• Nenhum resultado encontrado

1.1-Problemática dos Consumos

TIPO DE DROGA

População Total (15- 64 anos) Jovem Adulto (15- 34 anos)

Ao longo da vida % Últimos 30 dias % Continuidade % Ao longo da vida % Últimos 30 dias % Continuidade % 2001 2007 2001 2007 2001 2007 2001 2007 2001 2007 2001 2007 Qualquer droga 7,8 1,2 2,5 2,5 44,2 31,2 12,6 17,4 4,6 4,8 51,7 40,0 Cannabis 7,6 11,7 2,4 2,4 43,2 30,5 12,4 17,0 4,4 4,7 50,3 39,4 Heroína 0,7 1,1 0,1 0,2 26 24,0 1,1 1,1 0,1 0,3 28,2 34,6 Cocaína 0,9 1,9 0,1 0,3 34.1 32,2 1,3 2,8 0,3 0,7 46,4 41,4 Anfetaminas 0,5 0,9 0,1 0,1 13,2 20,0 0,6 1,3 0,1 0,3 19,4 29,2 Ecstasy 0,7 1,3 0,2 0,2 53,5 32,7 1,4 2,6 0,4 0,5 59,8 35,1 LSD 0,4 0,6 <0,1 0,1 27,8 20,5 0,6 0,9 0,1 0,2 40,5 28,3

20

Ainda e de acordo com o mesmo relatório, “de 2001 para 2007, verificou-se uma descida das taxas de continuidade do consumo em ambas as populações, com exceção das anfetaminas na população jovem adulta. Para estes anos, a população jovem adulta apresentou taxas de continuidade do consumo superiores às taxas da população total para todas as drogas. Também, o ecstasy, a cocaína e a cannabis surgiram com as maiores taxas de continuidade do consumo em ambas as populações”. (PNCDT, 2005-2012:17).

No estudo efetuado por Feijão et al., (2011), relativamente ao consumo de substâncias psicoativas num total de 13000 alunos do ensino público do 7º ao 12º ano de escolaridade do ensino regular e profissional, foi verificado que no consumo de outras drogas (anfetaminas, ecstasy, cocaína, LSD, cogumelos alucinogénios, heroína, droga injetada), um aumento das experimentações de anfetaminas em todos os grupos etários e no LSD (ligeiro aumento) a partir dos 15 anos, e pequenas variações em ambos os sentidos na experimentação de outras drogas em todos os grupos etários.

Quanto ao consumo da Cannabis, outras drogas e droga em geral, e através do mesmo estudo podemos verificar que houve uma diminuição da experimentação entre alunos mais novos e aumento nos mais velhos, (2% aos 13 anos e 28% aos 18 anos), e aumento das percentagens de consumidores recentes (12 meses) e dos atuais (30dias);

Porém citando Silva (2011), os dados deste estudo são similares aos de outros países europeus, ainda que a média seja ligeiramente superior, verificando-se um aumento gradual do número de pessoas que têm utilizado drogas ilícitas, desde os anos 90, afirmando, ainda, que a cannabis continua a ser a droga ilícita mais consumida mundialmente, seguida das drogas sintéticas como as anfetaminas ou estimulantes dos opiáceos e a cocaína. A mesma fonte acrescenta que em Portugal e na maioria dos países ocidentais, o álcool e o tabaco são as substâncias mais utilizadas seguindo-se a cannabis.

Quanto à prevalência de consumo de qualquer droga nas regiões de Portugal, de acordo com o IDT (2011), foi possível verificar que há uma distribuição heterogénea relativamente ao consumo de qualquer droga na população total, população jovem adulta, 3º ciclo e Secundário no ano de 2007, como se pode verificar pela análise do quadro 6.

21

Quadro 6 - Prevalências de consumo na população total, população jovem adulta, 3º ciclo e secundário de qualquer droga ilícita por região de Portugal em de 2007.

Regiões População total (15-64 anos) População jovem adulta (15-34 anos) População do 3º Ciclo População do Secundário Prevalência (%) Prevalência (%) Prevalência (%) Prevalência (%) Ao longo da vida Últimos 30 dias Ao longo da vida Últimos 30 dias Ao longo da vida Últimos 30 dias Ao longo da vida Últimos 30 dias Norte 10 1,5 15 2,7 9 5,4 26,8 15,4 Centro 10,9 2,4 17,1 5 9,2 5,9 26,7 15,7 Lisboa 16 3,9 21,4 6,6 11,2 6,7 33,4 19 Alentejo 10,6 2 16,8 4,5 12,1 7 31,8 15,5 Algarve 16 6,1 25,7 12,3 13,4 7,1 33,5 18,8 Açores 9,9 1,4 14,9 3 14,7 9,1 31,1 15,9 Madeira 5,2 1 8,2 2,2 11,3 6,9 20,6 10,0

Fonte: Relatório Anual - A Situação do País em Matéria de drogas e Toxicodependências (IDT, 2011)

Analisando o quadro 6, verifica-se que as regiões do país onde existem mais consumos tanto ao longo da vida como nos últimos trinta dias para estas populações são: Lisboa, Algarve e Alentejo, seguidamente e com valores muito significativos está a região Centro. No que concerne à população do ensino secundário tanto no que diz respeito aos consumos ao longo da vida como nos últimos trinta dias, verifica-se uma diminuição de 26,7%, para 15,7% respetivamente.

Quanto às populações escolares, e pela análise do mesmo quadro verifica-se que a zona de Lisboa é a que apresenta os maiores índices de prevalências de consumo, tanto ao logo da vida como nos ultimo trinta dias nas duas populações em causa, passando-se o mesmo na zona do Algarve e Açores.

Relativamente a Vila Real e de acordo com um estudo de Carvalho et al (2004-2005) efetuado a 678 alunos do 3º Ciclo, ficamos a saber que a idade de iniciação dos consumos de substâncias psicoativas se verifica entre os 10 e os 17 anos, e, a droga ilícita mais consumida à semelhança de outros países da Europa e Portugal, também neste concelho é a cannabis e seus derivados com 2,9%, cannabis e outras drogas 0,8%, e destes 0,6% também consomem heroína e cocaína.

Contudo, é referido por Almeida & Mourão (2010), que o fenómeno da toxicodependência está a ser combatido a nível nacional, cujo objetivo incide na diminuição

22

da sua incidência na população em geral. Através dos dados do Relatório Anual sobre a situação do País em Matéria de Drogas e Toxicodependências do IDT em 2009, é demonstrado que em Portugal houve uma evolução no sentido de uma diminuição e indica a importância das estratégias de prevenção, que podem ser entendidas como um processo ativo através da implementação de ações que visam modificar, retardar ou evitar o uso e/ou abuso de substâncias psicoativas.

O Programa nacional no âmbito do qual foram recolhidos os dados baseou-se principalmente no perfilar do consumo de droga ilícita no entanto, também a lícita tem grande importância, ou seja, quando se fala em álcool, referimo-nos à substância etanol ou álcool etílico, a principal componente das bebidas alcoólicas, tal como o nome indica, contêm álcool, e este é considerado como uma droga psicotrópica5 com efeitos depressores no sistema nervoso central, provocando alterações no comportamento de quem as consome que para Balsa et al., (2011), o álcool só é considerado um problema quando consumido em excesso.

Anderson & Baumberg (2006:4) admitem que a UE é a região mundial com maior consumo de álcool, embora os 11 litros de álcool puro bebidos por cada adulto em cada ano apresentam um decréscimo significativo relativamente ao pico de 15 litros em meados dos anos 70. Além disso, quase metade deste álcool é consumido, sob a forma de cerveja, seguido do vinho (34%) e de bebidas espirituosas (23%)

Segundo o relatório anual do OEDT (2011), consumo de cocaína e o consumo esporádico de grandes quantidades de álcool6 binge drinking estão frequentemente associados. Porém, estudos recentes revelam ainda que, mais de metade dos dependentes de cocaína em tratamento, também era dependente de álcool. Os estados-membros estão a comunicar melhores respostas terapêuticas e experiências positivas no tratamento de consumidores problemáticos de cocaína.

Também na população Portuguesa as prevalências do consumo de substância lícitas como é o caso do álcool, através do relatório do SICAD (2013-2015) citado por (Balsa et al., 2011:39), “Portugal surge entre os maiores consumidores de bebidas alcoólicas e de álcool a nível Europeu e Mundial”. De acordo com o SICAD (2013-2015), em 2003, Portugal ocupava o 8º lugar do consumo mundial de etanol, tendo sido estimado um consumo de cerca de 9,6 litros de etanol per capita, o 4º lugar a nível mundial, relativamente ao consumo de vinho

5

(Organização Mundial de Saúde – OMS, 1981), citado em www.imesc.sp.gov.br/infodrogas/psicotro.html, drogas psicotrópicas são aquelas que “agem no Sistema Nervoso Central (SNC) produzindo alterações de comportamento, humor e cognição, possuindo grande propriedade reforçada sendo, portanto passíveis de auto-administração”.

6 (OEDT,2010), entendido como a ingestão de seis copos ou mais de uma bebida alcoólica na mesma ocasião, pelo menos uma vez por semana, nos últimos 12 meses.

23

com 42 litros per capita, e o 23º lugar em relação ao consumo de cerveja com 58,7 litros per

capita, e ainda, o 32º lugar relativamente ao consumo de bebidas destiladas com 3,3 litros per capita.

Posto isto, Anderson & Baumberg (2006), admitem um crescendo de evidências no impacto das estratégias que levam à alteração do contexto de consumo, na redução dos danos provocados pelo álcool. No entanto, primariamente estas estratégias são aplicadas em bares e restaurantes, a sua eficácia depende de uma fiscalização adequada. Assim, através da aprovação da lei que estabelece o limite mínimo de idade para consumo de bebidas alcoólicas, por exemplo, esta terá pequeno efeito se não for apoiada por medidas que obriguem os estabelecimentos a cumpri-la. É salientado também que, estas médias têm uma melhor aceitação quando apoiadas por programas de prevenção comunitários.

Apesar de reconhecer a articulação entre as várias formas de dependências, e o programa e a mestranda reconhecer que o PORI não excluindo o programa de drogas lícitas foi um programa de recolha de dados sobre as drogas ilícitas, não existe uma definição sem formatar o que é lícito e ilícito, existe uma articulação entre elas, mas, a preocupação do programa era as ilícitas.

Em Portugal foi realizado um estudo sob a coordenação de Feijão & Calado (2011), relativamente ao consumo de substâncias psicoativas7, verificou-se que quanto ao consumo de álcool houve um decréscimo do número de consumidores em todos os grupos etários e por género (consumidores recentes- últimos 12 meses: 27% aos 13 anos e 87% aos 18 anos, consumidores atuais- últimos 30 dias: 13% aos 13 anos e 70% aos 18 anos), e um aumento dos consumos mais intensivos, nomeadamente episódios de embriaguez e de binge drinking8,

ou seja, há mais alunos a beber mais intensivamente, com maior teor alcoólico (destiladas), sendo o número mais elevado nas raparigas do que nos rapazes (prevalências ao longo da vida: 8% aos 13 anos e 54% aos 18 anos, nos últimos 30 dias: 2% aos 13 anos e 23% aos 18 anos).9

No concelho de Vila Real e de acordo com um estudo efetuado a 678 alunos do 3º Ciclo por Carvalho et al., (2004-2005), a faixa etária que apresentou maior número de

7

Em 13000 alunos inquiridos do ensino público do 7º ao 12º ano do escolaridade e ensino regular e profissional

8

(ESPAD, 2007), consumo esporádico excessivo que excede 5 a 6 bebidas no homem e 4 a 5 bebidas na mulher, numa só ocasião e num espaço de tempo limitado, estando associado a uma maior probabilidade de sofrer consequências adversas.

9

Quanto ao consumo de tabaco, verificou-se um ligeiro decréscimo na percentagem de experimentação ao longo da vida, e um aumento relevante nas percentagens de consumidores atuais (últimos 30 dias, a partir dos 15 anos), ligeiramente maiores nas raparigas, (17% aos 13 anos e 61% aos 18 anos)

24

consumos de bebidas alcoólicas foi a dos 13-15 anos sendo referido que 16,5% dos alunos se embriagaram pelo menos uma vez e as bebidas mais consumidas por estes jovens são a cerveja, shots e as bebidas brancas 15,5%, a associação de shots e bebidas brancas foi referida por 10,5% dos alunos, e quanto aos locais de consumo 25,8%, bebem predominantemente nos bares/discotecas e durante as festas, 7,7% em casa, 34,2% com amigos/colegas/namorado(a), e com os pais 9,1%.

Quanto aos consumos de drogas ilícitas Portugal, segundo o Relatório Final da Avaliação Externa do PNCDT (2005-2012), regista baixas prevalências de consumo destas substâncias quando comparado com outros países Europeus.

Relativamente a Vila Real as prevalências dos consumos de substâncias psicoativas foram estudados por Carvalho et al., (2004-2005) com alunos do 3º Ciclo. Quanto ao consumo de álcool, num universo de 410 alunos verificou-se que 60,5% experimentaram estas bebidas e 40,0% (n=332), assinalaram ser consumidores sendo 21,5% raparigas e 27,5% rapazes. Quanto à frequência do consumo verifica-se que 56,9% são consumidores ocasionais; 16,9%, são consumidores regulares e 0,6% são consumidores abusivos; 16,5% referem ter-se embriagado pelo menos uma vez.

Ainda e de acordo com o estudo de Feijão & Calado (2011), as percentagens de experimentação de todas as substâncias psicoativas na população (16 aos 18 anos) situam-se entre 1,5% e 3%, com exceção das anfetaminas que se situam entre os 3 e os 4% e das drogas injetadas que são inferiores a 1%.

Globalmente, os resultados apresentados por Feijão & Calado (2011), alertam para a pertinência e necessidade de investir na prevenção dos consumos de álcool, particularizando os consumos intensivos (16 aos 18 anos) e os consumos entre os mais jovens (consumo que é proibido em Portugal até aos 16 anos). No que diz respeito aos consumos de tabaco e das drogas estimulantes, em particular as anfetaminas e dos alucinogénios, também deve haver um investimento na prevenção deste consumo.

25