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2.2. Compras Internacionais

2.2.3. Ciclo de Compras Internacionais

2.2.3.4. Custos de Logística e Estoque

Para facilitar o entendimento deste processo do ciclo de compras internacionais, a descrição é dividida em duas partes. A primeira se refere à logística e fluxograma de importação e a segunda, aos custos de estoques.

2.2.3.4.1. Logística e Fluxograma de Importação

A logística de transporte envolve a transferência de mercadorias de um ponto a outro no melhor custo, tempo e qualidade, dentre outros quesitos, sendo representativa na determinação de lucro ou prejuízo de uma operação internacional.

Para correta execução dessas atividades, pressupõe-se o domínio de vários conhecimentos, como armazenagem, transporte internacional e respectivos modos de transporte, além de outras questões que envolvem a distribuição física de mercadorias (KEEDI, 2011).

No transporte internacional, uma das primeiras decisões refere-se à escolha do modal de transporte, cuja importância relativa pode ser medida pela distância coberta pelo sistema, volume de tráfego, receita e natureza do que vai ser transportado (BOWERSOX; CLOSS, 2009).

A seguir, alguns dos aspectos principais dos modos de transporte mais utilizados na logística de cargas internacionais (KEEDI, 2008):

a) O modo aquaviário, normalmente, aplica-se a grandes volumes. Oferece menor custo, se comparado peso e distâncias percorridas, porém é mais lento e não oferece um serviço porta a porta;

b) O modo ferroviário possui menor frequência de saídas, porém é economicamente efetivo na cobertura de grandes distâncias, sendo mais confiável e mais flexível quanto aos tipos de produtos transportados;

c) O modo rodoviário exige menor investimento, se comparado com o modo ferroviário. É flexível, pois permite um serviço porta a porta, porém é melhor aplicado a volumes menores de carga;

d) O modo aéreo normalmente é utilizado para grandes distâncias e o alto custo de sua logística. Em geral, é justificado para produtos de maior valor agregado ou perecibilidade, uma vez que o tempo de trânsito é bem menor. Um dos inconvenientes é a necessidade de uso de outros modais para complementar o trajeto porta a porta.

Em uma situação em que se tenha que optar entre o transporte marítimo ou aéreo e se considere somente o valor do frete marítimo, que, em muitos casos pode chegar a dez por cento do valor da tarifa aérea, a escolha pode não ser a mais acertada.

Com as exigências competitivas de hoje, os executivos de logística devem levar em conta muito mais que o valor do frete e podem ficar com a alternativa aparentemente mais cara. Tudo depende das trocas compensatórias no custo global da cadeia não somente em situações óbvias como gargalos portuários e situações de urgência, mas também em importação de componentes, peças e partes para produtos acabados, como tem crescido nos últimos anos no Brasil. Se um maquinário que aumente a produtividade for importado com um mês de antecedência pelo modal aéreo, pode alavancar o caixa de uma empresa (SALES, 2005).

Existem despesas operacionais e contratação de serviços conexos à importação, que passam por trâmites aplicados aos produtos em si, tais como documentos, transporte e seguro (LUDOVICO, 2007). O seguro de transporte de mercadorias protege a carga contra danos ou perdas para compensar eventual prejuízo de algum sinistro – não é item obrigatório, porém é de extrema importância, sendo natural que se assegure um valor adicional ao preço consignado da fatura para cobrir despesas diversas para reposição da mercadoria (LOPEZ, 2000).

No modal marítimo, não se pode desconsiderar algumas taxas que oneram as importações, como a AFRMM (Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante), calculada sobre o valor do frete internacional no percentual de 25%, além de armazenagem portuária, capatazia (serviço de movimentação da mercadoria no porto), conforme aponta Liesegang e Chieregatto (1999).

De forma ilustrativa, a Figura 10 traz um fluxograma de importação do modal aéreo, que se inicia com a coleta no fabricante, normalmente via terrestre, por um agente de carga até o aeroporto de origem. Neste aeroporto, a carga é consolidada e embarcada em uma companhia aérea que a transporta ao aeroporto de destino. Depois de concluída a liberação aduaneira na origem, a carga é retirada do aeroporto e transportada ao cliente novamente pelo agente de carga (LIMA; BELDERRAIN, 2008). O mesmo fluxograma ainda traz as atividades de Logística e Desembaraço específico de um processo aéreo, onde é possível perceber a quantidade de etapas do processo de importação e o número de intervenientes que devem atuar de forma coordenada para conclusão do processo de importação, desde a chegada à INFRAERO até o transporte da carga liberada para o cliente,

conforme detalhamento a seguir.

Figura 10: Fluxograma de Importação – Logística e Desembaraço Fonte: Rodrigues (2005)

Após negociação dos termos de contratos internacionais, resumidos pelo Incoterm, bem como escolha do tipo de embalagem e modal de transporte, o exportador/representante legal ou o agente de cargas no exterior, contrata o transporte interno do ponto de produção até o aeroporto de origem onde é feita a liberação aduaneira e entrega da documentação para a companhia aérea para trânsito internacional (INFRAERO, 2011). Já no Brasil, a companhia aérea acompanha a manifestação da carga pelo SISCOMEX4, a desconsolidação da documentação e a passagem ou armazenagem na INFRAERO (Empresa Brasileira de Infraestrutura Portuária). Caberá ao importador a escolha se irá remover a carga para outro recinto sob concessão da Receita Federal, tal como os portos secos da zona secundária onde dará início ao processo de nacionalização. A partir daí, realiza-se o Despacho de Importação, procedimento em que a Secretaria da Receita Federal verifica a exatidão dos dados declarados pelo Importador e a legislação

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O Sistema Integrado de Comércio Exterior – SISCOMEX é um instrumento informatizado, por meio do qual é exercido o controle governamental do comércio exterior brasileiro. É uma ferramenta facilitadora, que permite a adoção de um fluxo único de informações, eliminando controles paralelos e diminuindo significativamente o volume de documentos envolvidos nas operações (APRENDENDO A EXPORTAR, 2011)

específica para Desembaraço Aduaneiro (ato pelo qual é registrada a conclusão da Conferência Aduaneira para autorização de entrega da mercadoria ao importador). O despachante aduaneiro, provavelmente contratado desde o início da operação, já deve ter verificado se a mercadoria importada é dispensada do regime de licença de importação antes mesmo de seu embarque e dá entrada à Declaração de Importação para recolhimento de impostos e possível inspeção da Receita Federal (LOPEZ; GAMA, 2010).

2.2.3.4.2. Custos de Estoque

Os volumes transacionados em operações de Comércio Exterior, se comparados aos do mercado nacional, é maior devido ao número de operações necessárias para realização das atividades. Para tanto, o volume deve compensar os custos dessas atividades adicionais que exigirão uma estrutura física diferente ao longo da cadeia de modo a manter o custo final da transação o menor possível para que seja comercialmente viável (GOEBEL, 1996).

Para analisar o volume de ressuprimento do estoque, a empresa deve analisar o tempo e o custo para uma nova compra em comparação com o custo do estoque. (SLACK et al, 2009). Além desse fator, a empresa também deverá avaliar sua capacidade de manutenção do produto adquirido a partir do espaço disponível, acompanhamento de prazos de obsolescência, fluxos de caixa atual e retorno esperado com a compra de produtos sobressalentes, além de uma comercialização mais ágil a ser compensada com o aumento dos custos (OLIVEIRA; SOUZA, 2004).

2.2.3.4.3. Principais Custos Logísticos de Compras Internacionais

Na sequência, o Quadro 5 traz um resumo dos principais custos logísticos associados às Compras Internacionais desde os custos na origem passando-se pelo processo de importação com a Logística e Seguro Internacional, até os custos adicionais de Despesas Operacionais, Armazenagem e Despacho Aduaneiro, além dos Custos de Estoque local, obedecendo, obviamente, o Incoterm negociado com o exportador.

Quadro 5: Principais Custos Logísticos em Compras Internacionais

CUSTOS LOGÍSTICOS EM COMPRAS INTERNACIONAIS

Custos Logísticos origem Embalagem tipo exportação; coleta da carga; transporte até ponto de embarque e trâmites aduaneiros locais.

Logística Internacional Conhecimento dos modos de transporte para escolha adequada pelo tipo de carga e tempo de trânsito desejado.

Seguro Internacional Item não obrigatório, porém de extrema importância. Protege a carga contra perdas e danos. Normalmente, assegura-se valor adicional da carga para cobertura de despesas adicionais.

Despesas Operacionais Há custos adicionais associados à desconsolidação de documentos e outras despesas operacionais, tais como Capatazias. No caso de embarque marítimo, ainda há a taxa de AFRMM.

Armazenagem Aduaneira Tanto em Zona Primária (Porto ou Aeroporto) quanto em Zona Secundária (Portos Secos), o importador terá que arcar com o custo de armazenagem e movimentação de carga. No caso de remoção, deverá arcar com tarifa adicional de transporte para esse local.

Despacho Aduaneiro Para liberação da mercadoria, é necessária contratação de um despachante aduaneiro para dar entrada no processo e acompanhamento do cálculo de impostos e taxas a serem recolhidos, bem como possível inspeção da Receita Federal.

Custos de Estoque Devido ao maior número de operações e riscos decorrentes de aumento de lead time total de entrega, é comum que as empresas arquem com custos maiores de estoques em trânsito ou estoques locais.

Fonte: A autora (2012)