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Vice-presidente do conselho executivo / Comissão executiva instaladora

Parte IV – Cargos desempenhados

3.8 Vice-presidente do conselho executivo / Comissão executiva instaladora

3.8.1 Enquadramento legal do cargo vice-presidente do conselho executivo / Comissão executiva instaladora

Até à década de 70, segundo Barroso (1995) citado por Santos (2009), o regime de administração das escolas era muito centralizado, com os responsáveis das escolas (diretores ou reitores) a serem nomeados com base na sua ideologia política, próxima do regime, pela administração central.

De acordo com Delgado e Martins (2001), o 25 de Abril irá proporcionar a “libertação

de tensões” (p. 13) que foram sendo congregadas durante o período ditatorial,

rapidamente propagadas às escolas e que se refletirão na sua vida interna e no próprio sistema educativo. Segundo os mesmos autores (2001), é após um período conturbado em que as escolas funcionavam quase em regime de autogestão, que foi publicado o Dec. Lei n.º 769-A/76, de 27 de maio, cuja principal finalidade foi a de trazer alguma normalidade à escola, sendo percetível o reforço da participação dos professores na gestão da mesma e, concomitantemente, a acentuação do poder e intervenção da administração central.

Em 1984 é publicada a Lei de Bases do Sistema Educativo, Lei n.º 46/86, de 14 de outubro, que segundo Lima (1998) citado por Delgado e Martins (2001) teve um caráter ambíguo, pois gerou diferentes interpretações de matérias consideradas relevantes, que se manifestaram em diferentes aplicações da própria lei no dia-a-dia das escolas.

Posteriormente, em 1989, é publicado o Dec. Lei n.º 43/89, de 3 de fevereiro, que estabelece o regime jurídico da autonomia das escolas oficiais dos 2º e 3º ciclos do ensino básico e do ensino secundário e em 1991, publica-se o Dec. Lei n.º 172/91, de 10 de maio, que irá definir o regime de direção, administração e gestão dos estabelecimentos de educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, onde se

define a existência dos órgãos de direção (conselho de escola e conselho de área escolar) e de administração e gestão (diretor executivo, conselho administrativo e coordenador de núcleo). O conselho pedagógico presta apoio aos órgãos de direção, administração e gestão da escola em diversos domínios.

Em 1998, é publicado o Dec. Lei n.º 115-A/98, de 4 de maio, onde se aprova o regime de autonomia, administração e gestão dos estabelecimentos públicos da educação pré- escolar e dos ensinos básico e secundário, revogando o Dec. Lei n.º 769-A/76, de 23 de outubro e o Dec. Lei n.º 172/91, de 10 de maio, e que sofre a sua primeira alteração logo no ano seguinte com a publicação da Lei n.º 24/99, de 22 de abril. Este diploma introduz, segundo Santos (2009) como aspetos fundamentais, o princípio de que cada escola define a sua organização, estrutura e autonomia, construindo um regulamento interno próprio e estabelecendo um contrato com a administração educativa estabelecendo as condições de desenvolvimento do seu projeto educativo. Acresce o estabelecimento dos agrupamentos verticais ou horizontais e a atribuição da gestão a um professor eleito pelos membros da comunidade educativa: pessoal docente e não docente, representantes dos pais e encarregados de educação e alunos do ensino secundário.

A publicação do Dec. Lei n.º 75/2008, de 22 de abril, já alterado por duas vezes, com a publicação do Dec. Lei n.º 224/2009, de 11 de setembro e do Dec. Lei n.º 137/2012, de 2 de julho, vem revogar o decreto anterior. Este normativo legal introduz algumas alterações significativas no regime de autonomia, administração e gestão das escolas públicas. Há um reforço da participação das famílias e das comunidades com a introdução do conselho geral (art.º 11º), em cuja constituição, para além dos professores, têm assento o pessoal não docente, os representantes dos pais e encarregados de educação e dos alunos, as autarquias e a comunidade local. Este órgão aprova o regulamento interno, o projeto educativo, o plano de atividades e o relatório anual de atividades; elege e destitui o diretor, o qual tem que lhe “prestar contas”. Em segundo lugar, há um reforço das lideranças das escolas, com a criação do cargo de diretor, que embora coadjuvado por adjuntos, continua a ser um órgão unipessoal, ao qual são imputadas todas as responsabilidades, pois assume a gestão administrativa, financeira e pedagógica da escola. Por último, procura-se o reforço da autonomia das escolas, conferindo maior capacidade de intervenção ao diretor e instituindo um regime de avaliação e de prestação de contas. A prestação de contas é realizada de duas formas:

por um lado, pela participação dos interessados no órgão de direção estratégica e por outro, pela implementação de um sistema de autoavaliação e avaliação externa.

3.8.2 Atividades desenvolvidas

Ao longo dos cinco anos letivos em que desempenhámos o cargo de vice-presidente, ao abrigo do Dec. Lei n.º 115-A/98, de 4 de maio, quer no conselho executivo, quer na comissão executiva instaladora do agrupamento vertical, foram cumpridas as seguintes funções, delegadas pelo presidente do órgão respetivo:

- domínio pedagógico e curricular – responsável pelo ensino secundário:

 supervisão dos processos de realização de provas globais, exames de equivalência, exames nacionais;

 leitura e análise das atas dos conselhos de turma e do conselho de diretores de turma do ensino secundário;

 articulação com o coordenador do ensino secundário, através da informação e discussão das diretrizes emanadas pelo órgão de direção;

 supervisão do processo de matrículas e constituição das turmas do ensino secundário;

 colaboração na definição de critérios para a elaboração de horários;  colaboração na distribuição do serviço docente e não docente;  colaboração na definição do regime de funcionamento da escola.

- domínio dos serviços especializados e património – responsável pelo SASE (Serviços de Ação Social Escolar) e pelos espaços e instalações:

 gestão das instalações e coordenação do seu aluguer a terceiros, através da formalização de protocolos;

 supervisão do processo de análise das candidaturas ao subsídio de estudo, isenções de propinas e bolsas de mérito;

 supervisão das ementas elaboradas pela técnica do SASE. - domínio dos recursos humanos:

 responsabilização pelo pessoal administrativo;

 articulação com a chefe de serviços para aplicação das diretrizes emanadas do órgão de gestão;

 responsabilização pela técnica auxiliar de ação social escolar e cozinheira;  colaboração no processo de seleção e recrutamento de pessoal não docente;

- participação, semanalmente, nas reuniões do órgão diretivo, dando contributos relevantes para a organização e funcionamento da escola /agrupamento;

- participação na elaboração dos documentos orientadores da organização e funcionamento da escola/agrupamento

- participação na constituição do conselho administrativo, por designação do presidente:

 participação na elaboração do relatório de contas de gerência;  supervisão da realização de despesas e cobranças;

 supervisão da gestão do património da escolas/agrupamento;

 gestão do processo de consultas públicas para fornecimento de bens alimentares, consumíveis de informática, papel, produtos de higiene e limpeza, etc..

3.8.3 Reflexão crítica sobre o desempenho do cargo de vice-presidente do conselho executivo / comissão executiva instaladora

Ao longo do desempenho do cargo de vice-presidente do órgão de gestão, cujas funções são essencialmente as de coadjuvar o presidente eleito no desempenho do cargo, houve aspetos considerados bastante relevantes, em termos pessoais e profissionais.

Assim, como um aspeto positivo, refere-se ao trabalho em equipa, que se considera fundamental neste tipo de cargo, pois permite a confrontação entre ideias diversas e o proveito de competências distintas de diferentes elementos que, juntos, poderão ser uma mais-valia para a comunidade escolar.

Pode ainda referir-se que o facto de se tratar de um órgão de direção de um agrupamento vertical permitiu uma perceção mais real da organização, funcionamento, constrangimentos e particularidades dos diferentes níveis de ensino a todos os membros da equipa.

A participação num órgão de direção permite, por outro lado, que se veja a escola no seu todo e não somente nos aspetos que mais dizem respeito aos alunos e professores. A gestão da escola vai além da gestão dos aspetos pedagógicos relacionados com os alunos, aqueles que os professores mais percecionam diariamente, como por exemplo, a gestão de diferentes serviços e infraestruturas, a gestão dos recursos humanos e a gestão financeira. Tal visão facilita, a quem por lá já passou, compreender as dificuldades que existem neste tipo de gestão e perceber que, nem sempre é possível fazer o que consideramos mais adequado.

Por outro lado, fazer parte de um órgão de direção, traz também alguns constrangimentos. Sendo as escolas espaços de atuação de diferentes atores, com diferentes sensibilidades e interesses, torna-se, por vezes, difícil a gestão da sua relação diária, havendo, muitas vezes, a necessidade de gerir “conflitos”.

Salienta-se ainda que é um cargo que exige um trabalho contínuo, obrigando muito frequentemente, a muito trabalho extra, provocando um enorme desgaste emocional. Contudo, considera-se que o desempenho deste cargo teve um saldo francamente positivo, em termos pessoais e em termos profissionais.

Parte V – Caracterização do contexto escolar onde se desenvolveu a atividade