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2 Insight é um substantivo da língua inglesa, e que significa compreensão súbita de alguma coisa Relaciona-se também com

1.1.3. Etapas do processo criativo.

Observamos que o homem do seculo XXI está cada vez mais refém das novas tecnologias, reforçadas pelo trabalho constante de “criativos”, que canalizam todos os recursos que possuem na inovação, aspirando obter o reconhecimento das capacidades “tecnicistas” envolvidas nas suas criações.

Dispondo de uma ampla extensão de conhecimentos torna-se cada vez mais necessário trabalhar competências, cuja finalidade seja a obtenção de um espirito crítico. A riqueza informativa assim adquirida, forma indivíduos independentes, “pensadores livres”. Na ausência de bússola orientadora, esta independência poderá torna-se uma “faca de dois gumes”, segundo Edgar Morin (2002),

“É necessário introduzir e desenvolver no ensino o estudo dos caracteres cerebrais, mentais, culturais dos conhecimentos humanos, dos seus processos e das suas modalidades, das disposições tanto psíquicas como culturais que lhe permitam arriscar o erro ou a ilusão.” (Morin, p.16).

Deste modo e referindo Stein (1974), a criatividade é um processo que se assume não poder ser ensinado, mas apenas “facilitado”, e que o seu ponto de partida associa-se às atividades e tarefas desenvolvidas durante os processos projetuais. Contudo, esta poderá não refletir a compreensão ou a apreciação avaliada no processo

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interno de cada indivíduo (intrapessoal), ou no que ocorre entre o indivíduo e o meio ambiente (interpessoal), pois entre ambos subsistem fatores que a condicionam,

“Within both these sets of processes these are factors that might have stimulated and facilitated or blocked and inhibited the course of the creative process and the development of the creative product.” (Stein, p.13).

Contudo, e apesar de os processos criativos artísticos revelarem a criatividade expondo de modo específico o trabalho, ou seja, as fases progressivas empregues no mesmo, este segue um percurso distinto do utilizado nos projetos científicos, concluindo deste modo que a atividade criativa não segue sempre o mesmo método, fórmula ou receita, não é um processo “estanque”!

Como refere Bruno Munari (1981),

“Criatividade não significa improvisação sem método: dessa maneira apenas se faz confusão e se cria nos jovens a ilusão de se sentirem artistas livres e independentes. A série de operações do método projectual é feita de valores objectivos que se tornam instrumentos de trabalho nas mãos do projectista criativo.” (Munari, p.21)

Apesar destas considerações, continuamente foram apresentados modelos explicativos das etapas a percorrer para a sua resolução. Pode presumir-se inovadora a apresentada por John Dewey em 1910, que calculava fundamentais cinco etapas para a concretização do processo:

 Reconhecimento do problema;

 Definição e classificação do problema;  Enunciação das hipóteses;

 Escolha do plano de ação;  Experimentação das hipóteses.

Assim, e ainda no âmbito do ensino artístico, vários foram os modelos apresentados e utilizados, mas nenhum atingiu consensualidade entre os teóricos. Nota-se porém em todos, o destaque dado ao processo criativo como sendo um fenómeno multifacetado e definido de forma complexa, afirmando que estes rompem as fronteiras interdisciplinares do meio escolar.

Não obstante os múltiplos obstáculos, são muitos os indivíduos hábeis em encontrar soluções criativas para os resolver, e uma das preocupações acerca dos fatores subjacentes a estas soluções, sobejamente questionada pela psicologia

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cognitiva, é que apesar de se identificarem as diferentes fases processuais não se consegue explicar o próprio processo.

Neste contexto Feldman (2001) considerava que para dar cumprimento à análise apropriada do processo criativo, se deveria seguir uma lista de fatores relevantes:

 Processos cognitivos, sociais e emocionais,  Aspetos relacionados com a família,

 Educação formal e informal,

 Características do domínio e do campo,  Elementos socioculturais,

 Forças e eventos,

 Tendências de natureza histórica.

Esta nova dinâmica fez surgir os conceitos de pensamento divergente e pensamento convergente. O “divergente” relaciona a capacidade de gerar respostas ou soluções, invulgares mas apropriadas, para os problemas ou questões analisadas. Pelo contrário o “pensamento convergente” deverá produzirá respostas fundamentadas no conhecimento e na lógica,

“Por exemplo, alguém que se baseia no pensamento convergente responde “Ler” à questão “O que se pode fazer com um jornal?”. Em contraste, “usa-se como um caixote do lixo” representa uma resposta mais divergente – e criativa.” (Feldman, p.274).

Ao analisar este novo cenário bipartido, concluiu-se que o modelo de Dewey se tornara obsoleto comparativamente com os estudos e modelos posteriores. Este facto comprovar-se-ia com a utilização do “Modelo Evolucionista da Criatividade” de Wallas (1926), o qual propunha somente quatro fases sequenciais para a elaboração dos projetos:

 Preparação;  Incubação;

 Iluminação/Inspiração,  Verificação.

Embora já se verificasse alguma concordância neste modelo, certos cientistas e profissionais do ensino não encontraram justificação que comprovasse a necessidade de seguir esta sequência. De igual modo, também não averiguaram se anteriormente teriam sido realizadas pesquisas individuais. Confirmaram sobretudo, que os efeitos

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obtidos se distinguiam em cada um de forma distinta, facto que induzia à existência de um “início” na criação individual, resultasse este processo de raciocínios lógicos ou abstratos.

As competências para iniciar o processo são fundamentalmente resultado do modo como cada individuo lida com os problemas e com as respetivas soluções. Envolve a capacidade de utilizar ideias pré-existentes, reorganizando-as de forma a criar novas combinações. A multiplicidade destes fatores relaciona-se diretamente com a personalidade do criador, as vivências adquiridas e o treino adquirido na capacidade de transformar inovando.

Deste modo, Amabile (1996) propõe um novo modelo (fig.1) onde considera todos os fatores cognitivos, motivacionais, pessoais e sociais, dando especial importância para a motivação. De acordo com esta nova teoria apoiada na influência dos fatores externos e internos condicionantes do processo criativo, tentou verificar-se se cada indivíduo utiliza um método sistemático como “background” na transformação da ideia em inovação. Um método onde sejam claros os objetivos e se consiga verificar a solução. Deste modo a autora propõe a seguinte metodologia,

 Apresentação,  Preparação,

 Germinação das ideias,  Validação das ideias e,  Avaliação dos resultados;

Ambiente de trabalho Fatores externos Motivações intrínsecas Habilidades para a criatividade Expertise Criatividade Processo criativo Fatores internos Figura 1

Modelo de criatividade de Amabile, 1983

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Indicando que a criatividade depende de três componentes fundamentais:

Aptidões individuais (“Expertise”), Pensamento Criativo e Motivação, é pertinente

por fim, mencionar a resolução do mesmo processo segundo Lubart (2005), que reforçando a ideia, descrevendo-o como sendo a fusão de diferentes pensamentos que ocorrem repetida e diferenciadamente em cada individuo. Conclui-se deste modo, serem suficientes três fatores para a sua execução:

 Compreensão do Problema,  Produção da Ideia

 Planificação da Ação.