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3 O CAMINHO PERCORRIDO PARA DESENVOLVER A PESQUISA

4.1 A CONSTRUÇÃO DA ANÁLISE: DA CONSTRUÇÃO DAS CATEGORIAS AO

O processo de análise é advindo do caminho percorrido que iniciou com minha trajetória de trabalho na modalidade EaD, e percorre todo planejamento, encontros e escrita. A necessidade da entrega do trabalho, não esgota as discussões suscitadas desta pesquisa, ao contrário, evidenciam a necessidade de seguir refletindo, discutindo e propondo processos de formação de professores, e a partir desta pesquisa, talvez sob novo olhar, a formação colaborativa.

Para escrita que segue, após o termino dos encontros, fiz nova leitura das transcrições, fazendo os primeiros apontamentos em relação às falas dos professores. A Figura 3 é uma fotografia do material resultado da transcrição, que foi elemento central da análise que segue.

Figura 3 – Material de análise a partir das transcrições

Fonte: A autora (2016)

Depois dessa leitura atenta, fazendo anotações e traçando as primeiras impressões sobre a leitura, juntamente com o orientador, fiz a opção de, no primeiro momento, analisar apenas os encontros onde os professores apresentaram seus planejamentos de aula. Assim, a análise foi dos quatro primeiros e os três últimos, após reformulações das propostas de aula. Nesses encontros, procurei evidenciar as possíveis diferenças entre a forma que os professores se referiam aos processos de ensino e aprendizagem na modalidade EaD. Também busquei características e justificativas de suas proposições didáticas.

Pela proposta metodológica de análise e dos conceitos já discutidos no capítulo anterior, construí três categorias para interpretação das falas e interações dos professores durante os encontros: aprendizagem na modalidade EaD, dificuldade dos professores e visão sobre os alunos. Tal divisão tem uma função organizativa da análise, pois as dificuldades dos professores e a visão sobre os alunos fazem parte da discussão na aprendizagem na modalidade EaD.

Na categoria aprendizagem na modalidade EaD, a discussão partiu do tipo de atividade que o professor propõe para o aluno no decorrer do semestre. Esse entendimento se refere à discussão teórica sobre o processo de aprendizagem. Essas foram classificadas em dois tipos: atividades associativas e reflexivas, baseadas em POZO (2002, p. 91).

Já a categoria dificuldade dos professores, foi construída a partir da explicitação de indagações e dúvidas, no decorrer dos encontros, dos docentes participantes da pesquisa sobre a modalidade. Dentre as mencionadas, duas foram as mais frequentes e comuns no grupo: processo avaliativo e a atuação na modalidade, ambas implicam diretamente no processo de ensino e aprendizagem. A primeira, surgiu a partir de questionamentos críticos entre eles e as consequentes dúvidas suscitadas sobre como deveria ser o processo avaliativo, quantas avaliações deveriam ser feitas, etc. Já a segunda, configura-se como a atuação dos participantes na modalidade a distância, e refere-se a como pensam o trabalho docente nesta, já que ao tratar de situações de ensino, traziam relatos da modalidade presencial e não daquela que era objeto de discussão.

Concretamente, mesmo sendo o EaD o tema de estudo, os professores fizeram 86 referências (exemplos, ilustrações, relatos) à modalidade presencial, sendo mais da metade das referências à própria modalidade (162 em total). Se fizéssemos uma média, teríamos esta última citada pelo menos 7 vezes por encontro. Partindo desta contagem, tomei os resultados como dois indícios possíveis: um indício forte da dificuldade em entender e trabalhar com a modalidade; uma não identificação do professor com a modalidade.

Cabe salientar, no entanto, que ao fazer uma comparação entre os dois primeiros encontros e os dois últimos, constatei uma contração importante deste fato, passando de 27 referências à modalidade presencial no início, a 14 nos dois últimos. Isso poderia ser tomado como um novo indício, de que houve uma modificação na capacidade dos professores se posicionarem sobre a modalidade, a partir da proposta dos encontros.

Por fim a categoria visão sobre os alunos, na qual reuni as manifestações dos professores em relação aos estudantes. Estas sinalizam como os docentes interpretam o envolvimento (ou não envolvimento) dos seus discentes com o curso e/ou disciplina. Construí essa categoria por ter percebido que tal visão do professor tem um peso importante nas decisões referidas a como conduzir o ensino, tanto de forma positiva quanto negativa.

Posteriormente identifiquei as subcategorias e as unidades de contexto (AMADO, 2014) de cada professor. Estas, como relatadas no capítulo anterior, referem-se às falas que serão trazidas a partir das categorias e subcategorias. Ao perceber que não poderia tratar os professores de forma igual, já que tinham características bem diferentes entre eles, construí um quadro para cada professor com as unidades de contexto inicial (dos primeiros encontros) e final (dos últimos encontros).

Como a proposta de pesquisa previa identificar se havia diferença do entendimento dos professores, entre o início e o final do processo de pesquisa, as unidades de contexto foram

duplicadas, desta forma, busquei identificar as mesmas características categorizadas no início e no final do processo, para identificar uma possível diferença para cada professor (Quadro 5).

Quadro 5 – Categorização da Pesquisa

Categoria Subcategoria Unidade de contexto (inicial) Unidade de contexto (final)

Aprendizagem no EaD

Associativa Tipo de atividade repetitiva Tipo de atividade repetitiva Construtiva Tipo de atividade reflexiva Tipo de atividade reflexiva

Dificuldade dos

professores

Processo avaliativo A forma como fazem a avaliação A forma como fazem a avaliação Atuação na modalidade Dificuldade de desenvolver propostas didáticas na modalidade EaD Dificuldade de desenvolver propostas didáticas na modalidade EaD Visão sobre os alunos Desinteresse

Não querem participar/ não

acompanham/leem Não querem participar/ não acompanham/leem

Interesse Boa participação Boa participação

Fonte: A autora (2016)

A partir de agora, passo a explorar as transcrições de forma direta para apresentar as diferenças que foram percebidas entre a primeira vez que os professores apresentaram a disciplina e a última. Essa discussão será abordada de professor a professor, com base nas categorias descritas. O critério da ordem dos professores se deu em função de seu processo de reflexão e alteração proposta na disciplina.