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CAPÍTULO VI. METODOLOGIA

6.4 Modelo teórico

No segundo objetivo do presente estudo procura-se estimar o impacto do incentivo público, em concreto o Sistema de Incentivo à Inovação, pretende-se avaliar o desempenho das empresas financiadas recorrendo a uma lógica contra factual. Por outras palavras, o método de análise utilizado procura uma resposta à questão: “Qual o impacto do apoio público comunitário na competitividade do tecido empresarial do setor do turismo na região Norte de Portugal?”.

Na literatura escasseiam os estudos neste âmbito, entre os quais surge o estudo de Mamede, Fernandes e Silva (2013) o qual surge no mesmo âmbito da presente investigação. Nesse estudo, os autores estimaram os impactos dos incentivos públicos sobre o desempenho das empresas recorrendo a uma lógica contra factual, isto é, verificando o que aconteceria caso o apoio público não tivesse existido. Para o efeito utilizaram a seguinte equação:

τ T=1 = E (τi Ti = 1) = E (Yi1 Ti = 1) – E (Yi0 Ti =1),

Em que o valor esperado do impacto do incentivo na empresa apoiada corresponde à diferença entre o valor esperado da variável de resultado no caso da empresa apoiada ter sido apoiada. Os autores compararam dois grupos de empresas, um que obteve apoios do QCA III e outro que não obteve quaisquer apoios públicos, com base na informação da base de dados dos Quadros de Pessoal (GEP/MSSS) para caraterizar as empresas de acordo com um conjunto de variáveis, bem como analisar o seu desempenho em termos de sobrevivência, variação líquida de emprego total e variação líquida do emprego qualificado.

A presente investigação tem uma abordagem ligeiramente diferente, uma vez que considera o sistema de incentivo SI Inovação no âmbito QREN em termos de indicadores relevantes, os quais Mamede, Fernandes e Silva (2013) não utilizaram mas sugeriram na análise, nomeadamente a produtividade, inovação e competitividade.

Sendo assim, a metodologia aplicada neste estudo tem por base a metodologia do estudo Mamede, Fernandes e Silva (2013), concretamente, o impacto de um incentivo é medido, como referido anteriormente, pela diferença entre o valor esperado da variável de resultado na empresa no ano seguinte após a atribuição do fundo estrutural e o valor esperado da mesma variável de resultado na empresa no ano anterior ao respetivo fundo. Neste sentido, o impacto do investido é traduzido pela seguinte equação:

τ T=1 = E (τi Ti = 1) = E (Yi 2 Ti = 2) – E (Yi0 Ti =1) Onde:

τ T=1 representa o impacto estimado do fundo

E (Yi2 Ti = 2) representa o impacto esperado para o ano pós fundo

E (Yi0 Ti =1) representa o impacto esperado do fundo no ano anterior fundo T=1 representa o ano de recebimento do fundo.

Yi corresponde à empresa que recebeu o fundo Se i =1, é o ano pós fundo

Se i=0 é o ano anterior ao fundo.

No caso concreto dos sistemas de incentivos às empresas, é certo que o desempenho das mesmas depende de uma variedade de fatores, incluindo as caraterísticas das empresas á priori a distribuição dos fundos. Mas é expectável que o desempenho médio das empresas beneficiadas seja distinto do desempenho médio das mesmas empresas no ano anterior a beneficiarem do fundo. O método de análise contra factual, utilizado neste estudo, é conhecido na literatura como

coarsened exact matching. De acordo com Lacus et al. (2012) consiste na comparação direta do

desempenho de grupos de empesas, as quais apresentam caraterísticas idênticas para todas as variáveis relevantes conhecidas. Traduzindo-se assim, na segmentação de empresas por grupos, com base em variáveis discretas observáveis e, na análise comparativa da evolução média do desempenho, ao longo de um período definido, entre os grupos de empresas

Neste caso específico, as variáveis de segmentação usadas foram atribuídas com base na informação dos projetos aprovados no QREN, nomeadamente: tipologia de fundo ou sistema de incentivo, neste caso não se aplica, pois, o SI Inovação é o único apoio público em análise, ano de atribuição do fundo, setor de atividade, o âmbito geográfico do negócio (cf. Tabela 30).

Tabela 30: Variáveis de segmentação dos projetos aprovados no QREN Variável de

Segmentação Categorias consideradas Descrição e justificação

Ano de Atribuição 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Corresponde ao momento em que as empresas obtêm os fundos. Este intervalo serve como referência para identificar as caraterísticas de partida, ou seja, antes do fundo (T-1) e a evolução nas variáveis de resultado, após o fundo (T+2).

Segmento de Atividade Económica e Setor de Atividade 1- Alojamento e Restauração Alojamento; Restauração e Bebidas. 2- Atividades Recreativas e Culturais Agências de viagens, operadores turísticos e guias turísticos;

Serviços culturais;

Desporto, recreação e lazer.

Assume-se que o setor de atividade tem um peso na obtenção do incentivo, caraterizando a economia local.

Âmbito Geográfico do Negócio

NUT II – Região Norte de Portugal

Para além das condições macroeconómicas gerais, assume-se que o desempenho das empresas é afetado pela dinâmica dos mercados geográficos em que as empresas operam. Neste caso operou-se nas diferentes regiões do Norte de Portugal.

Fonte: Elaboração Própria

Um dos problemas que surge neste tipo de análises é o facto de algumas empresas beneficiarem de apoios para mais do que um projeto dentro da mesma categoria ou tipologia de incentivo, mas em anos diferentes, o qual dificulta a identificação do momento em que o apoio começa a produzir efeitos. Neste caso, definiu-se o ano do primeiro incentivo como sendo o momento a partir do qual o apoio público começou a produzir alguns efeitos, sendo considerado o último ano de atribuição do incentivo o momento a partir do qual o apoio público começou a produzir totalmente efeitos (T). Assim, a caraterização das empresas é realizada com referência a T-1, o ano antes dos incentivos começarem a produzir quaisquer efeitos em comparação com o período é T+2, ano em que o último incentivo produz efetivamente efeito.

De acordo com Mamede et al. (2013), a estimativa do impacto da política pública para um agregado de empresas obtém-se através da média ponderada dos impactos estimados por segmento de empresas, tendo como ponderador o peso de cada segmento. Neste trabalho, especificamente, a segmentação será feita no sistema de incentivo Inovação Produtiva verificando as diferenças nas médias das variáveis económico e financeiras para cada período de tempo, o ante e o pós fundo. A falta de informação na grande maioria das empresas em diversos indicadores económicos e

financeiros levou à exclusão de uma variável inicialmente definida para este estudo, concretamente a variável Valor Bruto de Produção.