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Fundos comunitários europeus em Portugal

CAPÍTULO III. COMPETITIVIDADE, INOVAÇÃO E DESEMPENHO ECONÓMICO E FINANCEIRO

5.2 Fundos comunitários europeus em Portugal

Portugal à data da adesão registava algum atraso estrutural, implicando que se pensassem em novas metodologias para o apoio a estas regiões sem que fossem afetadas outras, tendo sido criado o Fundo de Coesão que se pauta pela ajuda à criação de infraestruturas. Assim, através dos Fundos Comunitários nomeadamente do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional e Fundo de Coesão assiste-se a um grande desenvolvimento das infraestruturas nacionais e de todos os indicadores relativos à coesão (sobretudo no respeitante à educação e formação de recursos humanos). Dessa forma, o projeto europeu faz de Portugal um polo atrativo de captação de investimento externo apesar de a sua concentração ser preferencialmente nas regiões do Litoral.

As intervenções estruturais, que constituem as transferências comunitárias que financiam e cofinanciam a execução de projetos de desenvolvimento económico e social no território nacional, traduziram-se em quadros com prioridades estratégicas. Concretamente, em Portugal até ao momento estas intervenções passaram por cinco quadros comunitários acordados entre o Governo português e a Comissão Europeia, desde 1989 até 2020, entre os quais:

I. I Quadro Comunitário de Apoio (QCAI) para o período de programação 1989-1993; 1950 1957 1960 1962 1970 1975 1980 1987 1988 64 Mil Milhões de ECU* 1990 1992 168 Mil Milhões de ECU* 1993 1999 213 Mil Milhões de € 2000 2006 348 Mil Milhões de € 2010 2010 960 Mil Milhões de €

ECU- European Currency Unit- Era um cabaz de moedas dos países da Comunidade Económica Europeia de forma a evitar grandes flutuações da taxa de câmbio entre elas.

*

Estratégia de Lisboa Renovada Estratégia Europa 2020 Escala

Temporal

Ano de

Aprovação Tipo de Programa / Fundo Financiamento

Pacote Delors II + Fundo de Coesão

Instrumento Financeiro de Orientação da Pesca (IFOP) Agenda 2000

Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) Programa ERASMUS

Pacote Delors I

Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola (FEOGA) Fundo Social Europeu (FSE)

II. II Quadro Comunitário de Apoio (QCAII) para o período de programação 1994-1999;

III. IIIQuadro Comunitário de Apoio (QCAIII) para o período de programação 2000-2006;

IV. Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) para o período de programação 2007-2013;

V. Portugal 2020 para o período de programação 2014-2020.

O I Quadro Comunitário de Apoio (QCAI), que vigorou entre 1989 até ao Tratado de Maastricht, previa a correção progressiva dos desequilíbrios internos de desenvolvimento regional. Em 1988 afixam-se os princípios que iriam integrar a política de coesão europeia, assentando em seis objetivos:

I. Criação de infraestruturas económicas com impacto direto sobre o crescimento económico equilibrado (objetivo 1);

II. Apoio ao investimento produtivo e às infraestruturas diretamente ligadas a esse investimento (objetivo 2);

III. Desenvolvimento dos recursos humanos (objetivo 3);

IV. Promoção da competitividade da agricultura e do desenvolvimento rural (objetivo 4); V. Reconversão e reestruturação industrial (objetivo 5);

VI. Desenvolvimento das potencialidades de crescimento das regiões do desenvolvimento local (objetivo 6)

Para a execução destes objetivos foram gastos aproximadamente 6.500 milhões de euros a “fundo perdido”. Este primeiro quadro comunitário envolveu formas de intervenção como o programa nacional de incentivo à atividade produtiva, para aumentar investimento privado na indústria e o turismo, o programa específico de desenvolvimento da indústria portuguesa (PEDIP) ou o regime de incentivos à modernização do comércio. Deste período de atuação, salienta-se a “aproximação de três pontos percentuais do PIB português à média comunitária, uma redução de 0,25% do défice público anual e de 14% da dívida pública no produto, a criação de oitenta mil postos de trabalho e um aumento de 7,4% na produtividade agrícola” (Madeira, 2012). Para além disso, induziu a criação de aproximadamente 80 000 postos de trabalho, o que representou cerca de um quarto do emprego total criado no período da sua execução, conforme dados do Instituto Financeiro para o Desenvolvimento Regional, I.P. (IFDR).

O II Quadro Comunitário de Apoio (QCAII), assinado a 28 de fevereiro de 1994 e inserido no período de programação 1994-1999, teve um financiamento total de 5,6 mil milhões de contos, dos quais 3,1 mil milhões de contos cofinanciamento comunitário. Este Quadro promoveu uma série de intervenções operacionais, sendo desenvolvidos dezassete programas operacionais específicos a cada região do país e agrupados em quatro eixos prioritários, nomeadamente:

I. Qualificar os recursos humanos e o emprego (Eixo 1);

III. Promover a qualidade de vida e a coesão social (Eixo 3); IV. Fortalecer a base económica regional (Eixo 4).

Neste período de atuação é visível a aposta na modernização do tecido económico, nomeadamente no reforço dos fatores de competitividade nos vários setores de atividade, seguindo-se o apoio na criação de infraestruturas de apoio ao desenvolvimento e na formação profissional. No domínio dos fatores de competitividade da economia, destacou-se a iniciativa comunitária RETREX no apoio às regiões fortemente dependentes do setor têxtil e vestuário.

O Plano de Desenvolvimento Regional (PDR) do Governo Português, inserido no Eixo 4, assumiu um papel relevante para as empresas portuguesas, uma vez que proporcionou a criação de sistemas de incentivos aos atores empresariais, como o Regime de Incentivo às Microempresas (RIME) e o Sistemas de Incentivos Regionais (SIR).

Em 1999, foram fixados os objetivos para o que viria a ser o III Quadro Comunitário de Apoio (QCA III), o qual assentou em três domínios prioritários de intervenção:

I. Valorização do potencial humano;

II. Apoio à atividade produtiva e estruturação do território.

A operacionalização destes domínios, concretizou-se através de quatro eixos prioritários, nomeadamente:

I. Elevar o nível de qualificação dos portugueses, promover o emprego e a coesão social(Eixo 1);

II. Alterar o perfil produtivo em direção às atividades do futuro (Eixo 2); III. Afirmar o valor do território e da posição geoeconómica do país (Eixo 3);

IV. Promover o desenvolvimento sustentável das regiões e a coesão nacional(Eixo 4). Os Programas Operacionais Regionais do continente – Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve – apresentam um aspeto inovador no modelo institucional e organizativo, no sentido em que se transfere para as regiões parte dos investimentos, havendo uma descentralização administrativa. Neste período de programação, Portugal beneficiou de investimento público nacional na ordem dos 1,2 mil milhões de euros, um investimento privado de 7,5 mil milhões de euros e um cofinanciamento comunitário no valor 20,5 mil milhões de euros. Na repartição dos valores dos fundos estruturais foi atribuído ao FEDER 65% dos montantes totais.

Para o período 2007-2013 vigorou o programa do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN), é o programa a ser estudado na dissertação, o enquadramento para a aplicação da política comunitária de coesão económica e social, o qual define as suas orientações fundamentais para a utilização nacional de fundos comunitários de carater estrutural e para a estruturação de Programas Operacionais Temáticos e Regionais, de acordo com o Decreto-Lei n. º312/2007 de 17 de setembro. Fundamentalmente o QREN assume como principais objetivos:

I. O desenvolvimento económico e sociocultural;

II. A qualificação territorial, o qual passou a privilegiar os contributos para: i. Crescimento;

ii. Qualificação;

iii. Valorização do conhecimento; iv. Ciência;

v. Tecnologia; vi. Inovação.

Daí que os Programas Operacionais deste período de programação estejam orientados para os três grandes objetivos da política de coesão:

1. Convergência;

2. Competitividade e Emprego; 3. Cooperação Territorial Europeia.

A execução do QREN foi viabilizada com a mobilização de 21,5 mil milhões de euros que respeitam as três grandes orientações: reforço das dotações destinadas à Qualificação dos Recursos Humanos, reforço dos financiamentos dirigidos à Promoção do Crescimento Sustentado da Economia Portuguesa e reforço da relevância financeira dos Programas Operacionais Regionais do Continente.

Relativamente aos Programas Operacionais Regionais do Continente, estruturados territorialmente de acordo com a NUTS II, são os seguintes: Programa Operacional Regional do Norte; Programa Operacional Regional do Centro; Programa Operacional Regional do Lisboa; Programa Operacional Regional do Alentejo e Programa Operacional Regional do Algarve. Todos estes Programas Operacionais Regionais se relacionam com os Temáticos, adaptando-se às especificidades e potencialidades de cada região, sem se afastarem das prioridades temáticas (COMPETE, 2012). Em todos os Quadros, as Regiões do Norte, Centro e Alentejo foram as que mais beneficiaram destes apoios, no qual “quatro em cada cinco” euros eram investidos nestas regiões.

No ponto seguinte o Programa QREN será detalhado ao pormenor e todas as suas valências, eixos prioritários e a relevância que o mesmo tem para o estudo em causa. O último período de programação, e que está atualmente em vigor, o Portugal 2020, o qual beneficia de um financiamento estimado de 25 mil milhões de euros até 2020, de forma a cumprir os objetivos alinhados com a Estratégia Europa 2020 no âmbito do Crescimento Inteligente, Sustentável e Inclusivo.

Em Portugal estes objetivos traduzem-se em quatro Programas Operacionais Temáticos sendo eles:

I. Competitividade e Internacionalização; II. Inclusão Social e Emprego;

III. Capital Humano;

IV. Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos.

A estes programas junta-se mais sete Programas Operacionais Regionais por NUTS II, três Programas de Desenvolvimento Rural, o Programa para o Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e Pescas (FEAMP) e o Programa Operacional de Assistência Técnica.

Assim, como no anterior Quadro 2007-2013, o Portugal 2020 manterá as tipologias dos Sistemas de Incentivos às empresas:

I. Investigação e desenvolvimento tecnológico; II. Inovação empresarial e empreendedorismo; III. Qualificação e Internacionalização PME.

Ao longo dos períodos de programação desenvolvidos pela União Europeia, percebe-se que os mesmos são trabalhados em função das necessidades dos países membros, contudo também se pode denotar que os diferentes programas foram sofrendo alterações e as estratégias foram desenvolvidas de forma a cobrir as necessidades que os anteriores programas não cobriam. Este último Estratégia 2020 é o mais completo em termos de objetivos e de programas operacionais introduzidos pelo anterior quadro de referência.