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Carta argumentativa

No documento Portugues (páginas 127-129)

A carta argumentativa é uma importante maneira de exercitar a cidadania. Nela, um remetente se dirige a um destinatário visando solicitar alguma ação, de acordo com um ponto de vista, e tem como finalidade o convencimento de um leitor específico.

 Contexto de produção

A carta argumentativa é um texto argumentativo com a estrutura de uma carta. Assim como ou- tros gêneros argumentativos, a carta argumentativa tem como objetivo convencer o leitor de seu ponto de vista sobre determinado assunto. Expõe uma tese, na qual está explícita a sua opinião, e por meio de um raciocínio lógico apresenta argumentos que possam persuadir o leitor.

No entanto, diferentemente do artigo de opinião e da dissertação, a carta apresenta um destinatário deter- minado, ou seja, tem um ou mais leitores específicos e conhecidos do remetente. O autor solicita algo ou re-

clama sobre determinado assunto relacionado ao leitor, considerando a realidade na qual este está inserido.

 Construindo uma carta argumentativa

A carta argumentativa é composta de aspectos característicos dos textos argumentativos associados à estrutura da carta.

ƒ Cabeçalho: a carta deve ser iniciada por um cabeçalho, com o nome da cidade e a data.

ƒ Forma de tratamento: utiliza-se um vocativo para se dirigir ao destinatário da carta, geralmente seguido por vírgula. O termo escolhido depende do papel social do produtor e da relação de poder entre o remeten- te e o destinatário. Expressões comuns são “prezado” e “caro”.

ƒ Destinatário específico: a definição do interlocutor é uma característica típica da carta, escrita a um lei- tor específico. Geralmente, as propostas de vestibular definem quem serão o destinatário e o remetente da carta. A linguagem e a argumentação devem ser coerentes com a realidade do leitor, assim como o grau de formalidade do texto.

ƒ Evocação do leitor: a carta se dirige diretamente ao leitor; a presença desse destinatário deve ser des- tacada, ao longo do texto, com o uso de vocativos e verbos no imperativo.

ƒ Estrutura dissertativa: possui a mesma estrutura dos textos dissertativos. Na introdução, o autor expõe o seu ponto de vista; no desenvolvimento, apresenta o encadeamento de argumentos; e, na conclusão, reforça a tese definida anteriormente.

ƒ Argumentação: o autor deve selecionar bons argumentos e organizá-los adequadamente, de modo a convencer o leitor da carta.

Argumentar: apresentar e defender uma opinião

Em textos argumentativos, é preciso posicionar-se diante da problematização de um tema. O modo como o autor abordará a questão controversa é definido em sua tese. O desenvolvimento do texto deve defender logicamente essa tese, de modo a convencer o leitor.

Em uma carta argumentativa, ou em outros textos argumentativos, como o artigo de opinião e o texto argumentativo-dissertativo, a posição do autor deve ser expressa por uma opinião. Na maior parte das vezes, não é possível demonstrar cientificamente a veracidade da tese, mas a posição pode ser defendi- da de diversas outras maneiras. O autor pode se valer, por exemplo, de analogias, hipóteses construídas sobre observações da realidade, alusão a situações envolvendo personagens públicas, entre outros. Uma boa estruturação de um argumento auxilia no convencimento do leitor.

Organização em um discurso argumentativo

A organização textual é um dos aspectos mais importantes na clareza de um texto e tem grande rele- vância em um discurso argumentativo. Saber selecionar, interpretar e organizar os dados apresentados auxilia na persuasão do leitor.

Em uma carta argumentativa, há um intuito, um motivo pelo qual o remetente decidiu escrever a carta; é necessário que os dados e fatos sejam selecionados a partir dele. Ao expor os dados, o autor os interpreta — mesmo que implicitamente. A interpretação está presente e é necessária, pois o mesmo fato, dependendo do modo como é mostrado, pode ser considerado positivo ou negativo.

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ƒ Saudação: uma expressão de cortesia deve preceder a assinatura.

ƒ Assinatura: ao final de uma carta, o autor deve assiná-la. Mas atenção! No caso das redações de vestibulares ou do Enem, geralmente o candidato é instruído a não assinar ou a colocar apenas as suas iniciais. Isso é feito para garantir a imparcialidade dos corretores.

 Proposta

Leia a seguir uma proposta de vestibular que pede ao candidato que redija uma carta argumentativa. Após a aná- lise da proposta, veja um exemplo de redação bem avaliada.

Unicamp-SP

O tema geral da prova da primeira fase é Gerações.

Leia toda a coletânea e selecione o que julgar pertinente. Articule os elementos selecionados com sua expe- riência de leitura e reflexão. O uso da coletânea é obrigatório.

Apresentação da coletânea

Em toda sociedade convivem gerações diversas, que se relacionam de formas distintas, exigindo de todos o exercício contínuo de lidar com a diferença.

Texto 1

<http://festerblog.com/wp-content/uploads/2009/05/redatores.jpg>.

Texto 2

Para o sociólogo húngaro Karl Mannheim, a geração consiste em um grupo de pessoas nascidas na mesma época, que viveram os mesmos acontecimentos sociais durante a sua formação e crescimento e que partilham a mesma experiência histórica, sendo esta significativa para todo o grupo. Estes fatores dão origem a uma consciência comum, que permanece ao longo do respectivo curso de vida. A interação de uma geração mais nova com as pre- cedentes origina tensões potencializadoras de mudança social. O conceito que aqui está patente atribui à geração uma forte identidade histórica, visível quando nos referimos, por exemplo, à “geração do pós-guerra”. O conceito de “geração” impõe a consideração da complexidade dos fatores de estratificação social e da convergência sincrôni- ca de todos eles; a geração não dilui os efeitos de classe, de gênero ou de raça na caracterização das posições sociais, mas conjuga-se com eles, numa relação que não é meramente aditiva nem complementar, antes se exerce na sua especificidade, ativando ou desativando parcialmente esses efeitos.

Adaptado de Sarmento, Manuel Jacinto. Gerações e alteridade: interrogações a partir da sociologia da infância. Educação e Sociedade, Campinas, v.

26, n. 91, p. 361-378, maio/ago. 2005. Disponível em: <http://www.cedes.unicamp.br>.

Texto 3

A partir do advento do computador, as empresas se reorganizaram rapidamente nos moldes exigidos por essa nova ferramenta de gestão. As organizações procuraram avidamente os “quadros técnicos” e os encontraram na quantidade demandada. Os primeiros quadros “bem formados” tiveram em geral carreiras fulminantes. Suas traje- tórias pessoais foram tomadas como referência pelos executivos mais jovens. Aqueles “grandes executivos” foram considerados portadores de uma “visão de conjunto” dos problemas empresariais, que os colocava no campo supe- rior da “administração estratégica”, enquanto o principal atributo da nova geração passa a ser a contemporaneidade

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Unicamp-SP continuação

tecnológica. Os constrangimentos advindos do choque geracional encarregaram-se de fazer esses “jovens” en- carnarem essa característica, dando a esse trunfo a maior rentabilidade possível. Assim, exacerbaram-se as dife- renças entre os recém-chegados e os antigos ocupantes dos cargos. No plano simbólico, toda a ética construída nas carreiras autodidatas é posta em xeque no conflito que opõe a técnica dos novos executivos contra a lealdade dos antigos funcionários que, no mais das vezes, perdem até a capacidade de expressar o seu descontentamento, tamanha é a violência simbólica posta em marcha no processo, que não se trava simplesmente em cada ambiente organizacional isolado, mas se generaliza.

Adaptado de: Grün, Roberto. Conflitos de geração e competição no mundo do trabalho. Cadernos Pagu, Campinas, v. 13, p. 63-107, 1999.

Texto 4

Ao longo da década de 1990, a renda das famílias brasileiras com filhos pequenos deteriorou-se com relação à das famílias de idosos. Ao mesmo tempo, há crescentes evidências de que os idosos aumentaram sua responsabi- lidade pela provisão econômica de seus filhos adultos e netos.

Goldani, Ana Maria. Relações intergeracionais e reconstrução do estado de bem-estar. Por que se deve repensar essa relação para o Brasil.

p. 211. Disponível em: <http://www.abep.nepo.unicamp.br/docs/PopPobreza/GoldaniAnaMariaCapitulo7.pdf>.

Texto 5

As relações intergeracionais permitem a transformação e a reconstrução da tradição no espaço dos grupos sociais. A transmissão dos saberes não é linear; ambas as gerações possuem sabedorias que podem ser desconhecidas para a outra geração, e a troca de saberes possibilita vivenciar diversos modos de pensar, de agir e de sentir, e assim, renovar as opiniões e visões acerca do mundo e das pessoas. As gerações se renovam e se transformam reciprocamente, em um movimento constante de construção e desconstrução.

Adaptado de: Carvalho, Maria Clotilde B. N. M. de. Diálogo intergeracional entre idosos e crianças. Rio de Janeiro: PUC-RJ, 2007. p. 52.

Texto 6

<http://humornainformatica.blogspot.com.br/2008/05/videogame-para-terceira-idade.html>.

Leia a coletânea e elabore sua carta a partir do seguinte recorte temático:

As diferenças entre gerações são percebidas também no plano institucional como, por exemplo, no ambiente de trabalho.

Instruções:

1. Coloque-se na posição de um gerente, recém-contratado por uma empresa tradicional no mercado, que precisa convencer os acionistas da necessidade de modernizá-la.

2. Explicite as mudanças necessárias e suas implicações.

3. Dirija-se aos acionistas por meio de uma carta em que defenda seu ponto de vista. Obs.: Ao assinar a carta, use apenas suas iniciais, de modo a não se identificar.

Unicamp Vestibular 2010. Disponível em: <http://www.comvest.unicamp.br/vest_anteriores/2011/download/comentadas/redacao.pdf>. Acesso em: 8 out. 2012.

No documento Portugues (páginas 127-129)