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Coordenadora dos diretores de turma do ensino secundário

Parte IV – Cargos desempenhados

3.4 Coordenadora dos diretores de turma do ensino secundário

3.4.1 Enquadramento legal do cargo de coordenadora dos diretores de turma

O Decreto nº 48 572 de 9 de setembro de 1968 estabelece a existência de um conselho escolar onde os diretores de turma têm assento. Analisadas as atribuições deste conselho, bem como o seu funcionamento, constatamos que para além das competências do diretor de escola, é este órgão que se pronuncia sobre vários assuntos relacionados com o cargo de diretor de turma, podendo considerar-se como o embrião do atual conselho de diretores de turma.

Já em 1977, a Portaria n.º 679 de 8 de novembro, refere o conselho de diretores de turma, como um dos órgãos de apoio do conselho pedagógico, embora não faça referência ao seu funcionamento. Somente em 1980, com a publicação da Portaria n.º 970, em 12 de novembro, se faz uma referência explícita à constituição e às atribuições do conselho de diretores de turma, bem como ao seu modo de funcionamento, nomeadamente à eleição do seu coordenador e subcoordenador, que serão os seus representantes no conselho pedagógico. No entanto, em 1985, extingue-se o cargo de subcoordenador dos diretores de turma com a publicação da Portaria n.º 335 de 1 de junho.

Em 1986, a 31 de julho, é publicado o Dec. Lei n.º 211-B/86, onde se aprova o Regulamento de Funcionamento dos Conselhos Pedagógicos e Órgãos de Apoio nas Escolas Preparatórias, Preparatórias e Secundárias e Secundárias. Aqui faz-se uma descrição exaustiva da composição, atribuições e funcionamento do conselho pedagógico, onde se inclui o coordenador dos diretores de turma. Mais adiante, faz-se referência às competências do conselho de diretores de turma, à sua constituição, à forma de eleição do coordenador, aos requisitos para o desempenho do cargo, às horas de redução e ao funcionamento deste conselho.

Mais tarde, o Dec. Lei n.º115-A/98, de 4 de maio, no seu art.º37, faz referência aos conselhos de diretores de turma como a estrutura responsável pela coordenação pedagógica de cada ano, ciclo ou curso cuja finalidade é a articulação das atividades das turmas, embora não se pormenorizem as atribuições e o modo de funcionamento. No

entanto, em 1999, a publicação do Dec. Regulamentar n.º 10/99, em 21 de julho, que estabelece o quadro de competências das estruturas de orientação educativa previstas no decreto-lei referido anteriormente, vem regulamentar o regime de exercício de funções de coordenação das estruturas referidas e de outras atividades de coordenação estabelecidas no regulamento interno da escola ou do agrupamento de escolas. Assim, neste contexto, o coordenador de ciclo/curso surge como um docente eleito de entre os membros que integram o conselho de diretores de turma, que preferencialmente deverá possuir formação especializada na área da orientação educativa ou da coordenação pedagógica.

O Dec. Lei n.º 75/2008, de 22 de abril, alterado pelos Dec. Lei n.º 224/2009, de 11 de setembro, e n.º 137/2012, de 2 de julho, e que vem revogar o Dec. Lei n.º 115-A/98, de 4 de maio e o Dec. Regulamentar n.º 10/99, de 21 de julho, define o regime de autonomia, administração e gestão dos estabelecimentos públicos da educação pré- escolar e dos ensinos básico e secundário. No que concerne às estruturas de supervisão e coordenação pedagógica, este decreto-lei determina que são as escolas e os agrupamentos de escolas, no âmbito da sua autonomia e dos seus regulamentos internos, que estabelecem as demais estruturas de coordenação e supervisão pedagógica, bem como as formas da sua representação no conselho pedagógico, sendo que a coordenação dessas estruturas deverá ser assegurada, na medida das possibilidades, por um professor titular, na redação de 2008 ou de carreira, na redação de 2012.

3.4.2 Atividades desenvolvidas enquanto coordenadora de diretores de turma

O conselho de diretores de turma, enquanto estrutura intermédia de gestão pedagógica, configura-se como um órgão de extrema importância no funcionamento da escola e, deste modo, por inerência, a coordenação de diretores de turma revela-se uma tarefa de grande relevância. A forma como se gere todo o processo de coordenação tem com certeza influência na forma como os diferentes diretores de turma encaram as suas tarefas, podendo ou não motivá-los para o desempenho das mesmas.

Para uma melhor compreensão do desempenho que este cargo envolve, organizaremos as tarefas desenvolvidas em três áreas fundamentais: relação com os diretores de turma, relação com outros órgãos de gestão e organização e gestão administrativa.

3.4.2.1 Relação com os diretores de turma

uma relação cordial e facilitadora da comunicação e do trabalho em equipa. Enquanto coordenadora deste conselho procurámos:

▪ coordenar a ação do respetivo conselho, articulando estratégias e procedimentos de atuação;

▪ estruturar as propostas ou tomadas de decisão do conselho de diretores de turma para serem apresentadas ao conselho pedagógico;

▪ informar os colegas das orientações emanadas do conselho pedagógico;

▪ distribuir a legislação relacionada com o ensino secundário e outros documentos e proporcionar formas para a sua discussão;

▪ proceder à revisão do regimento interno deste conselho com base nas propostas do mesmo;

▪ distribuir legislação e outros documentos relativos aos exames nacionais e de equivalência e prestar os esclarecimentos necessários;

▪ elaborar normas orientadoras da realização dos conselhos de turma e das reuniões com encarregados de educação, conforme as indicações do conselho pedagógico e do conselho executivo, articulando com os diretores de turma formas para sua implementação;

▪ motivar os colegas para a necessidade de realização dos projetos no âmbito da área- escola, do plano de atividades da escola e outros;

▪ atender dos diretores de turma para esclarecimento de dúvidas.

3.4.2.2 Relação com outros órgãos de gestão pedagógica

Enquanto órgão de gestão intermédia da escola, a coordenação de diretores de turma envolve a articulação com outros órgãos de gestão, nomeadamente o conselho pedagógico e o conselho executivo. Assim, neste âmbito, procurámos:

▪ participar ativamente nas reuniões do conselho pedagógico;

▪ submeter ao conselho pedagógico as propostas ou tomadas de decisão do conselho de diretores de turma, sempre que necessário;

▪ reunir com os membros do conselho executivo para articular procedimentos e normas de atuação;

▪ ser um membro ativo da secção de orientação pedagógica do conselho pedagógico.

3.4.2.3 Organização e gestão administrativa

fomos realizando as seguintes tarefas:

▪ organizar e manter organizado o dossier da coordenação do ensino secundário; ▪ preparar e coordenar as reuniões do conselho;

▪ organizar as atas das reuniões do conselho;

▪ distribuir as atas dos vários conselhos de turma após terem sido lidas e assinadas pelo órgão de gestão;

▪ conceber e elaborar vários documentos para facilitar diversos tipos de registos aos diretores de turma;

▪ manter organizada e dar seguimento à correspondência recebida.

3.4.3 Reflexão crítica sobre o desempenho do cargo de coordenadora dos diretores de turma

De uma forma geral, ao longo dos dois anos em que desempenhamos este cargo, foram cumpridas todas as funções inerentes ao mesmo.

Uma das principais dificuldades encontradas relaciona-se com a motivação de alguns dos diretores de turma. O excesso de procedimentos burocráticos inerentes ao cargo pode, por vezes, desmotivar os professores com mais dificuldades em gerir este excesso de trabalho.

Por outro lado, torna-se também difícil, algumas vezes, gerir as relações interpessoais e diferenças de opinião entre colegas, no sentido de chegar a consensos. Foi necessário com alguma frequência atuarmos como moderadora e gestora de opiniões e personalidades, procurando que este conselho funcionasse como um órgão uno.

Outra dificuldade que se pode apontar prendeu-se com o facto de, por vezes, se ter tornado difícil motivar os diretores de turma para o cumprimento de normas e procedimentos com os quais não concordavam plenamente, mas que eram emanados de órgãos hierárquicos superiores devendo, por isso, serem cumpridos. Esta dificuldade teve que ser superada procurando sempre apresentar a fundamentação de todas as tomadas de decisão superiores de modo a justificar a sua prática.