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A Comunicação Humana e suas interfaces

No documento VÂNIA APARECIDA RIBEIRO DOS SANTOS (páginas 52-56)

CONTEXTUALIZANDO A MÍDIA NA EDUCAÇÃO

1.1. A Comunicação Humana e suas interfaces

A Comunicação é uma necessidade do ser humano. Desde os tempos primórdios o homem buscou formas diferentes de se comunicar, seja através de desenhos rústicos que transmitiam mensagens até as linguagens escritas e verbais. O homem sempre buscou desenvolver várias formas de transmissão de pensamento que buscasse uma harmonia em suas relações no grupo social. Para Cherry (1986, p. 22) comunicação significa "compartilhar elementos de comportamento ou modos de vida, pela existência de um conjunto de regras”. Essa forma de organizar pensamentos pode ser considerada uma ponte, pois é através dela que se mostra a própria existência, os pensamentos, as competências, a inteligência, os sentimentos, opiniões, informações e até experiências com os outros.

A palavra comunicação vem do latim communis (comum) e fornece a idéia de comunidade e significa participação, troca de informações, que tornam-se comuns as outras idéias Cherry (1986, p. 23). Para entendermos esse longo caminho da comunicação tem-se que levar em conta todo o processo de evolução e seus diferentes conceitos: biológicos, epistemológico e social. Nos tempos pré-históricos os homens transmitiam suas mensagens através de gestos e grunhidos. Com o desenvolvimento da humanidade as formas se comunicação se ampliaram e surge a linguagem e a escrita como fontes principais de transmissão de pensamentos

O desenvolvimento da linguagem se reflete de volta no pensamento, pois, com a linguagem os pensamentos se organizam e novos podem surgir. (CHERRY,1986, p. 23)

A linguagem e a escrita fizeram com que o homem tornasse um ser consciente de si e com responsabilidade social, na medida em que elabora pensamentos organizados e torna o “processo comunicativo a maneira de fazer participar um indivíduo, um grupo de indivíduos ou um organismo, situados numa dada época e lugar, nas experiências de outro, utilizando elementos comuns" (CHERRY, 1986, p. 24). Também, pode-se afirmar que a comunicação através da fala e da escrita tornou a vida social viável a todos do grupo, pois comunicação “significa organização”. Estas novas formas de comunicação falada e escrita possibilitou a ampliação das interações humanas e a troca entre os grupos de cultura, informações, regras e condutas típicas de determinada época ou unidade social. Para Cherry (1986)

O desenvolvimento da linguagem humana constituiu um enorme avanço evolutivo; seu poder de organizar os pensamentos e a resultante proliferação de organizações sociais deu ao homem um potencial de sobrevivência grandemente aumentado. (p. 25)

O homem tem necessidade permanente de relacionar-se com o mundo e os meios e as formas de comunicação são instrumentos para esta interação social. E todo o processo comunicacional é uma maneira de transmitir significados que são absorvidos pelo grupo social. Outro conceito de Comunicação diz respeito à partilha. Cherry (1986) afirma que, à medida que duas pessoas estão se comunicando, elas se tornam uma só, não tanto em termos de uma união, mas como uma unidade. Há trocas, compreensão e acordos, ou seja, o grau de comunicação, a partilha e a conformidade, constituem uma medida de comunidade de idéias. O autor complementa: “aquilo que partilhamos não o podemos ter como nossa posse individual, e nenhum indivíduo jamais nasce e é criado neste mundo em total isolamento” (p.24).

Para especificar a comunicação pode-se dizer que esta possui uma função social. Todo comportamento que envolve a comunicação é repleto de intenções, seja emocional, racional ou produzir uma reação no outro, compartilhando os modos de vida determinado por um conjunto de regras. Assim, a Comunicação Humana

(...) tem alguma fonte, uma pessoa ou um grupo de pessoas

Comunicação. Estabelecida uma fonte, com idéias, necessidades, intenções, informações e um objetivo a comunicar tornam-se necessário um segundo critério: o objetivo da fonte tem de ser expresso em forma de mensagem, a partir de um conjunto sistemático de símbolos. A fonte é traduzida em código (linguagem), com base em um codificador, o qual transforma as idéias em códigos, exprimindo o objetivo da fonte em forma de mensagem. Esta função codificadora é realizada tanto por habilidades biológicas (sistema nervoso, gestos), como também por símbolos e ícones produzidos e originados pelo meio (placas, rastros). Dando continuidade ao processo, o canal é o intermediário, o condutor da mensagem. Este transporta a informação para o receptor, o alvo da comunicação. No entanto, o receptor necessita traduzir a mensagem que lhe foi enviada, para pô-la de maneira a ser entendida. Assim, o decodificador faz parte do processo de Comunicação, com o objetivo de traduzir a mensagem da fonte. (CHERRY, 1986, p. 43)

Mais do que apenas tratar a comunicação como um elemento de transmissão de mensagens, esta também repassa as culturas de geração a geração, formando a bagagem histórica do indivíduo. É a partir do século XX e pelo avanço da globalização que a comunicação, posteriormente denominada como “comunicação de massa”, domina todas as sociedades. Mais do que nunca, as interações humanas através dos meios passam a ter amplitudes e formas de manipulação cada vez maiores. A velocidade das informações e o avanço tecnológico trazem para a comunicação um excelente meio de alcançar maiores indivíduos em tempos menores.

E a escola não ficou isenta desse processo. Considerada como o melhor ambiente dessas interações, a comunicação mobiliza todo o conhecimento e participação dos alunos em seu grupo pedagógico. Neste ambiente educacional a comunicação tem por principal objetivo a troca de experiências na comunidade escolar favorecendo o convívio e a aprendizagem entre as diferentes gerações. Entre estas pessoas há uma enorme troca de vivências modificando e enriquecendo a bagagem cultural que por ela passam.

Tomando a comunicação como uma forma de interação humana, a ação comunicativa na escola vem permeada de significados lingüísticos “mobilizando os sistemas de comunicação já existentes para se compreenderem mutuamente: linguagem natural, gestos corporais, referências culturais e normas comuns” (TARDIF & LESSARD,

2007, p. 249). Para que a comunicação interativa e dialógica ocorra na escola é importante que esta mensagem tenha significados para o receptor. Isso acontece quando os atores do processo dialógico procuram agir interpretando a atividade significativa dos outros. Todo ato comunicativo não é por si só um ação individual, esta é partilha pelos agentes e a interpretam conforme sua vivência e bagagem cultural

A significação de uma ação não se reduz ao sentido subjetivo que lhe dá um ator. Porque ela é interpretada e partilhada por diferentes atores e se refere a um contexto comum, mobilizando recursos simbólicos e lingüísticos coletivos, sendo a significação social. Num contexto social de comunicação, pode-se falar da significação das interações. (TARDIF & LESSARD, 2007, p. 249)

A comunicação em sala de aula é repleta de interpretações das ações grupais tendo como pano de fundo as interações produzidas pelos participantes. Neste movimento o papel do professor como mediador e interprete se torna fundamental para a ampliação do conhecimento. Estes docentes precisam estar atentos ao que ocorre durante a interação dos alunos. Ensinar, portanto, é interpretar a atividade em andamento em função de imagens mentais ou de significações que permitam dar um sentido ao que ocorre. Um professor é um leitor de situações. (TARDIF & LESSARD, 2007, p. 249)

Neste processo comunicacional escolar pode-se verificar a influência da personalidade do professor que influência e marca toda ação pedagógica. Assim, essa natureza comunicacional docente torna-se um instrumento de trabalho e um meio de socialização das mensagens, na medida em que em sua interação com o grupo impõe suas ‘verdades’, tornando a sua própria cultura como valores principais do ensino. Mas, não se pode esquecer que o saber escolar não é passado como um objeto puramente cognitivo, mas, também, se constrói como um objeto para transmissão a outras pessoas. (TARDIF & LESSARD, 2007, p. 253). Este recurso segue o modelo tradicional de comunicação e ensino prevalecendo um esquema linear, onde o emissor transmite uma mensagem ao receptor através de um meio. Entretanto, a comunicação não é unilateral e acontece entre todos que estão envolvidos na ação dialógica

A palavra e o discurso em geral não são mais os únicos meios de comunicação utilizados em sala de aula; é preciso acrescentar-lhes também aos gestos, os olhares, as mímicas, os movimentos do professor, os silêncios e etc. (TARDIF & LESSARD, 2007, p. 254)

Pode-se, enfim, concluir que a comunicação na escola é fundamentalmente um processo de interações humanas, onde cada sujeito é emissor e receptor de informações tendo o trabalho docente como a principal forma de mediar todo processo. Assim, a atividade comunicacional

(...) envolve a interação entre, ao menos, dois sujeitos capazes de falar e agir e que iniciam uma relação interpessoal (seja por meios verbais ou não verbais). Os agentes buscam um entendimento sobre uma determinada situação, para estabelecer consensualmente seus planos de ação e, consequentemente, suas ações. O conceito central de interpretação diz, respeito, antes de tudo, à negociação de definições para as situações suscetíveis de um consenso. Nesse modelo de ação, a comunicação humana ocupa lugar proeminente. (HABERMAS apud TARDIF & LESSARD 2007, p. 33)

No documento VÂNIA APARECIDA RIBEIRO DOS SANTOS (páginas 52-56)