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CAPÍTULO 2 O DELINEAR DA PESQUISA

2.2 Etapas da investigação

2.2.2 Coleta de dados

Com base em Coutinho (2008), a coleta dos dados combinou duas estratégias de recolha de materiais como forma de aproximação mais ampla do objeto estudado, quais sejam, pesquisa documental e entrevistas individuais semiestruturadas, detalhadas a seguir.

a) Pesquisa documental

De acordo com Marconi e Lakatos (2003, p.174), a pesquisa documental ou pesquisa em fontes primárias pode ser entendida como aquela que tem como fonte de dados os documentos, os quais podem ou não estar escritos.

Tendo em vista que um dos aspectos imbricados na análise da institucionalização da EaD consiste em examinar sua incorporação sistêmica à estrutura e às práticas organizacionais, a análise dos documentos internos é imprescindível nos estudos sobre a temática. Quanto a isso, as buscas realizadas no site institucional da UFSCar8 retornaram a

maior parte dos documentos analisados. Outros, porém, foram fornecidos pelos participantes da pesquisa, após a realização da entrevista semiestruturada. No Quadro 2.3, estão descritos os documentos internos à UFSCar analisados na pesquisa.

Quadro 2.3 – Documentos da Universidade Federal de São Carlos coletados e analisados na pesquisa

Tipo de documento Descrição

Pautas, atas e sinopses de reuniões dos órgãos

colegiados

Os órgãos colegiados enfocados foram o Conselho Universitário (ConsUni), o Colegiado da Pró-reitoria de Graduação (PROGRAD) e o Conselho de Administração (CoAd)

Planos de Desenvolvimento Institucional (PDI) da UFSCar

e Planos de Gestão

PDI 2004; 2013-2017

Plano de Gestão 2008-2012; 2012-2016 Relatórios Gestão da SEaD 2010-2011; 2012-2016

Atividades da UFSCar 2002-2017 Gestão UFSCar 2008-2012; 2012-2016

Autoavaliação institucional 2006; 2009-2017 Prestação de contas ordinária anual 2009-2017 Pareceres

Parecer ConsUni nº 474, de 06 de maio de 2011. Aprovação do cronograma para discussão sobre a Política de Educação a Distância na UFSCar.

Projetos Pedagógicos de Curso (PPC)

Bacharelado em Engenharia Ambiental a distância Licenciatura em Pedagogia a distância

Licenciatura em Educação Musical a distância Tecnologia em Produção Sucroalcooleira a distância Bacharelado em Sistemas de Informação a distância

Portarias

Portaria nº 308, de 13 de outubro de 2009. Dispõe sobre normas para a sistemática de avaliação do desempenho acadêmico dos estudantes de graduação na modalidade de educação a distância e procedimentos correspondentes.

Portaria nº 688, de 20 de setembro de 2010. Regulamenta o desempenho mínimo dos estudantes de graduação na modalidade de educação a distância da UFSCar.

Portaria nº 1.272, de 06 de fevereiro de 2012. Estabelece normas e procedimentos referentes à criação de cursos, alteração curricular, reformulação curricular, atribuição de currículo, e adequação curricular, para todos os cursos de graduação da UFSCar e dá outras providências. Portaria nº 1.502, de 23 de outubro de 2012. Dispõe sobre a política de Educação a Distância (EaD) da Universidade Federal de São Carlos. Portaria nº 188, de 07 de abril de 2017. Constituição do Conselho de Educação a Distância.

Resoluções

Resolução ConsUni nº 520, de 07 de julho de 2006. Dispõe sobre a participação da UFSCar no Programa UAB e a criação de cursos de graduação na modalidade a distância.

Resolução ConsUni nº 573, de 14 de dezembro de 2007. Dispõe sobre a criação da Secretaria de Ensino a Distância.

Resolução ConsUni nº 617, de 09 de outubro de 2008. Dispõe sobre a política de Educação a Distância e sobre o Regimento da Secretaria Geral de Educação a Distância – SEaD.

Resolução ConsUni nº 672, de 26 de agosto de 2010. Dispõe sobre o Docente Voluntário em Educação a Distância na UFSCar.

Resolução CoAd nº 13, de 18 de março de 2011. Dispõe sobre a Estrutura Organizacional da Secretaria Geral de Educação a Distância da Universidade Federal de São Carlos.

Resolução ConsUni nº 722, de 15 de outubro de 2012. Dispõe sobre a política de Educação a Distância (EaD) da Universidade Federal de São Carlos.

Resolução ConsUni nº 819, de 26 de agosto de 2015. Regulamento o processo de avaliação de desempenho para fins de progressão e de promoção dos docentes da Universidade Federal de São Carlos.

Resolução ConsUni nº 867, de 27 de outubro de 2016. Homologa o Regimento Geral dos Cursos de Graduação da UFSCar.

Fonte: Organização própria.

Vale mencionar que os documentos institucionais mais antigos aos quais foi possível ter acesso foram os Relatórios Anuais de Atividades, disponíveis on-line a partir do ano de 2002. A produção dos relatórios é responsabilidade da Secretaria Geral de Planejamento e Desenvolvimento Institucionais (SPDI) da UFSCar e têm, como objetivo, apresentar à

comunidade interna e externa o processo de cumprimento das metas institucionais e sua inserção no cenário da Educação Superior brasileira (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS, 2018d).

Vale lembrar que, além desses documentos, foram analisadas as legislações referentes às políticas educacionais, especialmente as que se relacionam à modalidade a distância, bem como as legislações normativas do Sistema UAB, tendo em vista seu papel indutor da institucionalização da EaD nas IPES. A sistematização a esse respeito encontra- se no terceiro capítulo desta tese.

b) Entrevistas semiestruturadas

A entrevista pode ser compreendida como “um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional” (MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 195).

Para Bogdan e Biklen (1994), a entrevista é uma das principais técnicas de coleta de dados utilizadas em pesquisas qualitativas e, combinada com a análise documental, permite ao pesquisador tomar conhecimento sobre a forma como os participantes interpretam o tema investigado, favorece a recolha de dados descritivos expressos pelo próprio entrevistado e, ainda, permite a comparação entre os dados fornecidos por diferentes participantes.

As entrevistas realizadas nesta investigação foram do tipo semiestruturada ou focalizada, isto é, partiu-se de um roteiro sobre os principais tópicos a serem elucidados, mas o participante podia responder com suas próprias palavras (ALVES-MAZZOTTI, 2002) e segundo sua interpretação. Quanto a isso, é importante destacar que, em algumas entrevistas, foi feita apenas a primeira pergunta e o participante, ao respondê-la, foi perpassando os demais itens que seriam explorados, sem que houvesse a necessidade de outros questionamentos.

Triviños (1987) ressalta como uma vantagem das entrevistas semiestruturadas o fato de valorizarem os participantes, ao mesmo tempo em que mantêm o pesquisador consciente e atuante na investigação. Para o autor, a entrevista, como qualquer outra técnica de coleta de dados, consiste na teoria colocada em ação, apoiando o investigador no processo de pesquisa. Nesse sentido, é importante ressaltar que as questões do roteiro

da entrevista semiestruturada9 embasaram-se no quadro teórico (TRIVIÑOS, 1987) para o

estudo da institucionalização da EaD, notadamente no que se refere às alterações necessárias para atender as especificidades da modalidade e incorporá-la, de modo sistêmico, à UFSCar e, também, nos objetivos propostos para a pesquisa.

A princípio planejou-se realizar as entrevistas apenas com gestores da universidade que guardassem alguma relação com a educação a distância. Assim, coordenadores e ex- coordenadores de cursos de graduação e especialização da UAB-UFSCar, reitor e ex- reitores, pró-reitores e ex-pró-reitores de graduação, coordenadores e ex-coordenadores UAB-UFSCar e coordenadores e ex-coordenadores da estrutura da SEaD/UFSCar foram arrolados, no início da pesquisa, como participantes em potencial no fornecimento das informações necessárias para analisar a institucionalização da EaD na UFSCar.

Contudo, em algumas entrevistas, os próprios participantes indicaram nomes de servidores ou celetistas que não haviam atuado como gestores, mas que, em virtude de sua larga experiência na educação a distância da UFSCar, poderiam trazer informações mais detalhadas sobre as implicações do processo para a universidade. A esse respeito, Trivinõs (1987) chama a atenção para o fato de que não há informantes ideais e a escolha dos melhores, bem como a definição do número de entrevistados, não são tarefas fáceis. Dessa maneira, um bom informante é aquele que tem um envolvimento antigo com a situação, conhece em detalhes e amplamente a situação investigada, dispõe de tempo para a entrevista e expressa elementos essenciais ao objeto enfocado na pesquisa (TRIVIÑOS, 1987).

Dito isso, redigiu-se um convite para a entrevista, que poderia ser realizada presencial ou virtualmente, por meio de Skype ou Hangout10, no qual foram esclarecidas

as finalidades da pesquisa, bem como a relevância da participação do convidado (TRIVIÑOS, 1987; MARCONI; LAKATOS, 2003). O convite foi enviado por e-mail a 45 pessoas, das quais 28 retornaram com o aceite. Vale lembrar que foram feitos três envios no total, considerando os que não retornaram o convite na primeira vez. Ao todo, 28 entrevistas se efetivaram, com duração de uma hora, em média, sendo três virtuais e 25 presenciais. Com

9 O roteiro utilizado para a realização das entrevistas semiestruturadas encontra-se no Apêndice B. 10 Skype e Hangout são aplicativos que permitem realizar chamadas por voz e vídeo.

exceção de um participante que não permitiu a gravação de sua fala11, todas as demais

foram gravadas por meio de um aparelho celular e transcritas com o auxílio do Transcriber 1.5.112. Considera-se relevante destacar que as entrevistas foram agendadas e realizadas

somente após a aprovação do projeto de investigação pelo Comitê de Ética institucional, ocorrida em dois de novembro de 2017, conforme Parecer Consubstanciado nº 2.363.39313.

Antes do início de cada entrevista, disponibilizou-se um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)14 ao convidado que, após lê-lo e aceitá-lo, o devolveu assinado

para arquivo. Em virtude do compromisso assumido no TCLE de que nomes e funções seriam mantidos em sigilo, cada entrevistado será identificado como “Participante”, recebendo uma letra do alfabeto para diferenciar as falas. Em síntese, entre os meses de novembro de 2017 e abril de 2018, 27 Participantes envolvidos com a EaD na UFSCar contribuíram com a investigação ao falar de suas experiências, vivências, interpretações e considerações acerca da institucionalização da modalidade.