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Considerações relativas à revisão bibliográfica sobre

No documento O SECRETÁRIO EXECUTIVO COMO (páginas 120-123)

2.4 CONTRIBUIÇÕES DA LITERATURA SOBRE O GATEKEEPER

2.4.8 Considerações relativas à revisão bibliográfica sobre

Dentro das organizações é importante obter respostas para indagações que abrangem variadas facetas do universo informacional: Como circulam as informações? Como as pessoas informam coisas às outras? Como as pessoas recebem o que lhes é informado? O que facilita ou dificulta o acesso às informações? Quem detém as informações? Quem as dissemina? Quem as armazena? Quem as acessa? Quem as protege?

Foram muitas as perguntas que levaram a esta pesquisa. Outras mais agora se juntam às primeiras. Pode ser que nem se chegue a clarificá-las uma a uma, e esse certamente não é o seu propósito, como mencionado.

A intenção consistirá em penetrar nas teorias e conceitos de maneira que se venha a compreender o desempenho do gatekeeper e a satisfazer, pelo menos em parte, o espírito investigativo, evidentemente motivado a responder a algumas questões iniciais e às demais que a elas estão se somando.

Sabe-se que a informação, em grande parte, cria a si própria, no sentido de que novas informações resultam da recombinação das já existentes. Pode-se, entretanto, observar indivíduos a construírem a realidade social de que fazem parte, os quais são conhecidos como ‘atores’. Essa pesquisa é sobre um ator: o profissional de Secretariado Executivo, cujo exercício profissional, no entendimento desta tese, singra uma rota que converge continuamente para lidar com a informação, interferindo no processo de tomada de decisão através de sua atuação.

Ao se referir ao comportamento de busca da informação, foi verificado que é universalmente reconhecido que as pessoas tendem a utilizar fontes interpessoais (amigos, parentes, colegas ou vizinhos) para obter a informação de que necessitam, mais do que as bibliotecas públicas ou outra instituição.

Ao promover uma reflexão acerca dos estudos sobre o tema, verificou-se que a acessibilidade ocupa o primeiro lugar no ranking da fonte de busca de informação, como constatado, por exemplo, entre os engenheiros, que, claramente têm propensão para a busca do canal de informação mais acessível, independente do valor da informação esperada.

Essa parece uma importante particularidade, tendo em vista o empenho desta tese na construção de elementos teóricos para fundamentar a percepção de que dentro das organizações tal ação pode ser replicada, quando os superiores buscam o canal de informação que lhes parecem mais fácil e acessível. O trabalho pessoal em redes de conexões tem passado paulatinamente a ser percebido como um instrumento organizacional, apesar de o envolvimento das pessoas em redes existir desde o início da história da humanidade. Com base em seu dinamismo, as redes, dentro do ambiente organizacional, funcionam como espaços para o compartilhamento de informação e do conhecimento.

Enquanto a literatura de estudos de Comunicação vê o gatekeeper como um seletor e alguém que protege os portões, os estudos de Gestão reconhecem nele a missão de conectar e facilitar. No âmbito da Ciência da Informação, adicionalmente, ele é visto como extensor e amplificador da informação. Em qualquer dos enfoques com os quais se familiariza é possível identificar um ponto em comum: ter poder ou ocupar uma determinada posição não é garantia, por si só, de que uma pessoa possa se tornar um gatekeeper. Qualquer pessoa pode se tornar um gatekeeper, desde que disponha de capacidade de entendimento e tradução das informações obtidas devido à prática de suas atividades, resultado de sua expertise aliado ao contexto e ambiente organizacional. Por outro lado, como discutido, a cultura pode também elevar a pessoa à posição de gatekeeper.

O desempenho do gatekeeper se dá em diferentes proporções e abrange grupos diferenciados. Dentro do propósito dessa pesquisa, as diferentes facetas e focos de cada disciplina podem vir a conduzir a uma teoria aplicável ao desempenho de gatekeeping na profissão de Secretariado Executivo.

Como visto, a constatação de falhas e ineficiência no processo de comunicação entre o usuário e o serviço de informação, aliada à necessidade de se ter conhecimento do fluxo e dos canais da informação, deu origem a diversos estudos.. A partir deles enxergou-se o indivíduo como processador de informação e constatou-se a extensão com que o seu comportamento afeta os grupos aos quais pertencem, seja a sua organização social, seu grupo familiar, sua sociedade profissional, ou o seu colégio invisível. Dentre de cada um destes grupos, e muito especificamente, dentro da organização informal das empresas, ficou evidente o papel informacional vital de certos membros-chave, os gatekeepers.

Tem-se agora a vantagem da perspectiva privilegiada advinda do contato com as teorias relacionadas ao processo de gatekeeping. Segue-se adiante, aprofundando-se em outras questões que contribuirão para a formação de uma visão crítica sobre o objeto de estudo desta pesquisa.

Lembra-se que se analisou que a informação transferida a nível informal, não raras vezes, tem valor maior do que aquela efetuada através de registros formais. Discutiram-se as indagações que se avolumam sobre a estrutura do comportamento humano, no afã de compreender melhor o fenômeno informacional e as características que o revestem. Hoje é consenso que o ambiente social é especialmente relevante para a conversão de informação em conhecimento, uma vez que ele é o locus onde as pessoas interpretam as ações das outras, e, em resposta, têm reações fundamentadas na sua maneira peculiar de sentir essas ações.

Deste modo, o estudo da informação e do conhecimento no contexto da história da sociedade e das relações sociais, necessita utilizar e se apropriar dos pressupostos teóricos e metodológicos de outras disciplinas das Ciências Sociais para complementar os conceitos dados pela Ciência da Informação, tais como a Sociologia, a Comunicação, a Linguística, dentre muitas outras. E é neste propósito que se passa agora a discutir tais pressupostos, sob o olhar de Andrew Abbott.

Defende-se que a compreensão que se passará a ter desses campos do conhecimento, e de como eles entendem o indivíduo e as vinculações sociais no seu interior, certamente possibilitará vivenciar das realidades sociais em tom proporcional àquelas por eles experimentadas. Lembra-se que é intenção desta tese sobrepor essas realidades ao ambiente dos escritórios para, então, analisar o comportamento do profissional de Secretariado Executivo.

No documento O SECRETÁRIO EXECUTIVO COMO (páginas 120-123)