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Parte IV – Cargos desempenhados

3.5 Delegada do grupo disciplinar de ciências naturais

3.5.1 Enquadramento legal do cargo de delegada de grupo disciplinar

1917, no Decreto n.º 3091, de 30 de abril e a figura do delegado de disciplina aparece nos normativos legais trinta e um anos depois, com a publicação do Decreto n.º 37029, de 25 de agosto de 1948. Segundo este decreto o professor delegado é proposto pelo diretor e as suas competências seriam a orientação e coordenação do ensino da respetiva disciplina ou disciplinas, bem como organizar a realização das provas de frequência e exames finais e ainda, “fiscalizar o serviço dos professores eventuais”, do qual deveriam informar o conselho escolar.

Vinte anos mais tarde, o Decreto nº 48 572, de 9 de setembro de 1968, no seu artigo 146 refere novamente este cargo mas não acrescenta em nada as competências atribuídas ao mesmo.

Em 1973, o Dec. Lei n.º 102/73, de 13 de março, alarga este cargo aos liceus e escolas preparatórias, referindo-se apenas à função de orientação e coordenação do ensino da disciplina ou grupo de disciplinas.

De acordo com Barroso (2003), referido por Cabral (2009), a Revolução de 25 de Abril de 1974, marca profundamente o sistema educativo português considerando as consequências que o estabelecimento da democracia acarreta na sociedade. De tal modo esta influência se sente nas escolas que, no dia 27 de maio desse ano, é publicado o Dec. Lei n.º 221/74, no qual se aprova a entrega da direção das escolas a comissões democraticamente eleitas depois de 25 de Abril, cabendo-lhes as mesmas atribuições dos órgãos de gestão precedentes.

Em 21 de dezembro de 1974 é publicado o Dec. Lei n.º 735-A/74, que cria os órgãos de gestão dos estabelecimentos oficiais dos ensinos preparatório e secundário, havendo lugar à representação dos docentes no conselho pedagógico, mas relegando para posterior despacho ministerial a sua forma de representação.

Somente em 1976, com a publicação do Dec. Lei n.º 769-A/76, a 23 de outubro, é regulamentada a forma de participação dos professores no conselho pedagógico. Assim, estabelece-se que a representação dos professores é feita por delegados de grupo, subgrupo, disciplina ou especialidade, sendo os mesmos eleitos pelos respetivos docentes, de entre os professores profissionalizados. Estes conselhos tinham como funções estudar, propor e aplicar, de forma coordenada, as soluções mais adequadas

ao ensino das respetivas disciplinas ou especialidades, bem como dar parecer e desenvolver atividades que lhe sejam solicitadas pelos conselhos diretivo e pedagógico

(art.º 26º). Surgem ainda definidas as competências do professor delegado de grupo, subgrupo, disciplina ou especialidade, cabendo-lhe a coordenação e orientação dos

trabalhos dos professores respetivos, a direção de instalações próprias e a responsabilidade pelo património que lhe esteja confiado.

Em 1986 é publicado o Dec. Lei n.º 211-B/86, de 31 de julho, onde se aprova o regulamento de funcionamento dos conselhos pedagógicos e órgãos de apoio nas escolas preparatórias, preparatórias e secundárias e secundárias. Incluído nos órgãos de apoio estão os conselhos de grupo, subgrupo, disciplina ou especialidade. Entre outros, são relatados as atribuições deste conselho, a sua forma de funcionamento, os requisitos para o desempenho do cargo de delegado, as atribuições do delegado, a sua forma de eleição e as horas de redução.

Na sequência da publicação do Dec. Lei n.º43/89, de 3 de fevereiro, é revogado o decreto-lei anterior e publicado o Despacho n.º 8/SERE/89, de 8 de fevereiro, que define as regras da composição e funcionamento dos conselhos pedagógicos e dos seus órgãos de apoio nas escolas preparatórias, preparatórias e secundárias e secundárias, onde se incluem novamente os conselhos de grupo, subgrupo, disciplina ou especialidade, mas não acrescenta grandes alterações ao estabelecido anteriormente. A publicação do Dec. Lei n.º 172/91, de 10 de maio, vem alterar substancialmente o regime de direção, administração e gestão dos estabelecimentos de educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário. No entanto, este decreto-lei é aplicado apenas em regime experimental a quarenta e nove escolas nos anos letivos de 1992/1993 e 1993/1994 (Martins e Delgado, 2001).

Ribeiro (2008) refere o facto de que foi a avaliação da implementação do Regime de Administração Escolar implícito no decreto-lei atrás referido, efetuada pelo Conselho de Acompanhamento e Avaliação, bem como um estudo realizado por João Barroso por solicitação do governo, que possibilitou o estabelecimento de um novo regime de Autonomia, Administração e Gestão dos estabelecimentos públicos de educação pré- escolar e dos ensinos básico e secundário, através da publicação em 1998, do Dec. Lei n.º115-A/98, de 4 de maio, posteriormente alterado em 1999, pelo Dec. Lei n.º 24/99, de 22 de abril.

Este normativo estabelece a implementação dos departamentos curriculares, coordenados por professores profissionalizados eleitos pelos seus pares e onde se incluem os agrupamentos de disciplinas ou áreas disciplinares (art.º 35). Por sua vez, o art.º 25, embora estabelecendo que a composição do conselho pedagógico é da responsabilidade de cada escola, acautela no seu ponto 2, no sentido de garantir a eficácia no desempenho das respetivas funções, a necessidade de assegurar a articulação

curricular através de uma “representação multidisciplinar”, o que vem garantir a representação dos grupos disciplinares, por intermédio do coordenador de departamento curricular, no conselho pedagógico.

No ano seguinte é publicado o Dec. Regulamentar n.º 10/99, de 21 de julho, em que se regulamentam as condições de funcionamento das estruturas de orientação educativa, bem como da sua orientação.

Em 22 de abril de 2008 é publicado o Dec. Lei n.º 75, que aprova o regime de autonomia, administração e gestão dos estabelecimentos públicos da educação pré - escolar e dos ensinos básico e secundário e revoga os Dec. Lei n.º115-A/98 e Dec. Regulamentar n.º 10/99. No ponto 2 do art.º 43, dispõe-se que os departamentos curriculares são as estruturas que asseguram a articulação e gestão curricular, sendo coordenados, conforme disposto no ponto 4 do mesmo artigo, por um professor titular designado pelo diretor. Nestes departamentos estão representados os agora chamados grupos de recrutamento e áreas disciplinares, correspondentes aos grupos disciplinares. Em 2012, a publicação do Dec. Lei n.º 137, em 2 de julho, pressupõe alterações no número de departamentos instituído pelo Dec. Lei n.º 75/2008, deixando o coordenador de departamento de ser nomeado pelo diretor, para passar a ser eleito pelos seus pares, de entre um grupo de três docentes proposto pelo diretor, atendendo a um conjunto de premissas relacionadas com a formação e experiência profissional dos docentes que compõem o departamento curricular.

Apesar de todos os normativos publicados a partir de 1998 deixarem de prever a existência do cargo de delegado de grupo, a maioria das escolas, atendendo ao facto de, por via da imposição da lei, os departamentos serem constituídos por um número elevado de professores, o que, se não inviabiliza, pelo menos dificulta algumas das práticas relacionadas com a articulação curricular, optou por manter o cargo correspondente ao de delegado de grupo, estando o mesmo previsto nos seus regulamentos internos.

3.5.2 Atividades desenvolvidas enquanto delegada de grupo disciplinar

Pires (2012) enfatiza a relevância que o cargo de coordenador de departamento, que substitui o cargo de delegado de grupo disciplinar, tem vindo a adquirir nas escolas portuguesas nos últimos anos. Tal relevância é consequência da evolução das políticas educativas concretizadas nos normativos legais publicados.

Há autores, tais como Busher, Harris e Benett, citados por Cabral (2009), que consideram que é na ação destes intervenientes na organização escolar que está a chave para a melhoria das escolas, por via da sua influência nas práticas e ações dos seus docentes.

O desempenho do cargo de delegada de grupo disciplinar, por ter sido concretizado em anos letivos diferentes, teve lugar à luz de diferentes normativos e por isso as atividades desenvolvidas foram distintas também.

Assim, nos anos letivos de 1997/1998 e 1999/2000, atendendo a que ainda não haviam sido implementados os departamentos curriculares no agrupamento de escolas onde então exercíamos funções, o cargo de delegada de grupo pressuponha a participação no conselho pedagógico. Assim, desenvolvemos as seguintes atividades/ações:

- representação dos professores do grupo no conselho pedagógico, atuando-se como elo de ligação entre este órgão e o grupo;

- orientação e coordenação pedagógica dos professores do grupo, como por exemplo, planificação das atividades letivas e não letivas, definição de critérios de avaliação das disciplinas do grupo, elaboração de materiais pedagógicos e instrumentos de avaliação, entre outros;

- coordenação das atividades pedagógicas e promoção de troca de experiências entre professores do grupo;

- coordenação da participação do grupo na análise e crítica da orientação pedagógica; - coordenação da elaboração do dossier de grupo e respetiva atualização;

- inventariação das necessidades e aquisição de material didático e bibliográfico; - promoção da planificação, execução e avaliação das atividades letivas e não letivas; - gestão do processo de adoção de manuais escolares relativos às disciplinas do grupo disciplinar

Já nos anos letivos de 2000/2001, 2007/2008 e 2008/2009, por estarem em funcionamento os departamentos curriculares, e por via disso, haver um coordenador de departamento eleito, as funções de delegada de grupo não implicavam a representação no conselho pedagógico, mantendo-se as seguintes:

- orientação e coordenação pedagógica dos professores do grupo, sob orientação do coordenador de departamento;

- coordenação das atividades pedagógicas e promoção de troca de experiências entre professores do grupo, sob orientação do coordenador de departamento;

- inventariação das necessidades e aquisição de material didático e bibliográfico; - promoção da planificação, execução e avaliação das atividades letivas e não letivas. - representação do grupo no conselho de delegados de disciplina;

- colaboração com o coordenador de departamento no exercício das suas funções, designadamente a nível da coordenação e articulação de algumas atividades;

- colaboração com o coordenador de departamento na elaboração de propostas para o projeto educativo da escola e plano anual de atividades e sua avaliação.

3.5.3 Reflexão crítica sobre o desempenho do cargo de delegada de grupo disciplinar

De uma forma geral, ao longo dos cinco anos em que desempenhámos este cargo foram escrupulosamente cumpridas todas as funções inerentes ao mesmo. Procurou-se, por um lado, cumprir e fazer cumprir todas as orientações emanadas dos órgãos diretivos, e, por outro, procurar que as opiniões dos membros do grupo disciplinar fossem ouvidas e tidas em consideração por esses órgãos.

As principais dificuldades encontradas na gestão deste cargo residiram no facto de ser difícil, por vezes, conciliar as opiniões e ideias dos diferentes membros do grupo, havendo algumas vezes necessidade de gerir diferentes sensibilidades.

Por outro lado, com alguma frequência, havia necessidade de reuniões informais quer seja para elaboração de documentos, quer para articulação de procedimentos e estratégias, tornando-se difícil conciliar os horários dos professores, para que todos pudessem dar o seu contributo. Outra dificuldade relacionou-se com a motivação de alguns membros do grupo em participar em atividades de caráter facultativo, como, por exemplo, participação em atividades propostas por entidades exteriores à escola, ou em propor atividades a desenvolver pelo grupo no âmbito do plano anual de atividades. Esta relutância, manifestada por alguns membros, era frequentemente justificada com o excesso de trabalho individual que cada professor desenvolvia e desenvolve autonomamente, em casa.

3.6 Diretora de instalações – Laboratório de Biologia e Geologia