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Tributos da Competência Municipal

2.2 OS MUNICÍPIOS E A DISCRIMINAÇÃO DE COMPETÊNCIAS EM

2.2.4 Tributos da Competência Municipal

De acordo com o modelo constitucional vigente, a receita tributária municipal é proveniente das seguintes espécies tributárias: impostos, taxas e contribuição de melhoria.

De acordo com o art. 156 da Constituição Federal de 1988, os Municípios têm competência para tributar, mediante impostos: a) a propriedade predial e

territorial urbana; b) a transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição; c) serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar.

A competência tributária municipal se iniciou com a Constituição de 1934, vindo a ser reforçada no transcorrer dos anos.

É relevante registrar que a Constituição de 1988, inicialmente, atribuiu aos Municípios competência para instituir o imposto sobre venda a varejo de combustíveis líquidos e gasosos, exceto o óleo diesel (IVVC). Entretanto, a Emenda Constitucional n° 3, de 1993, extinguiu o referido imposto a partir de janeiro de 1996.

O imposto predial e territorial urbano é o mais tradicional dos impostos municipais, já chegou a pertencer aos Estados. Somente após a promulgação da Constituição Federal de 1934 é que o IPTU passou para a competência municipal, em conformidade com o disposto no art. 13, § 2°, II. A partir daí, o IPTU foi mantido sob a competência municipal em todos as Cartas Constitucionais.

O imposto sobre serviços de qualquer natureza surgiu com esta denominação a partir da Emenda Constitucional nº 18, de 1965, mantendo-se até os dias de hoje. Anteriormente, os serviços eram tributados por dois impostos: o imposto sobre indústrias e profissões e o imposto sobre diversões públicas. O imposto sobre indústrias e profissões surgiu na Constituição de 1891, sob competência estadual. Na Constituição de 1934 o imposto ainda era da competência estadual sendo, entretanto, repassado 50% do seu valor para os Municípios. Este mesmo critério foi considerado pela Constituição de 1937. A partir da Constituição de 1946, o imposto sobre indústrias e profissões passou à competência municipal, conforme indicado no seu artigo 29, inciso III.

O imposto sobre diversões públicas surgiu na Constituição de 1934, sob competência municipal, assim permanecendo nos dispositivos legais seguintes, até a reforma tributária de 1965.

A partir da Emenda Constitucional nº 18, de 1965, foi instituído o imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS) cuja competência foi atribuída aos Municípios.

O imposto sobre a transmissão onerosa de bens imóveis por atos inter vivos, anteriormente à Constituição de 1988, era cobrado pelo Estado sob a denominação

de imposto sobre a transmissão de bens Imóveis, incidindo sobre as transmissões onerosas entre vivos, inter vivos, nas transmissões de propriedades ocorridas por motivo de herança (causa mortis), e nas transmissões por doações.

O ITBI, foi criado na Constituição de 1891 e destinado exclusivamente aos Estados. Em 1961, a Emenda Constitucional nº 5, de 1961, destinou o ITBI causa mortis para os Estados e atribuiu o ITBI inter vivos para os Municípios. Pela primeira vez, os Municípios ganhavam a competência tributária sobre o ITBI inter vivos. Entretanto, pouco depois, com a Emenda Constitucional nº 18, de 1965, o ITBI inter vivos retornou para a competência estadual, assim permanecendo até a Constituição de 1988, quando, foi novamente atribuído aos Municípios.

No que se refere às taxas, a possibilidade de cobrança dessa espécie tributária sobre serviços municipais foi instituída na Constituição de 1934, em seu artigo 13, parágrafo 2º, inciso V, sendo complementada sua abrangência pelo Imposto sobre Licenças, contemplado no inciso I deste mesmo dispositivo.

Na Constituição de 1937 foram mantidos estes mesmos dispositivos: as taxas no artigo 28, inciso IV; e o Imposto sobre Licenças no inciso I deste mesmo artigo.

A Constituição de 1946 foi um pouco mais abrangente, em seu artigo 30, ao prever a cobrança de taxas ou rendas que pudessem provir do exercício das atribuições do Município (inciso II) e da utilização de seus bens e serviços (inciso III), mantendo o Imposto sobre Licenças em seu artigo 29, inciso II.

A Emenda Constitucional nº 5, de 1961, ainda mantinha o Imposto sobre Licenças, em seu artigo 29, inciso IV. A Emenda Constitucional nº 18, de 1965, em seu artigo 18, deu maior precisão à abrangência das taxas. Elas passavam a ocorrer em função do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados aos contribuintes ou postos à sua disposição. A partir deste momento uma série de taxas anteriormente cobradas pelos Municípios, tais como a de iluminação pública, pavimentação de vias urbanas, limpeza das vias públicas e outras do gênero, passaram a ser inconstitucionais, dada à impossibilidade de se determinar sua divisibilidade, cujos efeitos práticos, entretanto, somente começaram a ser sentidos mais de duas décadas depois, quando findava a era dos regimes militares e se esgotavam as possibilidades de recursos judiciais. Durante o regime militar havia o receio de acionar judicialmente

um ente governamental, sendo que a sociedade “aceitava” a imposição destas taxas.

Este mesmo detalhamento das espécies de taxas aparece na Constituição de 1967, em seu artigo 19, inciso II; e na Emenda Constitucional nº 1, de 1969, em seu artigo 18, inciso I. Na Constituição de 1988, as taxas são especificadas no corpo do artigo 145, inciso II.

Portanto, as taxas cobradas pelos Municípios podem ser em razão da utilização de serviços públicos e pelo exercício do poder de polícia.

A contribuição de melhoria é cobrada quando da realização de obras públicas, das quais decorram valorização imobiliária.

Destaca-se que a partir de 1º de janeiro de 2003 a Emenda Constitucional nº 39, de 2002, permite que os Municípios venham a cobrar a contribuição sobre a iluminação pública (COSIP).

A contribuição de melhoria é um tributo que foi introduzido através da Constituição de 1946, em seu artigo 30, inciso I. Naquela época era prevista a possibilidade de sua cobrança quando se verificasse a valorização do imóvel, em conseqüência da realização de obras públicas.

A Emenda Constitucional nº 18, de 1965, mantinha em seu artigo 19 estes mesmos princípios, porém, acrescentava que o ressarcimento do custo da obra não poderia ultrapassar o limite da despesa total realizada e que haveria um limite individual de pagamento, regulado pelo acréscimo de valor que a obra resultasse para cada imóvel beneficiado.

A Constituição de 1967, em seu artigo 19, inciso III, voltava a apresentar um texto mais genérico, em que a contribuição de melhoria seria cobrada dos proprietários dos imóveis valorizados pelas obras públicas que os beneficiassem.

A Emenda Constitucional nº 1, de 1969, voltava a explicitar no texto legal, em seu artigo 18, inciso II, que o ressarcimento do custo da obra se balizaria dentro dos limites do valor total da obra e dos limites individuais de pagamento de cada contribuinte. Não resta dúvida que este formato praticamente inviabilizava a cobrança do tributo.

A Emenda Constitucional nº 23, de 1983, introduzia nova modificação no texto referente à Contribuição de Melhoria, dizendo que esta seria arrecadada dos proprietários de imóveis beneficiados por obras públicas, e que teria como limite para o ressarcimento da Prefeitura, a despesa total realizada.

A Constituição de 1988, em seu artigo 145, inciso III, apresenta um texto bem enxuto, ao estilo daquele encontrado na Constituição de 1946, quando fala apenas de que a cobrança da contribuição de melhoria decorrerá de obras públicas.