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CAPÍTULO VII. ANÁLISE DE DADOS OBTIDOS E DISCUSSÃO

7.4 Discussão de resultados

Neste estudo realizamos uma análise descritiva do tecido empresarial do setor do turismo sediado na região Norte de Portugal, concretamente analisamos nove variáveis relativamente a 11 611 empresas. Dos resultados obtidos podemos concluir que a variável económica “Volume de negócios” apresentou uma taxa de crescimento negativa (-1%). Como referido anteriormente, Moreira (2001) refere que o crescimento e a competitividade de uma empresa podem ser medidos pelo volume de negócios, assim, conclui-se que no período em análise de modo geral as empresas perderam a sua competitividade (cf. Tabela 38).

A variável “ROA” apresentou uma taxa de crescimento negativa (-22,57%), Vasconcelos e Brito (2004) refere que a rendibilidade e lucratividade pode ser medida pelo “ROA”, nesse sentido as empresas no período em análise tornaram-se menos rentáveis.

A variável “VAB” seguiu o mesmo sentido que as anteriores, apresentou uma taxa de crescimento negativa, (-9%), segundo Moreira (2001) o “VAB” apresenta o contributo produtivo da empresa, aquilo que efetivamente foi criado em termos produtivos, no período em análise as empresas do setor, não acrescentaram valor à sua produção.

A variável de “PAT” revelou no período em analise uma taxa de crescimento negativa, (-11%). Boddy

et al. (2005), indica a produtividade aparente do trabalho uma componente chave para tornar uma

empresa competitiva, assim sendo a amostra revela perda de competitividade no período em análise.

No caso da variável “Liquidez geral” a taxa de crescimento foi positiva, (+0.76%). Reflete a capacidade que as empresas têm em saldar os seus compromissos no curto prazo (Moreira, 2001). No período em análise as empresas ganharam competitividade no que concerne a satisfazer as suas obrigações de curto prazo.

A variável da “Autonomia financeira” apresentou uma taxa de crescimento negativa, (-50.23%). Segundo Martins (2004), a autonomia financeira de uma empresa corresponde à parte dos ativos da empresa que é financiada com capitais próprios. No período em análise as empresas apresentaram uma queda abruta na variável em causa, reflete que as empresas do setor necessitam de recorrer a capital alheio para se manterem seguras financeiramente.

A variável da “Solvabilidade” revelou uma taxa de crescimento negativa, (-38.01%). A solvabilidade relaciona fontes de financiamento de natureza estável, apurando a segurança financeira das empresas a longo prazo (Martins, 2004). No período em análise as empresas apresentam uma queda na estrutura de capital a longo prazo, perdendo competitividade.

No caso concreto da variável “Endividamento”, apresenta uma taxa de crescimento positiva (+47.99). Segundo Oates (1989), a variável endividamento é o conjunto de operações de crédito realizadas por parte das instituições de forma a compensar as necessidades de financiamento. Com este crescimento na taxa de “endividamento”, entende-se que as empresas estão mais dependentes

dos seus credores, agravando as suas necessidades ao financiamento alheio, tornando as empresas dependente e sem autonomia própria no mercado, perdendo competitividade no setor, o crescimento reflete-se em agravamento.

Concluindo, a variável “EBE” apresenta uma taxa de crescimento, na ordem dos (+5%). Oliveira, et.al, (2013) refere que a variável “EBE” corresponde à diferença entre o valor acrescentado bruto os gastos com o pessoal e impostos sobre produtos líquidos de subsídios. Sintetizando, apesar da falta de valor produtivo das empresas, apresentado na variável “VAB”, o custo interno que as empresas apresentam suporta a falta de produtividade.

Da análise ao conjunto de empresas, concluímos que as empresas apresentam falta de crescimento, competitividade e inovação, uma vez que segundo Mateus et al. (2005) a competitividade é a capacidade que as empresas têm de gerar, de forma sustentada, crescentes níveis de rendimento dos fatores e elevados níveis de emprego. Tanto a variável “ROA” e “PAT apresentam resultados negativos. Neves, (2004) indica que a rendibilidade e a criação de excedentes financeiros é que medem a posição competitiva da empresa, a variável “Volume de negócios”, “Autonomia financeira”, “Solvabilidade” e “Endividamento” apresentaram taxas de crescimento negativas, já a variável “Liquidez geral” apresentou uma taxa de crescimento positiva, porém não pode ser conclusivo, tanto pela taxa de liquidez ser bastante reduzida, como pelos restantes indicadores financeiros apresentarem taxas de crescimento bastante negativas (cf. Tabela 38).

Silva e Plonski, (1996) refere que a competitividade exige inovação de processos e/ou produtos, as variáveis “VAB” e “EBE”, apresentaram respetivamente crescimento negativo e positivo, tornados os resultados inconclusivos (cf. Tabela 38).

Tabela 38. Síntese da análise descritiva e os fatores de competitividade e inovação Indicadores Taxa Média

Crescimento Análise Autores

Resultado da Amostra

VN (Volume de

Negócios) -1 % ↓

Revela uma redução no crescimento e competitividade da amostra em estudo. Moreira (2001) Perdeu competitividade ROA (Retorno sobre Ativos) -22,57 % ↓

A amostra revela uma quebra acentuada em termos rentáveis e lucrativos, logo uma perda de competitividade

e inovação das empresas.

Vasconcelos e Brito (2004)

Perdeu competitividade e

Indicadores Taxa Média

Crescimento Análise Autores

Resultado da Amostra VAB (Valor Acrescentado Bruto) -9 % ↓

A amostra apresentou falta de valor produtivo, ou seja não contribuíram com algo novo

para o setor, nem aumentaram a sua cota

produtiva. Moreira (2001) Perdeu Inovação PAT (Produtividade Aparente do Trabalho) -11 % ↓ A competitividade esta intrinsecamente ligada a produtividade do trabalho, a “PAT” decresceu, o que leva

as empresas a perder competitividade. Boddy et al. (2005) Perdeu competitividade e inovação LQD G (Liquidez Geral) 0,76 % ↑ A competitividade das empresas está ligada a sua capacidade de satisfazer no curto prazo as obrigações financeiras, a amostra ganhou

competitividade neste aspeto.

Moreira (2001) Ganhou competitividade AUT FIN (Autonomia Financeira) -50,23 % ↓ A competitividade de uma empresa é refletida pela sua

capacidade de autofinanciamento, conseguirmos combater todas as adversidades internamente sem capital alheio, que nos proporciona encargos a longo

praz. Martins (2004) Perdeu competitividade SOLV (Solvabilidade) -38,01 % ↓ A solvabilidade evidência o grau de independência das empresas em relação aos

credores e o poder de negociação das empresas

para contraírem novos financiamentos, uma empresa

com poder de negociação é uma empresa competitiva

Martins (2004)

Perdeu competitividade

Indicadores Taxa Média

Crescimento Análise Autores

Resultado da Amostra END (Endividamento) 47,99 % ↑ O agravamento da taxa de endividamento comtempla o conjunto de operações realizadas pela empresa para

compensar as necessidades de financiamento, quanto maior a taxa, maior o grau de

dependência. Oates (1989) Perdeu competitividade EBE (Excedente Bruto de Exploração) 5 % ↑

A amostra continua com competitividade na presente variável. Mas numa situação futura desfavorável, visto que a VAB desceu e a EBE é relativamente reduzida para

aguentar a falta de produtividade das empresas.

Oliveira, et al.

(2013)

Ganhou competitividade

Fonte: Elaboração Própria

Procedendo a uma análise detalhada dos diferentes resultados obtidos tanto na análise descritiva como na inferência estatística verifica-se uma forte influência do Sistema de Incentivo à Inovação nas empresas, das 9 variáveis a estudo, 5 mostraram-se estatisticamente muito significativas, 2

estatisticamente significativas e as restantes 2 estatisticamente não significativas (cf. Tabela 39).

No entanto, não quer dizer que a influência do sistema de incentivo, seja de todo positiva para as empresas. No caso concreto desta análise passamos a distinguir as variáveis económicas/produtivas e as financeiras, na presente análise existem diferenças estatísticas entre os dois grupos. Verificamos que a variável económica e produtiva “VAB”, apresentou um crescimento estatisticamente muito significativo, a variável do mesmo grupo “PAT” cresceu e mostrou-se estatisticamente significante, já variável “ROA” e “EBE” apesar de apresentarem crescimento os resultados são estatisticamente não significantes, no caso concreto do “EBE” apresenta uma taxa de crescimento muito alta devido à falta de indicadores na maioria da amostra. Estes resultados são consistentes com a teoria de Afuah (2003), o autor defende que a inovação assume diversas formas como, novas soluções tecnológicas ou processos de trabalho, a criação de novos produtos, a competição em novos mercados, o estabelecimento de novos acordos com clientes ou fornecedores, ou seja, o sistema de incentivo à inovação afetou positivamente as empresas financiadas em termos produtivos e inovadores, como refere Schumpeter (1939), a inovação está relacionada à criação de valor.

Relativamente à variável económica “Volume de negócios”, apresenta uma taxa de crescimento negativa, apesar de o valor ser reduzido, em termos estatísticos é muito significante. Kemp et al. (2003) defendem que as empresas que inovam têm um maior crescimento das vendas, neste caso

concreto temos a perceção que as empresas financiadas apresentam inovação dois anos após o recebimento do fundo, mas as vendas decresceram, contudo, este caso específico pode ser reflexo das variáveis financeiras descritas no ponto seguinte.

Relativamente ao impacto sobre as variáveis de natureza financeira, as variáveis “Endividamento”, Solvabilidade” e “Autonomia financeira” apresentaram taxas de crescimentos negativas e são

estatisticamente muito significantes, a variável “Liquidez geral” acompanhou o crescimento

negativo e é estatisticamente significante.

Nesse sentido, conclui-se no que concerne aos indicadores económicos e produtivos o sistema de incentivo à inovação foi benéfico, tornando as empresas competitivas e inovadores em termos financeiros não apresentou mais-valia, nomeadamente apresenta-se estatisticamente muito

significativo no agravamento das variáveis financeiras (cf. Tabela 39).

Tabela 39: Síntese da análise descritiva e inferência estatística no SI Inovação Empresas Financiadas pelo SI Inovação Produtiva – QREN

Variáveis Taxa Média de

Crescimento Teste de Wilcoxon Significância

VN -1 % ↓ ,000 Estatisticamente Muito

Significante

ROA 1,83 % ↑ ,895 Estatisticamente Não

Significante

VAB 44 % ↑ ,000 Estatisticamente Muito

Significante

PAT 52 % ↑ ,003 Estatisticamente

Significante

LQD -8,58 % ↓ ,001 Estatisticamente

Significante

AUT FIN -11,13% ↓ ,000 Estatisticamente Muito

Significante

SOLV -47,99 % ↓ ,000 Estatisticamente Muito

Significante

END 22,57 % ↑ ,000 Estatisticamente Muito

Significante

EBE 570 % ↑ ,138 Estatisticamente Não

Significante Fonte: Elaboração Própria