• Nenhum resultado encontrado

Compra de notas fiscais para abatimento na declaração do Imposto

No documento Manual Operacional Do Policial Civil SP (páginas 116-122)

6. Apreensão e acondicionamento de produtos

6.1. Produtos deteriorados

9.1.5. Compra de notas fiscais para abatimento na declaração do Imposto

ICMS. Os titulares da empresa compram notas fiscais frias referentes a materiais utiliza- dos na construção aumentando, desta forma, suas despesas, a fim de lesar o Fisco. 9.1.6. Talões paralelos

Há tipografias que imprimem talões de notas fiscais com a mesma numeração dos legalmente autorizados para uso da empresa que, para acobertar o montante de mercado- ria comercializada, utiliza poucas notas fiscais do talão legalmente impresso, lesando o Fisco pela omissão de várias operações efetuadas, sobre as quais não houve recolhimento de ICMS.

No caso de diligências em tipografias nas quais houver negativa de autoria da im- pressão investigada, recomenda-se a solicitação de perícia nas máquinas para constatação do alegado.

9.1.7. Subfaturamento

Subfaturamento é a diferença entre o valor cobrado, entre a real operação comercial e o constante na nota fiscal emitida.

É o caso do vendedor que preenche um impresso de pedido, orçamento ou a deno- minada nota branca, que não têm valor fiscal, mas que passam a valer como recibo para o adquirente.

9.1.8. Calçamento

É a modalidade de sonegação na qual o comerciante coloca o valor real da transa- ção somente nas vias da nota fiscal que acompanha a mercadoria, registrando um valor menor nas vias que ficam fixas no bloco e nas destinadas à fiscalização.

Tal expediente é conhecido como calçamento, porque o negociante usa uma lâmina ou papelão entre as vias que acompanham a mercadoria, as destinadas à fiscalização e as

que permanecem no bloco de notas fiscais, de forma que os valores exatos da venda aparecem apenas na via destinada ao adquirente.

10. TÓXICOS

A Lei nº 9.804, de 30/6/99, alterou os artigos 1º e 34 da Lei nº 6.368/76, determi- nando, dentre outras providências, que os objetos de qualquer natureza utilizados para a prática de crimes definidos na Lei de Tóxicos, após sua regular apreensão, ficarão sob a custódia da autoridade policial, excetuadas as armas, que serão recolhidas na forma da legislação específica.

A Lei nº 8.072, de 25/7/90, incluiu o tráfico de entorpecentes no rol de crimes hediondos, considerando-o insuscetível de fiança e de liberdade provisória, bem como acrescentou um parágrafo único ao artigo 35 da Lei nº 6.368/76, dobrando os prazos procedimentais previstos em lei especial.

Portanto, atualmente, de acordo com o art. 29 da Lei nº 10.409/02, os prazos para a conclusão do inquérito nos crimes referentes à Lei de Tóxicos são de 15 (quinze) dias, no caso de indiciado preso, e de 30 (trinta) dias, se solto.

Observe que, nos casos de flagrante com indiciado preso, se o laudo toxicológico não estiver concluído no prazo de 10 (dez) dias, os autos deverão ser encaminhados ao Juízo competente, com protesto pela posterior remessa da peça faltante, tão logo possível.

10.1. Procedimento policial

Salvo a ocorrência de tráfico para o exterior, compete à Justiça nos Estados proces- sar e julgar os crimes relativos a entorpecentes. É o que dispõe a Súmula 522 do STF.

Recomenda-se aos policiais civis, para fortalecimento do conjunto probatório, as seguintes condutas:

a) as denúncias anônimas recebidas pela Polícia, não raras vezes, oferecem subsídi- os valiosos para o esclarecimento de delitos relacionados a essa modalidade delituosa. Assim, a fim de justificar as diligências que, para a verificação de sua veracidade , serão realizadas, devem ser registradas em livro próprio, onde conste data e horário de seu recebimento. Nos autos de Inquérito Policial, tal justificativa pode ser feita, sem grandes formalidades, através de certidão expedida pelo Escrivão de Polícia;

b) nos casos relacionados à Lei nº 6.368/76, para que o ato do agente seja também enquadrado no artigo 18, IV, do ordenamento que estabelece “se qualquer dos atos de

preparação, execução ou consumação ocorrer nas imediações ou no interior de estabe- lecimentos de ensino ou hospitalar, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas ou beneficentes de locais de trabalho coletivos, de estabele- cimentos penais ou de recinto onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, sem prejuízo da interdição do estabelecimento ou do local”, deve ser feito

um croqui do lugar onde foi realizada a diligência, a fim de evidenciar sua proximidade dos locais de que trata o dispositivo;

MANUAL OPERACIONAL DO POLICIAL CIVIL

c) se, no curso das diligências, houver somente policiais que presenciaram os fatos, seu depoimento será valorizado se os autos forem instruídos com justificativa para a inexistência de outras testemunhas, como a realização da diligência em local deserto, o encontro por policiais de substância entorpecente durante a madrugada etc.;

d) sempre que a apreensão ocorrer no interior de residência, na presença de outras pessoas além do indiciado, devem estas ser formalmente ouvidas. A importância de tal providência torna-se evidente nos casos de busca domiciliar em habitação onde residem várias pessoas e apenas o suposto traficante é ouvido nos autos. Ora, nesse caso, as demais pessoas que habitam no local ou são co-autoras, ou testemunhas do delito, e, nessa quali- dade, devem ser ouvidas no inquérito;

e) sempre que possível, deve ser mantido um arquivo das diligências realizadas para consulta pelos policiais civis que forem chamados a depor em Juízo. Tal providência evita lapsos e fortalece o depoimento dos policiais como elemento de prova;

f) as comunicações à autoridade judicial competente sobre prisão em flagrante em razão de delito previsto na Lei nº 6.368/76, devem ser instruídas com o laudo de constatação elaborado.

10.2. Apreensão

Por ocasião da apreensão da substância entorpecente, recomenda-se aos policiais civis:

a) quando no Inquérito Policial houver mais de um indiciado, deve-se especificar a porção da substância portada, de forma individualizada. Principalmente nos casos de co-autoria, é recomendável consignar nos autos que os indiciados A e B portavam uma porção de entorpecente, sem apontar com quem se encontrava o tóxico;

b) quando os policiais apreenderem mais de uma porção de substância entorpecente, devem levá-las em separado à autoridade, evitando que se misturem;

c) sempre que a apreensão se der por uma equipe de policiais, deve-se fazer constar nos autos os nomes de todos os integrantes do grupo, a fim de se propiciar maiores subsí- dios para o fortalecimento do conjunto probatório;

d) igualmente, o auto de apreensão deverá individualizar e descrever os invólucros das porções de substâncias apreendidas, relacionando-as com cada um dos indiciados, evitando expressões genéricas como “alguns pacotes” etc.

10.3. Indicações de consulta

A Lei nº 6.368/76 (Lei Antitóxicos), com relação dos artigos 1º e 34, alterada pela Lei nº 9.804/99, é a primeira indicação de consulta.

A obrigatoriedade de comunicação ao Denarc sobre os procedimentos de Polícia Judiciária instaurados para a apuração de infração da Lei nº 6.368/76, imediatamente após a inauguração do feito, é estabelecida pela Portaria DGP – 9, de 9/6/98.

Sobre a declaração de posse, depósito e guarda de bens apreendidos, para apurar crime de tráfico de entorpecentes, deve-se consultar a Resolução SSP – 247, de 26/6/98. O resultado de exames realizados pelos Núcleos de Toxicologia Forense e de Ana- tomia Patológica necessários à complementação de laudos periciais é disciplinado pela Portaria IML – 3, de 25/3/99.

A Portaria DGP – 11, de 29/6/00, estabelece sistemática para a destruição de subs- tâncias entorpecentes, apreendidas em Inquéritos Policiais.

11. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As rotinas investigatórias nos crimes relativos às relações de consumo, às infrações penais ambientais, bem como àquelas que dizem respeito à lei antitóxicos, exigem da autoridade policial e de seus agentes constante atualização, face à extrema mobilidade legislativa experimentada por tais dispositivos integrantes do ordenamento penal espe- cial, aporte que deve ser constantemente fornecido pelas Academias de Polícia do País, através de suas divisões de cursos complementares.

Capítulo V

INFORMAÇÃO

Sumário: 1. Considerações preliminares; 1.1. Informação e desinformação; 1.2.Contra-infor- mação; 1.3. Classificação de informações; 1.4. Princípios de atividade de inteligência; 1.4.1. Utilidade; 1.4.2. Oportunidade; 1.4.3. Simplicidade e objetividade; 1.5. Finalidade da ativida- de de informação; 2. Considerações sobre fontes 2.1. Fontes; 2.2. Credibilidade; 2.3. Confiabilidade; 3. Fundamentos e métodos da produção de conhecimento; 3.1. Conhecimen- to; 3.2. Situação de produção; 3.3. Metodologia para a produção do conhecimento; 3.3.1. Planejamento; 3.3.2. Reunião; 3.3.3. Análise e síntese; 3.3.4. Interpretação; 3.3.5. Formalização e difusão; 4. Relatório de investigação; 4.1. Relatório de missão; 5. Noções fundamentais de técnicas de operações; 5.1. Operação de inteligência; 5.2. Dados negados; 5.3. Dados operacionais; 6. Método de obtenção de dados; 6.1. Operações técnicas; 6.2. Operações com fontes humanas; 7. Técnicas de operação; 8. Segurança de documentos; 8.1. Controle no arquivo; 8.2. Obtenção de informações; 9. Técnicas de entrevista; 9.1. Operacionalização da entrevista; 9.2. Formalização das perguntas; 9.2.1. Fatores humanos; 9.2.1.1.Comunicação não verbal; 9.2.1.2. Postura do entrevistador; 9.2.1.3. Teoria da motivação; 9.2.1.4. Precon- ceitos; 9.2.1.5. Agressão verbal; 9.2.1.6. Incontinência verbal; 9.2.1.7. Aspectos sociológicos da entrevista; 10. Técnicas de interrogatório; 10.1. Interrogatório; 10.2. Confissão; 10.3. Efi- ciência do interrogatório; 10.4. Classificação dos interrogatórios; 10.5. Técnica de observar, memorizar e descrever; 10.6. Análise e processamento; 10.7. Sigilo de informação e preserva- ção de fonte; 10.7.1. Contra-inteligência; 11. Considerações finais.

1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

Ao abordarmos qualquer assunto atinente à doutrina de inteligência devemos, inicialmente, ressaltar a escassez de bibliografia sobre a matéria, quer em língua pátria, quer em idioma estrangeiro.

Após tal constatação, deparamo-nos com outra dificuldade, consistente na adapta- ção e criação de uma doutrina de inteligência aplicável à Polícia Civil, obstáculo que, na medida do possível, acreditamos haver transposto.

1.1. Informação e desinformação

De um modo geral, entende-se por informação o conhecimento transmitido para servir de base a atos decisórios e para esclarecer, atualizar, aprimorar ou formar determi- nada cultura, técnica, educação ou opinião. Assim, a informação implica, necessariamen- te, em conhecimento obtido ou transmitido. Geralmente, aparece como conhecimento necessário a subsidiar um ato decisório e apresenta-se como um fator de segurança de uma sociedade ou órgão em relação a outros.

Daí a necessidade de análise e avaliação prévia da veracidade de toda informação obtida pelo policial civil, já que os dados recebidos podem ter a única finalidade de desnortear o trabalho policial. A isso, dá-se o nome de desinformação, que pode ser traduzida como a informação desvirtuada, deformada ou falseada de forma proposital, para induzir outrem em um erro de apreciação.

1.2. Contra-informação

Para efeitos didáticos, podemos definir contra-informação como o conjunto de atividades especiais que se opõem à atividade de inteligência adversa, que visa essencial- mente a proteção de informações e a neutralização de ações que se oponham à execução de uma operação policial ou política de Segurança Pública.

Com o intuito de alcançar tal objetivo, ações de inteligência são desenvolvidas com uma ou mais finalidades: a) impedir a obtenção de informações; b) neutralizar as ativida- des de espionagem e sabotagem, bem como as dos criminosos; c) evitar a indevida utili- zação dos meios de comunicação nas áreas de investigação; d) neutralizar a propaganda contrária.

Vemos, portanto, que a contra-informação consiste no conjunto de medidas ativas e passivas que visam assinalar, evitar e neutralizar a espionagem ou quaisquer outras ativi- dades de informação da pessoa ou entidade que se considera inimiga. Aqui, o sigilo, a técnica e a utilização de equipamentos especiais contribuem para impedir tais manobras. Ante sua relevância, a contra-informação pode e deve ser um instrumento constante do trabalho policial. Para tanto, é de extrema utilidade a existência de um banco de dados atualizado, além de trabalho cuidadosamente executado com a escolha de um alvo, do levantamento de locais, dos envolvidos e de seu modus operandi, enfim, do maior núme- ro de informações que possam ser utilizadas para lograr o inimigo.

Nesse contexto, conhecer os procedimentos utilizados pelo adversário para a coleta de informações torna-se de vital importância para a posterior utilização da mesma via para encaminhar os dados fictícios, a fim de induzi-lo a laborar em erro e, quando cabí- vel, possibilitando sua responsabilidade criminal.

Por fim, devemos ressaltar que não existem atividades típicas de contra-informa- ção, mas, sim, um conjunto de ações e medidas de diversos tipos com a finalidade precípua de alertar sobre a existência de atividades de atuação adversas e provocar o desenvolvi- mento de atividades ou o desencadeamento de providências para anular tais ações.

1.3. Classificação de informações

Para melhor entendimento, buscamos as formas mais simples de classificação das informações. Quanto ao destino, as informações podem destinar-se ao chefe ou ao públi- co em geral; quanto à finalidade, classificam-se em internas e externas e, finalmente, quanto ao modo de tratamento, podem ser ostensivas ou sigilosas.

No que concerne ao campo de abrangência das informações, este pode ser geográ- fico, político, econômico, militar, biográfico, técnico ou policial.

MANUAL OPERACIONAL DO POLICIAL CIVIL

No documento Manual Operacional Do Policial Civil SP (páginas 116-122)