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Pontuação no período simples

No documento Portugues (páginas 106-111)

ƒ Nas orações em ordem direta, os termos essenciais da oração (sujeito e predicado), bem

como o verbo e seus complementos, não devem ser separados por vírgula.

ƒ A vírgula marca o deslocamento dos adjuntos adverbiais para o início da oração ou sua in-

tercalação em relação a outros termos.

ƒ Quando a vírgula é opcional, seu uso enfatiza o elemento deslocado na ordem inversa.

Veja no quadro a sistematização dessas regras.

Caso Exemplo

Uso obrigatório

Deslocamento de adjuntos adverbiais e complementos verbais

para o início da oração Na próxima semana, dou um parecer.Favores, nunca lhe fiz. Adjuntos adverbiais intercalados a outros termos

(usar vírgula antes e depois) Mandou avisar, com urgência, que o filho estava para nascer.

Uso

facultativo Quando os adjuntos adverbiais têm curta extensão Amanhã, retomaremos o debate ou Amanhã retomaremos o debate. Uso

proibido

Entre sujeito e predicado O resultado foi anunciado.

Entre o verbo e seus complementos Acreditamos em você.

ƒ O aposto especificativo individualiza o termo a que se refere e é empregado sem vírgula.

Exemplo: A empresária Joana Fontes apresentou seu novo projeto. Já o aposto explicativo é sem-

pre isolado por sinais de pontuação (vírgula, travessão ou dois-pontos). Exemplo: Joana Fon-

tes, empresária de sucesso, apresentou seu novo projeto.

ƒ O vocativo é o termo por meio do qual o enunciador interpela seu interlocutor. Ele sempre

deve ser isolado por sinais de pontuação (vírgula ou dois-pontos). Exemplo: Senhor, não es-

queça seu chapéu!

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Questões

Todas as questões f

oram reproduz

idas das pro

vas or

iginais de que fazem par

te.

1. (Ufam) Assinale a opção verdadeira quanto ao sujeito da oração principal do

seguinte período: “Há momentos na vida que as pessoas jamais conseguem esquecer”. a) Composto b) Oculto c) Indeterminado d) Inexistente e) Simples Texto para a questão 2.

Capítulo XXII

A grande prisão de Bagdá tinha o aspecto de uma fortaleza persa ou chinesa. Atravessava-se, ao entrar, pequeno pátio em cujo centro se via o famoso Poço da Esperança. Era ali que o condenado, ao ouvir a sentença, deixava cair, para sempre, todas as esperanças de salvação.

Ninguém poderá imaginar a vida de sofrimentos e misérias daque- les que eram atirados ao fundo das masmorras da gloriosa cidade árabe.

A cela em que se achava o infeliz Sanadique estava localizada na parte baixa da prisão. Chegamos ao horripilante subterrâneo do pre- sídio guiados pelo carcereiro e auxiliados por dois guardas. Um escra- vo núbio, agigantado, conduzia o grande archote cuja luz nos permi- tia observar todos os recantos da prisão.

Depois de percorrermos um corredor estreito, que mal dava passa- gem a um homem, descemos uma escadaria úmida e escura. No fundo do subterrâneo achava-se o pequeno calabouço onde fora encarcerado Sanadique. Ali não entrava a mais tênue réstia de luz. O ar pesado e fétido mal se podia respirar, sem náuseas e tonteiras. O chão estava coberto de uma camada de lama pútrida e não havia entre as quatro paredes nenhuma peça ou catre de que se pudesse servir o condenado.

À luz do archote que o hercúleo núbio erguia, vimos o desventurado Sanadique, seminu, a barba espessa e emaranhada, os cabelos em desa- linho a lhe caírem pelos ombros, sentado sobre uma laje, as mãos e os pés presos a correntes de ferro.

Tahan, Malba. O homem que calculava. 46. ed. Rio de Janeiro: Record, 1990. p. 125.

2. (Udesc) Analise as proposições extraídas do texto, em relação às regras for-

mais do sujeito sintático:

I. Em “Ali não entrava a mais tênue réstia de luz” (linha 15), o termo subli- nhado exerce a função de sujeito da oração.

II. Em “A grande prisão de Bagdá tinha o aspecto de uma fortaleza” (linha 1), o termo destacado constitui o núcleo do sujeito.

III. Em “não havia entre as quatro paredes nenhuma peça” (linhas 17 e 18), o termo destacado exerce a função de sujeito da oração.

IV. Em “Ninguém poderá imaginar a vida” (linha 5), o sujeito é inexistente. Assinale a alternativa correta.

a) Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras. b) Somente a afirmativa I é verdadeira.

c) Somente a afirmativa III é verdadeira.

d) Somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras. e) Todas as afirmativas são verdadeiras.

(FEI-SP) Texto para as questões 3 e 4.

O momento do amor

João do Rio

O conselheiro é um homem encantador. Baudelaire dizia: “Cá temos um homem que fala do seu coração – deve ser um canalha”. O conse- lheiro não fala do seu coração, mas é um homem sensível. Com 75 anos, teso, bem-vestido, correto, possuidor de doze netos e cinco bisnetos, a sua conversa é sempre cheia de alegria e de mocidade. Outra noite, estávamos no seu salão, e de repente rompeu na rua um “zé-pereira”.

1 5 10 15 20 1 5 1. Resposta: d

A oração principal é “Há momentos na vida”. O verbo “haver”, com sentido de “existir” é impessoal, portanto, não apresenta sujeito. “Momentos” é seu objeto direto.

2. Resposta: b

I – CERTA – Em ordem direta, o sujeito se evi- dencia: A mais tênue réstia de luz não entrava ali.

II – ERRADA – O sintagma “A grande prisão de Bagdá” exerce a função de sujeito da forma verbal “tinha”, sendo seu núcleo “prisão”. A expressão “de Bagdá” é um adjunto adnominal de “prisão”.

III – ERRADA - O verbo “haver” com sentido de “existir” é impessoal, portanto, não apresenta sujeito. “Nenhuma peça” é objeto direto deste verbo.

IV – ERRADA – Em “Ninguém poderá imaginar a vida” a função de sujeito é exercida por “ninguém”. Portanto, ocorre sujeito simples.

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O período simple

s

O conselheiro exclamou: — Eh! Eh! As coisas esquentam!

Como o conselheiro é idoso, pensei vê-lo atacar os costumes e o car- naval. Para gozar da sua simpatia, refleti:

— Temos cada vez mais a dissolução da moral!

— Quem lhe fala nisso? — indagou o conselheiro. Talvez por ter sido sempre um homem moral nunca precisei de descompor os costumes para julgar-me sério. Sabe o que eu sinto quando ouço um “zé-pereira”?

— Francamente, conselheiro...

— Sinto que chega o grande momento do amor no Rio... — De fato, a liberdade dos costumes.

— Heim?

— Sim, os préstitos, as cortesãs, a promiscuidade, as meninas de pijama cantando versos pouco sérios, os lança-perfumes, a bacanal...

— Meu filho, quando se chega a uma certa idade, o resultado é tudo. Se quisermos ver nos três dias de carnaval a folia como depravação, posso garantir que as brincadeiras de antanho com o entrudo, os banhos d’água fria, o porta-voz eram livres como as de hoje com os lança-perfumes, os confetes e as serpentinas. Mas não se trata disso. Trata-se de coisa mais sé- ria. Eu casei aos 18 anos, isto é, há quase 58 anos fiz a loucura de tomar por esposa a minha querida Genoveva. Mas, passado o primeiro ano, essa alu- cinação causou-me tal pasmo que resolvi estudar-lhe as causas. E descobri.

— Quais foram?

— Uma só: o momento do amor! — Conselheiro!

— Há uma época no Rio absolutamente amorosa, quer no tempo da Monarquia, quer na República. Consultei estatísticas, observei, inda- guei, procedi a inquéritos pessoais... Sabe qual é essa época? A do car- naval! Note você como aumentam os casamentos nos meses seguintes ao carnaval. A maioria das inclinações, dos namoros que terminam em casório, começam no carnaval. Três meses depois estava casado. Cinco dos meus filhos namoraram no carnaval. Minha filha Berenice com 30 anos arranjou o marido que lhe faz a vida feliz, no carnaval. Nove dos meus netos seguiram a regra...

— Mas, conselheiro, se é verdade o que V. Exa. diz, era o caso de fazer uns quatro carnavais por ano...

— Não daria resultado, meu amigo. O carnaval é uma embriaguez d’alegria. Quem se embriaga uma vez por ano não está acostumado. Quem se embriaga quatro, raciocina na bebedeira. Veneza acabou pelo abuso da máscara. Nós acabaríamos pelo abuso do “zé-pereira”. Mas uma vez por ano é bem o verão impetuoso do desejo, o momento do amor.

Depois suspirando:

— Aproveite-o você. Eu infelizmente não posso mais. A velhice é como o maître d’hotel da vida. Indica ao cliente o prato ótimo do cardápio e não o come.

3. O período “Sinto que chega o grande momento do amor no Rio” (Linha 16)

apresenta dois verbos: “sinto” e “chega”. Observa-se que o sujeito de “chega o grande momento do amor no Rio” é:

a) eu. b) Rio.

c) sujeito inexistente.

d) o grande momento do amor. e) sinto.

4. Em “Meu filho, quando se chega a uma certa idade, o resultado é tudo” (Linha

21) a expressão em destaque é conhecida por: a) aposto. b) adjunto adverbial. c) adjunto adnominal. d) complemento. e) vocativo. 10 15 20 25 30 35 40 45 50 3. Resposta: d

O processo verbal “chegar” refere-se a “o grande momento do amor”, que, portanto, é o sujeito. A oração está em ordem inversa; a or- dem direta evidencia a relação “O grande mo- mento do amor chega no Rio”.

4. Resposta: e

“Meu filho” é um vocativo, pois expressa uma interpelação ou chamamento.

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A questão 5 baseia-se no texto a seguir, extraído de Formação da Literatura Bra-

sileira, de Antonio Candido.

No Brasil, o homem de estudo, de ambição e de sala, que provavel- mente era, encontrou condições inteiramente novas. Ficou talvez mais disponível, e o amor por Doroteia de Seixas o iniciou em ordem nova de sentimentos: o clássico florescimento da primavera no outono.

Foi um acaso feliz para a nossa literatura esta conjunção de um poeta de meia-idade com a menina de dezessete anos. O quarentão é o amo- roso refinado, capaz de sentir poesia onde o adolescente só vê o emba- raçoso cotidiano; e a proximidade da velhice intensifica, em relação à moça em flor, um encantamento que mais se apura pela fuga do tempo e a previsão da morte:

Ah! enquanto os destinos impiedosos não voltam contra nós a face irada, façamos, sim, façamos, doce amada, os nossos breves dias mais ditosos.

5. (Unifesp) Em “Ficou talvez mais disponível, e o amor por Doroteia de Seixas o

iniciou em ordem nova de sentimentos: o clássico florescimento da primavera no outono.” a vírgula separa orações coordenadas com sujeitos gramaticais

; os dois-pontos introduzem uma .

Os espaços devem ser preenchidos, respectivamente, com: a) indeterminados – síntese das informações precedentes b) idênticos – ratificação das informações precedentes

c) inexistentes – retificação de informação mal definida anteriormente d) distintos – explicação de informação anterior

e) ocultos – citação Texto para a questão 6.

A raça humana

A raça humana é Uma semana Do trabalho de Deus A raça humana é ferida acesa Uma beleza, uma podridão O fogo eterno e a morte A morte e a ressurreição A raça humana é Uma semana Do trabalho de Deus

A raça humana é o cristal de lágrima Da lavra da solidão

Da mina, cujo mapa Traz na palma da mão A raça humana é Uma semana Do trabalho de Deus

A raça humana risca, rabisca, pinta A tinta, a lápis, a carvão, a giz O rosto da saudade

Que traz do Gênesis Dessa semana santa Entre parênteses Desse divino oásis Da grande apoteose Da perfeição divina Na Grande Síntese

5. Resposta: d

A vírgula separa sujeitos diferentes: há um su- jeito desinencial na primeira oração (“ficou” refere-se a “homem”) e um sujeito simples, “o amor”, na segunda oração. A pontuação intro- duz uma explicação, pois a informação “o clássico florescimento da primavera no outo- no” (uma referência ao amor sentido por pes- soas de idade avançada) esclarece o sentido de “ordem nova de sentimentos”.

109 O período simple s A raça humana é Uma semana Do trabalho de Deus

Gilberto Gil. Raça humana.

6. (Unir-RO) Sobre a construção sintática do texto, marque V para as afirmati-

vas verdadeiras e F para as falsas.

( ) Para conceituar a raça humana foi empregado o predicado nominal, como em “A raça humana é o cristal de lágrima”.

( ) Verbos transitivos diretos foram empregados para indicar o que a raça humana faz, a exemplo de “A raça humana risca, rabisca, pinta/ A tinta, a lápis, a carvão, a giz/ O rosto da saudade”.

( ) Na construção da metáfora em “A raça humana é ferida acesa”, foi usa- do verbo de ligação e predicativo do sujeito.

( ) No refrão, a expressão de Deus funciona como complemento nominal da palavra trabalho.

Assinale a sequência correta: a) V, F, F, V

b) V, V, F, F

c) V, V, V, F d) F, V, V, F

e) F, F, V, V Texto para a questão 7.

Manhãs brumosas

Aquela, cujo amor me causa alguma pena, Põe o chapéu ao lado, abre o cabelo à banda, E com a forte voz cantada com que ordena, Lembra-me, de manhã, quando nas praias anda, Por entre o campo e o mar, bucólica, morena, Uma pastora audaz da religiosa Irlanda.

Que línguas fala? Ao ouvir-lhe as inflexões inglesas, – Na névoa azul, a caça, as pescas, os rebanhos! – Sigo-lhe os altos pés por estas asperezas; E o meu desejo nada em época de banhos, E, ave de arribação, ele enche de surpresas Seus olhos de perdiz, redondos e castanhos. As irlandesas têm soberbos desmazelos! Ela descobre assim, com lentidões ufanas, Alta, escorrida, abstrata, os grossos tornozelos; E como aquelas são marítimas, serranas, Sugere-me o naufrágio, as músicas, os gelos E as redes, a manteiga, os queijos, as choupanas. Parece um rural boy! Sem brincos nas orelhas, Traz um vestido claro a comprimir-lhe os flancos, Botões a tiracolo e aplicações vermelhas; E à roda, num país de prados e barrancos, Se as minhas mágoas vão, mansíssimas ovelhas, Correm os seus desdéns, como vitelos brancos. E aquela, cujo amor me causa alguma pena, Põe o chapéu ao lado, abre o cabelo à banda, E com a forte voz cantada com que ordena, Lembra-me, de manhã, quando nas praias anda, Por entre o campo e o mar, católica, morena, Uma pastora audaz da religiosa Irlanda.

Cesário Verde

7. (Faap-SP) [E com a forte voz] com que ordena, [...];

“Com que” exerce, junto ao verbo ordenar, a função sintática de: a) sujeito. b) objeto direto. c) objeto indireto. d) adjunto adverbial. e) complemento nominal. 6. Resposta: c

(V) O eu lírico empregou períodos formados por predicados nominais. O sujeito “A raça hu- mana” é seguido pelo verbo de ligação “ser” e predicativos que a caracterizam. (V) Os verbos “riscar”, “rabiscar” e “pintar” têm como complemento “o rosto da saudade”. A regência dos verbos dispensa a preposição para a inclusão dos objetos, portanto, são ver- bos transitivos diretos. “A tinta”, “a lápis”, “a carvão”, “a giz” são adjuntos adverbiais de instrumento.

(V) O período “A raça humana é ferida acesa” contém o verbo de ligação “ser” e o predicati- vo “ferida acesa”, que caracteriza o sujeito “a raça humana”.

(F) Em “O trabalho de Deus”, “de Deus” é ad- junto adnominal, porque determina “trabalho” à maneira de um adjetivo. Ele acrescenta uma característica, no caso, o realizador do proces- so. Um complemento nominal preenche o sen- tido de um termo ainda incompleto (um nome transitivo).

7. Resposta: d

O pronome relativo “que” tem como referente a expressão “forte voz”, que, se recolocada (“ordena com forte voz”), evidencia sua fun- ção de adjunto adverbial (de instrumento).

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O período composto é formado por duas ou mais orações.

Entre as orações de um período composto podem existir dois tipos de relação: a coordenação e a

subordinação.

No documento Portugues (páginas 106-111)