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Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN) – 2007-2013

CAPÍTULO III. COMPETITIVIDADE, INOVAÇÃO E DESEMPENHO ECONÓMICO E FINANCEIRO

5.3 Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN) – 2007-2013

O QREN, aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 86/2007, de 3 de julho de 2007, gerou uma grande reforma nos sistemas de incentivos orientados para o investimento empresarial, no sentido de prosseguir com o objetivo do crescimento económico sustentado na inovação, tecnologia e conhecimento (COMPETE, 2015). Concretamente, no âmbito dos instrumentos da política pública e das estratégias de desenvolvimento do QREN foram estabelecidos um conjunto de incentivos às empresas de forma a dinamizar a economia portuguesa.

Estes incentivos visam melhorar a produtividade e a competitividade das empresas, favorecendo o desenvolvimento territorial e a internacionalização da economia, no sentido de investir na produção de bens transacionáveis e internacionalizáveis (Corsino, 2010). Nomeadamente, o QREN procurou otimizar os recursos humanos e financeiros, de forma a obter uma aproximação com os níveis europeus, permitindo assim a convergência da economia portuguesa com a da UE.

Os sistemas de incentivos às empresas englobam os seguintes quadros: I. Auxílios com finalidade regional;

II. Auxílios às PME;

III. Auxílios à Investigação & Desenvolvimento & Inovação; IV. Auxílios ao ambiente;

V. Auxílios de minimis.

Podendo a natureza dos incentivos a conceder variar entre incentivos não reembolsáveis, incentivos reembolsáveis (por norma de natureza corpórea) e as bonificações da taxa de juro.

Contudo, a seleção dos projetos a beneficiarem dos incentivos obedecem a critérios que estão estabelecidos na regulamentação específica, considerando como fatores principais:

I. O contributo para a competitividade da economia nacional;

II. A estratégia de desenvolvimento económico a nível do país ou cluster em que se insere;

III. O contributo para a competitividade regional; IV. A coesão económica territorial;

V. E a valia do projeto para a competitividade da empresa ou promotor.

As candidaturas ao QREN começaram em 2007, tendo as empresas efetivamente os apoios a partir de 2008 e a sua execução estendeu-se até janeiro 2015, altura em que se começaram as candidaturas aos apoios do Portugal 2020. De acordo com os indicadores de realização disponibilizados pelo QREN em 2015, beneficiaram de ajudas diretas ao investimento 13 105 empresas e 2 096 novas empresas / start-up. Neste sentido, o apoio às empresas superou os valores inicialmente programados sendo a taxa de cobertura de 104%.

Ao longo do período em vigor do QREN, Portugal assumiu como grande desígnio estratégico a qualificação dos portugueses, valorizando a ciência, a tecnologia e a inovação, o crescimento sustentado, a coesão social, a qualificação das cidades e território e a eficiência na governação. Para o efeito, passam a existir três Programas Operacionais de natureza temática, regional, de assistência técnica e de cooperação territorial. Neste sentido, criaram-se três grandes Agendas Temáticas que abrangem os domínios em cima citados deste período de programação:

I. Agenda para o Potencial Humano;

II. Agenda para os Fatores de Competitividade (COMPETE); III. Agenda para a Valorização do Território.

Passa-se assim a descrever as Agendas Temáticas e os Eixos que as caracterizam.

A Agenda para o Potencial Humano, com uma dotação global aproximada de 8,8 mil milhões de euros, sendo cofinanciado pelo FSE em 6,1 mil milhões de euros e com incidência no território nacional, visa promover as qualificações dos portugueses, o emprego, inclusão social e igualdade de género.

Este Programa Operacional é constituído por dez eixos prioritários de forma a cumprir os objetivos propostos, nomeadamente:

I. Qualificação inicial (Eixo I);

II. Adaptabilidade e aprendizagem ao longo da vida (Eixo II); III. Gestão e aperfeiçoamento profissional (Eixo III);

IV. Formação avançada (Eixo IV);

V. Apoio ao empreendedorismo e à transição para a vida ativa (Eixo V); VI. Cidadania, inclusão e desenvolvimento social (Eixo VI);

VIII. Algarve (Eixo VIII); IX. Lisboa (Eixo IX);

X. Assistência técnica (Eixo X).

A Agenda para os Fatores de Competitividade (COMPETE), cofinanciado pelo FEDER num total de 3,1 mil milhões de euros, com exclusiva incidência territorial no Norte, Centro e Alentejo do país, pretende estimular o tecido empresarial, por via do empreendedorismo e inovação tecnológica. Neste domínio as vertentes de intervenção compreendem estímulos à produção do conhecimento e investigação tecnológica, incentivos à inovação e renovação do modelo empresarial e do padrão de especialização, assim como instrumentos de engenharia financeira para o financiamento e partilha do risco. As autoridades de gestão desta agenda passam pela PO Ciência e Inovação 2010 (POCI), Sociedade do Conhecimento (POSC) e Programa de Incentivos à Modernização da Economia (PRIME). De acordo com o COMPETE (2012), para se desenvolver uma competitividade sustentada da economia num quadro de desafio global, este programa subdivide-se em seis Eixos Prioritários, entre os quais:

I. Eixo I – Conhecimento e Desenvolvimento Tecnológico, o qual visa intensificar o esforço I&D e a criação de novos conhecimentos, assim como a articulação entre asa empresas e os centros de saber;

II. Eixo II – Inovação e Renovação do Modelo Empresarial e do Padrão de Especialização, o qual centra a sua atuação ao nível dos sistemas de incentivos às empresas, de forma a ajustar a natureza estrutural das mesmas;

III. Eixo III – Financiamento e Partilha de Risco de Inovação, este eixo visa estimular a utilização de novas alternativas de financiamento, nomeadamente a intervenção do capital de risco e incrementar o empreendedorismo feminino;

IV. Eixo IV - Administração Pública Eficiente e de Qualidade, o qual visa apoiar a reforma da Administração Pública assente num serviço público centrado nos cidadãos e empresas e, ao mesmo tempo, reduzir os “custos públicos de contexto” com a simplificação dos processos e racionalização dos modelos;

V. Eixo V – Redes e Ações Coletivas de Desenvolvimento Empresarial, o qual visa reforçar a oferta de serviços às empresas, favorecer a criação de novos polos de crescimento e outras formas de parcerias e cooperação;

VI. Eixo VI – Assistência Técnica, o qual enquadra o financiamento da implementação, dinamização e gestão do Programa Operacional.

A Agenda para os Fatores de Competitividade (COMPETE) tem associado um financiamento total de 5,5 mil milhões de euros, sendo que 3,1 mil milhões de euros são provenientes do FEDER. A Agenda para Valorização do Território, cofinanciado pelo FEDER e FC em 1,3 e 3 mil milhões de euros respetivamente, visa dotar as regiões de melhores condições de atratividade para o investimento produtivo, nomeadamente de natureza infraestrutural e reforço da coesão económica, social e territorial (Mateus, 2013).

I. Eixo I – Redes e Equipamentos Estruturantes Nacionais de Transportes e Mobilidade Sustentável;

II. Eixo II – Sistemas Ambientais e de Prevenção, Gestão e Monitorização de Riscos; III. Eixo III – Redes e Equipamentos Estruturantes da Região Autónoma dos Açores; IV. Eixo IV – Redes e Equipamentos Estruturantes da Região Autónoma da Madeira; V. Eixo V – Infraestruturas e Equipamentos para a Valorização Territorial e o

Desenvolvimento Urbano; VI. Eixo VI – Assistência Técnica.

Esta Agenda teve um financiamento total de 5,1 mil milhões de euros, dos quais 0,7 mil milhões de euros foram financiamento português.

5.3.1 Agenda para os Fatores de Competitividade (COMPETE)

A Agenda dos Fatores de Competitividade (COMPETE) no presente estudo tem uma importância relevante e uma abordagem mais pormenorizada, visto que é onde se encontra o Sistema de Incentivo à Inovação, um dos objetivos de estudo do presente projeto, concretamente na avaliação do impacto do financiamento comunitário europeu no tecido empresarial do turismo.

O Programa Operacional Temático Fatores de Competitividade (COMPETE), aprovado a 5 de outubro de 2007, visa a melhoria sustentada da competitividade da economia portuguesa num contexto de mercado global, intervindo sobre dimensões consideradas estratégicas, tais como:

a. Inovação;

b. Desenvolvimento Científico e Tecnológico; c. Internacionalização;

d. Empreendedorismo;

e. Modernização da Administração Pública. Assume como principais objetivos:

I. Qualificar o tecido produtivo, por via do upgrading do perfil de especialização e dos modelos empresariais;

II. Estimular a orientação para os mercados internacionais do conjunto da economia portuguesa, por via do incremento da produção transacionável ou internacionalizável;

III. Qualificar a Administração Pública e tornar mais eficiente a ação do Estado, por via da modernização e da promoção de uma cultura de serviço público centrado no cidadão e nas empresas;

IV. Promover uma economia baseada no conhecimento e na inovação, por via do estímulo ao desenvolvimento científico e tecnológico e do fomento do empreendedorismo.

É pertinente o facto do Eixo II – Inovação e renovação do modelo empresarial e do padrão de especialização absorver 50% da contribuição total deste programa temático, o qual demostra a posição relevante das empresas para o cumprimento dos objetivos do QREN em termos de crescimento sustentável, competitividade e emprego. Convertendo os valores apresentados para percentagem entende-se que este Programa Temático é financiado em 56% pelo Fundo comunitário e os restantes 44% pelo Estado Português (cf. Tabela 23).

Tabela 23. Repartição do financiamento por Eixo Prioritário do COMPETE (valores em euros)

Fonte:Adaptado de COMPETE (2012)

Neste sentido, e tendo em conta o tecido empresarial nacional, no âmbito do COMPETE, foram estabelecidos três sistemas de incentivos:

I. Sistema de Incentivo à Inovação (SI Inovação);

II. Sistema de Incentivo à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico (SI I&DT); III. Sistema de Incentivo à Qualificação e Internacionalização de PME (SI Qualificação

de PME).

Eixo Prioritário FEDER Contribuição

Nacional

Contribuição Total Eixo I. Desenvolvimento científico e

tecnológico 500 000 000 273 800 000 773 800 000

Eixo II. Inovação e renovação do modelo empresarial e do padrão de especialização

1 220 000 000 1 540 000 000 2 760 000 000

Eixo III. Financiamento e partilha de

risco da inovação 360 000 000 154 285 712 514 285 712

Eixo IV. Administração Pública

eficiente e de qualidade 685 000 000 293 571 429 978 571 429 Eixo V. Redes e ações coletivas de

desenvolvimento empresarial 260 000 000 111 428 550 371 428 550 Eixo VI. Assistência técnica 78 789 011 33 766 719 112 555 730

5.3.2 Sistema de Incentivo à Inovação no setor do turismo

De acordo com o COMPETE (2012), este incentivo visa a inovar o tecido empresarial, pela via da produção de novos bens, serviços e processos que acrescentem valor e o reforço na integração nos mercados internacionais, bem como no investimento ao empreendedorismo qualificado e de natureza estruturante.

A seguinte tabela justifica segundo a opinião de diversos autores aquilo que o sistema de incentivo pretende com a implementação de um SI Inovação (cf. Tabela24).

Tabela 24: Revisão de literatura sobre a inovação

Autores Conclusões sobre Inovação

Schumpeter (1939) O economista relaciona a criação de valor à inovação.

Solow (1957) São as inovações que promovem o crescimento económico.

Nayak (1991) A inovação do produto é fulcral para o crescimento dos lucros da empresa.

Geroski & Machin (1993) Afirmam que a inovação tem impacto na rendibilidade da empresa.

Silva e Plonski (1996) A competitividade exige inovação de processos e/ou produtos.

Kemp et al. (2003) Mostram que as empresas que inovam têm um maior crescimento das vendas e dos lucros.

Afuah (2003)

A inovação assume diversas formas como, novas soluções tecnológicas ou processos de trabalho, a criação de novos produtos, a competição em novos mercados, o estabelecimento de novos acordos com clientes ou fornecedores.

Marques (2004) As empresas inovadoras apresentam um melhor desempenho económico-financeiro do que as não inovadoras.

Fonte: Elaboração Própria

O SI Inovação insere-se no âmbito do apoio ao investimento produtivo das empresas, em projetos a título individual ou de cooperação. É um incentivo reembolsável às empresas embora, em certas situações de despesas elegíveis previstas na lei, possa ser não reembolsável em função do desempenho do projeto.

Segundo o Turismo de Portugal (2017) Portugal está a atravessar o crescimento do século em termos de atividade turística a fase de expansão referente a 2016 em que apresentou um crescimento de 11,5 %, traduziu-se em 2017 em 19% de atividade turística, este crescimento gradual está assente numa linha de estratégias dinamizadoras que têm vindo a dar frutos e

posicionam Portugal nos lugares cimeiros das opções turísticas, no contexto dos países mediterrânicos. Verifica-se que a brilhante aposta do Turismo de Portugal no empreendedorismo e inovação resultou na criação de novas empresas e no reforço das capacidades das já existentes, está aposta resulta do financiamento presente no Eixo II – Inovação e renovação do modelo empresarial e do padrão de especialização do Sistema de Incentivo a Inovação acima detalhado.