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Discussão e implicações para a teoria

CAPÍTULO VIII. CONCLUSÕES

8.1 Discussão e implicações para a teoria

Chegando ao fim deste estudo, importa agora refletir e destacar os aspetos mais importantes do mesmo, bem como a concretização dos seus objetivos, que gradualmente foram construídos. A metodologia utilizada, bem como a seleção de variáveis de análise dos fatores competitivos e inovadores das empresas selecionados, permite retirar conclusões com razoável solidez, uma vez que a amostra é de grande relevância, 11 611 empresas e as variáveis selecionadas são de grande importância para as empresas do setor.

Os resultados obtidos, tendo por base as 11 611 empresas do setor do turismo da região Norte de Portugal, que integram a amostra alvo do estudo, permitem concluir que, no período em análise, 2006-2016, as empresas perderam os seus fatores competitivos e inovadores (cf. Tabela 15 e 16). Destaca-se a existência de umarelação direta entre os diferentes fatores e indicadores analisados, ou seja, dos nove indicadores em análise apenas a “Liquidez geral” e o “EBE” não apresentaram taxas de crescimento negativas, os restantes indicadores financeiros apresentaram taxas de crescimento negativas superiores a 35%, não criando qualquer vantagem competitiva, inovadora ou produtiva para as empresas em análise.

Relativamente às 96 empresas do setor do turismo da região Norte de Portugal beneficiárias do instrumento de apoio QREN, cujos projetos se enquadram no âmbito do sistema de incentivo à inovação, importa distinguir duas situações de relação entre as variáveis e o SI inovação, uma relação positiva e outra negativa. Concretamente, e de acordo com os resultados da inferência estatística do teste não paramétrico de Wilcoxon, existe uma relação linear positiva relativa aos fatores de competitividade (produtividade e criação de emprego) e inovação (novos processos de produção e trabalho) e o SI à inovação. As empresas financiadas apresentam uma taxa de crescimento na variável “VAB” sendo a mesma estatisticamente muito significante, e a variável “PAT”, que se apresenta estatisticamente significante. Assim sendo, existem evidências que o SI Inovação alcançou o seu objetivo, desenvolvendo o tecido empresarial da região Norte de Portugal em fatores produtivos e competitivos.

Contudo a inferência estatística do teste não paramétrico de Wilcoxon, revela uma relação linear negativa entre os fatores de competitividade (criação de excedentes financeiros e rendibilidade) e o SI à inovação. As empresas financiadas apresentaram uma taxa de crescimento negativa nas variáveis financeiras “Liquidez geral”, “Autonomia financeira”, “Solvabilidade” e “Endividamento “e, na globalidade, os testes de inferência revelam que os resultados são estatisticamente muito

financeira entre os períodos ex ante e ex post ao recebimento fundo. Assim, relativamente à análise do impacto do SI inovação no tecido empresarial do setor do turismo da Região Norte de Portugal, comprovamos a existência de uma relação direta de causa-efeito entre o incentivo e os fatores de competitividade de ordem financeira em estudo face à correlação estatisticamente muito significativa entre as variáveis em estudo. Por outro lado, apesar da relação positiva em termos produtivos, concluímos uma relação negativa em termos financeiros.

Este estudo pretende também analisar se os eixos estratégicos de intervenção no turismo da região Norte de Portugal, definidos pelo PENT no período de vigência do QREN, estão de encontro com o que o SI Inovação veia crestar ao setor do turismo. Relacionando os resultados obtidos com os eixos estratégicos.

Concretamente, os eixos estratégicos para o turismo foram previamente definidos no Capítulo II, ponto 2.2.2 do presente estudo, os quais assentam em cinco pontos, onde concluímos que o SI Inovação foi relevante para desenvolver a estratégia do turismo para a região norte de Portugal. Nomeadamente no Eixo I – Recursos/produtos e infraestruturas de suporte ao turismo regional, o SI Inovação acabou por desenvolver melhores infraestruturas básicas de apoio ao turismo, no presente estudo de caso concluímos que 18% das empresas financiadas são da área de serviços especializados e desporto, recreação e lazer. O Eixo II – Alojamento e Restauração, tem como objetivo requalificar e aumentar a oferta de alojamento em quantidade e qualidade, verificamos que 82% das empresas financiadas pelo SI Inovação pertencem ao segmento de Alojamento e restauração. Por fim o Eixo IV – Qualificação e formação dos recursos humanos, concluímos que as empresas financiadas com o SI Inovação apresentam uma taxa de crescimento de 52% na “PAT” o que reflete um aumento de produtividade dos recursos humanos e um crescimento de emprego. Dos cinco eixos previamente definidos PENT, só dois não tiveram influencia direta do SI Inovação. Os sistemas de incentivo público e o crescimento competitivo do tecido empresarial também visam o combate das fraquezas que uma determinada região apresenta. No presente estudo concretamente no Capítulo II, ponto 2.2.4 é apresentada uma matriz SWOT da atividade turística da região norte de Portugal (cf. Tabela 13), avaliando as diferentes fraquezas da região conclui-se que o principal ponto fraco é a coordenação turística dos diversos agentes no terreno (empresas e serviços de turismo), algo que a dinamização do turismo para as regiões interiores pode resolver, o SI Inovação teve uma pequena aposta nesse caso, contudo não foi muito bem-sucedida pois os grandes centros urbanos do Norte de Portugal continuaram a ser as regiões mais beneficiadas, o caso concreto do Porto com 42% das empresas a serem beneficiadas. Tornando a principal ameaça da região uma realidade, a massificação do turismo na região Metropolitana do Porto, é necessário atuar em rede de escala e conter a debilidade da concentração do turismo, ajudando de certo modo o tecido empresarial a expandir e a criar novas oportunidades nas diferentes regiões do norte de Portugal. A principal oportunidade e força da região Norte passa pela diversidade de produtos turísticos e o crescimento em larga escala do setor na região, algo que proporciona novas oportunidades de negócio e leva o turista a procurar novos padrões de consumo. Contudo é

necessário apostar nas diferentes regiões, principalmente nas regiões menos desenvolvidas e que oferecem produtos diferenciadores em termos gastronómicos, culturais, religiosos de natureza e desportivos.

Conclui-se que o investimento público, em concreto o SI Inovação, ajuda a um melhor enquadramento das estratégias para o turismo. Em suma o planeamento turístico tinha como objetivo criar valor e promover o turismo da região norte de Portugal, aglutinando de certo modo o tecido empresarial do setor. Salienta-se que os eixos estratégicos para o turismo da região Norte delineados para o período entre 2007 e 2015 foram direcionados para a promoção e projeção do turismo como produto, contudo os eixos e objetivos delineados para o Portugal 2020 abrangem o setor turístico como um todo (produto/região e tecido empresarial) e, consequentemente para a qualificação, restruturação e desenvolvimento do turismo e do seu tecido empresarial. Combatendo as fraquezas e ameaças que a região Norte de Portugal continua a ter e que atrasam o seu desenvolvimento como destino turístico de eleição mundial.