais alguma coisa. É uma

“Uma vida de intenso relacionamento com os outros constitui um extenso rosário de aprendizagem. Quem quiser – e souber! – Aprende com tudo e com todos”

19

história de compreensões e perceções sucessivas, onde a sugestão passa por seguir o encalço dos nossos pais, sendo eles até ao momento a razão do nosso estar e ser.

Todos nós somos “servos” de um berço construído à nascença, onde tive a sorte de conhecer a vertente desportiva. Ao longo de todo o meu ciclo de vida, apreendi inúmeros modelos de aprendizagem, obrigando-me por satisfação a procurar sempre o que queria. É natural que o meio onde cresci e me desenvolvi me tenha influenciado na escolha pela área da EF. Agora, sinto que chegou o momento de ser também um educador de EF, transmitindo os conhecimentos que fui adquirindo ao longo de todos estes anos de formação desportiva.

Com a minha formação académica, nomeadamente através do EP, aprendi que a EF pode e deve ser vista de vários formas, num processo de desenvolvimento e de acompanhamento de novos “saberes” físicos e mentais. Desta forma, acredito que esta experiência criou a base para a (re)construção de um educador competente, conhecedor e apetrechado de novos conhecimentos para o desempenho de uma profissão: professor de EF. Sempre existiu em mim um espírito de determinação, uma vontade de agitar a missão da EF. Como refere Mesquita (2003), a sua importância não se circunscreve ao domínio das aquisições físicas e motoras, prolongando-se necessariamente nas questões éticas, afetivas e sociais prevalecentes em contextos de prática caraterizados pela diversidade e pluralidade de vivências pessoais e sociais, tanto por parte de quem ensina como de quem aprende.

Será honesto dizer que cada professor possui as suas próprias caraterísticas, que resultam das suas vivências e aprendizagens, tendo como finalidade trajar o seu leque de conhecimentos, como também a perceção das suas próprias limitações. Resumidamente, as qualidades, a personalidade de um professor, revertem exclusivamente para a responsabilidade que necessita deter no exercício da sua profissão, quando se direciona para os principais intervenientes: os alunos.

Na perspetiva de Araújo (2011), qualquer profissional da área de ensino deve conseguir desempenhar de forma rigorosa as funções de Líder, Professor, Organizador/planificador, Motivador, Guia/conselheiro, Disciplinador, integrando

20

sempre com a máxima qualidade o Saber/conhecimento, a Habilidade para ensinar, o trabalho em equipa e, por último, a preocupação de criar e manter um clima de sucesso nas aulas de EF.

Durante o meu período de formação académica, vários temas eram debatidos nas salas de aula, embora um deles recebesse nota de destaque: a nossa competência de transitar do processo de formação para o mundo profissional. Por conseguinte, capacidade de nos adaptarmos às diversidades que surjam nos anos que se seguem é uma das maiores preocupações enquanto estudante-estagiário. Nunca poderei afirmar que existe uma instituição certa, adequada ao meio perfil. As instituições de ensino superior estão encarregadas da formação humana e profissional, embora não tenham mais certezas sobre a formação do homem certo para o lugar certo (Nascimento, 2000).

Os profissionais na área da EF atravessam cada vez mais momentos de adaptação. O trabalho tende a ser escasso e, na maioria das vezes, não se adequa às competências que inicialmente foram adquiridas nos seus anos de formação. Tudo se resume à competência em dar resposta às exigências que são impostas pelas novas instituições, sempre com o intuito de nos mantermos na área da EF. Ou seja, a formação dos profissionais em função das circunstâncias atuais deve ser direcionada para um desenvolvimento da profissionalidade com vastas perspetivas, mas sempre tendo em atenção a sua formação/especialidade inicial (Bento, 1993).

É neste contexto que a EF se converte numa modalidade específica na área do ensino tendo, por si só, caraterísticas invioláveis.

“É o professor o condutor do processo de ensino e aprendizagem. É a ele que compete criar as condições para que se efetive a apropriação do conhecimento e de desenvolvimento de competências para a vida por parte dos alunos. Cabe ao professor

decidir e aplicar as técnicas e processos que considere mais eficazes, com mais consistência e com mais durabilidade.

Na verdade, não é possível ensinar o que não sabe”

21

Com base no PN de EF do EB do 3º ciclo (2001), o professor de EF deve ter em conta os seguintes aspetos:

 Melhorar a aptidão física, elevando as capacidades físicas de modo

harmonioso e adequado às necessidades de desenvolvimento do aluno;

 Promover a aprendizagem de conhecimentos relativos aos processos de

elevação e manutenção das capacidades físicas;

 Assegurar a aprendizagem de um conjunto de matérias representativas

das diferentes atividades físicas, promovendo o desenvolvimento multilateral e harmonioso do aluno, através da prática de:

a) Atividades físicas desportivas nas suas dimensões técnica, tática, regulamentar e organizativa;

b) Atividades físicas expressivas (danças), nas suas dimensões técnica, de composição e interpretação;

c) Atividades físicas de exploração da Natureza, nas suas dimensões técnica, organizativa e ecológica;

d) Jogos tradicionais e populares.

 Promover o gosto pela prática regular das atividades físicas e assegurar

a compreensão da sua importância como fator de saúde e componente da cultura, na dimensão individual e social;

 Promover a formação de hábitos, atitudes e conhecimentos relativos à

interpretação e participação nas estruturas sociais, no seio dos quais se desenvolvem as atividades físicas, valorizando:

a) A iniciativa e a responsabilidade pessoal, a cooperação e a solidariedade;

22

c) A higiene e a segurança pessoal e coletiva;

d) A consciência cívica na preservação de condições de realização das atividades físicas, em especial da qualidade do ambiente.

O Programa de EF é um elemento primordial na estruturação de competências de um profissional, no qual se encontra uma panóplia de conhecimentos, de habilidades e atitudes necessárias à sua atuação. Assim sendo, é plausível que o professor deva ter um amplo conhecimento da realidade que o rodeia em diferentes níveis, nomeadamente social, económico e cultural. Deverá igualmente dominar as matérias/conteúdos que abarcam o plano anual de atividades. Além destas dimensões, fundamentais para um desenvolvimento pedagógico de sucesso, é necessário atender aos comportamentos de respeito (condescendência, meditação) e de aceitação (crença, idioma, origem) perante toda a comunidade educativa (Nascimento, 2000).

Um sentimento que mantenho e que desejo viver sempre nas minhas aulas de EF, é a proximidade à infância e à adolescência, mesmo se essa fase ficou lá atrás…

Ontem, hoje e sempre!

23