• Nenhum resultado encontrado

Composição da Receita dos Orçamentos dos Municípios Catarinenses

3.1 A AUTONOMIA FINANCEIRA DOS MUNICÍPIOS CATARINENSES

3.1.3 Composição da Receita dos Orçamentos dos Municípios Catarinenses

Em 2002, os orçamentos dos Municípios catarinenses apresentaram, em média, a seguinte composição: a) Receita total: 4.590.842 mil reais; b) Transferências tributárias e outras: 3.955.546 mil reais; c) Receita tributária: 635.296 mil reais. A participação percentual das transferências na composição dos orçamentos dos Municípios catarinenses está demonstrada no Gráfico 2.

Gráfico 2

Participação das receitas de transferências tributárias na composição dos orçamentos dos Municípios em 2002

14%

86%

Receita Tributária Transf. Tributárias

Fonte: IBGE – Pesquisa de Informações Básicas Municipais 2002

Na composição da receita orçamentária dos Municípios catarinenses, a receita tributária participa com 14%, contra 86% das transferências tributárias recebidas da União e do Estado.

A composição média da receita dos orçamentos municipais por grupo de habitantes demonstrada na tabela 7, permite que se façam algumas inferências sobre a participação das transferências tributárias no total das receitas dos Municípios catarinenses.

Tabela 7

Participação da receita tributária na composição do orçamento municipal por grupo de habitantes em 2002

Receita

tributária Receita transferida e outras Grupo

de habitantes

Receita corrente

(em R$ mil) valor % valor

Total 4.590.842 635.296 13,84 3.955.546 86,16 Até 3 432.766 11.266 2,60 421.501 97,40 3 œ— 5 512.039 15.111 2,95 476.713 97,05 5 œ— 10 773.744 65.405 8,45 708.339 91,59 10 œ— 20 378.250 42.220 11,16 336.030 88,84 20 œ— 50 520.973 76.493 14,68 444.480 85,32 50 œ—100 353.300 52.178 14,77 301.123 85,23 100 œ—200 702.225 122.120 17,39 580.105 82,61 200 e mais 917.544 250.504 27,30 667.040 72,90

Fonte: IBGE. Pesquisa de Informações básicas municipais 2002

Em primeiro lugar, observa-se que os níveis de dependência das receitas de transferências vão aumentando progressivamente na proporção inversa ao porte demográfico dos Municípios.

De acordo com os dados da tabela 7, para os Municípios com população até dez mil habitantes, as transferências tributárias concorrem com percentuais que variam de 91,59% até 97,40%. Nessa faixa de população encontram-se 62% dos 293 Municípios do Estado.

Os Municípios com população entre 10 mil e 50 mil habitantes, que representam 31% dos Municípios catarinenses, recebem entre 85% e 89% dos seus recursos, de outras esferas; para os Municípios com população entre 50 mil e 200 mil habitantes, mais de 80% dos seus recursos são de transferências tributárias.

Os Municípios com população acima de 200 mil habitantes têm o menor índice de participação das transferências tributárias em seus orçamentos. Neste

grupo, estão 03 Municípios: Joinville, com 477.971 habitantes; Florianópolis, com 386.913 habitantes; e Blumenau, com 287.350 habitantes.

Sob o ponto de vista da capacidade arrecadatória, os dados da tabela 7 também evidenciam a participação da receita tributária na composição dos orçamentos dos Municípios catarinenses.

Os Municípios com população inferior a 5 mil habitantes não conseguem arrecadar mais do que 2,60% de todos os recursos de que dispõem. Neste grupo estão 105 Municípios, que correspondem a 35,84% do total de Municípios do Estado.

Os Municípios com população entre 5 mil e 10 mil habitantes arrecadam diretamente 8,45% dos recursos de que dispõem. Este grupo é composto de 77 Municípios, que correspondem a 26,28% do total de Municípios do Estado.

Os Municípios com população entre 10 mil e 20 mil habitantes conseguem arrecadar tão-somente 11,16% dos recursos de que dispõem. Este grupo agrega 56 Municípios que correspondem a 19,11% do total de Municípios do Estado.

Os Municípios com população entre 20 mil e 50 mil habitantes conseguem arrecadar tão-somente 14,68% dos recursos de que dispõem. Este grupo é constituído por 31 Municípios representando 10,58% do total de Municípios do Estado.

Os Municípios com população entre 50 mil e 100 mil habitantes conseguem arrecadar tão-somente 14,77% dos recursos de que dispõem. Este grupo é representado por 13 Municípios que representam 10,58% do total de Municípios.

Os Municípios com população entre 100 mil e 200 mil habitantes conseguem arrecadar tão-somente 17,89% dos recursos de que dispõem. Este grupo é formado por 7 Municípios que representam 2,39% do total de Municípios.

Os Municípios com população acima de 200 mil habitantes conseguem arrecadar tão-somente 27,30% dos recursos de que dispõem. Este grupo agrega 3 Municípios que correspondem a 1,02% do total de Municípios do Estado.

Verifica-se que dos 293 Municípios, somente 3 deles arrecadam mais de 20% dos seus recursos orçamentários. Os 290 Municípios restantes conseguem arrecadar menos de 20% dos recursos que necessitam.

É relevante demonstrar, também, a participação da receita tributária no orçamento municipal por mesorregiões, tendo como parâmetro o exercício de 2002.

Tabela 8

Participação da receita tributária no orçamento municipal por mesorregião em 2002

(em R$ 1,00)

Mesorregião Receita

Corrente Tributária Receita Transferida e Receita outras Total 4.590.842 635.296 3.955.546 Grande Florianópolis 507.337 166.051 341.286 Norte Catarinense 758.376 126.596 631.780 Oeste Catarinense 1.011.139 69.810 941.328 Serrana 243.185 23.018 220.167 Sul Catarinense 411.674 44.553 363.120 Vale do Itajaí 1.659.131 201.268 1.457.863

Fonte: IBGE. Pesquisa de Informações básicas municipais 2002

Das seis mesorregiões do Estado, somente duas apresentam participação acima da média estadual, a Grande Florianópolis, com 32,73% e a Norte Catarinense, com 16,69%.

As demais regiões tiveram participação abaixo da média estadual. As duas mesorregiões com melhor desempenho na arrecadação de suas receitas concentram 47 Municípios, que representam 16,04% do total de Municípios do Estado.

Verifica-se, então, que mais de 83% dos Municípios catarinenses arrecadam menos que 13,86% de suas receitas tributárias.

Esses resultados colocam os Municípios catarinenses em situação de vulnerabilidade financeira e comprometem a sua autonomia. A razão é simples. A grande maioria dos Municípios depende dos recursos repassados pela União e Estado para implementar seus planos de Governo. Esses recursos são provenientes de tributos, cuja competência tributária não é administrada pelos Municípios. Portanto, os Municípios ficam na dependência das ações políticas e administrativas dos demais entes para executar seus projetos e atender os interesses de suas comunas.

A participação das receitas tributárias no total da receita dos Municípios, segundo as mesorregiões, está demonstrada no gráfico 3.

Gráfico 3

Composição da receita orçamentária dos Municípios catarinenses em 2002 segundo as mesorregiões 0% 30% 60% 90% 120% Norte Oeste Serrana Sul Receita Tributária Transf. Tributárias

Fonte: IBGE – Pesquisa de Informações Básicas Municipais 2002.