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As políticas sociais são ações do governo desenvolvidas em conjunto através de programas que equilibram a garantia de direitos e condições dignas de vida às pessoas de forma equitativa e apresentando-se como uma política do estado fundamental para o bem- estar de todos dos cidadãos.

Pode-se dizer, que foram dois períodos histórico-políticos que marcaram a evolução das políticas sociais em Portugal. Antes do 25 de abril de 1974, eram as que sobressaiam do Estado Novo (o chamado “estado social” de Marcelo Caetano), a partir de 1974 começa a ser evidenciada a importância do processo democrático. Em 1986 com a adesão Comunidade Económica Europeia (CEE), surgem com impactos no domínio da proteção social do emprego e da formação (Ramos, 2003). Para Marujo (2012), as transformações políticas, económicas, sociais e culturais, decorrentes destes dois períodos alteraram substancialmente a racionalidade das políticas públicas na área social.

As políticas sociais, subscrevendo a afirmação de Marujo (2012), evoluíram consoante os fatores sociais, económicos e políticos as primeiras medidas tomadas foram os seguros sociais, que com o decorrer do tempo assumiram diversas formas: proteção à velhice, doenças, risco de acidentes de trabalho, desemprego e as prestações familiares.

Catarino (2010:91) faz a distinção das políticas sociais ou seja: “em sentido lato”, contribuem para o bem-estar social e para a erradicação da pobreza na população; “sentido restrito”, tem a ver com a proteção social, económica, educação, trabalho, integrada na saúde, segurança social, habitação, rendimentos e a formação profissional. Contudo, para Ramos (2006), as políticas sociais constituem uma forma de atuação das políticas públicas tendo como finalidade promover e garantir o bem-estar social, através da consagração dos direitos sociais e das condições necessárias à sua realização em sociedade criando medidas que visem a redistribuição da riqueza e aplicando critérios de justiça e equidade. E, para Marujo (2012:15), são o “reflexo do nível de desenvolvimento das sociedades e tendem a mostrar a forma como lidam com as desigualdades resultantes dos seus modelos de crescimento”.

Embora a ação social e as políticas sociais, tenham surgido com o capitalismo como forma de enfrentar as questões sociais, a sua origem assenta em pressupostos diferentes.

As políticas sociais assentam numa matriz macro-ética, de universalidade, constituem-se em direitos e espaços de cidadania, possuem um carácter homogeneizador

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(exclui ao incluir), colocando todos no mesmo patamar de partida. Desta forma, está presente o princípio da igualdade de oportunidades, como pilar único com influência na igualdade, fraternidade e equidade vindos da revolução Francesa, sendo o resultado do acordo estabelecido entre movimentos sindicais, sociais e o poder instituído. A ação social assenta numa matriz micro-ética e individual, operando na especificidade, e na particularidade onde cada caso é um caso. A ação social faz parte da segurança social e é uma apropriação do estado, ambas atuam ao nível da redistribuição. O que as tem distinguido ação social é o fato de ser fundada e desenvolvida com base numa clientela, mais ou menos definida, mas que se identifica com os pobres e os excluídos. (Rodrigues & Figueira, 2003)

Quanto aos problemas de pobreza e exclusão social, citando Botelho (2010:96), a política da União Europeia (EU) assenta em três pressupostos fundamentais: integração no mercado de trabalho (através de políticas ativas de emprego e formação profissional); sistemas de proteção social adequados, ao nível do garante de rendimentos mínimos (que permitam aos seus beneficiários uma vida digna); e a disponibilização de um conjunto de serviços sociais acessíveis e de qualidade (com o objetivo de possibilitar a inserção dos indivíduos no mercado de trabalho.

Centelho & Novo (2008:5) salientam que foram iniciados esforços para assegurar a divulgação de programas e medidas dirigidas a grupos em desvantagem face ao mercado de trabalho, quer a potenciais promotores, a fim de garantir a sua visibilidade, pública através da formalização de acordos de cooperação com entidades para intervenção junto destes grupos a saber: os Acordos de Cooperação firmados no âmbito do MSE com a Rede Europeia Anti- Pobreza Portugal (REAPN), a União da Misericórdias Portuguesas e a União das Instituições de Solidariedade Social17”.

Para os mesmos autores a maioria dos países utiliza as políticas sociais para reduzir os problemas sociais e individuais dos cidadãos, e estas podem ser: ativas e passivas. As primeiras têm como objetivo dotar os desempregados com as qualificações necessárias, por forma, a reduzir a duração do desemprego, que na ideologia de Ramalho (2009), se justifica pela capacidade de inclusão no mercado de trabalho e, também, pela sua capacidade de

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No âmbito do MSE foram celebrados Acordos de Cooperação com três entidades nacionais de reconhecido mérito, tendo por objecto fomentar acções no âmbito do Mercado Social de Emprego, enquanto contributo para a solução de problemas de emprego, de formação e

de outros problemas sociais, com especial incidência no combate ao desemprego, à pobreza e à exclusão. Em 26 de Julho de

2000, foi assinado o Acordo de Cooperação entre o IEFP e a Rede Europeia Anti-Pobreza. Em 11 de Outubro de 2000, foi firmado o Acordo de Cooperação entre o IEFP e a União das Misericórdias Portuguesas. Em 31 de Julho de 2001, foi assinado o Acordo de Cooperação entre o IEFP e a União das Instituições Privadas de Solidariedade Social. Estes Protocolos estão actualmente em fase de reformulação.

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inclusão na sociedade através de atividades consideradas como socialmente úteis (Centeno & Novo, 2008),

As passivas visam garantir uma fonte de rendimento durante esse período é utilizada principalmente para as pessoas que têm mais dificuldade no seu autofinanciamento enquanto procuram novo emprego. (Centeno & Novo, 2008)

Rodrigues & Figueira (2003) apontam duas formas de intervenção social no campo da exclusão social: as políticas ativas e o mainstreming, assim, as políticas ativas são uma forma mais ou menos contratualizada nas propostas de inserção assentes na possibilidade de envolvimento ativo dos destinatários, tendo em vista a sua inserção laboral, dos quais se citam alguns exemplos em Portugal: Rendimento de Inserção Social, Projetos de Luta contra a Pobreza, Mercado Social de Emprego, Projeto de Apoio à Família e à criança, Apoio à Colocação e Acompanhamento Pós-colocação, Programa Vida-Emprego, entre outros.

O mainstreaming é a necessidade de intervenção simultânea, nos vários campos implicados com objetivos de inclusão, através de políticas de combate à exclusão.

Segundo Costa (1998) estar desempregado não é só estar privado da fonte normal de rendimento, mas é, também, perder um dos vínculos mais importantes de ligação à sociedade, à rede de relações interpessoais que o emprego proporciona e, ainda, ao sentimento, de inutilidade, de contribuir para a vida económica do país. Referindo Ló (2007), o mercado de trabalho é reflexo do nível de desenvolvimento e equilíbrio de uma sociedade. É através do rendimento auferido do trabalho que a maioria dos indivíduos e famílias garante a sua existência material. Além disso, proporciona oportunidades de vida, nomeadamente, de realização pessoal e espaço de socialização.

De acordo com o SICAD (2013-1015), o desemprego atinge níveis elevados e constitui um dos maiores problemas da sociedade, que a prazo resultará no agravamento das desigualdades e da pobreza. As situações de vulnerabilidade social decorrentes do desemprego comprometem não só bem-estar social, como também constituem um fator de risco agravado para a emergência de comportamentos aditivos e dependências. Assim, pessoas a viver em famílias desorganizadas, empobrecidas, desempregadas, com fraca capacidade anímica e com menor capacidade de constituírem fatores protetores efetivos, podem facilitar o agravamento dos problemas associados ao consumo de substâncias psicoativas e, ainda, à criminalidade, por via do tráfico.

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