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Desempenho económico e financeiro no setor do turismo

CAPÍTULO III. COMPETITIVIDADE, INOVAÇÃO E DESEMPENHO ECONÓMICO E FINANCEIRO

3.2 Desempenho económico e financeiro no setor do turismo

Segundo Teixeira (2008) e Russo (2009) desempenho económico e financeiro resume-se na capacidade de criação de valor das organizações com fins lucrativos é definido também como forma de avaliar o uso dos ativos por empresa ou organização. Teixeira (2008) refere que o desempenho financeiro ajuda também a avaliar a saúde financeira de uma empresa ao longo de um determinado período de tempo, podendo ainda, servir de base para comparar empresas similares ou setores de atividade.

Teixeira e Amaro (2013) entendem que tradicionalmente o conceito de desempenho financeiro está relacionado com a informação contabilística proveniente das demonstrações financeiras, como é o caso do Balanço da Demonstração de Resultados e da Demonstração de Fluxos de Caixa. Para além disso, os mesmos autores, referem ainda que o desempenho financeiro resume o impacto das decisões tomadas no âmbito da atividade, ao nível da capacidade para gerar resultados, criar rendibilidade face aos investimentos realizados da situação de tesouraria da empresa e da sua sustentabilidade financeira ao longo do tempo.

A avaliação do desempenho financeiro baseia-se na informação contabilística proveniente de demonstrações financeiras, como são os casos do Balanço, da Demonstração de Resultados e da Demonstração de Fluxos de Caixa (Santos, 2008).

Conforme Mota e Custódio (2008), o conjunto de demonstrações financeiras acima referido é uma fonte privilegiada de informação, permitindo inclusivamente, o cálculo de diversos indicadores que tornam possível a obtenção de uma imagem mais precisa sobre o desempenho financeiro das organizações.

Assim, a avaliação do desempenho financeiro nas empresas é uma das perspetivas mais importantes na avaliação do seu desempenho competitivo, uma vez que sintetiza o impacto de todas as decisões de gestão na capacidade de criação de valor, em termos de inovação e prospeção do negócio.

Relativamente ao desempenho económico, Geroski e Machin (1993) afirmam que a inovação afeta a evolução da empresa e o seu desempenho no tempo, tendo impacto na rendibilidade da empresa.

Kemp et al. (2003) mostra que as empresas que inovam têm um maior crescimento das vendas e dos lucros. Segundo a análise de Marques (2004), as empresas inovadoras apresentam um maior desempenho económico-financeiro do que as não inovadoras. Todos estes autores convergem no assunto quando se aborda a relação entre inovação e desempenho económico-financeiro das empresas havendo quase trade-off entre as mesmas.

Para Domingues (2009), os indicadores económicos procuram avaliar a capacidade da empresa gerar valor, isto é, em termos de eficiência, rendibilidade e produtividade. Os indicadores financeiros baseiam-se numa vertente patrimonial, isto é, os recursos da empresa e a capacidade de cumprir os seus compromissos financeiros, isto é, a estrutura dos bens e direitos, indicadores de liquidez no curto prazo e de solvabilidade no longo prazo.

Segundo Neves (2011) existem várias perspetivas para avaliação do desempenho financeiro de uma empresa, o qual sublinha que não há unanimidade quanto aos indicadores a utilizar. Os estudos empíricos baseiam-se, por norma, na análise de variáveis de desempenho para medir a competitividade das empresas (Vasconcelos & Brito, 2004).

O importante é saber quais as variáveis de desempenho que melhor revelam a competitividade e o valor criado pela empresa e como podem refletir a sua posição competitiva no setor em que se inserem. Para o efeito torna-se importante a relevância da informação, prestada pela empresa, e a sua exteriorização para que os estudos dos rácios financeiros sejam corretos e precisos.

Autores como Porter (1985) e Besanko et al. (2004) reconhecem que a competitividade resulta de um resultado económico-financeiro da empresa superior em relação às concorrentes. Portanto, para estes autores, a competitividade pode ser medida por alguns indicadores de resultado financeiro. Atendendo ao objetivo do estudo, analisar económica e financeiramente o tecido empresarial do setor do turismo na Região Norte de Portugal, relacionando a sua competitividade e inovação a indicadores de crescimento, foram selecionados indicadores de rendibilidade, produtividade e equilíbrio financeiro, cumulativamente os indicadores económicos e financeiros adotados pelos Sistemas de Incentivos do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) mais concretamente os critérios de seleção e da avaliação de desempenho económico dos projetos também foram selecionados. Desta forma atendendo ao segundo objetivo da presente investigação, concretamente avaliar o impacto dos investimentos no setor do turismo. Deste modo foram selecionados 9 (nove) indicadores económicos e financeiros, indicadores que ajudam a quantificar fatores de competitividade e inovação descritos no ponto anterior (cf. Tabela15 e 16), de forma a obter os valores numéricos de medidas de desempenho empresarial e produtivo. Segue-se uma tabela com os principais nove indicadores económicos e financeiros adequados ao presente estudo.

Tabela 17: Indicadores económicos e financeiros

Indicadores Função

1. VN (Volume de Negócios) VN= Vendas + Prestação de Serviços 2. ROA (Retorno sobre Ativos) ROA=Lucro Líquido

Ativos Totais 3. VAB (Valor Acrescentado Bruto)

VAB= Produção – Custo de Mercadorias Vendidas e Matérias Consumidas – Fornecimentos de Serviços

Externos – Impostos 4. PAT (Produtividade Aparente do

Trabalho) PAT= VAB

Nº Médio Trabalhadores 5. LQD G (Liquidez Geral) LQD G= Ativos Circulante

Passivo Circulante 6. AUT FIN (Autonomia Financeira) AUT FIN=Capital Próprio

Ativo Líquido 7. SOLV (Solvabilidade) SOLV=Capital Próprio

Passivo 8. END (Endividamento) END=Passivo

Ativo ×1oo% 9. EBE (Excedente Bruto de

Exploração)

EBE = Resultados Operacionais + Amortizações do Exercício + Provisões

Fonte: Elaboração Própria

Descrito quais os indicadores a utilizar, procede-se a uma revisão de literatura de forma a perceber qual a vantagem de cada indicador para o estudo em questão (cf. Tabela18).

Tabela 18: Revisão de literatura sobre os indicadores económicos e financeiros

Indicadores Revisão Autores

VN (Volume de Negócios)

O crescimento e a competitividade de uma empresa podem ser medidos pelo volume de negócios.

Entende-se como o montante das vendas e das prestações de serviços efetuados pela empresa durante o exercício, líquido dos descontos e abatimentos a que foram sujeitos.

Moreira (2001), Brito & Brito

(2012)

ROA (Retorno sobre Ativos)

A rendibilidade e a lucratividade podem ser medidas através da variável financeira ROA, que demonstra o potencial de geração de lucros da empresa.

A rendibilidade do ativo mede a rendibilidade dos capitais da empresa, independentemente da sua origem.

Moreira (2001), Vasconcelos e Brito (2004) VAB (Valor Acrescentado Bruto)

Os indicadores de produtividade relacionam a produção com os

recursos necessários á sua obtenção.O VAB mede o contributo

produtivo da empresa, ou seja, aquilo que efetivamente criou através da sua produção.

Martins (2004), Moreira (2001)

Indicadores Revisão Autores

PAT (Produtividade

Aparente do Trabalho)

É o referencial de produtividade, na qual uma das formas de ser calculada traduz-se na relação entre VAB e número médio de trabalhadores da empresa. Este rácio mede a eficácia na utilização dos recursos humanos afetos à empresa, sendo a

riqueza criada na produção, em média, por cada trabalhador.

A competitividade é vista como um conceito agregado, sendo a produtividade do trabalho uma componente chave para tornar a empresa competitiva. Martins (2004), Boddy et al. (2005). LQD G (Liquidez Geral)

A liquidez é a capacidade de a empresa saldar os seus compromissos no curto prazo.

Existem três rácios de liquidez: a liquidez geral, a liquidez imediata e a liquidez reduzida. A liquidez geral é a uniforme e por isso a utilizada no presente estudo.

Moreira (2001), Martins (2004)

AUT FIN (Autonomia Financeira)

A autonomia financeira corresponde à parte dos ativos da empresa que é financiada com capitais próprios.

É um indicador da estrutura de capital no curto prazo, pois é suscetível de ser influenciado pela atividade operacional no sentido em que o ativo engloba, para além dos ativos fixos, os circulantes.

Moreira (2001), Martins (2004)

SOLV (Solvabilidade)

A solvabilidade é um dos indicadores económicos mais apropriados para medir a estrutura de capital de uma empresa, pois relaciona fontes de financiamento de natureza estável, o que dá segurança às empresas a longo prazo.

Isto é, a capacidade de solver compromissos em prazos dilatados.

Martins (2004, p.103)

END (Endividamento)

É um conjunto de operações de crédito realizadas por parte das instituições de forma a compensar as necessidades de financiamento.

O endividamento engloba não só operações de crédito como também dívidas aos fornecedores.

Oates (1989), LFL (artigo 36º nº1 da Lei 2/2007) EBE (Excedente Bruto de Exploração)

Corresponde à diferença entre, por um lado, o valor acrescentado bruto e por outro, os gastos com o pessoal e os impostos sobre produtos líquidos de subsídios. Sintetiza a totalidade do valor afeto à remuneração do fator capital.

Oliveira, et al. (2013)