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CAPÍTULO 1 Metodologia de Pesquisa

1.4. Critérios de análise dos dados

A análise do corpus investigou como o design foi construído e como os participantes responderam às estratégias desse design, de modo a identificar quais estratégias de design instrucional foram as mais bem-sucedidas.

Para registrar a descrição dos dados, realizamos o seguinte procedimento: primeiramente, nós tomamos como base o modelo de matriz instrucional e-learning proposto por Andrea Filatro (2008), a partir disso, criamos uma matriz instrucional vazia, com todas as categorias a serem preeenchidas (objetivos, duração, conteúdos, papéis, objetos de aprendizagem, ferramentas, atividades). Na sequência, examinamos o curso e preenchemos cada uma das categorias da matriz instrucional com os descritivos referentes a nossa interpretação do curso. A matriz que resultou desse registro e fundamentou a análise consta, agora, nos anexos desta pesquisa.

No curso on-line, examinamos os elementos da matriz de desenho instrucional: o desenho de unidades; a disposição de conteúdos e recursos multimídia; ferramentas; estratégias pedagógicas de participação; desenho de atividades, de avaliação e interação. Pra aprofundar essa análise, verificamos resultados desse design e-learning, examinando as respostas e participação de um grupo de estudantes envolvidos.

Na análise da participação (dúvidas, compartilhamentos, presença on-line), fizemos a leitura dos twittes e postagens de fórum, veiculados por um grupo de 50 membros (alguns publicaram somente no fórum, outros somente no Twitter, com graus diversos de presença). Em contrapartida, para análise da interação, selecionamos um subgrupo de sete participantes, que apresentaram um nível alto de engajamento, ou seja, tutores e estudantes que postaram e interagiram ativamente, além de comparecerem ou efetuarem várias das atividades propostas. Consideramos que esse subgrupo oportunizou análise de interações privilegiadas. No caso desse grupo menor, analisamos também seus blogs pessoais. Nas

amostras do subgrupo, nos restringimos a algumas marcas e travessias, a fim de a partir delas estabelecer algumas reflexões analíticas sobre esse processo de interação leitora, construção de sentidos, interação social e processos de produção e socialização de conteúdos.

A análise desses dados apresentou objetivo descritivo e explicativo, seguindo as diretrizes metodológicas propostas para estudo do caso. A tabulação de dados objetivou identificar conexões estabelecidas entre conteúdos, rastrear marcas semióticas de participação, identificar quais fatores levam a estratégias bem-sucedidas de design, enfim, interpretar eventos subjetivos e produzir uma generalização analítica (YIN, 2005), que sintetizasse a resposta dos alunos ao design do material didático e interação com tutores.

Durante a análise, à luz da fundamentação teórica apresentada, estabelecemos procedimentos sistemáticos para descrever e compreender o design dos ambientes e suas propostas; as relações entre os usuários e conteúdo; relações de comunicação e hierarquia.

Segue um maior detalhamento dos procedimentos de análise:

 Análise de design e análise técnica: (aplicada ao material didático).

Apoiando-nos nas teorias prescritivas do design instrucional para aprendizado eletrônico, analisamos a maneira como foram organizados e selecionados os objetivos, unidades, papéis, atividades, ferramentas multimídia, aplicativos, fluxo informacional, conteúdos e avaliação. A partir da teoria de desenvolvimento de design instrucional, é possível inferir as concepções de ensino-aprendizagem que fundamentaram o curso, assim como as expectativas de seus criadores, quando exploraram certos aspectos de usabilidade da

web. No design, avaliamos também como o curso se adéqua à teoria de aprendizagem

conectivista, verificando quais propiciações da web foram utilizadas no incentivo às conexões.  Sinalizar travessias: a semântica hipermodal fornece categorias de análise para textos hipermodais e discursos típicos dos espaços digitais, permitindo investigar como os textos digitais orientam ações e produzem sentidos.

A partir da semiótica hipermodal, certos dados podem ser considerados como marcas semióticas rastreáveis (indicações de links, vídeos, remixes, animações). Nosso objetivo, na análise, é verificar os diferentes tipos de marcas semióticas deixadas por essas travessias, avaliando como os participantes orientam, articulam, agregam, e efetuam sua participação por meio de travessias.

As marcas semióticas denotam a movimentação de alunos e facilitadores durante o processo de ensino-aprendizagem, pois o design de conteúdos orienta o interator a navegar pela web. Com foco no grupo de sete participantes, a pesquisa examinará algumas de suas possíveis travessias ou como responderam às indicações dos colegas: se as ignoraram; se

interagiram e comentaram a respeito (uma marca de que concretizaram uma travessia); e como isso impactou a multiplicação de travessias e conexões, quais impressões essas marcas transmitiram sobre a aprendizagem, indicando processos de colaboração e comunicação etc.

 Identificar produção autoral: A produção autoral foi um fator diferencial do cMOOC. Alunos se apropriaram de conteudos e produziram imagens e textos para interagir, ou produziram vídeos para cumprir tarefas. No grupo de participantes, averiguamos como as atividades foram efetuadas, pois analisar tais atividades representam uma resposta ao design.

 Identificar resposta à produção autoral: avaliamos como a produção autoral é valorizada, estimulada, integrada pelos facilitadores e pelos próprios colegas.

 Avaliar a natureza das conexões entre usuários: o desenho do espaço de aprendizagem estimula ferramentas comunicacionais e diálogos, por isso a pesquisa examinou como essas ferramentas foram usadas e promoveram conexões. As interações por meio das ferramentas foram examinadas para detectar a presença de afinidades, apreciação, prestígio, capital emocional e outros elementos subjetivos comuns aos espaços de afinidade e plataformas sociais da internet, nos quais ocorrem práticas colaborativas ou produseiras.

 Identificar colaboração: a pesquisa examinou as solicitações de ajuda no fórum e Twitter, suas réplicas e como o desenho do curso favoreceu tal ação.

 Analisar e identificar engrenagens de engajamento: durante a análise, interpretamos como certas ações de alunos indicavam engajamento e principalmente, como tinham potencial para gerá-lo em outros colegas.

 Análise de papéis: examinamos como as ações de tutores e o design refletem relações hierárquicas (mais horizontais ou verticais), de modo a compará-las com as relações em comunidades de construção colaborativa e produsagem.