• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO III. COMPETITIVIDADE, INOVAÇÃO E DESEMPENHO ECONÓMICO E FINANCEIRO

3.1 Competitividade e Inovação

A competitividade de uma empresa está intrinsecamente ligada com a inovação, que por sua vez influencia a produtividade e a competitividade. Uma empresa para se tornar competitiva tem como principal objetivo ganhar vantagem inovadora, concretamente inovar os seus métodos, processos, produtos e soluções de trabalho de modo a obter vantagem competitiva face à concorrência do setor.

Porter (1985) defende que as empresas com desempenho superior apresentam uma vantagem competitiva, ou seja, a capacidade de criar valor acima da média dos seus concorrentes. E desde logo, empresas que criam valor acima da média do seu setor devem apresentar resultados superiores. Nesse sentido as organizações não poderão apenas garantir a eficiência operacional, uma vez que a mesma, por si só não garante um padrão adequado de competitividade, Porter, (1990). A competitividade está intrinsecamente associada ao estabelecimento de uma posição privilegiada, sustentada no ambiente a qual poderá resultar da criação e consolidação de uma imagem de empresa competitiva, todavia, vai depender do que está sendo valorizado no ambiente e das características do segmento em que a organização atua. Assim, se no enquadramento desse ambiente a eficiência operacional é o elemento mais valorizado para a competitividade, a empresa competitiva será aquela que inovar nesse sentido e conseguir estabelecer os padrões que serão seguidos pelas demais.

Para Neves (2004) fatores como fonte de rendibilidade e criação de excedentes financeiros é que medem a posição competitiva da empresa. Por outro lado, Mateus et al, (2005) definem competitividade como a capacidade que as empresas têm de gerar, de forma sustentada, crescentes níveis de rendimento dos fatores e elevados níveis de emprego. Segundo os autores, a competitividade constitui um referencial prioritário para o desenvolvimento das estratégias concorrenciais de crescimento, ao nível das empresas, independentemente da sua dimensão. Para além disso, os autores defendem que a noção de competitividade passa do referencial de concorrência entre empresas para o referencial de competição entre países/ regiões em matéria de localização do investimento internacional. De acordo com a mesma fonte, a orientação estratégica para a formulação de grandes políticas de desenvolvimento advém da ascensão e difusão da visão convencional sobre a competitividade.

Desta forma, é importante realçar que o sucesso e prosperidade de uma região está intrinsecamente associada à performance do seu tecido empresarial. Para isso contribui o grau de proximidade entre Universidades e Centros de Investigação às empresas, e na forma como partilham a informação, o conhecimento e a tecnologia, devendo estas assegurar uma performance elevada nos serviços de apoio às empresas. As empresas devem demonstrar sempre capacidade de inovar e buscar a sofisticação tecnológica Mateus et al. (2005).

O desempenho competitivo envolve, assim, aspetos quantitativos (associados aos indicadores de

eficiência e eficácia atingidos, isto é, à maior ou menor capacidade de “fazer”, transformando condições em resultados) e aspetos qualitativos (associados à inovação, à velocidade de adaptação, reação ou aprendizagem, isto é, à diferenciação das trajetórias de evolução no “saber

fazer”).” Mateus et al. (2005 p. 26).

Neste sentido, de acordo com a literatura podemos concluir que diferentes autores apresentam várias abordagens sobre a competitividade que, apesar de diversificadas, apresentam um ponto em comum, concretamente referem que a vantagem competitiva só é possível com a inovação e sofisticação por parte das empresas (cf. Tabela14).

Tabela 14: Revisão de literatura sobre a competitividade

Autores Conclusões sobre Competitividade

Mateus et.al, 2005

A competitividade é a capacidade que as empresas têm de gerar, de forma

sustentada, crescentes níveis de rendimento dos fatores e elevados

níveis de emprego.

Neves, 2004

A rendibilidade e a criação de excedentes financeiros é que medem a posição competitiva da empresa.

Porter, 1999 A empresa competitiva é aquela que inova no sentido da eficiência

operacional.

Silva e Plonski, 1996 A competitividade exige inovação de processos e/ou produtos.

Fonte: Elaboração Própria

Relativamente à inovação, Schumpeter (1939), define como um processo de transformar boas ideias em uso prático e as colocar no mercado. O economista relaciona a criação de valor à inovação e sublinha a importância dos empreendedores individuais para o dinamismo empresarial. Neste sentido, a cultura organizacional pode favorecer um ambiente propício à geração de inovação por meio da criação de novas ideias, pois, sendo ela um “conjunto de pressupostos básicos que um grupo inventou, descobriu ou desenvolveu [...] considerados válidos e ensinados a novos membros

como a forma correta de perceber, pensar e sentir em relação a esses problemas” (Schein, 1984,

p. 3), a sua influência pode ser determinante na construção de uma identidade que preze a criatividade e o compromisso pelo novo. Segundo Nayak (1991), a importância da inovação do produto é fulcral para o crescimento dos lucros das empresas e mostrou que a gestão da carteira

de produtos é fundamental para a competitividade da empresa. Assim, a capacidade de inovar é vista como um dos principais critérios da vantagem competitiva das empresas.

Assim, a inovação pensada como uma ideia que, colocada em prática, gera um retorno financeiro ou econômico para a organização (Gundling, 1999), pode ser motivada por qualquer indivíduo dentro ou fora da organização.

A inovação pode assumir diversas formas como a adoção de novas soluções tecnológicas ou processos de trabalho, a criação de novos produtos, a competição em novos mercados, o estabelecimento de novos acordos com clientes ou fornecedores, a descoberta de uma nova fonte de matérias-primas, um novo processo de produção, um novo modo de prestar serviço pós-venda ou até mesmo um novo modo de operar na relação com os clientes (Afuah, 2003).

Naidoo (2010), encontra uma relação positiva entre inovação de marketing e vantagens competitivas das empresas. A inovação é um fator fundamental para o rápido crescimento das empresas e para a manutenção os lucros (Bartoloni e Baussola 2009, Garcia e Puente 2012).

De acordo com a European Comission (2017), a inovação e a investigação desempenham um papel fulcral na determinação do desempenho económico das empresas e das regiões. Já a inovação empresarial resulta do empenho de uma empresa no desenvolvimento de novos produtos ou serviços, nos quais os seus clientes conseguem ver uma mais-valia, não se configurando apenas numa invenção, uma vez que tem que demonstrar ao mercado o seu valor Enterprise Europe Network (2018).

A inovação entende-se como uma oportunidade interna ou externa de evoluir em termos produtivos. De acordo com a literatura apresentada a inovação é o motor do crescimento da produtividade a médio-longo prazo, produtividade que trará vantagem competitiva ao tecido empresarial de uma região.

Analisando as revisões apresentadas e adaptando o pensamento de Gundling, (1999), é possível congregar inovação num conceito único, e representada numa equação algébrica que se apresenta da seguinte forma: ideia + ação = resultado financeiro ou económico ou seja, algo que cria valor para o negócio da empresa, a mesma revisão demostra que as empresas são o veículo da inovação e ao mesmo tempo dependem da própria inovação, uma vez que a mesma se relacionada positivamente com o desempenho empresarial.

Uma boa articulação entre os diferentes fatores do sistema de inovação (pessoas, empresas, região e serviços) permite partilhar conhecimentos e riscos, impulsionando e motivando as empresas a inovar e ganhar vantagem competitiva. Sendo assim, os sistemas de incentivos à inovação permitem reforçar as relações entre os fatores de inovação de modo a proporcionar capacidade inovadora às empresas.

Quando se pretende medir a competitividade e inovação numa determinada empresa é necessário saber quais os seus fatores de desenvolvimento, de modo a compreender se a empresa está a ser competitiva no mercado em que se insere. O quadro seguinte esquematiza uma forma de cálculo da competitividade empresarial (cf. Tabela15).

Tabela 15: Avaliação dos fatores de competitividade empresarial

Avaliação dos Fatores de Competitividade Empresarial

Indicador Fatores Resultado

Competitividade = Criação de excedentes financeiros; = Vantagem competitiva e Inovação = Valores numéricos de medidas de desempenho empresarial Rendibilidade; Criação de Emprego; Produtividade. Fonte: Elaboração Própria

A competitividade não depende por si só do desempenho financeiro da empresa. Para que as empresas alcancem vantagem competitiva a gestão de recursos humanos é crucial, sendo de extrema importância o papel das pessoas no alcance da competitividade e da produtividade. Cabe às organizações encontrar novas formas de gestão, cabendo à gestão dos recursos humanos fazer chegar a estratégia da organização às pessoas e transformá-las em agentes de competitividade (Lacombe & Tonneli, 2001).

Os fatores de inovação assentam em pontos fulcrais que a empresa tem necessidade de evoluir/inovar, os fatores de inovação podem ser difíceis de medir. Segundo Lucena (2016, p. 5), esta medição pode ser desenvolvida determinando o sucesso que a empresa alcança com a introdução de novos processos, refletido nos lucros, produtividade, e outros fatores resultantes da introdução de um novo processo. Pese embora estes indicadores possam não estar diretamente relacionados com a inovação implementada é possível encontrar uma correlação entre a evolução positiva destes indicadores e o investimento em inovação levado a cabo pela empresa (cf. Tabela16).

Tabela 16: Avaliação dos fatores de inovação empresarial

Avaliação dos Fatores de Inovação Empresarial

Indicador Fatores Resultado

Inovação = Novas soluções tecnológicas; = Vantagem competitiva/produtiva = Valores numéricos de medidas de desempenho empresarial e produtivo Novos processos de trabalho, produção e venda; Novos produtos e mercados; Novas relações institucionais e comerciais. Fonte: Elaboração Própria

Cada vez mais a inovação ocupa um lugar de relevo nos debates no âmbito da competitividade empresarial, bem como no “desenho” de políticas de desenvolvimento regional. Esta constatação deriva de estudos realizados nos países mais desenvolvidos que enunciam que se estima que a inovação é responsável por cerca de 90% do crescimento da produtividade, no sentido que a produtividade é um dos fatores de referência no cálculo da competitividade, volta-se ao ponto de discussão inicial em que a competitividade empresarial nos dias de hoje depende inteiramente da inovação. Considerando o facto de que o aumento da produtividade é responsável por cerca de 80% do crescimento económico, a inovação torna-se crucial na ampliação de oportunidades a vários níveis para as regiões e/ou países, quer no cenário económico, quer mesmo no cenário social (Quandt, 2004).