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Dados do teste de Cooper de processsamento de formas visuais

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

CASO 1 CASO 2 CASO 3 CASO 4 Figura

4.3 QUANTO AOS OBJETIVOS DA PESQUISA: EM BUSCA DE RESPOSTAS

4.3.3 Dados do teste de Cooper de processsamento de formas visuais

O teste de Cooper de processamento de formas visuais tem como objetivo aferir qual a relação entre o tipo de processamento visual (mais holístico ou mais analítico) e o desempenho dos sujeitos de pesquisa quanto ao reconhecimento dos grafemas do silabário.

De acordo com Cooper e Podgorny (1976), diferenças individuais nos resultados dos testes sugerem diferenças qualitativas na natureza dos processos de

comparação visual. Sujeitos em que o processamento é analítico tendem a apresentar tempos de respostas mais longos quando as figuras são iguais e tempos de respostas mais curtos quando as figuras são diferentes, sendo que o tempo de resposta é cada vez mais curto, quanto maior for a diferença entre as figuras. Sujeitos com processamento holístico, entretanto, apresentam reação contrária, sendo que os tempos de respostas são mais curtos para figuras iguais e mais longos para figuras diferentes, não havendo muita variação nos diferentes níveis de variação entre as figuras.

O esquema a seguir contribui para a visualização do que expõem os autores:

Processamento analítico

Tempo mais longo Tempo mais curto

Processamento holístico

Tempo mais curto Tempo mais longo

Figura 20: Tipos de processamento Fonte: Elaborado para fins de pesquisa

O gráfico a seguir apresenta um exemplo de processamento holístico:

Gráfico 5: Tempos de resposta do Teste de Cooper de A. P. Fonte: Dados de pesquisa.

A. P., uma mulher de 46 anos, apresenta um tipo de processamento holístico, conforme os dados apresentados no gráfico. Os dados verticais indicam o tempo de resposta, enquanto os dados horizontais apontam os níveis de variação entre as figuras, sendo 1 correspondente a figuras iguais e os demais números correspondentes aos seis níveis de variação, em escala crescente. Conforme apontam Cooper e Podgorny (1976), o processamento holístico não apresenta

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 1 2 3 4 5 6 7 Pré-teste Pós-teste

significativa variação no tempo de resposta para os diversos níveis de diferença entre as figuras. Embora, neste caso, não fique tão evidente o tempo mais curto para as figuras iguais em relação aos tempos de resposta das figuras diferentes, a característica holística do tipo de processamento visual se distingue significativamente do tipo de processamento apresentado por V. S., conforme se pode constatar no gráfico a seguir:

Gráfico 6: Tempos de resposta do Teste de Cooper de V. S. Fonte: Dados de pesquisa.

O processamento analítico, que apresenta tempo maior de resposta para figuras iguais e tempos gradativamente menores para os diferentes níveis de variação entre as figuras, mostra-se característico nos dados de V. S. Faz-se necessário destacar o fato de que tal tipo de processamento não é esperado entre sujeitos não alfabetizados e as diferenças visíveis nos dois gráficos apresentados quanto aos dados do pré-teste e do pós-teste indicam que a aprendizagem de um sistema escrito como o silabário contribui para a mudança do tipo de processamento. Para A. P. tal variação não representou mudança no tipo de processamento, mas a mudança de uma escala ascendente do tempo de resposta a tempos equilibrados sugere tendência a uma forma de processamento mais analítica a partir de um contato maior com a leitura. V. S., por sua vez, que já apresentava um processamento de tipo analítico, porém, com resultados instáveis nos diferentes níveis, obteve uma normalização da escala descendente quanto aos tempos de resposta, o que também evidencia a influência da aprendizagem do silabário no tipo de processamento. 0 1000 2000 3000 4000 5000 1 2 3 4 5 6 7 Pré-teste Pós-teste

O gráfico a seguir mostra os dados relativos aos três sujeitos do G1, dos quais A. P. e V. S. fazem parte.

0,00 1000,00 2000,00 3000,00 4000,00 5000,00 6000,00 7000,00 8000,00 9000,00 10000,00

Iguais Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4 Nível 5 Nível 6

V.S. Pré V.S. Pós G.M. Pré G.M. Pós A.P. Pré A.P. Pós

Gráfico 7: Tempos de resposta do Teste de Cooper com os sujeitos adultos do G1 Fonte: Dados de pesquisa.

Os resultados provenientes das aplicações com G. M. foram comprometidos devido a um medicamento que deixou o sujeito sonolento em dois momentos de testagem, provocando problemas nos testes. Os sujeitos do G3 adulto apresentaram os seguintes resultados:

Gráfico 8: Tempos de resposta do Teste de Cooper com os sujeitos adultos do G3 Fonte: Dados de pesquisa.

0,00 1000,00 2000,00 3000,00 4000,00 5000,00 6000,00 7000,00

Iguais Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4 Nível 5 Nível 6

M.C. Pré M.C. Pós R.M. Pré R.M. Pós

Tal como A. P. e V. S., do G1, os sujeitos do G3 apresentam consideráveis otimizações nos tempos de resposta, tendendo os dois sujeitos a um processamento do tipo analítico, mesmo na fase de pré-testagem, diferentemente do que preconizam Cooper e Podgorny (1976) para sujeitos não alfabetizados.

Quanto aos dados relativos às crianças do G1, têm-se os seguintes resultados: 0,00 500,00 1000,00 1500,00 2000,00 2500,00 3000,00 3500,00 4000,00 4500,00

Iguais Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4 Nível 5 Nível 6

M.H. Pré M.H. Pós A.B. Pré A.B. Pós

Gráfico 9: Tempos de resposta do Teste de Cooper com as crianças do G1 Fonte: Dados de pesquisa.

No G3 infantil, por sua vez, os resultados são os que seguem:

0,00 500,00 1000,00 1500,00 2000,00 2500,00 3000,00 3500,00 4000,00 4500,00 5000,00

Iguais Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4 Nível 5 Nível 6

M.S. Pré M.S. Pós H.S. Pré H.S. Pós

Gráfico 10: Tempos de resposta do Teste de Cooper com as crianças do G3 Fonte: Dados de pesquisa.

Como é possível constatar em ambos os gráficos, os resultados relativos ao público infantil sugerem tipos de processamento mais holísticos. As oscilações nas

respostas referentes aos níveis intermediários em alguns dos testes realizados evidenciam, porém, problemas na resolução do teste por parte de alguns sujeitos em pelo menos uma das aplicações, o que torna os dados pouco confiáveis para análises mais fidedignas quanto às questões de pesquisa que envolvem esse teste.

Duas questões são depreendidas dos resultados obtidos:

(1) O tipo de processamento analítico estaria mais associado à maturação cognitiva ou a outros fatores que não a alfabetização, o que levaria adultos a apresentarem, apesar de não alfabetizados, esse tipo de processamento, diferentemente de crianças pré-alfabetizadas?

(2) Uma adaptação das sessões de aprendizagem do silabário que garantisse um grau de aprendizagem mais significativo do sistema interferiria ainda mais no tipo de processamento dos sujeitos de pesquisa a ponto de modificar processamentos holísticos em analíticos?

O prosseguimento da investigação com base nas sugestões apresentadas no capítulo seguinte possibilitará responder a essas questões a partir de um número mais expressivo de dados.