• Nenhum resultado encontrado

Contributo dos professores estagiários no desenvolvimento da criatividade.

COMPETÊNCIAS ANSIEDADE

2- Otimismo Persistente 3 Pessimismo Cínico

1.2.5. Contributo dos professores estagiários no desenvolvimento da criatividade.

No início da escolaridade os alunos aprendem como funciona o sistema, para alcançar o sucesso é necessário “boas notas”, e isso não se consegue com tentativas de aprendizagem sob pena de falhar, deste modo a maioria das escolas não encoraja os alunos a “correrem riscos”. Torna-se necessário que os alunos se enquadrem nos melhores grupos, para serem admitidos nas “melhores” Escolas ou Universidades, e o facto de arriscarem ficar excluídos da “corrida” por uma baixa classificação, faz com que as ideias mais criativas e interessantes sejam A priori eliminadas.

Também as avaliações externas das escolas, com a possibilidade de integrarem o “ranking” dos melhores estabelecimentos de ensino do País, exaspera as comunidades educativas, que a satisfação conciliadora entre o “sonho” e a “imaginação” poderia combater. De modo a contrariar essa tendência, Clifford (1988) realizou estudos sobre o modo como o “risco” influenciava o desempenho académico dos alunos e concluiu que a tolerância face ao insucesso escolar se ligava ao nível do problema a testar. Apoiando esta ideia referiu-se que “Os alunos que toleram o insucesso correm riscos maiores e escolhem problemas mais difíceis.” (Sternberg & William, 2003, p.34).

No dever dos professores estagiários durante o processo formativo, de serem duplamente avaliados, verificou-se que por um lado são os “alunos” que observam e assistem e, por outro, os “professores” que participam ativamente e concluem os

30

trabalhos com os alunos. Este par de relação professor-aluno é fundamental para o exercício da correta avaliação da profissão.

Ainda que segundo Ponte (2003):

[…] existem muitas acepções do que é ensinar e do que é ser professor. Para muitos, será sobretudo o “debitar” da matéria, em frente do quadro, ou de modo mais sofisticado, com retroprojector ou Powerpoint. Nesta perspetiva, ensinar e aprender são independentes – o professor pode ensinar sem que os alunos aprendam. Mas também se pode assumir a perspetiva oposta – se os alunos não aprenderam, é porque o professor não ensinou. Falou, gesticulou, escreveu no quadro, esforçou-se, mas falhou.” (Ponte, p. 3).

A maioria dos docentes, sobretudo os professores cooperantes e os seus estagiários, não se revêm no perfil acima descrito. Nunca separando a sua “atuação” às funções atribuídas pela escola, assumem-se sobretudo como “analistas” dentro da sala de aula,

“actores”, no verdadeiro sentido da palavra, capazes de analisar a situação na qual se encontram e as contradições, de identificar a sua margem de manobra, de suportar determinados conflitos e determinadas incertezas, de correr riscos calculados.” (Perrenoud, 1993, p.163).

Ainda que se vislumbre na escola atual uma escola do passado: a organização burocrática dependente do poder central e de uma cultura materialista, com os espaços uniformizados, desadequados ou danificados, junta-se ainda a utilização exclusiva do espaço da sala de aula como aglutinadora de saberes e, por fim, o desencanto e a desmotivação encontrada nos alunos, o que confirma essa prática “tradicional” de ensino7. A diferença deverá ser introduzida pelo professor estagiário na relação

Professor-Aluno, onde este representará o papel principal, promovendo “novos

saberes”, a informalidade, a experimentação e provavelmente o retorno do entusiasmo inicial de aprender. Segundo Payet (2005)

“A escola, nas nossas sociedades da modernidade radical, caracteriza-se por uma dificuldade, ou melhor, por uma incapacidade de produzir o bem comum, de construir a vida em comum, numa sociedade pluralista.” (Payet, p.688).

31

Neste sentido, e atentando ao pretexto utilizado no ensino formal de estabelecer a produção de obras “mais ou menos artísticas”, cabe ao estagiário a tarefa de fazer a diferença sendo “diferente”. Contrariando a tendência usual de ensino, deve salientar- se que o professor estagiário, não estando condicionado às rígidas normas escolares, pode ocupar a posição reflexiva sobre o processo criativo que se propõe realizar, discordando da corrente institucionalizada.

Em causa está contrariar a noção de que o conhecimento apesar de corretamente legislado, não deve ser considerado como um mero conjunto de técnicas adestrantes, excessivamente manuais e pouco críticas. A escola não deve mudar o professor “escolarizando-o”. Pelo contrário, deve permitir reinventar sem constrangimentos, não menosprezando os conteúdos e as competências a desenvolver, bem como as orientações e os critérios de avaliação definidos pelo departamento escolar onde se insere a disciplina.

O tempo, a visão, o sentido e o contexto acabam por moldar a perceção daquilo que se vê, obrigando constantemente o docente a refazer as convicções do que é ensinar e como ensinar. Este processo de mudança e reposicionamento partilhado entre o estagiário e o cooperante permite o melhor relacionamento entre estes, e é desta partilha entre ambos, que se modifica o processo criativo. Pelo simples facto de permanecerem dois professores em sala, em turmas atualmente compostas entre 26 a 30 alunos, as experiências que se repartem provêm da multidimensionalidade de conhecimentos de ambos sobre o melhor processo de aprendizagem.

Uma das estratégias propostas, e que segundo Zabalza (2001) se adequa à construção de uma profissão docente solidária e crítica, é a de desenvolver um “diário” no qual serão registados todos os momentos passados na escola e que servirá, futuramente, a uma autorreflexão docente. Este modelo auxilia não só avaliar as imperfeições e os erros, mas também as vitórias conquistadas.

“As metáforas do professor educador, facilitador, modelo, guia e amigo” (Flores, 2004, p.110) são exaustivamente utilizadas durante o estágio, mas estes atributos comprometem a crença e a imagem que gostariam de transmitir como docentes e como consideram o ensino de qualidade. De facto, quando confrontados na prática letiva com o funcionamento da “ética da prática”8contraída na socialização

32

entre docentes, reconhecem que as ideias e as crenças pessoais não produzem o resultado pretendido.

Com o propósito de fazer regredir esta situação, o professor estagiário deve relembrar como norma a seguir,

A ESCOLA NÃO DEVE MUDAR O PROFESSOR