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CLASSIFICAÇÃO MÉDICO-CIENTÍFICA

No documento EDUARDO ROMUALDO DO NASCIMENTO (páginas 89-92)

As substâncias entorpecentes, assim entendidas aquelas capazes de alterar o estado normal de consciência do ser humano, são também conhecidas como substâncias psicoativas11

ou drogas psicotrópicas12

e, de um modo geral, atuam no sistema nervoso central de diferentes formas, causando, igualmente, diferentes reações e consequências no curto, médio e longo prazos, dependendo da quantidade, do período, da frequência e supervisão do consumo.

Neste trabalho os termos entorpecentes, substâncias psicoativas, drogas e drogas psicotrópicas serão utilizados indistintamente para se referir ao que genericamente é conhecido como droga, já que se entende serem todos sinônimos, posto que a literatura médica não apresenta diferença entre eles. A Agência Nacional de Vigilância

11 “Substância psicoativa é toda e qualquer substância que o indivíduo utiliza, independentemente da via da administração que, por ação no sistema nervoso central (SNC), altera o humor, a consciência, a senso-percepção, a cognição e a função cerebral” (BICCA; PEREIRA; GAMBARINI, 2002, p. 7). Segundo a Organização Mundial da Saúde, "são aquelas que alteram comportamento, humor e cognição". Isto significa, portanto, que essas drogas agem preferencialmente nos neurônios, afetando o Sistema Nervoso Central (SNC) – ‘mente’” (PSICOATIVOS, acesso em 31 out. 2015).

12 Drogas psicotrópicas seriam todas aquelas que atuam no cérebro, principal órgão do sistema nervoso, segundo classificação do Núcleo Einstein de Álcool e Drogas, ligado ao Hospital Israelita Albert Einstein (CLASSIFICAÇÃO, acesso em 31 out. 2015). Segundo a Organização Mundial da Saúde, em definição apresentada em 1981, são aquelas que "agem no Sistema Nervoso Central (SNC) produzindo alterações de comportamento, humor e cognição, possuindo grande propriedade reforçadora sendo, portanto, passíveis de auto-administração", ou seja, uso não sancionado pela medicina (PSICOTRÓPICOS, acesso em 31 out. 2015).

Sanitária (Anvisa), por exemplo, não faz diferença técnica entre substâncias entorpecentes e psicotrópicas13.

A classificação das drogas é ampla e variada, feita de acordo com o método e objeto de estudo, atendendo, portanto, aos mais variados critérios. Por ora, apresenta-se uma breve exposição da classificação adotada pelo Núcleo Einstein de Álcool e Drogas, ligado ao Hospital Israelita Albert Einstein, que categoriza as drogas quanto aos seus efeitos farmacológicos, potencial nocivo e origem (CLASSIFICAÇÃO, acesso em 31 out. 2015).

4.2.1 Quanto aos efeitos farmacológicos

Efeito farmacológico é o resultado da atuação do princípio ativo do medicamento ou da droga sobre o organismo humano de um modo geral, ou sobre um grupo de células ou órgão específico em que ele atua. No caso das drogas psicotrópicas, sua atuação se dá especificamente no sistema nervoso central e seus efeitos são considerados de cunho depressivo, estimulante e perturbador de tal sistema.

As drogas depressoras do sistema nervoso central são aquelas que diminuem a atividade cerebral, deprimem o funcionamento do cérebro, fazendo com que a pessoa entre num estado semiletárgico, “devagar”, desligada do mundo e desinteressada pelas coisas. São exemplos de drogas psicotrópicas depressoras o álcool, os benzodiazepínicos (ansiolíticos, tranquilizantes ou calmantes), os barbitúricos (soníferos), os opiáceos e os inalantes.

As drogas estimulantes, por sua vez, têm efeito contrário às depressoras e, como o próprio nome indica, estimulam a atividade cerebral, causando aumento da vigília, estado de euforia e pensamento acelerado. Diz-se que a pessoa está “ligada”. Nesse grupo estão as anfetaminas e seus derivados, a nicotina, a cafeína e a cocaína. Já as drogas perturbadoras do sistema nervoso central, também chamadas de alucinógenas

13 De acordo com as definições do art. 1º da Portaria 344/1998, da Anvisa/Ministério da Saúde, considera-se “Entorpecente - substância que pode determinar dependência física ou psíquica relacionada, como tal, nas listas aprovadas pela Convenção Única sobre Entorpecentes [...]” e “Psicotrópico - substância que pode determinar dependência física ou psíquica e relacionada, como tal, nas listas aprovadas pela Convenção sobre Substâncias Psicotrópicas” (ANVISA, 1998).

ou psicodislépticas, causam o funcionamento anormal do cérebro, produzindo quadros de alucinação ou ilusão, já que a atividade cerebral fica perturbada.

Diferentemente das drogas depressivas ou estimulantes, as drogas perturbadoras do sistema nervoso14 são consideradas pela Medicina como completamente inúteis, pois não podem ser utilizadas em nenhum tratamento clínico. São exemplos dessas substâncias a mescalina; a psilocibina (cogumelo); a dietilamida do ácido lisérgico (LSD); a N,N-dimetiltriptamina (DMT), também conhecida como Ayahuasca ou Santo Daime; a metilenodioximetanfetamina (MDMA), comumente conhecida como ecstasy; os anticonérgicos naturais (lírio) e sintéticos (Artane e Bentyl); o tetra-hidrocarbinol (THC), presente na maconha15

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4.2.2 Quanto ao potencial nocivo

A Federal Drug Enforcement Administration, órgão ligado ao Departamento da Justiça dos Estados Unidos da América, criou uma tabela classificatória das drogas segundo seu grau de nocividade. Em verdade, a classificação leva em consideração dois conceitos, o de utilidade clínica e o de potencial de abuso e dependência. Nota-se, pois, nesta classificação, que as drogas psicotrópicas apresentam uma relação inversamente proporcional entre os conceitos utilizados, ou seja, quanto maior a utilidade clínica da substância, menor é seu potencial de abuso e dependência. Quando ao potencial nocivo, as drogas são divididas em cinco classes. A primeira engloba aquelas que não apresentam nenhuma utilidade clínica e alto potencial de abuso e dependência, na qual estariam a heroína, os alucinógenos como LSD, a mescalina e a maconha. Na segunda classe, estão o ópio e a morfina, a codeína, os opiáceos sintéticos, os barbitúricos, as anfetaminas e seus derivados, a cocaína e a fenciclidina (PCP), todas com baixa utilidade clínica e também alto potencial de abuso e dependência. Na terceira classe, na qual já se encontram substâncias com alguma

14 Ver Classificação (acesso em 31 out. 2015).

15 Embora o Núcleo Einstein de Álcool e Drogas indique que “os alucinógenos não possuem utilidade clínica (como os calmantes)” e classifique a maconha como uma droga perturbadora do sistema nervoso, digno de nota é que a Cannabis sativa, nome científico da maconha, possui compostos químicos que, quando isolados, possuem propriedades terapêuticas. São os chamados canabinoides, utilizados no tratamento de glaucoma e para aliviar sintomas de pacientes com câncer e Aids. O uso terapêutico do canabinoide 9-THC é permitido em alguns Estados dos EUA, Holanda e Bélgica. (HONORIO; ARROIO; SILVA, 2006).

utilidade clínica com moderado potencial de abuso e dependência, há o paracetamol e a codeína combinada, assim como os esteroides anabolizantes. As substâncias da quarta classe têm grande utilidade clínica e potencial baixo de abuso e dependência, são os benzodiazepínicos e o fenobarbital. Por fim, também com grande utilidade clínica, mas com potencial muito baixo de abuso e dependência, encontram-se as misturas de narcóticos e atropina e as misturas diluídas de codeína.

4.2.3 Quanto à origem

A classificação das drogas quanto à origem refere-se basicamente ao local de onde são extraídas ou como são obtidas. As substâncias entorpecentes podem ser extraídas ou produzidas a partir de fontes exclusivamente naturais, geralmente, plantas. São exemplos a maconha, a cocaína, a morfina, a mescalina etc.

Há também as drogas semissintéticas, que são produzidas em laboratório, a partir de uma matriz natural. De uma molécula da morfina, por exemplo, obtém-se a heroína. Por fim, existem as drogas sintéticas, que independem de qualquer tipo de matriz ou recurso natural, sendo produzidas totalmente em laboratório. São exemplos: álcool;

ecstasy; LSD; ácido gama-hidroxibutírico (GHB); Gama-butirolactona (GBL); 4-bromo-

2,5-dimetoxifenetilamina (2CB); 2,5-dimetoxi-4(n)-propiltiofenetilamina (2-CT-7); 4-

metiltioanfetamina (4MTA); parametoxianfetamina (PMA); para-

metoximetilanfetamina (PMMA); Quetamina (Special K); Nitratos (poppers); Fentanil, Rohypnol®; anfetaminas e metanfetaminas.

No documento EDUARDO ROMUALDO DO NASCIMENTO (páginas 89-92)