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Dados do teste de discriminação de imagens

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

CASO 1 CASO 2 CASO 3 CASO 4 Figura

4.3 QUANTO AOS OBJETIVOS DA PESQUISA: EM BUSCA DE RESPOSTAS

4.3.4 Dados do teste de discriminação de imagens

O teste de discriminação de imagens, aplicado nos três momentos de testagem, visava avaliar se há uma rápida generalização da dissimetrização para outras formas visuais. Mais especificamente, o teste visava: a) avaliar se ao fazer o teste o sujeito demonstra ter aprendido a considerar a pertinência da orientação para a distinção das figuras e letras, uma vez que em dois dos subtestes ele precisava considerar figuras orientadas como iguais e, em dois deles, como diferentes (Ver apêndice M); b) analisar se a habilidade para distinguir figuras e letras espelhadas ou rodadas aumenta em decorrência das sessões de aprendizagem do silabário.

De acordo com a hipótese da reciclagem neuronal, pessoas não alfabetizadas deveriam ter índices melhores nos subtestes em que a resposta igual é dada independentemente da orientação da figura.

Gráfico 11: Índices do teste de discriminação de imagens na pré-testagem Fonte: Dados de pesquisa.

Tomando-se como parâmetro os resultados obtidos com os testes realizados pelos sujeitos que mais se mostraram comprometidos e motivados com a pesquisa e que não apresentaram problemas ao longo de toda a aplicação, observa-se que os dados de V. S. não atendem a tal característica em relação às figuras geométricas, embora a hipótese seja confirmada em relação ao teste de letras, conforme é possível constatar no gráfico que segue.

Gráfico 12: Índices do teste de discriminação de letras na pré-testagem Fonte: Dados de pesquisa.

Curiosamente, R. M., que apresenta resultados mais aproximados nos dois testes é, dentre os sujeitos do gráfico, o que alcançou índice menor no teste de

0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00% 120,00% V. S. A. P. R. M. TIOFig TDOFig 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00% V. S. A. P. R. M. TIOLet TDOLet

leitura, quanto ao reconhecimento de letras. Dos três sujeitos, porém, é o que apresenta maior capacidade edutiva, o que se reflete ao longo de toda a aplicação da pesquisa, em que manifesta um melhor desempenho em testes reaplicados do que outros sujeitos.

Se a dissimetrização é necessária para a aprendizagem de um sistema escrito em que a orientação é relevante, sujeitos do G1 deveriam mostrar índices superiores aos do G3 nos subtestes em que a resposta é dependente da orientação, na fase de pós-testagem, caso haja uma rápida generalização dessa dissimetrização para figuras geométricas e letras. Ao observar o gráfico que segue, entretanto, esse fato não se confirma.

Gráfico 13: Índices do teste de discriminação de figuras e letras na pós-testagem Fonte: Dados de pesquisa.

Dos três sujeitos adultos selecionados no presente teste para análise dos resultados, V. S. e A. P. pertencem ao G1, enquanto R. M. pertence ao G3. O que ocorre, diferentemente do previsto, é que R. M. apresenta índices maiores que as duas pessoas do G1, o que pode se dever a três fatores:

a) Pode, de fato, não haver uma rápida generalização da dissimetrização a outras configurações gráficas, tais como figuras geométricas e letras do alfabeto romano.

b) A aprendizagem do silabário não se deu em um nível tal que possibilitasse evidenciar a dissimetrização a ponto de se generalizar a outras configurações gráficas, o que talvez se confirmasse com um contato maior com o silabário.

c) A impossibilidade de equiparação por comparação de pares não permite confrontar os dados apresentados pelos sujeitos dos dois grupos, uma vez

0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00% V. S. A. P. R. M. TDOFig TDOLet

que há diferenças significativas entre os sujeitos, especialmente entre A. P. e R. M.

Sendo assim, não fica evidente na pesquisa a generalização da dissimetrização para figuras geométricas e letras, apesar de os dados mostrarem- se pouco conclusivos com um dos adultos (G. M.), que adormeceu durante uma das aplicações devido a medicamentos para gripe, e com as crianças, que se mostraram pouco concentradas em decorrência do cansaço e da longa duração do teste.

4.3.5 Do que se depreende das sessões de aprendizagem do

silabário

Antes que se apresentem os resultados relativos à avaliação da aprendizagem do silabário propriamente dita, cabem algumas considerações acerca das sessões de aprendizagem com os diferentes sujeitos da pesquisa. Para tanto, será feita uma breve exposição individual dos sujeitos, organizada por grupos.

4.3.5.1SESSÕES DE APRENDIZAGEM COM OS ADULTOS DO GRUPO 1

Inicialmente sem motivação, V. S. aceitou participar da pesquisa para colaborar, pois não tinha interesse na aprendizagem da leitura, mas logo se entusiasmou e passou a gostar de fazer as atividades, mudando de ideia em relação a querer aprender a ler. As sessões ocorriam na casa de V. S., que era bastante desestimulada pelo esposo, o qual, na primeira sessão, interferiu no início das atividades afirmando categoricamente que ela “não sabia nada”. V. S. concentrava- se bastante nas atividades, sempre prestativa e disposta a realizar as tarefas, apesar de, por vezes, ser atrapalhada pela neta, o que não chegou a comprometer o andamento das atividades.

Nas três primeiras sessões, como era característico, não encontrou dificuldades, uma vez que as tarefas eram organizadas de modo a não exigir dos sujeitos ainda a formação de palavras, nem a identificação dos grafemas apresentados simultaneamente. As sessões 4 e 5, entretanto, impunham propositalmente um maior nível de dificuldade aos sujeitos, conforme se depreende dos dados.

V. S., como era de se esperar, confundia pares espelhados, sendo mais frequente a confusão entre os pares e , respectivamente, /oh}/ e /et}/. Ocorria, também, como com outros sujeitos da pesquisa, atribuir aos grafemas outros correspondentes fonológicos não apresentados ao longo das sessões. Por mais de uma vez, V. S. atribuiu o valor /K`/ para /Kt/ e /k`/ para /a`/. Com dificuldades para ter certeza a respeito de alguns grafemas – por confundi-los com seu par em espelho –, utilizava-se da consulta às palavras estudadas para ter certeza de sua decisão nas atividades que lhe permitiam tal consulta.

G. M. tinha um temperamento bastante diferente de V. S. Apesar de ser pouco falante e de difícil interação, estava sempre pronto a realizar as atividades, embora em alguns momentos tenha se mostrado sonolento devido ao medicamento tomado para gripe, o que prejudicou sua concentração, especialmente no teste intermediário de discriminação de imagens, em que cancelou, sem querer, o teste nos últimos estímulos da última série, tendo de refazê-lo duas horas depois, o que se tornou bastante cansativo, dada a extensa duração do teste.

As sessões foram realizadas com esse sujeito em uma sala cedida para este fim na Unidade Básica de Saúde do bairro Imaruí. Ingressante na EJA, G. M. participava da pesquisa em seu horário de intervalo do trabalho. Nos testes aplicados pelo E-Prime, adotava frequentemente a estratégia de escolher uma única tecla e apertá-la continuamente, mesmo apesar das instruções em contrário. G. M. frequentemente confundia diferentes pares em espelho, além de atribuir outros valores sonoros aos grafemas, como /at/ para /a`/. Apresentava dificuldade para entender a organização linear dos grafemas na formação de palavras, tendendo sempre a rodá-los e dispô-los em combinações que lembravam um jogo de dominó.

A. P. sempre quis aprender a ler, mas alegou nunca ter tido oportunidade. Mostrou-se muito empenhada desde o convite à participação na pesquisa e, tal qual V. S., era cerceada pelo esposo, o qual não aprovava sua saída à Unidade Básica